terça-feira, 10 de junho de 2014

Ó da Guarda (Humano, Demasiado Humano - Já Não Há Cavaquistões)





O achaque de Cavaco, hoje na Guarda durante as comemorações do 10 de Junho, traz à colação duas verdades insofismáveis: a verdade da condição humana a vir ao de cima na sua vertente psicofisiológica, avisando que mesmo contra a vontade dos sujeitos o que tem que ser tem muita força e em ambiente de crispação e de má-consciência as síncopes, por muito "vagais" que sejam, acabam por ocorrer (aliás, com Cavaco Silva não foi  sequer a primeira vez, algo semelhante tinha ocorrido em 95 na posse de Guterres) e a verdade "político-territorial" de já não haver "Cavaquistões" e a contestação pública chegar a toda a parte, ainda que protagonizada por sindicalistas que pouco ou nada têm "sindicalizado", pelo menos nos últimos tempos, quando mais falta faria. Fica à vista a fragilidade do poder,  mal camuflada  pela indecorosa exibição do luxo oficial, mesmo quando se exige "austeridade" aos outros, sempre aos outros, e se considera que as "gorduras do Estado" são as pessoas e não as mordomias como o desfile obsceno de automóveis topo de gama e o inútil desperdício de recursos materiais e humanos para cuja mobilização a conjuntura exigiria, aí sim, alguma contenção e hábitos austeros.
A contradição evidente entre as discursatas e a parafernália exibida acarreta uma imensa crise de confiança de consequências ainda por vir, podendo não ser lá muito lisonjeiras. Quem semeia ventos costuma colher tempestades e a acrimónia governamental traduzida pelo não aperto de mão, que seria o mínimo protocolar, entre Passos e o Presidente do Tribunal Constitucional demonstra bem a que tipo de gente está o País entregue. Tudo porque o Tribunal Constitucional é, apesar do deplorável método de selecção dos juízes (agora lamentado por quem escolheu, queixando-se, ainda que despudoradamente, de si próprio) constituído por pessoas que fizeram as suas vidas e carreiras estando relativamente imunes a chantagens; ao contrário do que acontece no Parlamento enxameado pela indigência e pelo carreirismo, onde a sinecura  e a "vidinha" explicam muitas "fidelidades caninas" (sobretudo ao "princípio" do "rei morto", "rei posto") e sobrelevam largamente a independência e a autonomia requeridas para o  isento exercício dos cargos, de tal modo e tão sonsos que mesmo comparando com os tempos de Eça de Queirós nos fazem ter saudades do Conselheiro Acácio ou do próprio Palma Cavalão.
Ó da guarda ! Aqui da República !!!

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Ó Calinas Cala a Boca !!!







O que devia ser alvo de "um escrutínio muito maior" eram gajos destes para impedir que pudessem chegar a Primeiro-ministro a dizer calinadas como a de "determinar determinadas" e outras como "o mix de medidas" ou as soluções "chave na mão". 
Isto depois de ter, segundo o próprio, tido como livro de cabeceira "A Fenomenologia do Ser" de Jean-Paul Sartre. Mesmo que, porventura, a obra existisse,  o que não é o caso, deveria servir para fazer altura debaixo do travesseiro.

quarta-feira, 4 de junho de 2014

A Paz Celestial


Passam hoje hoje vinte e cinco anos sobre os acontecimentos da Praça de Tiananmen ("Da Paz Celestial") em que o exército chinês, a mando da cúpula política do Partido Comunista da China, esmagou, literalmente, as manifestações estudantis que pediam  a democratização do regime. A nomenklatura chinesa após uma aparente hesitação inicial decidiu não embarcar em "perestroikas" e optou por reprimir com extrema brutalidade a dissidência e confirmar a sua "quadratura do círculo" com o "melhor" de dois mundos: "liberalismo" económico  (falso, aliás, o tecido empresarial é quase todo, se não mesmo todo, estatal) e ditadura política (essa absolutamente verdadeira).
Note-se que a capa ideológica da "democracia" (neo)liberal é apenas isso mesmo, uma "capa", um regime "comunista" como o chinês faz as delícias do plutocratas ocidentais que tentam impôr uma espécie de "sovietismo" neocapitalista: privatização dos ganhos, socialização das perdas e a democracia que se lixe, já que só serve para atrapalhar.
Nesse dia realizava-se uma reunião sindical na sala de professores da minha escola, que decorria pachorrentamente até entrar de rompante o colega Gonçalo, liga o televisor e exclama para o delegado sindical que conduzia os trabalhos:
- Olha Rui, vê com os teus próprios olhos o que os teus amigos comunistas estão a fazer aos estudantes na China. Vê!... Estão a matá-los, é o que é !!! 
Nisto o colega António, sempre muito mais preocupado com questões pragmáticas, retorquiu:
- Onde Gonçalo? Na China!... Isso é lá tão longe. Eles que se matem pá... Ó Rui diz lá mas é quanto é que vamos ganhar para o ano.

