domingo, 30 de janeiro de 2011

E ele a dar-lhe!


Periodicamente a Cordeiros Galeria do Porto tem promovido Exposições com obras de grandes vultos - a que está a decorrer denomina-se "Mestres da Pintura" e integra, entre outros, nomes como Andy Warhol, Gerhard Richter, Antoni Tàpies, Miquel Barceló, Júlio Resende, Julião Sarmento, Moita Macedo, Paulo Teixeira Pinto, Mário Bismarck, Júlio Pomar e Vespeira; há cerca de um ano, mais coisa, menos coisa, notei que, numa outra e para além destes, figurava também o grande Juan Miró. Não pude deixar de reparar que entre autênticos "monstros sagrados" nacionais e internacionais (Tàpies, Andy Warhol, Miró) está o do ex-político e ex-banqueiro Paulo Teixeira Pinto, o que só pode significar que o exercício da governação, actividade onde se "pinta" imenso, e da administração bancária, o que não se "pintou" no Millenium-BCP, lhe deram um traquejo artístico que lhe permite ombrear com os maiores, para além de constituir um sério aviso à navegação endossado sobretudo ao "bota-abaixismo" dos sindicatos - esta é a demonstração maior de que o empresariado português não exige nada aos trabalhadores em matéria de polivalência, que não esteja disposto a fazer.
Bem-haja pelo magno exemplo!

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Ocaso Épico


Francisco Louçã demonstrou no debate parlamentar de hoje que as suas raízes teóricas não se limitam a Marx e Trotsky com alguma actualização soixante-huitard. Afinal, elas estendem-se ao tremendismo de Nietzsche e Wagner como se viu na acusação dirigida a Sócrates de que ele seria o arauto de "uma economia crepuscular"!
Sublime!!!

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Mais de 23




Lá vem a Nau Catrineta,
que tem muito que contar!
Ouvide, agora, senhores,
Uma história de pasmar.



Marinho Pinto, bastonário da Ordem dos Advogados, declarou hoje ao Forum TSF ter recebido o "doutor" (sic) Carlos Silvino que lhe terá pedido que a Ordem designasse um advogado para o representar numa nova fase do Processo Casa Pia agora "remasterizado" com mais condimentos após a sua "confissão" de que todas as declarações incriminatórias que produziu nos últimos oito anos, são, afinal, falsas e por isso deverão produzir nulo efeito. Verifico, com agrado, que, talvez por passar a ter tantos tempos livres, Carlos Silvino aproveitou para os ocupar com a sua própria valorização pessoal e, com certeza ao abrigo do Programa "Mais de 23" - espécie de "Novas Oportunidades" para o Ensino Superior, já se terá, pelo menos, licenciado.
Lembrando-me que o anterior Procurador-geral da Repúlica, doutor (este "à antiga portuguesa" ) Souto Moura (o "gato constipado" na feliz expressão do malogrado Eduardo Prado Coelho) recebeu o "senhor" (parece-me que era para ter sido "engenheiro") Carlos Cruz e até (pasme-se, se alguma coisa na Justiça portuguesa fosse de pasmar) se pronunciou precocemente pela sua não culpabilidade, não deixa de ser extraordinário como os altos dignitários da Justiça que, para o comum dos mortais, se revelam absolutamente inacessíveis porque instalados numa espécie de transcendência divina, se tornaram subitamente tão disponíveis para atender e cuidar pessoalmente de, pelo menos, uma parte dos intervenientes neste caso.
É certo que passadas as Eleições com os resultados esperados e apenas a pequena (na verdade muitíssimo grande, mas como dizia a outra - "isso agora não interessa nada"!) bronca da disfuncionalidade de algumas das tão decantadas inovações tecnológicas e enquanto não há mais nenhum homicídio escabroso entre os "famosos", Portugal começa a aborrecer-se com tanta "crise", tanta "divída" e tanto "deficit" e como, à semelhança do Titanic e do Blitzskrieg, "the show must go on", já faltava alguma coisa para quebrar o tédio soturno que ameaçava instalar-se entre um "Jesus" que não dá a outra face e Taças a que já ninguém liga, o melhor que se pode arranjar para "dar gás" a isto é ressuscitar o Processo Casa Pia que talvez dê ainda "pano para mangas" por mais uns aninhos, em que seguramente continuaremos a não passar de "anões".

