"We Will Survive" - estou convencido que sim. Já "We Shall Overcome" - tenho sérias dúvidas.
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
domingo, 26 de dezembro de 2010
In Heaven (Manuel Ivo Cruz)
No início dos anos 80, escusado será dizê-lo, mas para satisfazer algumas "almas inquietas", vou "precisar", do "século passado", comprei bilhete para um concerto dos "Tubes", banda então na moda, cuja estreia ao vivo por cá, em Cascais em 79, havia perdido. Chegado ao Pavilhão do Estádio José de Alvalade cerca de três horas antes do anunciado início do espectáculo (18.00h quando estava marcado para as 21.00h) verifiquei que estava um caos e já "rebentava pelas costuras". Tinham vendido mais bilhetes, fora os falsos, do que a lotação (então era "normal").
Deu-me um "amok" e gritei :
- Vendo um bilhete pelo preço de custo (5000 escudos = 5 contos = 25 €)!
Uns vinte gajos, sem exagero, chegaram-se a mim num sufoco, e eu vendi ao primeiro da "fila" (então dizia-se "bicha" - o que hoje é proibido, talvez por haver muitas) e ele ainda me quis dar mais dois contos (10 €) de "gratificação" (no "mercado negro" eram muitíssimo mais caros) que, cavalheiresca e se calhar parvamente, declinei.
Rumei então, como drifter que era, à Cervejaria da Trindade para afogar as mágoas e dei de caras com o meu colega (de curso e de profissão) e amigo Álvaro, jantámos e ele disse-me ir haver na Igreja de S. Roque um concerto coral de música sacra, dirigido pelo Maestro Manuel Ivo Cruz.
Fomos.
I was in Heaven!
sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
Standard & Rich
"Poors" ficam os outros.
Post Scriptum:
"Nunca mandes indagar por quem os sinos dobram;
Eles dobram por ti. "
John Donne
Vi o "Inside Job" e, mais uma vez, reitero a afirmação de Eduardo Prado Coelho acerca do "amante de colóquios" que é "o eterno masoquista que vai, com imenso gosto, aprender aquilo que já sabe".
Do filme duas conclusões:
Primeira - a "Epistemologia de Ponzi" - ou de como os esquemas que funcionam universalmente como "realidades matemáticas", funcionam apenas para alguns enquanto "realidades reais", ou seja, na passagem do abstracto para o concreto deixam quase toda a gente como os alemães não ousaram deixar Paris - a "arder".
Segunda - como este pessoal que está "Inside the Job" pôs a quase totalidade do mundo a fazer-lhes um gigantesco "blow job" e a ficar pobre como Job (mas sem jobs).
Como se tal não bastasse, as raposas continuam de guarda ao galinheiro e os "depenados" continuam a ser os mesmos (Guess who? It`s just you).
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
The Moody´s Blues
A agência Moody`s ameaçou cortar, para dois patamares abaixo, o rating de Portugal tendo em conta a previsível recessão em 2011 por efeito das medidas de combate ao défice (corte de salários, aumento de impostos) tomadas pelo Governo. A mesma agência cortou anteriormente o rating de Portugal por ausência de medidas de combate ao défice.
É caso para perguntar se se é preso por ter cão e preso por não o ter. Torna-se óbvio que o problema deve ser outro.
E é, lá está "confessado" - o Estado deve ser não interventivo, a não ser no apoio às "instituições financeiras", isto é, aos Bancos (e, por tabela, às Moody`s).
Liberal sim, mas devagar....
Lindoooooo!
Nas Palhinhas
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
Rottweiler
Não bastando terem sido apanhados de "calças na mão" pelas inconfidências globais do Wikileaks Sócrates, Amado & Cia ainda têm que suportar as dentadas da "gentilmente" designada, aliás comme d`habitude entre esta gente (lembremo-nos do "caso" Ana Paula Vitorino), rottweiler Ana Gomes.
Parafraseando o "velho" Sérgio Godinho:
Mais vale ser um cão raivoso
Do que um carneiro...
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
A "Fatwa"
Talvez ficar bem na fotografia, emoldurada a stars and stripes, o Presidente do BCP, Carlos Santos Ferreira, nomeado pelo Governo num ticket que incluiu o "camarada" Vara, arrisca-se agora a ombrear com Salman Rushdie como alvo de alguma fatwa iraniana, embora por motivos bem mais prosaicos.
Money, money, money, ... makes the world go round!
Isso do jogo duplo e dos banqueiros quererem "bancar" o 007, tem os seus riscos, sobretudo com o Wikileaks à espreita.
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
O Fado do 31
À porta da Brasileira
Dois tipos encontram dois
Juntam-se os quatro e depois
Lá começa a cavaqueira
Agrava-se a chinfrineira
Vai aumentando o zum-zum
Vem bomb'arrebenta pum
Depois mais tarde vereis
24, 26, 29 e 31...
Já de manhã, bem taxados
Bebem vinho da botija
Viram dois copos da rija
De quatro em dois separados
E assim bem engraxados
Para não ficar em jejum
Bebem dois copos de rum
Vem Carcavelos e Porto
E depois ‘tá tudo torto
E arrebenta o 31
Se há lugar em que a regra e a excepção têm uma proporcionalidade sui generis, esse lugar é, sem dúvida, Portugal. Longe de apenas "confirmar" a regra, a excepção sobreleva-a e a "pirâmide" é de longe invertida. Há sempre mais "chefes" do que "índios" e mesmo em situações drásticas como as decorrentes da "crise", veremos que as "isenções" vão ser mais do que as "franquias".
Refiro-me em concreto ao corte de salários na Função Pública e Sector Empresarial do Estado, entre 3,5 e 10% aos "nababos" que auferem mais do que 1500 euros brutos mensais. Afinal, os "ricos" deste país.
A medida começou por ser anunciada ao estilo draconiano - não teria excepções, seria para toda a "malandragem" do sector público, mas apenas para os trabalhadores no activo, coisa que se o objectivo é arrecadar verbas para diminuir o deficit e havendo pensões equivalentes, se percebe mal porque terão ficado de fora. Depois vieram a lume as possíveis excepções do Banco de Portugal, da TAP e da Caixa Geral de Depósitos - o primeiro porque o Banco Central Europeu (salut les copains) o não permitiria; a segunda por ser "companhia de bandeira",e, já agora, de altíssima "bandeirada" e a Caixa porque "gera receitas" e pela possível "fuga dos quadros" (talvez ficassem as "molduras"); depois foi o sector da Saúde, com alguma lógica diga-se de passagem, se não for para safar vencimentos. Entretanto a Assembleia da República votou por maioria (PS+PSD - o Bloco Central sempre cá esteve), que o sector empresarial público, nomeadamente o dos Transportes, deveria "gerir autonomamente" os cortes. Ora, sabendo nós como este sector é produtivo e altamente bem gerido - vejam-se os magnos proventos da CP; dos vários Metros, de profundidade ou de superfície; da Carris e da própria TAP, é claro que a excepção será plenamente justificada.
A seguir veio o Governo Regional dos Açores, dizer que "subsidiará " os cortes com uma "dotação provisional", que se calhar não sairá do mesmo "bolo", deve ter sponsors, talvez os que aportam ao Peter`s para os grogues. O dr. Jardim, que não gosta de ficar mal neste tipo de "fotografias", sobretudo quando se trata de sacar "cacau" aos "cubanos" do "Contenente", irá de certo pelo mesmo caminho, tal como as Autarquias que, "a bem da coesão interterritorial", farão certamente o mesmo. Sendo certo que a Justiça, as Polícias e as Forças Armadas não deixarão de percorrer os mesmos trilhos em nome da "integridade da Pátria".
Em suma, a medida aplicar-se-á aos professores do Básico e do Secundário, porque o Universitário e o Politécnico gozam de "autonomia orçamental", e a mais alguns "otários" apanhados pelos "efeitos colaterais" e chega!
Toma lá que já almoçaste!
Bem dizia Orwell: "uns são sempre mais iguais do que os outros"!
terça-feira, 23 de novembro de 2010
Viva la Huelga!
Contrariado, mas faço a Greve Geral e espero, sinceramente, que o seja.
Em termos puramente racionais, se é que tal é concebível, é mais um "Dia de Salário para o Estado Ladrão" de duvidosa eficácia. Alíás, o Ministro das Finanças só por sentido de algum decoro não apela também à Greve Geral, mas agradece, pelo menos ao pessoal da(s) FP, não esses já acabaram (cadê?!), digo, da Administração Pública e Ofícios Correlativos, que é quase tudo o que mexe e sobretudo o que nem por isso, em Portugal.
Mas como temos que manter algumas tradições, para bem do que resta daquilo que costumava ser conhecido por decência:
Viva la Huelga!!!
Herberto
Amo devagar os amigos que são tristes com cinco dedos de cada lado.
Os amigos que enlouquecem e estão sentados, fechando os olhos, com os livros atrás a arder para toda a eternidade.
Não os chamo, e eles voltam-se profundamente dentro do fogo.
Temos um talento doloroso e obscuro.