terça-feira, 3 de junho de 2014

Do Que Eles Nunca Abdicam...


Deve ser moda, ou "sinal dos tempos", depois do Papa "Emérito",  um Rei "demérito".
The Queen stands...

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Não Podem Ter Nada...


Isabel Jonet atribui a quebra nas recolhas do Banco Alimentar ao sol, à praia, ao futebol e ao "Rock in Rio".
Então e a "retoma" dos primos Passos & Portas? Não vê que já não "pecisam"!
Isto está a ficar tão animado que até os pobrezinhos já enjoaram o atum e o macarrão de marca branca.
Os portugueses voltaram aos "bifes"; por enquanto só dia sim, dia não.

Mano-a-Mano


Se Seguro é do "aparelho", Costa só pode ser do "electrodoméstico"...

Saldar a Dívida (Proposta)



Aos heróis pode e deve pedir-se sacrifícios pela Pátria.
Será que cinco anos do CR7 ao serviço do Bayern de Munique seriam suficientes para saldar a dívida ?

sábado, 31 de maio de 2014

PS - Um Dilema


Tal como Jorge Jesus reconhece não ser nenhum Eça de Queirós, também não será preciso ser  Maquiavel ou Hobbes para saber que a Moral e a Política raramente se deram bem, quanto mais a (i)moral e a "pulhítica".
É certo que o Partido Socialista emergiu das "Europeias" com um problema, uma vitória muito mitigada num escrutínio que dadas as, para muitas e muitos, trágicas circunstâncias seriam de ter ganho inequivocamente. É certo também que não houve discernimento para gerir os resultados e houve precipitação e dessintonia entre as proclamações e os semblantes. Também é certo que uma autêntico "exército das sombras" aproveitou o ensejo para, à falta de melhor, vir a terreiro, tendo como cabeça de proa o "mui nobre e nem sempre leal" edil de Lisboa, António Costa, reclamar a abertura de um processo eleitoral interno com vista à substituição do Secretário-geral em funções, António José  Seguro, pelo próprio Costa e consequente reviravolta na "nomenklatura" de turno no partido.
A alegação pretextada aponta para os fracos resultados, mas por detrás do arbusto está uma consabida imputação de "fraca figura" a Seguro e à sua "entourage" e a natural sede de poder dos apeados do "socratismo", não porque cheire a derrota nas Legislativas, mas precisamente porque cheira a vitória e é tempo para as tropas se aprontarem para o "business as usual", para o qual estarão hipoteticamente melhor preparadas.
Ora aqui é que "a porca torce o rabo". Se é verdade que a "experiência" é um critério de peso, também não será preciso ser nenhum Kant para ver que ela não é uma virtude em si mesma. Assim, é indubitável que Vale e Azevedo tem experiência de ser presidente do "glorioso", mas já se levantam muitas e fundadas dúvidas acerca da disposição da imensa maioria dos bons chefes de família que constituem a sua massa associativa em vê-lo reocupar o cargo. Outro argumento que se pode vir a revelar-se, pelo menos em parte, falível é o de que terá sido por causa da "palidez" mediática de Seguro que o resultado foi tão pouco expressivo. Não sei se o terá sido em amplitude, obviamente que é verdade que Seguro e, já agora, Assis o cabeça de lista às "Europeias", sendo pessoas estimáveis, não têm, à evidência, o "punch" para enfrentar o "vale tudo" demagógico-vigarístico do tandem Passos/Portas. Nesse campeonato a truculência de Costa marca pontos e aproxima-se mais do estilo emergente do tonitruante do emergente Marinho e Pinto que é preciso conter sob pena de termos para aí um novo "PRD". Mas a sombra de Sócrates continua a pairar, a memória do eleitorado não é assim tão curta, e o apoio declarado pelo "engenheiro da bancarrota" a Costa poderá, mais do que um trunfo, vir a revelar-se um "duque" em "mão" de "sena" triste?
A excelente série britânica "Yes Prime Minister" (made by BBC) expunha com pilhas de acerto a questão que o povo quer ver resolvida. O Reino Unido tem uma confissão religiosa de Estado oficial (Portugal, por exemplo, tem uma "oficiosa"), o Anglicanismo, e quem nomeia os bispos é o Governo de sua Majestade. Tendo-se dado, por morte ou resignação do titular, a vacatura de uma diocese, o Conselho de Ministros estava a decidir quem indicar. Perante todas as propostas expressas houve sempre objecções, um porque era muito conservador, outro porque tinha "affaires" extra-conjugais (os sacerdotes anglicanos não estão obrigados ao celibato e agora até já podem ser mulheres). Enfim, todos tinham ponderosos motivos contra si. Até que o Primeiro-ministro, dando um murro na mesa, exclamou:
- Meus senhores, arranjem lá um que, pelo menos, acredite em Deus !!!
O povo português e também por essa Europa fora, quer é que o Partido Socialista tenha líderes, e sobretudo políticas, que sejam socialistas.
É urgente clarificar a situação e separar as águas:
Congresso pois. Directas já !!!