sábado, 22 de janeiro de 2011

O Pai Natal, Robin Hood e o Feiticeiro de Oz






Primeiro vieram buscar os Comunistas,
e eu não disse nada,
porque não era Comunista.
Então vieram buscar os Judeus,
e eu não disse nada,
porque não era Judeu.
Então vieram buscar os Católicos,
e eu não disse nada,
porque era Protestante.
Então vieram buscar-me,
e nessa altura,
já não havia ninguém para dizer nada.

Martin Niemöller


Após a época natalícia e em dia de defeso presidencial ocorrem-me algumas das personagens da minha infância e a sua actual inversão de significado – O Pai Natal com as suas surpresas, que continuam a acontecer todos os dias – só que cada uma pior do que a outra; Robin Hood que se trivializou fazendo o que é comum – roubando aos pobres para dar aos ricos e o Feiticeiro de Oz que continua a demonstrar que há alguém atrás da cortina, mas não é quem parece.
No desgraçado campo da Educação tudo começou a escorregar para baixo desde a assolapada “paixão” de Guterres, mais do que platónica, pois mexeu-lhe e mal. A partir daí foi “um ver se te avias” até que chegámos a isto. Pretende desmantelar-se de um dia para o outro todo o edifício para, sobre as suas ruínas, edificar a escola minimalista e fraudulenta que já se anuncia por todos os poros da descaracterização do Sistema. Quem quiser Educação, ou melhor Instrução que ultrapasse a mera balela, que a bem dizer fica muito aquém do ler, escrever e contar, terá de abrir os cordões à bolsa ou então arranjar uma – o que não será fácil.
O problema desta gente que nos desgoverna é com a própria verdade, que ziguezagueando evitam a todo o custo. Assim continuam a embrulhar em roupagens pedagógicas medidas cujo cabimento nada tem que ver com elas, senão seria difícil entender como os mesmos que engordaram os curricula de disciplinas e aumentaram desmesuradamente as cargas horárias para satisfazer lóbis e de certo modo adiar por uma geração o desemprego de licenciados não importando em quê, vêm agora pretender “racionalizar”, atirando para a borda do prato a vida de dezenas de milhares de pessoas, sempre de forma sinuosa e terrorista, escondendo-se em alíneas de rodapé, tornando descartável o que é alardeado por seguro e até, na propaganda oficial, “blindado”. O projecto de Despacho de organização do ano lectivo 2011/2012 é um triste exemplo de toda esta trapalhada com medidas draconianas de eliminação de horários e cortes em Áreas, até há bem pouco tempo apregoadas pelos mesmos, Nossa Senhora, como o supra sumo da excelência educativa.
Acresce a esta mais do que putativa balbúrdia, a exigência dos procedimentos de uma aberração burocrática que a tutela insiste em denominar Avaliação do Desempenho Docente. E não é que esta monstruosidade continua a suscitar proselitismos da parte de professores que se imaginam com o destino dos “convertidos”. Passo a circunstanciar - na segunda metade dos anos 60, época da minha tenra adolescência, uma vizinha que era Testemunha de Jeová afirmava na rua, na mercearia da esquina e no cabeleireiro, que quando se desse a Batalha do Armagedão, confronto final entre o Bem e o Mal, se ela estivesse, por exemplo, comigo perto de um muro que se desmoronasse este só me atingiria e mataria a mim, pois os “convertidos” sairiam incólumes. Assinale-se que esta senhora também disse à minha mãe que tinha que mandar embora uma criadita que dormia no sótão de sua casa, pois estava “possuída por Satanás”, tais os barulhos que ouvia à noite, nunca lhe tendo ocorrido que “Satanás” era o seu próprio marido.
Uma parte dos docentes julga que pondo-se a jeito, deixando-se humilhar e participando como capatazes na humilhação gratuita dos colegas, pois que sentido mais do que vexatório poderá ter esta rábula quando foram cortados vencimentos, quase exclusivamente aos professores (pois já vimos escapar inúmeros “nichos” como na Justiça, na Segurança Social que afinal arrebanha os votos dos “pobrezinhos” e, ainda hoje, na EPAL - a tal dos popós novos e toda uma panóplia de manobras à “açoriana curta”, como aumentar vinte por cento para depois cortar dez), está a ser preparado o despedimento massivo de professores e é certo que não há quaisquer progressões antes de, na melhor das hipóteses, 2015, se irá “safar”.
Tal revela um profundo desconhecimento dos obscuros desígnios de quem gere o sistema como, aliás, já foi demonstrado à saciedade pela sumaríssima destituição de Directores recém‑empossados em virtude da constituição de “mega-agrupamentos”.
“Roma não paga a traidores” e quem julga que “com o mal dos outros posso eu bem” arrisca-se a aprender à sua própria custa e tarde demais que estava redondamente enganado.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Com essa não me encavacas!