Construímos um lugar de silêncio.
De paixão.
Aos amigos, nos oitenta anos de Herberto Hélder.
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
Você disse "...de Ética"?!
O Comité de Ética da FIFA ilibou a Comissão Organizadora da candidatura conjunta Portugal-Espanha (para nuestros hermanos deverá ser España - Portugal - mas eu, mesmo nesta choldra, continuo a ser patriota) da acusação de corrupção - suborno e compra de votos, por "insuficiência de provas".
Disseram como?
"Comité de Ética" da FIFA.
Será que ouvi bem?
Só posso pensar em "alentejano":
O "Comité de Ética" d`adôndi ?!?!?!
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
Material X Imaterial
As modas da nacional-possidoneira têm vindo a alternar entre o Guiness - "a maior caldeirada do Mundo" ou "o maior assador de castanhas da Europa", sem sequer se cuidar de saber em que outras partes do Mundo se fazem caldeiradas ou em que outros países da Europa se assam castanhas.
Também todas as nossas cidades, que até há bem pouco tempo eram, na maioria, vilas, (honra às que declinaram a "promoção"), vilas que eram aldeias e aldeias, que ninguém quer ser, excepto se forem de "xisto" ou de outro material nobre, têm que ser "capitais" de alguma coisa - a "capital" do móvel, a "capital" do queijo, do vinho, do azeite, do mel e por aí fora.
Enfim, um País virado para o "nominalismo" e para o "capitalismo".
A mais recente é a das "maravilhas" (que as há sem dúvida) e os concursos (depois de Salazar ter "ganho" o de "personalidades" numa das poucas vezes que, apesar de involuntariamente, foi a votos) a Património Mundial e/ou da Humanidade, Material ou Imaterial.
Tudo isto numa terra em que a humanidade não abunda - basta entrar num Hospital ou num Lar da Terceira Idade, sem se fazer anunciar, é claro!
domingo, 14 de novembro de 2010
Comemorar...
Ouvi, esta manhã, numa rádio de "referência", que estava a iniciar-se uma série de iniciativas para "comemorar" a data da morte (por homicídio) de John Lennon.
"Comemorar" mortes, demais a mais, por homicídio!?
Bom, sei de alguns casos que deixariam muita gente exultante, mas não me parece ter sido o do Beatle.
Desde que foi visto um porco a andar de bicicleta, entre nós tudo é possível: Timor-Leste ajudar a financiar a dívida pública de Portugal, como acaba de declarar Ramos-Horta; a Sonae ter lançado uma OPA sobre a PT - o exemplo da "Comunidade Lusófona" revela-se também na bravura deste "espírito de iniciativa", afinal na Amazónia as anacondas também são capazes de engolir bois inteiros.
Que eu me lembre, o único "enterro" que se costuma "comemorar" é o do bacalhau.
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
It`s enough!
Daniel Radcliffe, actor de vinte e um anos, está farto de ser Harry Potter.
Compreende-se - dez anos a viver em casa de uns tios idiotas a aturar um primo balofo e imbecil como quase todos os muggles, ter de apanhar combóios fantasmas, numa gare impossível, para ir para um colégio interno que "não existe" mas é assombrado por fantasmas, entre os quais um que costuma passear-se com a cabeça debaixo do braço, tentar comer gomas que fogem aos gritos e puré que canta árias de ópera, estar rodeado de corujas e outras aves raras, ter de montar vassouras turbo e jogar quidditch, que é perigosíssimo, contra equipas batoteiras como os Slytherin que, ainda por cima, têm como fundador um tal Salazar. Estar, constantemente, a pau com as velhacarias do Draco Malfoy e dos patifórios da sua tropa fandanga, escapar aos traiçoeiros atentados "Daquele Cujo Nome Não Pode Ser Pronunciado" (Lord Voldemort para os amigos), ter de lidar com elfos chatos e estúpidos e, ainda por cima, combater dragões e gramar as sucessivas birras e rabujices dos amigos, em particular da especiosa Hermione Granger. É obra.
Uff, o moço já não pode mais!!!
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
Organizem-se!
Os conceitos de "jovem" e "idoso" têm andado, nos últimos tempos, um bocado "baralhados".
Vejamos: se se tratar de um "jovem agricultor" - pode ter até 48 anos de idade (!!!); já se se quiser obter o "Cartão Jovem" , só se poderá fazê-lo até aos 30. Para o "Passe Social" com desconto é-se "idoso" a partir dos 65; mas o "toxicodependente idoso" é considerado como tal a partir dos 40, idade em que ainda se é, por exemplo, um "jovem político".
Sei bem que tudo é relativo, mas caramba, vamos lá ver se se põe alguma ordem nesta bagunçada.
ORGANIZEM-SE PORRA!!!
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
"Pois Canté"!!!
Carvalho da Silva declara que a Greve Geral é "contra uma certa burguesia"; João Proença diz que vai ser "importante"; Manuel Alegre que "vai ser momento de grande significado". Afinal todos querem a aprovação do Orçamento de Estado e ninguém quer o derrube do Governo.
Pelos vistos ainda vamos ter o PS a aderir à Greve Geral, assim ao estilo “Maria Patroa” X “Maria Sopeira” – provando, mais uma vez, o aforismo de Marx (Groucho) – “nunca seria membro de um Clube que me aceitasse como tal”.
Os Sindicatos estão a caminho de uma Greve Geral “histórica” e “simbólica” que financiará, através do desconto do dia, o Estado e o Patronato, criando assim uma versão “aggiornata” do “Dia de Salário para a Nação” dos tempos do PREC. Mais uma vez confirmando um aforismo de Marx (Karl) - “a História repete-se, a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa”.
É patriótico!
Pois Canté!!!
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
Esconjuro
Vade retro Satanás
T`arrenego Belzebu
Ai Jesus, cruzes, canhoto
Lagarto, lagarto, lagarto
O debate na Assembleia da República assumiu por parte do Primeiro-ministro, ainda em semi-exercício, o ar de um responsório, de um esconjuro.
Perante o descalabro político que trouxe o país a este desastre - a única ladaínha foi a dos "submarinos" em fundo da "pior crise mundial dos últimos oitenta i ânus".
Então e o resto?
Não perca mais tempo Sr. Primeiro-ministro, se quer um esconjuro a sério, profissional, chame o Padre Fontes de Vilar de Perdizes.
É que já não há machorra!
sábado, 30 de outubro de 2010
Deixa-me Rir!
A Inaudita Guerra do Leite com Chocolate
No acordo entre o Governo e o PSD, concluído na humilde choupana de Eduardo Catroga à Lapa, ficaram a faltar 500 milhões de Euros necessários para a alegada reposição mínima da confiança dos "mercados" . O PSD e os seus corifeus neo-liberais, vide José Manuel Fernandes (um ex-maoísta como Durão Barroso, mas um pouco menos radical, pró-albanês, chegou a dirigir com João Carlos Espada, outro "convertido", a "Voz do Povo" - o Jornal da UDP - incensando habitualmente o "camarada" Enver Hoxha, saravá "camarada" Henrique Monteiro, mas mutatis mutandis, como dizia a outra - isso agora não interessa nada!)) tecem rasgados encómios ao resultado de um acordo "clandestino", assinado numa casa particular, fotografado pelo telemóvel do anfitrião e por este rotulado de "histórico".
As cadeiras protocolares ficaram vazias em S. Bento e só não foi um acordo de cavalheiros, porque os cavalheiros não se costumam portar assim, com uma atitude acrimoniosa assacando-se mutuamente recriminações: Catroga a gabar-se de ter conseguido manter baixa a taxa do IVA do leite com chocolate e evitar o corte das deduções fiscais às classes "média e média-baixa", o que se esqueceu de dizer, disse-o depois com rispidez Teixeira dos Santos a solo (que raio de acordo em que os signatários se recusam a aparecer juntos) que e em suma, o PSD escusa de"embandeirar em arco" pois a tal folga à "classe média" não passa de uma "ilusão".
Veremos quem vai pagar os tais 500 milhões que separam Portugal da "credibilidade" que permite amansar os "mercados".
Afinal por quem os sinos dobram?Os meus "calos" sopram-me que é pela Função Pública - sempre o "pé que está mais à mão"!
"Garantir o Estado Social"
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
"Jamé" ou o "Infiel" de Armazém
Ana Paula Vitorino, Secretária de Estado dos Transportes no Governo Sócrates I, denunciou ao Ministério Público as pressões de que foi alvo, inclusive por parte do seu próprio "chefe", o então Ministro das Obras Públicas, Mário "Jamé" Lino (um dos "convertidos" que trouxe como mais-valia a "tarimba" da real politik adquirida nos longos anos de militância no PCP) para "facilitar a vida" a "um amigo do PS", nem mais nem menos do que o "Bibi" do Face Oculta (o único que está preso), o sucateiro Godinho. Começa a estar explicada a razão porque não está no actual (des)Governo - no mundo das "quadrilhas" quem não "albarda o burro à vontade do dono" é excomungado. Aliás, já era conhecido o teor das escutas envolvendo até o "chefe-mor" (só na aparência, diga-se) e o
"salt(e)ador" Vara , recordista mundial das promoções profissionais, passando, sem dúvida por mérito, de "caixa" da CGD a Administrador em três tempos, que não lhe chamaram propriamente "mãe" ou "santa", o que só a honra.