segunda-feira, 26 de maio de 2014

O Alerta Vermelho







No rescaldo, ou na ressaca, como preferirem,  dos resultados das Europeias será preciso pôr alguns pontos no iis (sem esquecer os jotas pequeninos) porque, como de costume, anda por aí muita falácia tóxica:
- Não concorreram apenas duas forças políticas. Parece até que o boletim continha dezasseis siglas, se bem que os impressos de apuramento, pouco habituados a tanto "pluralismo", só trouxessem catorze linhas. Isto quer dizer que é uma narrativa, no mínimo, redutora, e, já agora, mistificadora dizer que tudo se resumiu a embate entre o PS de Seguro e a Aliança Portugal de Passos e Portas. Se a vitória do PS não foi de esmagar, a derrota da direita governamental foi de arrasar ("numbros" são "numbros" e não há mas, nem meio mas, escusam de chutar para canto).
- Está reeditada a velha "maioria de esquerda", que não costuma servir para nada, mas, enfim, está de volta.
- Marinho e Pinto no MPT, mas poderia ter sido noutro qualquer,  pode reeditar o "PRD" e sem televisão, imagine-se o que teria sido com ela.
- A literacia política do eleitorado português encontra-se a um nível muito elevado, os resultados de Marinho e Pinto e do "LIVRE" de Rui Tavares, sem mediatização e a elevada taxa de abstenção voluntária e deliberada (o dia até nem esteve de praia) estão aí para o comprovar.
- A CDU (ou seja o PCP) capitalizou o descontentamento com os "partidos do arco da governação", mas desta vez não se queixou de discriminação na cobertura mediática, nem teve razões para isso, os patrões da comunicação social resolveram tratá-lo bem.
- Não afirmo que seja intencional, mas como nestas coisas o que conta é o resultado e os juízos devem ser objectivos o PCP/CDU ao anunciar a apresentação de uma Moção de Censura ao Governo está a  anunciar que vai retribuir o favor e que lhe dará, e também ao PSD e ao CDS, uma oportunidade de ouro de aparecer por via da maioria, ainda absoluta, unido e ganhador. Cheira-me a "frete" e a "leninismo de trazer por casa". Mas nestas coisas dos "fretes" também se dizia que os costumava fazer a tia de um amigo meu, e não é que veio a tornar-se uma senhora de bem.
O PS foi prejudicado pela votação em Marinho e Pinto e o seu eco tonitruante populista e "justiceiro" truculento, sendo o único que pega de caras o tema da corrupção que os outros, esquerda radical incluída, vá-se lá a saber porquê, ignoram olimpicamente (ou nem tanto por tão etéreos motivos); foi prejudicado pela abstenção, enorme e sábia; foi prejudicado pelas tricas internas  e semi-internas (visto que os fautores são um caso à parte), como as facécias e os useiros e vezeiros melindres, que levam ao lavar da roupa suja em público, por parte do clã Barroso/Soares (excepção feita a João Soares), sempre imperscrutável e movido por insondáveis razões que a razão costuma desconhecer, e foi prejudicado pela memória recente (que costuma ser curta, mas nem tanto) de Sócrates, pelo estilo "Pinóquio" do "engenheiro" da bancarrota,  que  a contragosto ou não (para o caso tanto faz) chamou a "Troika", reavivada em doses cavalares pela "campanha negra" da coligação que, tirando matraquear nisso, nada mais disse ou fez; foi ainda prejudicado pela falta de "chama" de Seguro e de Assis que, sendo pessoas estimáveis e tendo já disputado a liderança do partido entre si, não têm "punch" para estas andanças. 
- O Bloco, sem Louçã, sem Rosas e sem (este irremediavelmente) Miguel Portas, abandonados os "temas fracturantes" em favor de causas com dono antigo (o PCP e a CGTP/Inter) continua no plano inclinado descendente de retorno à insignificância, assim como os filmes de "reprise", bons para beber umas "jolas" e para matar saudades dos arraiais e pouco mais que isso. Vá lá que a cabeça  de lista ainda logrou pôr de pé uns quantos votantes que lhe garantiram mais um lustro de permanência no PE que, como toda a gente sabe, é o melhor sítio onde um revolucionário pode estar, que o diga o Cohn-Bendit (aka Danny Le Rouge)  que esteve lá uma catrefada deles.