O Professor Cavaco podia ter dito o que disse hoje - que o Governo optou pelo corte de salários da Função Pública porque quis. Pois poderia, em alternativa, ter lançado um imposto extraordinário sobre todos os rendimentos - como, aliás, aconteceu em 1983 com o confisco de 33% dos subsídios de Natal a todos os que o receberam.
Pena é que o não tenha dito em devido tempo e que até tenha promulgado o Orçamento de Estado. Assim não passa de pura demagogia "eleiçoeira", faz-me lembrar o aforismo dos relógios parados que estão certos duas vezes por dia.
Os advisors que lhe deram o mote e o aconselharam a guardar esta suposta "artilharia pesada" para o fim, ignoraram o efeito, como se diz na terra da minha mulher (e do próprio Prof. Cavaco), indigesto das "sopas depois de almoço".
Manuel Alegre respondeu e bem, que não é o candidato do Governo!

COM ESSA NÃO ME ENCAVACAS!


VAMOS EMBORA MANEL!!!

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

O 18 de Janeiro de 34


Homenagem do autor deste blog aos heróis da resistência ao fascismo que na Marinha Grande, terra irmã do meu Barreiro, arriscaram tudo numa luta desigual.

domingo, 16 de janeiro de 2011

O Efeito Guterres (Retomado)


José Eduardo Bettencourt aproveitou uma derrota para se pôr ao fresco da presidência do Sporting. Um movimento "clássico" - o Efeito Guterres.
Faço desde já a minha "declaração de interesses", como hoje é chic dizer-se mesmo que não sirva para nada e se possa, apesar dela, continuar a ter "interesse interesseiro", o que não é propriamente o caso - sou sportinguista desde que me conheço, mesmo, et pour cause, em terra "vermelha" (antes "encarnada"). Como se dizia há uns bons pares de anos, "não vou em futebóis" e a "clubite", ao contrário dos cortes salariais e outras "minudências", não chega para me tirar o sono, mas gosto do Sporting numa espécie de antiga relação "platónica" que, por vezes, se "aristoteliza".
O Sporting passa por ser o clube da nacional-burguesia e há até uma chalaça com o facto de, no nome, ser o único "grande" com dimensão nacional - é o Sporting Clube de Portugal, enquanto os mais directos concorrentes, um é um Clube de "bairro", o Sport Lisboa e Benfica, mesmo que esse "bairro" tenha, segundo os próprios, seis milhões de habitantes e o outro um clube, quando muito "regional" - o Futebol Clube do Porto.