Este tipos portam-se como o "infiel" de armazém que em vez de zelar pelo stock, o delapida perante a passividade de um País cada vez mais do tipo locus infectus, em que todos parecem querer "acabar" no Sporting e já estão a reservar o lugar, primeiro foi Figo, que o não concretizou, pelo menos enquanto jogador e até ao momento, agora é Cristiano Ronaldo quando, nas palavras do próprio, fôr "carcaça", e o "Correio da Manhã" titula em 1ª página :"Violação de burro origina morte".
Para os biltres que nos trouxeram primeiro o pântano e depois a ruína, negando as evidências e promovendo aumentos salariais e o regabofe generalizado no dia anterior às eleições, para os cortar em triplicado no dia a seguir ou que "descobrem" hoje a "vocação marítima" e "exportadora" do País, quando destruiram todo o aparelho produtivo nacional, querendo fazer de nós uma legião de sopeiras e porta-bandejas; para toda esta trupe e uma vez que, se calhar infelizmente, a Carbonária acabou, devia ser instituído um Tribunal de Apuramento de Responsabilidades que determinasse a respectiva cota-parte neste descalabro e os condenasse pelo menos à inegibilidade, à impossibilidade definitiva de ocupar cargos públicos, quer políticos, quer administrativos ou empresariais.
Que vão roubar para a estrada (na verdade também se fartam de o fazer).
A PONTE QUE OS PARTIU!!!
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
Violências
A tipificação do bullying e da violência contra professores como crime de participação obrigatória reclamada há muito pelo Procurador-geral da República, honra lhe seja feita, suscitou de Mário Nogueira comentários que resumem as poucas participações, em forte contraste com o número real de casos, com o “temor que os professores têm de represálias da parte dos agressores”.
Ora, o caso é, desgraçadamente, bem mais complexo – os professores não se queixam mais a não ser em particular, nos “desabafos”, porque há um estigma que pende sobre a vítima e a culpabiliza por isso mesmo, por ter sido vítima. Não é só na China que as autoridades negam tudo o que seja susceptível de lhes beliscar a imagem, também as Direcções das Escolas e Agrupamentos tendem a ”varrer para debaixo do tapete” tudo o que fuja ao mundo cor-de-rosa da versão oficial da “Educação para todos” e, por isso, quando alguém evidencia problemas de indisciplina ou mesmo de violência, dando de barato que a fronteira é clara, o que me parece “música para camaleões”, é imediatamente estigmatizado(a) e o “disfuncional” passa a ser ele(a) ou porque “não tem mão”, ou porque “ferve em pouca água”, ou porque “é muito frágil”, ou porque “não se sabe dar ao respeito”, ou porque “se põe a jeito” ou por outra coisa qualquer.
Depois a mesma turma ou os mesmos sujeitos raramente têm “problemas” com outros professores, quer dizer - muitas vezes, os tais “outros” professores silenciam-nos porque já sabem o que a “casa gasta”, depois ainda, muitos dos colegas, a “miséria” humana é grande e em tempos de crise revela-se imenso no “mata-mata”, estão sempre prontos para fazer “boa figura” e atestar a bondade dos petizes, às vezes com mais de dezoito anos e um metro e noventa, e a tal “esquisitice” do professor queixoso. E finalmente, não é bom “arranjar problemas”, nem ser muito “rígido” e “inflexível”, é essencial criar “empatia” com os alunos e com as famílias, mesmo que passem a vida a enxovalhar-nos, porque isso depois se reflecte na própria avaliação do docente. É preciso mostrar sempre “disponibilidade” e tolerar mesmo o intolerável, porque o professor é o único “actor” social, para utilizar o jargão da moda, a quem foi confiscada a dignidade e os direitos de cidadania, passando a achar-se “normal” que sirva de “escarrador” público e de saco de boxe para descarregar o mal de vivre alheio.
A minha geração, nasci nos anos 50, carrega um fardo singular que, no entanto, nos permite ver os dois lados da tortilha – quando éramos jovens, filhos e alunos, a “culpa” era sempre nossa, tornámo-nos adultos, pais e professores no preciso momento em que a “culpa” saltou a rede, e passou, do outro lado, a ser nossa à mesma.
Arre!!!
A propósito desta temática e para não nos sentirmos sós na desgraça, sugiro que vejam o filme, exibido há dias na RTP 2,“O Dia da Saia” (La Journée de la jupe) de Jean-Paul Lilienfeld com uma soberba interpretação de Isabelle Adjani no papel de uma professora que às tantas se ”passa”.
Já agora, seria melhor que o Mário Nogueira e os nossos representantes sindicais em geral, encarassem o problema de um modo mais sério, começando por abordá-lo com menos simplismo. Já estamos fartos de “abreviaturas”!
Ora, o caso é, desgraçadamente, bem mais complexo – os professores não se queixam mais a não ser em particular, nos “desabafos”, porque há um estigma que pende sobre a vítima e a culpabiliza por isso mesmo, por ter sido vítima. Não é só na China que as autoridades negam tudo o que seja susceptível de lhes beliscar a imagem, também as Direcções das Escolas e Agrupamentos tendem a ”varrer para debaixo do tapete” tudo o que fuja ao mundo cor-de-rosa da versão oficial da “Educação para todos” e, por isso, quando alguém evidencia problemas de indisciplina ou mesmo de violência, dando de barato que a fronteira é clara, o que me parece “música para camaleões”, é imediatamente estigmatizado(a) e o “disfuncional” passa a ser ele(a) ou porque “não tem mão”, ou porque “ferve em pouca água”, ou porque “é muito frágil”, ou porque “não se sabe dar ao respeito”, ou porque “se põe a jeito” ou por outra coisa qualquer.
Depois a mesma turma ou os mesmos sujeitos raramente têm “problemas” com outros professores, quer dizer - muitas vezes, os tais “outros” professores silenciam-nos porque já sabem o que a “casa gasta”, depois ainda, muitos dos colegas, a “miséria” humana é grande e em tempos de crise revela-se imenso no “mata-mata”, estão sempre prontos para fazer “boa figura” e atestar a bondade dos petizes, às vezes com mais de dezoito anos e um metro e noventa, e a tal “esquisitice” do professor queixoso. E finalmente, não é bom “arranjar problemas”, nem ser muito “rígido” e “inflexível”, é essencial criar “empatia” com os alunos e com as famílias, mesmo que passem a vida a enxovalhar-nos, porque isso depois se reflecte na própria avaliação do docente. É preciso mostrar sempre “disponibilidade” e tolerar mesmo o intolerável, porque o professor é o único “actor” social, para utilizar o jargão da moda, a quem foi confiscada a dignidade e os direitos de cidadania, passando a achar-se “normal” que sirva de “escarrador” público e de saco de boxe para descarregar o mal de vivre alheio.
A minha geração, nasci nos anos 50, carrega um fardo singular que, no entanto, nos permite ver os dois lados da tortilha – quando éramos jovens, filhos e alunos, a “culpa” era sempre nossa, tornámo-nos adultos, pais e professores no preciso momento em que a “culpa” saltou a rede, e passou, do outro lado, a ser nossa à mesma.
Arre!!!
A propósito desta temática e para não nos sentirmos sós na desgraça, sugiro que vejam o filme, exibido há dias na RTP 2,“O Dia da Saia” (La Journée de la jupe) de Jean-Paul Lilienfeld com uma soberba interpretação de Isabelle Adjani no papel de uma professora que às tantas se ”passa”.
Já agora, seria melhor que o Mário Nogueira e os nossos representantes sindicais em geral, encarassem o problema de um modo mais sério, começando por abordá-lo com menos simplismo. Já estamos fartos de “abreviaturas”!
O Caixeiro Viajante
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
“Entregar o ouro ao bandido” – dois aforismos e três lugares-comuns
Um dos principais problemas do país, para além da calamitosa situação económica e financeira e em estreita ligação com ela, é a insegurança jurídica e assim sendo, não se poderá dizer com propriedade que Portugal seja um Estado moderno, já que nestes a separação efectiva de poderes e a confiança jurídica nas instituições são condições sine qua non.
Entre nós nem os governos, nem os tribunais (que funcionam como é sabido), nem os sindicatos, inspiram e muito menos garantem, qualquer confiança na ordem jurídica supostamente estabelecida, por isso o medo nunca se desinstalou na sociedade portuguesa. Isto a propósito da anunciada Greve Geral para o próximo dia 24 de Novembro e dos seus reais efeitos muito provavelmente simbólicos, quando o “simbolismo” é uma corrente já superada pelo mundo surreal‑dadaísta em que vamos sobrevivendo. Mais uma vez os trabalhadores da Administração Pública que, é quase certo, irão ver os seus vencimentos cortados a partir de Janeiro (na verdade foram‑no já a partir de Junho com a subida dos descontos e do IRS), vão entregar ao Estado uma espécie de “dia de salário para a Nação”, que se fosse, por exemplo, um mês dispensaria qualquer PEC. A Greve Geral de um dia é, e aqui vai o provérbio, claramente - “entregar o ouro ao bandido”.