domingo, 25 de maio de 2014

A Final da Champions e o Erro do "Morgadinho"








Manos: no futebol, como na vida, nem sempre, na verdade quase nunca, ganham os que mais fazem por isso e para além do factor "sorte", há pequenas e discretas "habilidades" como a de dar um "tempo de compensação" de cinco longuíssimos minutos. Depois também houve alguns desacertos táctico-estratégicos da parte do "mister" Simeone (não sei se já repararam que é quase a "fotocópia" do Morgadinho; ou melhor, uma "fusão genética" entre o João Morgadinho e o Salvatore do filme "O Nome da Rosa" - o actor Ron Perlman, o que prova que nem de só de "Brad Pitts" vive Hollywood). Aquela de defender uma vantagem de apenas um golo com recurso ao "autocarro" é muito arriscada (que o diga o "mister" Jesus que no ano passado perdeu tudo, contra o FCP e o Chelsea, com essa opção e este ano conseguiu eliminar a Juventus com o mesmo expediente. Depois com o Sevilha a "estória" foi outra - e atenção eu sou sportinguista, mas, como os manos sabem, não sou faccioso). Aquela de pôr o Diego a jogar lesionado e "queimar" uma substituição aos nove minutos, também foi de "cabo de esquadra" (não sei que raio de departamento médico terá o Atlético que alinha em tratamentos fisiátricos à base de placenta de égua numa clínica em Belgrado. Nós, na Força Aérea, chamávamos a "coisa" da égua ao bivaque). Quanto à estratégia defensiva, o "Morgadinho" lá sabe a equipa que tem. Analisando os plantéis, eu, que não percebo nada de bola, entendo que o do Atlético é "operário" ou, se quisermos, de "carregadores de pianos"; o do Real tem individualidades que, como se viu, são capazes de desequilibrar (Sergio Ramos, Di Maria, Bale - que é um "bull", mas não um "bully", o CR7 está "tocado" e "poupou-se"). No prolongamento o Atlético "estourado" tentou levar a decisão para os "penaltis", mas o ácido láctico já era muito e pendeu para o lado "galáctico".
Devia haver um acordo de cavalheiros que impedisse "massacres" a dois minutos do fim (o CR7 por exemplo devia ter deliberadamente pontapeado o "esférico" para as "nuvens" ou para a linha lateral. Só lhe ficava bem, o "partido" já estava mais que ganho e um resultado justo nunca seria tão desnivelado). 
Escandaloso o comportamento de Juan Carlos de Bourbon, quando, perante duas equipas espanholas, se põe com públicas "intimidades" apenas com as vedetas do Real (Casillas por exemplo). 
Pró ano há mais e no futebol nunca há crise. Já os romanos diziam (e melhor faziam) que ao povo é preciso dar "pão e circo". Não tem nada que saber, na falta de um, reforça-se a dose do outro. 
Abraço Manos.

domingo, 11 de maio de 2014

O Aldrabão



"Este Governo é um perigo: não tem palavra e não tem limites."

