domingo, 26 de junho de 2011
Emídio – Fazer do surreal o real de todos os dias (e também de inúmeras noites)
O Emídio (Maximiano Cabós Gonçalves), Midocas ou Emax – nos vários avatares da sua, não muito longa, vida - foi para mim mais do que um amigo, foi um irmão mais novo. De tal maneira que ainda há não muito tempo, estando a tomar um café num dos lugares em que ele é mais caro em Portugal, a “Cabana” na Praia dos Três Irmãos em Alvor, onde toda a gente vai porque não há alternativa, um conterrâneo se dirigiu a mim invectivando-me alto e bom som:
- Tozé, ando para te dizer isto há uma mão cheia de anos. Tu e o teu irmão não têm vergonha de terem “aquilo” naquele estado?
Fiquei perplexo, mas, por insight, de súbito entendi e também de imediato respondi:
- Não sou eu e o meu irmão, é outro e o irmão dele e mesmo assim também não é deles, mas de outros irmãos – ele estava a referir-se à antiga loja da Oliva e ao seu actual estado de degradação.
O Emídio fez, durante anos a fio, do surreal uma espécie de realidade quotidiana e partilhava comigo, sempre que nos encontrávamos, um ritual de bate-pés, assim entre o fandango e a dança céltica. O Emídio foi um Punk pioneiro e são lendárias as situações hilariantes em que nessa condição se viu envolvido. O Emídio saía de casa “à paisana” e “fardava-se” em casa dos amigos para escapar à mão literalmente pesada do pai, o Sr. Gonçalves, que não achava piada nenhuma a essas “modernices”.
O Emídio proporcionou-nos alguns das mais altas e pícaras situações dos melhores tempos das nossas vidas, fê-los acontecer e ajudou a que o tivessem sido. O absurdo, como costumam ser essas coisas, fez com que o Emídio adoecesse, tivesse a sua prolongada “via-sacra” e, com a incredulidade da eterna luta entre o acaso e a necessidade, perplexos, nos deixasse.
Quem o não deixa partir somos nós…
quinta-feira, 23 de junho de 2011
Ver-se grego
Os trabalhadores portugueses já começaram a "ver-se gregos" e, para mal dos apregoados "brandos costumes", a reagir em conformidade, demonstrando com isso que se mantém actual o aforismo do soldado que "é tão bom como os melhores". Um dos indícios foram os incidentes após o plenário nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo em que a administração anunciou o despedimento de cerca de 400(!?) trabalhadores.
O "amigo" Chavez, que se prontificou perante o "compañero" Sócrates (olha que dois!!!) a comprar o barco que os açorianos rejeitaram, já nem o telefone atende e tudo está na eminência de ir por água abaixo.
Tornou-se claro que não vai ser às boas.
E ainda agora a procissão não saiu da igreja, quanto mais do adro !!!
segunda-feira, 20 de junho de 2011
"Noblesse Oblige"
O incidente Nobre terminou bem para (quase) toda a gente e ao dizer quase ocorre-me a figura "clássica" do bardo dos álbuns do Astérix, o único a ficar silenciado depois de os Romanos terem levado autênticas cabazadas das antigas.
O PSD conseguiu calar os arroubos grandiloquentes, como aquele do "tiro na cabeça" numa "paródia" de Sidónio Pais (sempre farsas a simular tragédias), de Nobre e manter a promessa de o candidatar a Presidente da Assembleia da República, uma espécie de "quadratura do círculo".
Um autêntico happy end em versão moral utilitarista por linhas tortas, o Parlamento e o País vão, pelo menos por uns tempos, ficar livres da matraca da "Santa da Ladeira". Afinal, o maior bem possível para o maior número. Só o ego do homem fica murcho.
Nobre, chumbado duas vezes, já não foi lá de "cernelha".
E, desta vez, o "inteligente" não mandou parar a "corrida".
sábado, 18 de junho de 2011
Porto Seguro
Está visto que mesmo em versão algo mais sofisticada, Assis é mais do mesmo - daquela "3ª Via" que os aldrabões pró-capitalistas inventaram e que dá sempre nisto: ser "proteccionista" em causa própria e "liberal" para os outros.
Começou logo por "criticar" as escolhas de Passos Coelho para a Educação e para a Saúde, Nuno Crato e Paulo Macedo, ter-se-á "esquecido" de Álvaro Santos Pereira, talvez o mais "neoliberal" dos indigitados.