Os Sindicatos que, em regra, não têm fundo de greve e continuam nesta direcção das acções “simbólicas”, acabando por prejudicar mais os trabalhadores do que o contrário, demonstram estar mais no campo da retórica sindical do que da efectiva acção e por isso, e este é o primeiro lugar‑comum, mostram “ser mais típicos do século XIX do que do século XXI”, ainda por cima, com uma enorme diferença negativa nos resultados. O pior é que estes lugares-comuns se verificam com inteira propriedade e é óbvio o desfasamento deste tipo de lutas de massas que surtiam efeito quando se verificavam as, hoje praticamente extintas, grandes concentrações operárias agora substituídas por uma sociedade e um mundo laboral, e até um mundo mental, muito mais fragmentário e atomizado, tornando muito mais importante a acção nos locais de trabalho e as micro-lutas, atendendo aos dados específicos de cada situação que os sindicatos deverão sinalizar e em que deverão apoiar de facto os trabalhadores face aos abusos e aos desmandos que, contra a letra da própria lei, se multiplicam quer no sector privado, quer no sector público. Aqui cabe o segundo lugar‑comum, a acção sindical deve “pensar global e agir local”.
Nas questões laborais concretas as pessoas sentem-se abandonadas, quando não traídas, pelos sindicatos, e apesar de ser verdade que a percepção pode não corresponder necessariamente à realidade “objectiva”, não é menos verdade, e aqui vai outro lugar‑comum, que “em política o que parece é”.
Devemos manisfestar o mais vigorosamente que pudermos a nossa indignação, nas ruas, nos espaços de comunicação, mas, apesar do meu sincero e profundo desejo de que algo resulte da Greve Geral, se os sindicatos portugueses não “virarem a agulha” e continuarem na senda de acções inconsequentes e antecipadamente ineficazes só para “marcar o ponto”, a fazer de conta que estamos nos tempos das betoneiras a cercar o Parlamento, e aqui vem o segundo aforismo, mostram muito arcaicamente “ser mais amigos de uma suposta Humanidade do que dos homens e mulheres em concreto”.
Entre nós nem os governos, nem os tribunais (que funcionam como é sabido), nem os sindicatos, inspiram e muito menos garantem, qualquer confiança na ordem jurídica supostamente estabelecida, por isso o medo nunca se desinstalou na sociedade portuguesa. Isto a propósito da anunciada Greve Geral para o próximo dia 24 de Novembro e dos seus reais efeitos muito provavelmente simbólicos, quando o “simbolismo” é uma corrente já superada pelo mundo surreal‑dadaísta em que vamos sobrevivendo. Mais uma vez os trabalhadores da Administração Pública que, é quase certo, irão ver os seus vencimentos cortados a partir de Janeiro (na verdade foram‑no já a partir de Junho com a subida dos descontos e do IRS), vão entregar ao Estado uma espécie de “dia de salário para a Nação”, que se fosse, por exemplo, um mês dispensaria qualquer PEC. A Greve Geral de um dia é, e aqui vai o provérbio, claramente - “entregar o ouro ao bandido”.
Os Sindicatos que, em regra, não têm fundo de greve e continuam nesta direcção das acções “simbólicas”, acabando por prejudicar mais os trabalhadores do que o contrário, demonstram estar mais no campo da retórica sindical do que da efectiva acção e por isso, e este é o primeiro lugar‑comum, mostram “ser mais típicos do século XIX do que do século XXI”, ainda por cima, com uma enorme diferença negativa nos resultados. O pior é que estes lugares-comuns se verificam com inteira propriedade e é óbvio o desfasamento deste tipo de lutas de massas que surtiam efeito quando se verificavam as, hoje praticamente extintas, grandes concentrações operárias agora substituídas por uma sociedade e um mundo laboral, e até um mundo mental, muito mais fragmentário e atomizado, tornando muito mais importante a acção nos locais de trabalho e as micro-lutas, atendendo aos dados específicos de cada situação que os sindicatos deverão sinalizar e em que deverão apoiar de facto os trabalhadores face aos abusos e aos desmandos que, contra a letra da própria lei, se multiplicam quer no sector privado, quer no sector público. Aqui cabe o segundo lugar‑comum, a acção sindical deve “pensar global e agir local”.
Nas questões laborais concretas as pessoas sentem-se abandonadas, quando não traídas, pelos sindicatos, e apesar de ser verdade que a percepção pode não corresponder necessariamente à realidade “objectiva”, não é menos verdade, e aqui vai outro lugar‑comum, que “em política o que parece é”.
Devemos manisfestar o mais vigorosamente que pudermos a nossa indignação, nas ruas, nos espaços de comunicação, mas, apesar do meu sincero e profundo desejo de que algo resulte da Greve Geral, se os sindicatos portugueses não “virarem a agulha” e continuarem na senda de acções inconsequentes e antecipadamente ineficazes só para “marcar o ponto”, a fazer de conta que estamos nos tempos das betoneiras a cercar o Parlamento, e aqui vem o segundo aforismo, mostram muito arcaicamente “ser mais amigos de uma suposta Humanidade do que dos homens e mulheres em concreto”.
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
O "Ónus"
O PS e o PSD disputam freneticamente sobre quem recairá o "ónus" das medidas de autêntico saque que estão contidas na proposta governamental de Orçamento de Estado. Ora, de quem vai ser o o "ónus" não sabemos, mas o "ânus" vai ser o nosso e vai doer.
Já em Espanha, onde o Partido Socialista é "Obrero", um membro do Governo decidiu juntar-se aos protestos anti-governamentais, foi corrido, claro. Mas mostrou que naquele Partido nem todos "obram" para o mesmo lado. Por cá o Partido Socialista limita-se a continuar a "obrar" sobre as cabeças dos mesmos de sempre.
sábado, 16 de outubro de 2010
Rankings - Chave de Leitura
Costuma dizer-se que os rankings "valem o que valem” e sou dos que entendem que, apesar de tudo, valem. São indicadores que não podem ser desprezados, embora não se possa comparar o que não tem comparação e não ser absolutamente de estranhar que muitas, mas não a generalidade, das escolas privadas obtenham melhores resultados do que a generalidade das escolas públicas. Tal decorre das vantagens competitivas das primeiras ao terem a possibildade de escolher os alunos, quer pela selecção económica e social, quer pela não-aceitação e mesmo expedita e sumária expulsão dos "indesejáveis" e de escolherem também o corpo docente contratando directamente os professores, o que para o subsistema público talvez não fosse o melhor dos procedimentos, primeiro teria que se garantir a equidade dos concursos, pois sabemos como no sector estatal esta diminui à medida que aumenta a escala de proximidade e sobretudo não sobrecarregar nem uns, nem outros, com imensa papelada e “palha” burocrática e “carradas” de actividades folclóricas que apenas servem de distractor se o foco estiver centrado nos exames.
É que não se podem misturar “alhos com bugalhos” e exigir à Escola Pública que esteja ao serviço da inclusão social trabalhando com alunos e famílias de sectores desfavorecidos e, ao mesmo tempo, faça entrar dezenas de alunos em Medicina (curso em que a média de entrada é, em geral, a mais alta). Isto já para não falar das zonas de implantação dos próprios estabelecimentos, diferentes se interior ou litoral, central ou suburbana, meio tradicional ou desenraizado e até mesmo em espaços geográficos e urbanos coincidentes, pelo menos enquanto continuarem a acontecer situações como a que passo a descrever:
Há já algum tempo, assisti num canal de televisão a uma "estória" rocambolesca de "roupa suja lavada em público", protagonizada por duas responsáveis (então Presidentes dos Conselhos Executivos) de Escolas Secundárias da mesma zona central de Lisboa, a primeira um antigo Liceu e a outra uma antiga Escola Técnica (Comercial e Industrial). A directora que "pôs a boca no trombone" foi a da antiga Escola Técnica ao contar que os serviços do antigo Liceu tentaram "recuperar" a matrícula de um aluno africano que tinham rejeitado e mandado para lá com o resto do que consideravam ser "lixo", alegando "falta de vagas", quando souberam que era filho de um diplomata de um dos PALOPs.
É que não se podem misturar “alhos com bugalhos” e exigir à Escola Pública que esteja ao serviço da inclusão social trabalhando com alunos e famílias de sectores desfavorecidos e, ao mesmo tempo, faça entrar dezenas de alunos em Medicina (curso em que a média de entrada é, em geral, a mais alta). Isto já para não falar das zonas de implantação dos próprios estabelecimentos, diferentes se interior ou litoral, central ou suburbana, meio tradicional ou desenraizado e até mesmo em espaços geográficos e urbanos coincidentes, pelo menos enquanto continuarem a acontecer situações como a que passo a descrever:
Há já algum tempo, assisti num canal de televisão a uma "estória" rocambolesca de "roupa suja lavada em público", protagonizada por duas responsáveis (então Presidentes dos Conselhos Executivos) de Escolas Secundárias da mesma zona central de Lisboa, a primeira um antigo Liceu e a outra uma antiga Escola Técnica (Comercial e Industrial). A directora que "pôs a boca no trombone" foi a da antiga Escola Técnica ao contar que os serviços do antigo Liceu tentaram "recuperar" a matrícula de um aluno africano que tinham rejeitado e mandado para lá com o resto do que consideravam ser "lixo", alegando "falta de vagas", quando souberam que era filho de um diplomata de um dos PALOPs.