É conhecida a quadra:

Lisboa é Águia e Leão
É também a Cruz de Cristo
O Porto só tem Dragão
Que é animal nunca visto


A verdade é que se tomarmos à letra a sua alegada condição "elitista" e "burguesa", a situação do clube espelha bem o que são e como se encontram as nossa "elites" e a nossa "burguesia", mais ou menos como ao que conduziram o País - sem rumo e numa espécie de buraco sem fundo, numa crise estrutural em que ao mais leve sopro tudo vai pelos ares. No Porto e enquanto lá estiver Pinto da Costa a situação, mais "café com leite", menos "Apito Dourado", parece sólida, descobre e potencia jogadores e treinadores (Mourinho é só o caso mais emblemático), que valoriza e negoceia com altos proventos, sem ficar desfalcado de alternativas. O Benfica parece estar, mais paulatinamente, a "arrumar a casa" que era a maior das bagunças. Afinal seis milhões de adeptos justificam um número proporcional de "comensais" e "penduras", o que também é "histórico", mas depois da passagem do vigarista para quem "um escudo é um escudo" e por isso se abotoou com muitos, a "coisa" parece estar a ir ao lugar com a persistência algo desajeitada (não é burguês, nem bem falante, nem "sopinha de massa" queque ) de Luís Filipe Vieira.
O caso do "Lagartal" do meu coração é um grandessíssimo pedaço mais complicado e desde os tempos do "The Great John Rock" (João Rocha) o último grande, polémico, mas grande, presidente do Sporting, temos tido de tudo, apesar da seriedade do breve e contrariado intervalo de José Roquette, do Jorge dos Bigodes até ao castiço Sousa Cintra, passando pelo inefável Santana Lopes, conhecido por não acabar quase nada de quase tudo o que começa e por ser uma espécie de "Rei Mirdas", o lendário Rei Midas tinha o condão de transformar em ouro tudo aquilo em que tocava, este transforma tudo em trampa (é "trampolineiro", mas não se aguenta nas andas).
Agora, depois de Dias da Cunha e Soares Franco terem devolvido o clube aos pedigree pals sem qualquer resultado "desportivo" (leia-se futebolístico) digno de registo e de forma consistente, o herdeiro Bettencourt "deu às de Vila Diogo" e se calhar fez muito bem. Pelo menos livrou-se da exaltação dos Dias Ferreiras, dos desacatos dos aprendizes de hooligans da Juve Leo e dos impropérios das "Associações de Adeptos" que tendo passado da idade do hooliganismo físico, parecem ter querido manter-se em forma e passaram ao bota-abaixo, isto é ao hooliganismo verbal. O homem estará certamente melhor em casa e no escritório a tratar dos negócios, do que em Assembleias Gerais tumultuosas, em que os poucos que lá vão querem é "molhar a sopa" e em fins de tarde e noite, sitiado, a ter que "convidar" a polícia de choque.
Soluções com nomes não estou bem a ver - o "badalado" Rogério Alves tem energúmenos de outro coturno para aturar e não quererá, por certo, perder tempo com "arraia-miúda"; só se fôr a oportunidade de algum ilustre desconhecido, desses que têm andado a "apanhar bonés" nas eleições.
Razão tinha Churchill quando, corrigindo um sobrinho de visita ao Parlamento, lhe apontou a bancada oposta, dizendo-lhe: "Ali senta-se o adversário, porque o inimigo costuma sentar-se deste lado, ao pé de nós" .
Também de camarote!!!

sábado, 15 de janeiro de 2011

Vaticano adere às Novas Oportunidades


Mais uma retumbante vitória diplomática de Sócrates, que ilustra bem que o seu governo tornou o nosso país um exemplo a seguir não só no Novo Mundo, como a Venezuela de El Comandante Chavez, mas também num dos poucos Estados do Globo mais antigos do que Portugal. Trata-se do Vaticano onde o Papa Bento XVI afirmou que, certamente após a análise do portefólio, vai "validar", decalcando o modelo português das "Novas Oportunidades", o milagre atribuído ao seu antecessor João Paulo II que tornará possível a sua beatificação e ulterior canonização.
Ditosa Pátria que tais filhos tem...