     Heloísa Apolónia  (Comício da CDU - Coliseu de Lisboa - 10 de Maio de 2014)

quinta-feira, 1 de maio de 2014

A Tetralogia (ou os Quatro "F"s)


 
     "Uns comem os figos, a outros rebenta-lhes a boca."
 
                                         P. P. P. (Provérbio Popular Português)
 
Há quem diga que estamos a voltar à antiga trilogia do tempo da "outra senhora": "Fado, Futebol e  Fátima"; voz perspicaz alertou-me, agora que não há "Censura" (pelo menos oficial) e que os costumes estão liberalizados (veja-se o já histórico caso do sucesso do "Big Brother" ou o "Erro de Rangel", que não contratou o formato para a SIC, deixando-o para a TVI, tendo esta tomado a dianteira nas audiências até hoje, fiado no apego aos "bons costumes" e no "conservadorismo" do "povo português"), para a emergência de um quarto "F" (e dos grandes, diga-se de passagem).
 
Post Sriptum:
 
Povo de tal maneira "malhadiço" que corre o risco de encarar a anunciada e micro-faseada "devolução" do esbulho aos salários e às pensões como um "aumento", como, aliás, se passava (porque "já era") com o (nada inocente) reembolso estival do esbulho do IRS (apercebido como mais um "subsídio").
O "Manholas" de Santa Comba, que percebia desta "poda", bem avisava: "Em política, o que parece é".

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Já Perdi 100 Paus...

 
 
No ano lectivo de 1976/77 frequentava o Curso de Filosofia da Faculdade de Letras de Lisboa, quando dei por um colega muitíssimo discreto, silencioso, daquelas pessoas que parecem pairar e não se dá por andarem (andam como "fantasmas"). Era um colega africano, magro, de sorriso calmo e olhos grandes com uma expressão meiga.
Discreto em tudo, não se dava em particular com ninguém, assistia às aulas em silêncio sem nunca intervir o que, naqueles tempos  de debate permanente, era obra ! O homem, mais velho do que eu, mas sem idade aparente, como até muito tarde na vida é timbre dos africanos, quando interpelado respondia em voz muito baixa, com um sorriso quase como quem pede  desculpa,  umas breves palavras pouco mais que monossilábicas. Era um introvertido e tinha um ar (maneira de vestir e assim) muito pouco próspero.
Um dia, depois de uma aula, caminhando lado a lado nos corredores da Faculdade, lançou-me um pouco audível, mas incisivo:
- Tem 100 paus ?
Ouvi bem, o "fantasma" estava a pedir-me 100 escudos (hoje, 50 cêntimos de euro; ao tempo era dinheiro). Eu, que sou um coração-mole e por natureza generoso (pessoas que me querem bem costumam dizê-lo de outra maneira: dizem que sou um bocado assim a atirar para o "otário"), abri a carteira e estendi-lhe uma reluzente, acabadinha de sair, moeda de 100 escudos, tendo a plena consciência de que o mais certo era estar a "emprestadá-la".
É claro que o nosso amigo nunca mais pôs os pés nas aulas dessa cadeira (por sinal a única que tínhamos em comum), raramente tornei a vê-lo na Faculdade e mesmo por aí, no Metro ou na rua, quando me via,  punha a cabeça em baixo e mudava de passeio...
Passados vários anos, comecei a reparar num novo protagonista político da tão conturbada Guiné-Bissau, que usava como imagem de marca um barrete vermelho, e reconheci o meu colega e devedor, Joaquim, de seu "christian name", Yalá. Eis que chegou mesmo a ser eleito Presidente da República da Guiné, com o nome étnico de Kumba, e a ocupar o cargo entre 2000 e 2003. Parece que a coisa não correu lá muito bem e acabou por ser derrubado por um golpe de Estado militar (atendendo aos parâmetros locais, parece que teve sorte em sair ileso do processo).
Passei a dizer por brincadeira que qualquer dia havia de cobrar essa dívida, como credor internacional, com juros e correcção monetária; é que 100 escudos ao fim de mais de trinta anos deviam dar para uma lauta jantarada.
A primeira notícia que ouvi hoje, bem cedo na rádio, foi a da morte, aos 61 anos, de Kumba Yalá.
Já perdi 100 paus...

sábado, 29 de março de 2014

Do Torpe e Soez Como Método (Para a Javardice é que Parece Não Haver Limites)