Ora bem - como a "noblesse oblige" e "gente fina é sempre outra coisa"!
Acreditem, como se todos o não soubéssemos, que esta objectiva e despudorada captura do sistema público de Educação (tal como do de Saúde, e do de Justiça e etc.) por interesses privados de supostas "elites" e respectivas clientelas, mandando a "escola inclusiva" às malvas, não se confina apenas a Lisboa e ao Porto. Existe, à escala, por todo o País e é popularmente designado por factor "C" de "cunha" e "compadrio".
Ora aqui, mas não apenas, está uma das principais chaves para a leitura dos rankings.
Há, é claro, entre estabelecimentos com idêntica composição económica e social, diferenças que radicam em factores de cultura de escola e opções de gestão - há quem prefira o trabalho "puro e duro" e quem privilegie aspectos mais lúdicos e "festivos" e ainda quem não seja capaz de resistir a pressões "inflacionistas" da parte dos já referidos sectores sociais "influentes" que, em linguagem futebolística, tudo fazem para conseguir na "secretaria" o que não conseguem em "campo". Ora, isso paga-se nos rankings que têm, pelo menos, o mérito de, ao aferir classificações, pôr a nu algumas derivas, mas é preciso, em primeiro lugar, elaborá-los com rigor e depois lê-los com cuidado, sem precipitações e generalizações abusivas.
Ora aqui, mas não apenas, está uma das principais chaves para a leitura dos rankings.
Há, é claro, entre estabelecimentos com idêntica composição económica e social, diferenças que radicam em factores de cultura de escola e opções de gestão - há quem prefira o trabalho "puro e duro" e quem privilegie aspectos mais lúdicos e "festivos" e ainda quem não seja capaz de resistir a pressões "inflacionistas" da parte dos já referidos sectores sociais "influentes" que, em linguagem futebolística, tudo fazem para conseguir na "secretaria" o que não conseguem em "campo". Ora, isso paga-se nos rankings que têm, pelo menos, o mérito de, ao aferir classificações, pôr a nu algumas derivas, mas é preciso, em primeiro lugar, elaborá-los com rigor e depois lê-los com cuidado, sem precipitações e generalizações abusivas.
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
Scuts - a Falácia Justicialista
"Para a mentira ser segura
E atingir profundidade
Tem que trazer à mistura
Qualquer coisa de verdade"
António Aleixo
Um dos maiores pecados da política rasteira deste Governo (e do anterior com o mesmo "chefe", a que nem a perda da maioria absoluta serviu de emenda, aliás, este tipo de gente nunca aprende), é a insistência na utilização de um "argumentário" (tão ao gosto de um certo PS - "simplex"), em que se fazem confundir deliberadamente, diga-se de passagem, factos e razões. Assim está a ser no folhetim das Scuts, quando o Secretário de Estado Paulo Campos (sempre os "ajudantes" para o "trabalho sujo") utilizando uma falácia justicialista, argumenta que o pagamento de portagens nas Scuts, que terão que mudar de nome, pois o acrónimo significa "sem custos para o utilizador", é uma questão de "justiça", "equidade" e "solidariedade nacional". Ora, como tão nobres motivos invocados podem significar razões bem mais terra-a-terra? O que ele deveria dizer é que, ao contrário do que foi prometido por Sócrates em duas campanhas eleitorais, 2005 e recentemente em 2009, o enorme "buraco financeiro" da "Estradas de Portugal E.P." precisa de financiamento urgente e não havendo mais solução alguma, toca de espremer o passante.
Esta é mais uma lamentável manifestação de um "maquiavelismo de trazer por casa" em que se invocam argumentos enviesados para justificar necessidades prementes e se semeia a discórdia, tentando virar os cidadãos uns contra os outros, através do velho truque de fazer crer a cada um que está no grupo dos "uns" e por isso, que se "lixem" os "outros
Não seria mais honesto e até eficaz, pura e simplesmente, dizer a verdade e já agora, antes das eleições?
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
Reparação Histórica
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
Uma Questão de Justiça
domingo, 3 de outubro de 2010
E porque não Viriato?
Miguel Sousa Tavares (MST), na sua página do Expresso do último sábado, 2 de Outubro, defende que a responsabilidade da actual situação calamitosa do país não impende apenas sobre José Sócrates e Teixeira dos Santos, mas também sobre Cavaco (o "mãos largas"), o PREC e até Salazar, omite Guterres (vá-se lá a saber porquê?). Fico sem entender qual o critério deste julgamento em retrospectiva, já que poderia ter ido a Fontes Pereira de Melo, ao Marquês de Pombal (que também era "Melo"), a D. João IV, a D. João II, ao Infante D.Pedro ou ao Infante D. Henrique, a D. João I ou a D. Afonso Henriques ou até, porque não, a Viriato, não tivesse sido ele o cabecilha de uma horda de rústicos que não se governavam, nem se deixavam governar.
Como MST parece um daqueles "árbitros habilidosos" de que costuma queixar-se quando o seu clube não ganha, para o elucidar sem grandes retrogradações históricas, citamos uma das respostas mais certeiras para que se compreenda a génese desta situação, para além da "crise internacional", dada por Karsten Voight, veterano da diplomacia alemã, dizendo preto no branco na "Sociedade das Nações" da SIC-Notícias, que a Alemanha terá começado a perder a paciência para os países da Europa do Sul e do Leste em que há pessoas que enriquecem à custa do dinheiro dos apoios, que nunca concretizam os projectos subsidiados e que, ainda por cima, não pagam impostos.
Ora, para bom entendedor meia palavra basta e não será de exigir a um diplomata que soletre o nome de todos os países em que estará a pensar, demais a mais, sendo hóspede de um deles. De facto, em Portugal teve-se um entendimento muito sui generis do "Princípio da Subsidiariedade" (que foi lido como "Princípio do Subsídio Dado") e agora kaput. O entusiasmo pela União Europeia e pelo Euro já está a arrefecer ao ponto de muita gente considerar que aquilo que há 25 anos foi tido (e vendido, diga-se de passagem) como uma boa ideia, só o terá sido no tempo da Alemanha "Funeral", porque com a "compra" do Leste, a Alemanha de hoje tem mais em que investir e se calhar o melhor será mesmo desmontar a tenda, que até já está a dar "barraca".
O problema, para além dos maus hábitos instalados e do gorar das expectativas, é o topete de quem, após ter enterrado o nosso sector produtivo e querer fazer de nós uma economia de "serviços" (leia-se de "bandeja na mão") e do sector "terciário" (leia-se de call centers), vem agora dizer-nos (ele que até é de Boliqueime), que devemos "pôr os olhos no mar" e outras "ingenuidades" do género.
Não deve ser difícil descortinar onde pararão hoje os "génios visionários" próceres do "Cavaquistão" do tempo do "oásis" que depois secou, e do "bom aluno" que, afinal, se veio a revelar um grande cábula.
Porque se estoirou com o nosso sector produtivo, fazendo de conta que é possível comer "tecnologia de ponta" e abrir hipermercados, dizimando os consumidores, previamente viciados em adquirir "lixo", ainda por cima, importado?
Como é certo e sabido - "o carteiro toca sempre duas vezes" e uma das poucas virtudes da penúria é ensinar-nos alguma coisa que, no entanto, esqueceremos como o macaquinho assim que se dissipar a borrasca, só que esta é como o Toyota e veio para ficar.
Da famosa "repartição dos sacrifìcios" que, sempre em nome do "Interesse Geral", o nosso "engenheiro" está constantemente a apregoar, convém dizer que é socialmente injusta, trata-se apenas de "chutar com o pé que está mais à mão" e de esbulhar sempre os mesmos, não propriamente quem tem rendimentos, mas quem já paga impostos.
O único precedente histórico em 36 anos de Democracia, foi em 83, aquando da segunda visita do FMI, em que foram confiscados 33% do subsídio de Natal a todos os que o receberam.
Mesmo assim e não havendo ainda "dinheiro de plástico", estando na "bicha" da Caixa Geral de Depósitos para receber o vencimento, fui abordado por um homem já idoso que conhecia de vista e sabia ser vendedor do jornal "Avante", que se abeirou de mim e me ofereceu um cravo vermelho com um papelinho enrolado contendo esta quadra:
"E quando houver eleições
Não te esqueças outra vez
De votar nos ladrões
Do teu décimo terceiro mês"
sábado, 2 de outubro de 2010
Porque no te callas?!