O doutor Assis tem ideias boas - a de que uma coisa é a "teoria" e outra a "prática" - isto apesar se alguns dos "criticados" terem provado os seus créditos na prática (Paulo Macedo - por exemplo) e outras originais, como a da miserável "política global" de Sócrates y sus muchachas, para a Educação.
Pena é que, como de costume, as boas não sejam originais e as originais não sejam boas!
sábado, 11 de junho de 2011
Por que razão o velho aforismo "ninguém é insubstituível" não se aplica a Louçã, nem a Portas Paulo
A clássica reivindicação tribal da cabeça do líder em caso de desaire, esbarra, no caso do Bloco, numa impossibilidade logística. O Bloco de Esquerda não é um "partido" no sentido tradicional do termo é, aliás, como o nome não esconde, um "bloco" de forças da velha extrema esquerda (a UDP, o PSR), da área de uma certa Renovação Comunista (a Política XXI) e muitos outros, desde ex-MRPP até radicalistas folclóricos (a FER) e muitos independentes de gauche. O Bloco conseguiu fazer uma certa "quadratura do círculo" e reunir num projecto comum o realismo estalino-enverhoxista da UDP (excepto o grupo do, entretanto falecido, Francisco Martins Rodrigues, a "Política Operária", que ficou de fora por não alinhar com as "causas fracturantes" - afinal a "classe operária" não quer nada com droga e homossexualidade) - e o brilhantismo trotskista de Louçã - algo que, na esquerda clássica, equivale a misturar água e azeite.
Louçã é um intelectual da velha guarda, um homem inteligentíssimo, revolucionário precoce, é da minha geração e da minha idade (n. 1956) e esteve na Capela do Rato, orador de grande fôlego tribunício, temível em debate (ainda hoje estou para entender como se pode ter deixado "enrolar" pelas patranhas do Sócrates na Campanha Eleitoral de 2009 e não lhe ocorreu contrapor ao trampolineiro que o seu próprio Ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, tinha já dito que dedução fiscal dos PPR era para acabar e afinal o esbulho à "classe média" vinha do próprio governo do PS).
Ora, defenestrar Louçã significaria o suicídio político do Bloco, porque não será certamente em Fazenda ou numa das guapas deputadas eleitas que se encontrarão a solidez teórica e a verbosidade suficientes para manter o Bloco como força parlamentar - o que, já de si, foi uma proeza.
Agora, não ter ido conversar com a "Troika", suspender as causas fracturantes, se bem que o PS tenha dado um golpe de mestre ao ter como deputado Miguel Vale de Almeida, e jogar no puro terreno do PCP/CDU (a que acresce o Bloco, como aliás o CDS, não deter praticamente autarquias), foram, mais do que o apoio a Alegre, erros crassos que o Bloco pagou com a perda de metade do Grupo Parlamentar, regredindo aos oito deputados de 2005.
O Bloco tem que livrar-se do discurso assolapado do politicamente correcto, do namoro permanente ao "lumpen", que, como Marx e Lenine bem avisaram, é perigoso por contraproducente, e tem de mostrar o seu empenho na via da democracia socialista, única resposta política, económica e, por que não dizê-lo, moral, face à choldra onde o capitalismo selvagem nos trouxe.
Cuidado ainda, porque o PS na oposição é sempre de "esquerda" e o Bloco pode secar ainda mais.
Não pode e como ele o CDS com Portas, é "livrar-se" de Louçã.
quarta-feira, 8 de junho de 2011
Aviso à Navegação na Doca dos Submarinos
Terá começado uma estratégia kamikaze do PS com tiros de desespero aos submarinos da "direita" ?
É o que se pode inferir das palavras da embaixadora Ana Gomes, eurodeputada socialista, face à possibilidade de Paulo Portas vir a ser Ministro dos Negócios Estrangeiros. A comparação com Strauss-Kahn, mutatis mutandis, deste conhecido amante do cinema francês, terá sido apenas para "queimar" as suas pretensões ao cargo ou significará algo de mais substancial da parte, por exemplo, dos mencionados serviços secretos estrangeiros? Serão mesmo e apenas os "estrangeiros" ?
Enfim, um conjunto de dúvidas e perplexidades...das duas uma:
"Bluff" ou "Hot Stuff" ?!
Em todo o caso, cuidado com os periscópios !
segunda-feira, 6 de junho de 2011
A Cada Boca, Seu Guardanapo
sexta-feira, 3 de junho de 2011
Não, Nunca, Jamais !!!