 Da entrevista de Durão Barroso, ex-maoísta radical do MRPP, linha "vermelha", linpiaoísta, defensores intransigentes dessa pérola da "democracia popular" que foi a "Revolução Cultural Chinesa", a Ricardo Costa da SIC e do Expresso, o  mais sórdido foi, não a mera insinuação, mas a afirmação por extenso de que Manuela Ferreira Leite e Bagão Félix teriam subscrito o Manifesto por se terem sentido pessoalmente prejudicados pelos cortes nas pensões.  O "camarada" Zé Manel já percorreu o espectro político de um extremo  quase ao outro, mas ainda não perdeu o jeito para a atoarda,  a calúnia e o processo de intenção como método.
Se não nos pomos a pau, estará aí a assaltar a Presidência da República.












sexta-feira, 28 de março de 2014

Dívida "Aristotélica"
















Dulcineia, Dulcineia,
volte ao que era:
uma plebeia
sem primavera


               José Gomes Ferreira

Portugal,  quer dizer, a maioria dos portugueses, corrigido que está a ser o desvario de há 40 anos, está de regresso ao seu "lugar natural", o de "país pobre". Isto na opinião de quem nunca o foi e dos respectivos lacaios e sopeiras, que por serem tão serviçais conseguem comer com os precedentes à mesma mesa, a dos despojos que estão a  tratar de "liberalizar".
Pobre país !!!

domingo, 16 de março de 2014

Vá Lá, Vá Lá...


David Justino, antigo ministro da Educação, actual presidente do Conselho Nacional de Educação e consultor presidencial para os Assuntos Sociais (não, este não subscreveu o "Manifesto") concedeu em entrevista à TSF emitida esta manhã, e cito de memória:
"Os professores, apesar de tudo, têm sabido manter algum profissionalismo...".
"Algum" ?!?!?!

O "16 das Caldas"





Deu agora ao PSD de turno uma de arranjar o seu próprio "25 de Abril" - frustre que foi a tentativa de consagrar o 25 de Novembro  como data fundadora da "democracia", até porque alguns dos "heróis", honra lhes seja feita, declinaram a condição e outros não estavam, manifestamente, à altura dela - viraram-se ("nunca me enganaste") para o spinolismo serôdio e para celebrar o "16 das Caldas".
Como dizia o meu avô do mesmo nome, ele há coisas do "carvalho"...

Casuística Gramatical


 
Como se designa uma mulher natural da Alemanha?
Depende. Se for, por exemplo, a Claudia Schiffer será uma alemã.
Se for a Merkel será uma "alemoa"!

sábado, 15 de março de 2014

1640


 
 Quem anda para aí a dizer que a saída da Troika é uma espécie de 1640, ou é parvo, ou está de má fé, ou, o mais provável,  as duas coisas juntas.
É  que depois de 1640 houve uma guerra de quase trinta anos. Devem ser as tais décadas "sob vigilância" de que fala o senhor Presidente da República.

 
 
 


quinta-feira, 13 de março de 2014

Este Parece que Doeu...

 


Ficaram nervosos. Tartamudearam. Praguejaram. Caluniaram e, "democratas" ajuramentados como são, toca a exonerar.
Parece que este não foi apenas mais um "manifesto". Este doeu.
É muita gente séria junta para os "passinhos" e "cavaquinhos", mais os calhordas dos "pintelhos" e outros "troikas-tintas".
É abrangência a mais para a camioneta deles.
"Comprendi-te" !!!


quinta-feira, 6 de março de 2014

Milhões



A, aliás excelente, jornalista Carla Jorge de Carvalho disse esta manhã na SIC - Notícias que segundo os mais recentes estudos dos paleontólogos da Universidade Nova de Lisboa, os restos de  dinosssauros encontrados na jazida de Torres Vedras ainda são mais antigos do que inicialmente se pensava e constituem mesmo a descoberta de uma nova espécie de carnívoros predadores do Jurássico Superior que "viveram há 150 milhões de euros".
A imersão é tal, que até os lapsus linguae vão lá dar. Como se não houvesse mais nada. E não há.
Sabíamos que os concelhos de Torres Vedras, Lourinhã e Peniche são ricos em fósseis, agora que os fósseis fossem ricos...

domingo, 2 de março de 2014

Saudades da Soyuz (ou "A Caixa de Pandora")