Na, encomendada, entrevista à RTP (são as vantagens do Poder, utilizam-se os meios do Estado quando se quer) Sócrates bem tentou reconstituir os cacos da sua imagem abalada (obviamente para quem alguma vez tinha tido alguma espécie de esperança nele - só se desilude quem estava iludido) por continuas "inverdades" e actos de "fé" falhados que seriam da sua esfera privada se não se desse o caso dele ser Primeiro-ministro e dos seus "erros de previsão" virem a afectar negativamente a vida de milhões de pessoas. São actos de "fé" e sobretudo de má fé, pois em Setembro de 2009 quem, com um mínimo de clarividência, já acreditava nos números do Governo. Quem, com um mínimo de seriedade intelectual, chegou a crer que o PEC I e depois o PEC II, apresentados, sem um pingo de pudor, como a ultima ratio de cada uma das vezes, resolveriam o que quer que fosse?
Quem aumentou os salários da Função Pública em 2,9% para agora os vir cortar até 10% (mais as "alcavalas" - CGA, ADSE, etc.)? Quem inventou subsídios, pontes, aeroportos e TGVs para agora suspender tudo? Quem afirmou reiteradamente que não iria aumentar impostos, até baixou o IVA, em permanente campanha eleitoral, para agora ser a sangria que se anuncia?
Quem jura a pés juntos fazer tudo isto para defender o "Estado Social" enquanto rebenta com os seus últimos vestígios?
É caso para dizer, utilizando os dois idiomas em que o personagem costumeiramente ousa tentar exprimir-se:
É caso para dizer, utilizando os dois idiomas em que o personagem costumeiramente ousa tentar exprimir-se:
Porque no te callas?!
E em not so bad English:
Shame on you!!!
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
Um País de Kennedys
"Ask not what your country can do for you, ask what you can do for your country."
John F. Kennedy
Esta célebre frase, tornada cliché por uso impróprio, tem vindo a servir de mote ao assalto do século, ainda por cima à mão armada (a "mão" do poder do Estado) que está a ser perpetrado sobre a vítima do costume, a classe média assalariada, sob o pretexto: "os ricos que paguem a crise". Ser "rico" em Portugal não é exibir fortuna por meios nunca justificados, basta auferir um vencimento (não propriamente um rendimento) bruto igual ou superior a 1500 Euros.
Ora, esta frase dita, ou simplesmente insinuada, por membros deste Governo, a começar pelo "chefe" (suspeito que apenas putativo) e a acabar no Secretário de Estado do Orçamento, Emanuel dos Santos, (nome adequadíssimo para quem nos anda a "bandarilhar"), certamente que já não engana ninguém e é prova eloquente de como em Portugal a mentira e a má fé permitem ganhar eleições, prometendo exactamente o contrário daquilo que se acaba por fazer (aumentar impostos, reduzir salários, cortar nas prestações sociais).
Eloquentemente o dito Emanuel dos Santos utilizou uma espécie de falácia "aritmética" quando confirmou aos jornalistas que lhe perguntaram "se estas medidas seriam, ou não, transitórias", os piores receios dos, ainda atónitos, funcionários públicos ao dizer que as "alterações salariais" como cinicamente lhes chamou, "podem ter dois sentidos, positivo ou negativo, pois quando há aumentos ninguém pergunta por quanto tempo vão durar"!
Perante o inédito histórico, nem o Professor Pangloss se lembraria de aduzir um argumento de tão "santa candura".
Para tais "émulos" de Kennedy só a resposta do velho Lloyd Bentsen, candidato a vice-presidente dos Estados Unidos no ticket de Michael Dukakis, quando o peralta Dan Quayle, que veio a ser vice-presidente de Bush pai, insinuou que a sua semelhança com JFK era mais do que vagamente física:
- "Senator you`re no Kennedy!"
sábado, 25 de setembro de 2010
Chungaria
O poder está neste momento e em muitos países nas mãos de políticos chungas. E por cá não fugimos à regra, uma das desgraças de uma certa "democracia" é a "democratização" da imbecilidade e da grosseria. Tivemos agora um exemplo de chantagem e contra-chantagem entre o Primeiro-ministro e o líder do maior partido da oposição, acusando-se mutuamente de terem mentido e o público fica sem perceber quem estará a mentir e claro, inclina-se para que sejam os dois.
Medeiros Ferreira ex-MNE, e doutra cepa, avisa que a falta de educação em política se materializa, por exemplo, em encontros a dois para negociar, algo que nunca deveria acontecer. Os partidos são entidades colectivas cujo fito é gerir a colectividade e manda um módico de bom senso e formação republicana (no sentido original de res publica), que este tipo de encontros se realize entre delegações.
É que a diplomacia foi inventada para envolver em "veludo" coisas muito duras e com muitas arestas, mas esse envólucro dignifica-as e dignifica as relações entre as pessoas.
Não será por acaso que mesmo a hipocrisia seja o tributo que o vício paga à virtude.
Como estamos entregues a parvenus, que não raramente roçam o burgesso, com óbvia falta de chá e que cultivam uma despudorada forma de arrivismo "solipsista", passa a ser vulgar que encarem o tête-à-tête como modo "normal" de fazer política.
Depois não podem admirar-se, nem fazer-se escandalizados, quando um deles ouvir o outro a dizer que só tornará a falar-lhe em frente de testemunhas.
Como dizia a minha avó:
- "Escusavas de ouvir isto!"
É chunga, é muito chunga!!!
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
Santo Agostinho
"Senhor, fazei-me casto, mas não agora!"
Santo Agostinho
Não é apenas dos altos exemplos da lusa giesta que se alimenta a "nomenclatura" nacional, também dos mais elevados contributos da História do Pensamento costuma colher a exemplaridade.
Desta vez foi a Santo Agostinho que a Administração das "Águas de Portugal", pela voz do responsável pela "Área Social" da empresa, foi inspirar-se para declarar que, apesar dos 400(?!) automóveis topo de gama que estão atribuídos para uso de serviço e também pessoal, aos seus quadros, sem contar com os veículos de intervenção (carrinhas dos piquetes, etc.), irá agora começar a reduzir essas despesas, o que terá efeitos orçamentais já no próximo ano.
Afinal, este alto responsável deixa a solene promessa de contenção na frota para uso privado dos quadros de uma empresa, que apesar de ter mais administradores do que a Ilha do Corvo tem habitantes, ter congelados os salários do pessoal de base (aqueles que põem a água em casa das pessoas) e de ter sido por várias vezes apontada pelo Tribunal de Contas como estando em "frágil situação financeira", só este ano comprou mais 34 luxuosos "popós" para a rapaziada da Administração.
Ditosa Pátria que tais fihos tem!
Vernáculo
Os media, talvez por falta de assunto, abriram esta manhã com o magno problema dos "livros escolares que ensinam palavrões". Explicada a "caixa" no desenvolvimento da notícia, percebe-se que se trata de dicionários, alguns de respeitáveis e consagradas editoras, que contêm termos e expressões vernaculares.
Este "problema" é antigo, já no meu tempo de Liceu (há mais de quarenta anos e ainda com Salazar em funções) o pessoal, mesmo os que se estavam "borrifando" para a Literatura, adorava as aulas de Português em que se liam os Autos de Gil Vicente, por causa do vernáculo.
Oficialmente os "palavrões" estavam interditos, mas naquele caso não havia volta a dar, eles estavam lá no texto e era delicioso lermos em voz alta para toda a turma, ou melhor ainda, ouvirmos o engravatado professor ler para nós. Pelo menos que eu tivesse dado conta, não passou então pela cabeça de nenhuma "boa alma", cheia de públicos acessos de pudor, contestá-lo.
Sei que, também há uns anos, se bem me lembro no princípio da década de 90, houve no Alentejo um julgamento de uma figura castiça local, que estando no cante com os amigos, parece que já bem bebidos e altas horas, na Praça central da vila, perante a intervenção da GNR chamou a um sargento da referida força "filho da puta". O sargento, considerando-se desrespeitado, apresentou queixa ao Tribunal, houve um processo sumário com audiência no dia seguinte e o juiz aceitou como boa a tese do advogado do arguido (devia ser tudo malta da "corda") de que a intenção deste não tinha sido ofender o agente da autoridade, mas apenas, muito meritoriamente, utilizar no diálogo que estabeleceram um Português rico e de lei, o "vernáculo vicentino" e decidiu pela absolvição do cantador.
Ora, descontando o anedótico, se essas almas sensíveis estão assim tão preocupadas com o uso de "palavrões", não se fiquem pelos dicionários, entrem nas Escolas e não ouvirão, praticamente, uma frase que não acabe em "alho".
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
Estudos de Improdutividade
Um dos mais divulgados mitos acerca dos portugueses é o do "desenrasca". Seríamos então especialistas em fazer tudo de "improviso" ou melhor, "à balda" e como "a necessidade aguça o engenho", as nossas soluções instantâneas para problemas complexos seriam autênticos "ovos de Colombo". Porém se observarmos com atenção o comportamento típico do português comum, em todo o espectro social, veremos que não é assim tão pouco racional e falho de sistematicidade.