Hit the road Jack and don't you come back no more, no more, no more, no more.
Hit the road Jack and don't you come back no more.
Não sei se terão reparado que o chamado Programa Eleitoral do PS é omisso em tudo menos na "Educação" e, neste particular, uma ameaça está feita - a dita "Avaliação de Professores" (eufemismo para designar um mero processo de condicionamento que, na verdade, nada avalia a não ser os reflexos caninos e se pode traduzir por "nada para ninguém, tudo para os amigos") é para continuar. Ou seja, o massacre da escravização burocrática que redunda numa autêntica farsa e daria vontade de rir se não tivesse resultados perversos, está prometido. Isto vindo de alguém que concluiu o curso a um domingo, tendo sido avaliado por fax, numa "universidade" que tratou de mandar encerrar assim que a opinião pública começou a "saber demais"; isto vindo de alguém que desistiu de avaliar os alunos e que elege como suprassumo educativo arremedos desconchavados onde nem classificações há. Alguém que apregoou a luta contra o corporativismo e os lobbies mas criou nas escolas a maior máquina trituradora, esta sim, verdadeiramente corporativa e em que todos os lobbies e lóbizinhos tentam "molhar a sopa" e abocanhar uma parte do que resta do bolo, muito para lá dos limites do decoro.
Alguém que promoveu a balbúrdia sob a capa de "ordem", para tal escolhendo a dedo personagens como o tristemente célebre "Bando dos Quatro" (a "Viúva de Mao"/Lurdes Rodrigues, mais o Valter Lemos, o Pedreira e o "Super Papá" Albino) e o desmantelamento da seriedade do sistema educativo em prol de uma batota estatística em sessões contínuas. Alguém que desencadeou a maior campanha negra de ódio da história da República portuguesa contra uma classe profissional - os professores - que foram por esta "troupe", através de medidas puramente vexatórias e contraproducentes, que nada de positivo trouxeram ao sistema, antes pelo contrário, vilipendiados, achincalhados, humilhados e atirados aos cães através de um chorrilho demagógico de mentiras. Ele foi "chegarem todos a generais", ele foi "serem os mais bem pagos da Europa", eles foram os que na "Finlândia trabalhavam mais de 50 horas por semana" - esta última "a little help from a friend". Só se tendo "esquecido" de dizer quanto ganha um general e os outros professores da tal "Europa" e a verdade sobre a Educação na Finlândia, onde como é bom de ver, nada desta choldra tem lugar.
Claro que há depois mais uns pequenos pormenores (ou "detalhes" como a criatura gosta de dizer) que fundamentam toda a sua "credibilidade" - ter trazido o País à Bancarrota, coisa que nem a Iª República, nem o PREC com toda a sua agitação, foram capazes de obrar; os 150 mil empregos que prometeu e os mais de 700 mil desempregados que deixa (espero que seja desta!!!) e marcam um pavoroso record nacional absoluto; os impostos que não subiriam e subiram todos, mas que deixam de fora os verdadeiros ricos e os falsos pobres para quem o "estado-providência" dos penduras e dos penetras é generoso; os cortes de salários que nunca aconteceriam e foi o que se viu; o FMI com que nunca governaria e ei-lo; o "Estado Social" defendido à outrance na sua lamentável e muito fraca retórica e mais de metade dos desempregados sem qualquer apoio e o corte de mais de 600 mil abonos de família; a "defesa" da Escola Pública e a entrega dos património edificado do Ministério da Educação à Parque Escolar; a "defesa" do Sistema Nacional de Saúde e a entrega dos Hospitais aos Grupos Mello e Espírito Santo; as famigeradas Parcerias Público Privadas; o "povoamento" do aparelho de Estado e adjacências, Empresas Públicas, na quase totalidade ruinosas, Institutos, Fundações de boys e girls a maior parte deles e delas sem currículo relevante, a não ser terem vindo da "Jota" e/ou serem a voz do dono.
Alguém com a mania de dar "lições de moral" mesmo tendo imensos telhados de vidro, alguém que com facilidade manda os outros "trabalhar", mesmo sem ter actividade profissional conhecida (ah é verdade, estava a esquecer-me da assinatura dos projectos dos currais) a não ser nas golpadas e facécias que, por cá, dão pelo nome de "política".
Colega se tens memória e um pingo de amor próprio:
NÃO, NUNCA, JAMAIS !!!
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