Tenho a ligeira impressão de que o "Ocidente" ainda vai ter saudades da União Soviética. Isto da Ucrânia está-me a fazer lembrar a Geórgia em 2008, mas com a parada mais alta.
Afinal trata-se de um"clássico", um déjà vu, populações de língua e cultura russas (neste caso) integradas "à força" num estado estrangeiro, clamam pela protecção da Pátria-mãe. A  engenharia populacional é velha como o mundo - desde Nabucodonosor aos romanos, passando pelos czares e por Estaline, até aos ingleses na Irlanda - a política de deportações e colonizações é uma realidade antiga e destina-se a perpetuar situações de facto. Quem pensou que a globalização do capitalismo traria automaticamente a globalização de um único imperialismo, é capaz de se ter enganado.
É que a História dá mostras de ter mais uns capítulos para revelar e se a democracia (cadê ela?) é o pior dos sistemas à excepção de todos os outros, ainda (?!) estamos muito longe do melhor dos mundos.

sábado, 1 de março de 2014

La Casa de S. Jamás (ou Medidas de Segurança)



Afinal a Troika já não se vai embora em Maio e a despeito do "cuco" do Caldas, parece que por "questões técnicas" (certamente "cautelares"), pelo menos o FMI demorará mais uns tempos, se calhar até ao dia de S. Nunca à tarde (ou como se diz em Espanha, até à casa de S. Jamás).
Faz lembrar as "medidas de segurança" que os tribunais plenários ao serviço da PIDE costumavam aplicar como pena extra, ou seja, podias ser condenado a cinco anos de prisão mais "medidas de segurança", o que queria dizer que os cinco anos podiam ser seis, sete ou dez.
Cinco anos e "um dia", o tal dia que nunca mais chegava...

sábado, 22 de fevereiro de 2014

O Cata-vento ("Ó Micas Apaga a Vela" versão XPTO)



Cristo acaba de, mais uma vez, descer à Terra. Marcelo afinal foi ao congresso do PSD.
Tá bem sim Rosa !!!

Klitschko - o challenger



Vitali Klitschko, que só com o irmão Wladimir já formariam uma temível milícia, é o mais do que provável - se a coisa for por via eleitoral, o que nesta altura do campeonato não é certo, nem seguro - challenger do actual presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich.
Dois pequenos pormenores lhe são apontados como prováveis handicaps: apesar de ter formado  um partido - o UDAR ("murro" em ucraniano) - não tem  experiência de desempenho de qualquer cargo público e também não terá dos melhores dotes oratórios.
Ora, ora, não sejamos beras, quanto ao primeiro só a pescada antes de ser já era e quanto aos dotes oratórios lembro as declarações de um "oficial do mesmo ofício", o pugilista norte-americano Evander Holyfield, a propósito do combate em que Mike Tyson lhe haveria de "comer" quase meia orelha:
"O meu adversário fala muito e bem. Pena para ele que o boxe seja uma modalidade onde as coisas não se resolvem a falar".
Na política ucraniana parece que também não.

Breves III - Sochi



Portugal tem uma esquiadora nos Jogos de Sochi.
Já Timor-Leste tem um esquiador.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Breves II - Visões





Governo e FMI têm visões diferentes acerca da economia portuguesa.
"Visões" ?!
Uns é do LSD, os outros deve ser do "Ecstasy".

Breve I - O Carnaval de Lisboa


A Câmara de Lisboa convidou a Mafalda Veiga para abrilhantar o Carnaval ?!
Venha curtir o "Funeral" de Lisboa!!!