Na verdade desenvolvem-se aturados, ainda que informais, estudos de improdutividade estratégica, conceito que não tardará a ser acolhido nas melhores escolas de economia e gestão do planeta. A improdutividade estratégica consiste em demorar o máximo tempo possível para produzir o mínimo e verifica-se na mais banal das intervenções públicas e em todos os sectores da sociedade portuguesa, desde os tribunais às autarquias, passando pelas escolas e pelos hospitais, não poupando sequer a endeusada "iniciativa privada", vejam-se os bancos e as seguradoras, por exemplo.
Ainda esta manhã assisti, em tempo real e ao vivo, a uma demonstração prática dessa nossa tão característica competência, como agora se diz. Em frente à minha casa há um olival (não, não moro no campo, é em pleno centro do Barreiro), transformado em "baldio" e que serve, entre outras coisas (vazadouro de entulho de obras partculares, despejo de lixos vários), de bolsa de estacionamento, ia dizer gratuito, mas de repente lembrei-me dos préstimos dos T.P.A. (Técnicos de Parqueamento Automóvel) que têm que ser devidamente compensados com a "moedinha" da tarifa (afinal há que estimular o empreendedorismo). Somos um povo muito pragmático, se o olival estivesse arranjado, enquadrado num espaço verde, com zona de estacionamento marcada, onde é que a malta ia vazar os entulhos e desfazer-se das tralhas?
Ora, à entrada desse espaço estava, há mais de um ano, a abrir-se uma cratera que ameaçava a integridade dos veículos que ali estacionam, pois os serviços municipais usando de elevado sentido de planeamento, não se precipitaram com intervenções precoces, nada disso. Deixaram o buraco ganhar dimensões apreciáveis e ao fim de um ano mandaram tapá-lo. Calhou esta manhã e não se pense que foi "Sol de pouca dura", não senhor, consumiu exactamente o período de trabalho matutino da brigada que veio proceder à obra e aqui percebemos o apurado sentido de gestão das chefias portuguesas, se tivessem vindo mais cedo e apanhado o buraco numa fase insignificante como iriam justificar meio-dia de intervenção? Temos que ser realistas.
Veio então uma retroescavadora, mais meia-dúzia de homens e claro, um encarregado, chegaram por volta das nove, que entram às oito e o Parque de Máquinas ainda fica a um bom quilómetro do local e por volta do meio-dia deram por terminada a obra, que consistiu em tapar com terra um buraco, pois a hora do almoço é ao meio-dia e meia.
E ainda dizem que não sabemos planificar e que fazemos tudo ao calhas!
Fazer o máximo para produzir o mínimo dá imenso trabalho. Para lá chegar é preciso "queimar muito as pestanas" e nem todos os povos demonstram essa capacidade inata.
Quem não inventa "ovos de Colombo", tem que "desatar nós górdios".
Como dizia o outro:
- "É a vida!"
domingo, 19 de setembro de 2010
Deuladeu
Sete anos de pastor Jacob servia
Labão, pai de Raquel, serrana bela;
Mas não servia ao pai, servia a ela,
E a ela só por prémio pretendia.
Os dias, na esperança de um só dia,
Passava, contentando-se com vê-la;
Porém o pai, usando de cautela,
Em lugar de Raquel lhe dava Lia.
Luís Vaz de Camões
O dr. Gilberto Madaíl continua apostado na prosecução dos altos exemplos de devoção, abnegação e sacrifício patriótico da giesta dos nossos "egrégios avós"; desta feita foi da grande Deuladeu Martins que colheu o nobre exemplo.
No reinado de El-Rei D. Fernando e estando a praça-forte de Monção sitiada por um exército castelhano, a castelã Deuladeu Martins comandou, na ausência do marido, o capitão-mor Vasco Gomes de Abreu que andava em peleja por outras paragens, a resistência ao invasor.
Estando a vila quase a perecer de fome e na iminência de ter de render-se, a heróica Deuladeu teve o rasgo de génio que lhe permitiu fazer o maior e mais vitorioso bluff da lusa história. Com a última farinha que restava, mandou cozer uns poucos pães e brandindo-os das ameias do castelo, atirou-os às tropas sitiantes que perante este gesto de fartura e também acossadas pela fome e outras moléstias de campanha se retiraram.
Agora sabemos que animado por este espírito de serviço pátrio o dr. Madaíl afirmou ter tentado contratar o valido Mourinho para guia das nossas hostes e que o Real Madrid terá recusado. Essa tentativa é, porém, desmentida por Valdano, intendente-mor do Real, que afirma que o Presidente da FPF deu o acto por frustrado sem sequer o ter proposto a D. Florentino Perez, real potentado do Merengue. Sem dúvida um acto de bluff patriótico que terá servido sobretudo para lhe retocar a imagem e levantar a moral das hostes, permitindo o golpe de asa, também inspirado pelo estro do vate Luís Vaz de Camões - de passar da Idade Média à Era Espacial, sondando o comandante Paulo Bento que como todos sabemos é um veterano do "Mar da Tranquilidade".
Estando a vila quase a perecer de fome e na iminência de ter de render-se, a heróica Deuladeu teve o rasgo de génio que lhe permitiu fazer o maior e mais vitorioso bluff da lusa história. Com a última farinha que restava, mandou cozer uns poucos pães e brandindo-os das ameias do castelo, atirou-os às tropas sitiantes que perante este gesto de fartura e também acossadas pela fome e outras moléstias de campanha se retiraram.
Agora sabemos que animado por este espírito de serviço pátrio o dr. Madaíl afirmou ter tentado contratar o valido Mourinho para guia das nossas hostes e que o Real Madrid terá recusado. Essa tentativa é, porém, desmentida por Valdano, intendente-mor do Real, que afirma que o Presidente da FPF deu o acto por frustrado sem sequer o ter proposto a D. Florentino Perez, real potentado do Merengue. Sem dúvida um acto de bluff patriótico que terá servido sobretudo para lhe retocar a imagem e levantar a moral das hostes, permitindo o golpe de asa, também inspirado pelo estro do vate Luís Vaz de Camões - de passar da Idade Média à Era Espacial, sondando o comandante Paulo Bento que como todos sabemos é um veterano do "Mar da Tranquilidade".
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
O Síndrome de Egas Moniz
Marx avisou que a história se repete, a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa. Não será assim de estranhar que o dr. Gilberto Madaíl, presidente da FPF, tenha manifestado o Síndrome de Egas Moniz e também ele tenha ido a Castela de "corda ao pescoço" rogar desta feita aos reis da bola madrilenos, que nos dispensem o valido Mourinho, o único que pode salvar as hostes lusas nos próximos prélios com os vikings, depois de dois desastres seguidos e mais umas partes baixas que levaram à destituição do condestável Queirós.
Se é golpe de teatro, coelho da cartola, fuga para a frente ou, como se diz na nova língua "perteguesa", "ambas as duas", não sei, mas é de mestre.
O homem pode ter muitos defeitos, mas que não é parvo, não é não senhora!
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Confissões
"Deus morreu, Marx também e eu próprio não me sinto lá muito bem"
"Confissão" mural do Maio de 68
Estas "Confissões" não sendo as de Santo Agostinho, nem as de Jean-Jacques Rousseau, não deixam de ser significativas. Francisco Assis, líder parlamentar do PS, ao desmentir, ontem no "Frente-a-Frente" da SIC - Notícias, a insinuação de Morais Sarmento de que o Partido Socialista continuava a ser "marxista" e por isso obstinava-se a não querer nenhum tipo de revisão constitucional, respondeu com uma assertividade fulminante, deixando o antigo boxeur num autêntico estado de knock out argumentativo:
- "Então se acha que isso é verdade e sendo o actual Governo do Partido Socialista, achará certamente que é um Governo marxista, olhe que não me parece!".
De facto, nem a ele, nem a ninguém!
Só me ocorre outra "confissão" mural soixante-huitard: "Je suis marxiste, tendence Groucho"!
Um tiro num porta-aviões. Xeque mate!
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
"Manchester England, England"
Não há dúvida que o professor Carlos Queiroz é um sujeito aprumado, ao ponto de não perder a compostura mesmo quando parece ter perdido as estribeiras. Terão certamente reparado no preciosismo de virar o casaco do avesso em plena arruaça, antes de o atirar ao chão.
É certo que nos tem brindado com actos que não suspeitávamos possíveis como a agressão ao jornalista Jorge Batista ou a alusão às partes pudendas da progenitora do dr. Luís Horta (médico-chefe da Autoridade Anti-Dopagem), mas tudo isso poderá ser pelo menos atenuado se considerarmos o carácter auto-sacrificial de quem aceita cargos como o de seleccionador nacional de futebol num mundo em transe e num país em que a crise é particularmente aguda ao ponto de agravar o crónico problema da má relação de certos políticos com a verdade. Quem se lembrou de "levar a democracia" ao Iraque quando o Saddam Hussein era o "nosso" (dos Estados Unidos, claro) filho da puta? Quem se lembrou da "equidade", invocada para baixar salários e suprimir benefícios, quando havia dinheiro?
O caso Carlos Queiroz assume o carácter "sacripântico" de quem precisa de um pretexto para correr com ele sem lhe pagar o que está no contrato que, pese embora, possa ser um disparatado "balúrdio", terá sido o "isco" que mordeu de boa-fé.
Carlos Queiroz demonstrou não apenas ter um perfil de bom cristão, mas seguir a via da autêntica "Imitação de Cristo", como a pregaram os padres José de Anchieta, Manuel Bernardes e António Vieira, quando aceitou vir dar-se em holocausto e suportar a inevitável passagem de salvador a ovelha ronhosa num ápice, devendo saber antecipadamente que os mesmos que lhe cantaram hossanas, seriam os que, pouco depois, clamariam pela sua "crucificação", trocando-o por um qualquer Barrabás, que isto entre ladrões vai dar tudo ao mesmo.
O professor só pode merecer o nosso mais alto reconhecimento e patriótica devoção mística, demais a mais se pensarmos que a sua situação em Manchester não se resumia apenas a um qualquer "engano de alma ledo e cego".
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
Eu bem dizia! ("Oh Elvas, oh Elvas, Badajista à voz")
Once upon a time in the very beginning of the Caso Casa Pia, ouvi nos media as razões da acusação aos arguidos e verifiquei que enquanto a esmagadora maioria eram pronunciados por crimes de abuso sexual sobre menores, uma senhora, Gertrudes Nunes, o era só "por ter casa em Elvas", o que me suscitou uma grande perplexidade. Como poderia ser crime "ter casa em Elvas"?!
Afinal o acordão deste longo caso veio dar-me razão e de todos os arguidos, apenas Gertrudes Nunes foi absolvida, tendo o douto tribunal considerado que "ter casa em Elvas" não constitui qualquer tipo de ilícito. Foi um processo de apenas (!!!) oito anos até à decisão em primeira instância a que seguirão provalvelmente outros tantos de recursos sucessivos. Extremaram-se posições, decapitou-se a direcção mais à esquerda que o PS conheceu, pronunciaram-se e despronunciaram-se pessoas, destroçaram-se vidas e até se misturaram coisas não miscíveis, como demonstraram alguns comentários muito pouco "católicos" (vindos de quem vieram) a (des)propósito da morte de Michael Jackson.
Como era de esperar "lixou-se o mexilhão" e o "Bibi" leva mais do dobro dos anos de "pildra" do que os mais penalizados de todos os outros, provando que, na prática, "Roma" continua a "não pagar a traidores" e que, à semelhança do processo das FP 25, quem se "chibou" foi quem se "prejudicou" (que estranha maneira de dizer os "efes").
Só uma coisa me anima neste folhetim judicial - a minha firme convicção de que uma réstea de bom senso haveria de prevalecer e de que ninguém seria preso só por "ter casa em Elvas".
Era só o que mais faltava!!!
domingo, 8 de agosto de 2010
Eureka ou os intestinos do pombo
Desvendei finalmente o real motivo do "pó" ressabiado do "Bichano" (filho do "Tareco") Sousa Tavares aos professores. É ele próprio quem o explica na sua página hebdomadária do "Expresso" em que como de costume e a propósito do "poder das corporações", começa pelo Ministério Público, faz uma incursão, que, diga-se de passagem, consome a página quase toda, pelos professores (como não podia deixar de ser) e quase no fim, volta à "vaca fria", ou seja às "malfeitorias" da magistratura. Explica pelo meio, que ainda hoje está para entender porque razão o chumbaram só porque não sabia o sistema digestivo do pombo.
Ora, sendo eu sensivelmente da idade do dr. Sousa Tavares, compreendo a sua frustração; nós tínhamos que "encornar" os tubos digestivos e outros pormenores de vários animais e a reprodução das plantas (que a dos animais era então considerada obscena) e eu, ao contrário dele, ainda hoje, mais de quarenta anos passados, me lembro da "moela", do "papo" e da "cloaca" do pombo, bem como, passando aos quadrúpedes ruminantes, do "barrete", do "folhoso", da "coelheira" e, claro, do "bandulho" do boi. Estudávamos também outros animais como a lagosta, que tem caca na cabeça e o caracol, que fornica com ela.
É agora clara a razão do recalcamento do dr. Sousa Tavares Júnior, era de facto, trampa a mais.
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
A Fonte
A Cereja
A Longa Marcha para o Sucesso Educativo Total, em curso, só tem paralelo nas cifras do "Pleno Emprego" anunciadas nos "bons velhos tempos" de Cavaco PM e Guterres; agora que o "oásis" se desfez e os "camelos" emagrecem a olhos vistos é preciso arranjar outras miragens e, vai daí, a que está mais à mão é a do sucesso educativo por "Plena Certificação" - eles foram "Currículos Alternativos", eles são "Territórios Prioritários", "CEFs", "EFAs", "RVCCs", "Profissionais" que em nada profissionalizam e mais um ror de ficções designatórias que, pese embora revelem bastante "imaginação", o inevitável cotejo com a verdade da vida se encarrega de avaliar com, salvo raras e honrosas excepções, fraquíssimos resultados.
A luta por este desiderato tem sido longa e porfiada, desde as pressões constantes sobre os docentes tentando fazer depender a sua própria classificação profissional do "sucesso" estatístico dos seus alunos, sem nenhum mecanismo fiável e válido de aferição e controle, donde só os tolos se prejudicariam e não teriam pleno "sucesso", até ao facilitismo nos exames e à criação de cursos de "caracacá" com tantas "épocas especiais" quantas as necessárias, passando pela "validação de competências" e mais um sem número de expedientes. Mas o "Esforço" requeria mais empenho e a "Causa" mais aplicação e para isso o trunfo mor estava para vir - é preciso extirpar os "chumbos", não havendo "chumbos" não há insucesso e o povo fica contente.
Afinal, num tempo de "camelos magros" como cumprir as metas do 12º ano como escolaridade obrigatória se houver o empecilho do "chumbo" que, para além de sair caro, por antipático incentiva ao "abandono". Curiosa esta constante, noutros Sistemas Educativos como os do Luxemburgo ou da Suíça onde os professores não são a "corporação de malandros" que por cá existe, os luso-descendentes são os que menos sucesso educativo têm e os que mais abandonam. Será genético? Não o creio, deve ser porque o "pessoal", cá dentro ou lá fora, tem sempre mais que fazer!
A melhor maneira de erradicar o "insucesso" e o "abandono" é dar (literalmente) o 12º ano a toda gente e porque não mesmo uma "licenciatura" (daquelas como o "velho" Melhoral, que não faz bem, nem faz mal)?! É curioso notar que na jihad do "Grande Timoneiro" e do "Bando dos Quatro" (Maria de Lurdes Rodrigues, Pedreira, Lemos e o sr. Albino - que ainda hoje vê, em medidas como esta, "revoluções educativas"), contra "os inúteis mais bem pagos do mundo" ("Bichano", porque filho do "Tareco", dixit) tentou acabar-se com os "chumbos" por mobbing, gorada a tentativa e já no consulado da "Dama dos Sorrisos", a "Obra" tende a completar-se e a "Grande Revelação" é proclamada: «Nada tendes a temer povo da Lusitânia, o monstro do "chumbo" vai ser imolado na fogueira do "Sucesso Garantido"», tanto mais quanto menos o passa a ser qualquer tipo de "Rendimento" ou de "Inserção".
Eu, que sou da geração da culpa, testemunho a ironia do destino de um mundo bipolar de que este país é um fiel barómetro, sempre pronto a adoptar com ligeireza os as aspectos mais "folclóricos" daquilo que outros (os míticos "nórdicos") fazem a sério, é por isso que as nossas escolas feitas segundo o modelo sueco tinham lugares para skis mesmo que fossem em Beja. Enquanto jovem, aluno e filho, a "culpa" era sempre minha por algo que corresse mal, quando cheguei à idade adulta a "culpa" mudou de lado e continuou a ser minha, desta feita como professor ou pai.
Como estudante do Secundário e mesmo da Faculdade lembro-me do prestígio das "Feras", daqueles professores que davam imensos "chumbos", tomados por critério de grande "rigor" e "exigência", nunca concordei nem com o "método", nem com a fama; agora só um louco tentaria ir por um caminho ainda que vagamente semelhante a esse, seria imediatamente lançado às verdadeiras "Feras", as da Burocracia Educacional.
Dos mitos com que nos "embalam", o da Educação e o da Demografia são dois dos maiores embustes políticos da actualidade. Se a Educação só por si garantisse o que quer que fosse, em vez dos ucranianos e dos russos virem para Portugal, seriam os portugueses que para lá emigrariam (o que não quer dizer que não possa ainda vir a acontecer, longe vá o agoiro!); se a Demografia com saldo populacional amplamente positivo fosse o remédio santo para a sustentabilidade da Segurança Social, então a Argélia teria dos maiores índices de Protecção Social do planeta e os seus cidadãos não iriam sobrecarregar a da França.
Solução para o "Enigma":
"It`s the Economy stupid!"
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