sábado, 15 de fevereiro de 2014

O Cisma no PS, as Europeias e a Crise das Narrativas



A agitação nas águas do PS está a atingir proporções compatíveis com as da invernia. A caça ao Seguro tornou-se mesmo um desporto interno, não há dia em que não venha um "notável" ou um "barão" (que os há, mesmo na mais republicana das agremiações) exercitar a sua pontaria, pressionando, avisando, alvitrando prazos, fazendo ultimatos e por aí fora.
Ele é a  estratégia que falta, ele é a táctica errática, ele são os nomes de candidatos que tardam, ele é um ror de coisas, por acção ou omissão, muitas delas inteiramente procedentes, que não estão como deveriam estar.
A narrativa dominante destes críticos de circunstância - foram-no bem menos noutras - é a de que a actual direcção do partido, Seguro e os seus, representam um lobby interno que será a mera expressão de um somatório de interesses locais. Enfim, um lobby paroquial, de vistas curtas, se calhar parolas,  que terá "capturado" a iniciativa política do partido, fazendo-a materializar-se apenas em bagatelas e promessas de pechisbeque como a da restauração dos tribunais que este governo mandar encerrar e outras coisas de somenos.
Essa outra linha de pensamento (e de intenções de acção, quero crer) seria composta por gente de vistas largas, cosmopolita (e, pelos vistos, com vontade de o ser, ou continuar a ser, na "geopolítica dos lugares"), com visão estratégica simultaneamente "nacional", "europeia" e "global" (que isto, como é sabido e consabido, anda tudo ligado), com perfil e competências para os mais altos voos eleitorais e governativos, sempre com o elevado intuito da defesa do interesse geral e nunca (vade retro!!!)  dos particularismos vários.
É interessante verificar esta apropriação de conceitos, hoje superiormente inspirados e legitimados pela pós-graduação en Sciences Po do protagonista-mor que continua, cada vez mais afoito, a exibir aquele suplemento de energia que não o deixa a repousar e que já o terá levado a licenciar-se a um  domingo e, ainda muito antes, a correr para a sua velha escola primária numa tarde de um sábado de Julho, para imitar o Eusébio aos pontapés à bola.
Pelos vistos, em havendo eleições no horizonte, demais a mais "Europeias", o frenesi torna-se contagioso.
Se é verdade que a estratégia política de António José Seguro parece estar confinada a escorregar nas cascas de banana que a actual maioria de direita vai deixando cair, o que não é bom, não é menos verdade que sempre que cheira a eleições aparece logo uma data de gente a pôr-se em bicos de pés para melhor ficar na fotografia.
 Se as críticas terão muitas vezes cabimento - e a candidatura, encabeçada por quem quer que venha a ser, está obrigada a uma vitória clara - já da generalidade dos "críticos" se não poderá dizer o mesmo, uma vez que se trata, em significativa proporção, de protagonistas directos das políticas que foram, em grande parte, responsáveis, como diria Salgueiro Maia, pelo estado a que isto chegou: o país às mãos da troika na praia da bancarrota e o partido à perda, primeiro, de uma virtualmente irrepetível maioria absoluta e em seguida, das próprias eleições, deixando uma herança difícil de gerir.
É, aliás, essa herança que a maioria no poder costuma brandir como irrevogável bordão, mesmo que seja para justificar o injustificável.
Mas isso não estão as luminárias "críticas" interessadas em ouvir.
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sábado, 8 de fevereiro de 2014

Os Livros e o Magno Problema dos Marcadores


Não é bonito comprar um livro decente e ter de usar um marcador de alguma coisa da Margarida Rebelo Pinto ou das "Cinquenta Sombras de Grey" que é praticamente o que há nestas novas livrarias de centro comercial.
Para além de uma incoerência, é uma falta de decoro e obriga a uma certa clandestinidade, suficiente para impedir o simpático gesto de passar o livro para as mãos de alguém amigo que nos pergunte o que andamos a ler ou de o deixar à solta para que não possa ser raptado pela curiosidade alheia.
Ó editores garganeiros, vejam lá se começam a fazer marcadores de jeito!


terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Pete Seeger (1919 - 2014)


 O século XX vai, paulatinamente, chegando ao fim.
Where Have All The Flowers Gone ?

domingo, 5 de janeiro de 2014

Eusébio (1942 - 2014)


A pouco e pouco, o Século XX vai acabando.
 
Post Scriptum: Em 1966 eu tinha dez anos, durante o Mundial via os jogos na televisão, então única e a preto e branco (em Portugal a TV a cores só arrancou em 1980) na sala da casa dos meus pais que era um rés-do-chão e tinha uma janela grande dando para o quintal. Nesse quintal tinha desenhado a giz na parede uma baliza e no chão de cimento uma grande área com meia-lua e a respectiva marca de grande penalidade. De cada vez que Portugal marcava um golo, levantava-me da carpete em que estava a ver o jogo, aos pulos e aos gritos,  e saltava pela janela, corria para a bola e "estourava-a" contra a baliza na parede.
No dia do "épico" contra a Coreia do Norte  foram "só" cinco remates.
Obrigado grande Eusébio, gentil "Pantera" !!!