"Deixem jogar o Mantorras"!!!


Desta parece que é de vez, Pedro Mantorras anunciou que vai mesmo pendurar as "chuteiras" (no "meu tempo" dizíamos as "botas", mas agora a língua portuguesa está e ainda bem, mais global) quase por estrear.
Nunca mais os herdeiros do velho "Terceiro Anel" irão poder gritar já em desespero de causa, quando o "glorioso" estava a perder ou a empatar quase no fim da partida:
- Deixem jogar o Mantorras!!!
E o treinador, fosse qual fosse e por não ter nada a perder, acabava por lhes fazer a vontade. E não é que resultava!
Este Eusébio que o não chegou a ser, é um autêntico "case study" da moderna mitologia lusófona a ponto do caso da sua carta de condução provocar um incidente diplomático com retaliações entre Portugal e Angola, corroborando o velho e certeiro adágio:
"Mais vale cair em graça do que ser engraçado".
E ele tem uma coisa e é outra...

Die U-Boot



Mar Portuguez

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!

Fernando Pessoa, Mensagem


O submarino de fabrico alemão "Tridente", com três meses de entregue à Marinha Portuguesa e que custou 500 milhões de Euros, já está no estaleiro porque, segundo o porta-voz da Armada: "as placas da sua cobertura não foram concebidas para a força das águas do Atlântico".
Espera aí meu. Onde é que fica Hamburgo?
Ah pois..., é nas margens do lago Titicaca!
E eu que tenho três máquinas de café Krups, um fogão Siemens, um carro Opel, cresci a ouvir os Beatles trautear a lengalenga "Isadora Duncan works at Telefunken" e a acreditar que "Bosch é bom" !

O Bei de Tunes pirou-se...


Ai eu estive quase morto no deserto e a Tunísia aqui tão perto...

"The Beggar`s Opera"


Dos media até ao Governo, toda a gente "embandeirou em arco" com o sucesso da colocação da dívida pública. Cheguei mesmo a ouvir pivots de estações televisivas e até especialistas financeiros em painéis dedicados ao tema, dizer que "entre os países em risco de incumprimento, Portugal é o mais sólido".
Isto faz-me lembrar um aluno que tive nos idos de 1970 num curso nocturno para adultos ministrado numa meritória colectividade do Barreiro, o Luso Futebol Clube, num tempo em que estas associações eram muito mais do que meras tabernas e lá se fazia o que hoje se chama voluntariado para valorizar a população trabalhadora, que, se assim não fosse, não teria qualquer outra oportunidade de formação.
Esse meu aluno, algo mais velho (trinta e tais) do que eu que, nessa altura, era um jovem estudante universitário, veio bater-me à janela uma noite de Junho, eufórico com a sua prestação na Oral de História do antigo 5º ano dos Liceus.
Abri a janela:
- Então, já vi que correu bem!
- Muito bem, muito bem!
- Então com quanto é que passaste?
- Não passei, chumbei!
- Chumbaste! Então para que é esta algazarra toda?!
- Fui o melhor dos que chumbaram. A "gaja" (referindo-se à examinadora) tomou-me de ponta!
Ora, assim parece este coro de regozijo, quase júbilo, em redor do "retumbante êxito" da venda de títulos da dívida pública a juros exorbitantes, até dá a ideia que a crise já passou e que ninguém vai ter que os pagar.
Mais certeiro aqui, foi o "senhor" Silva (como lhe chamou o "senhor" A. J. Jardim) quando, com a sua prudência "serrenha" e bem estribado por opiniões como a do Nobel da Economia, Paul Krugman, afirma que ainda agora a procissão vai no adro e alerta para as reais, diga-se de passagem, injustiças na repartição dos sacrifícios, para as quais, "milagres" de campanha, parece só agora ter acordado. Preparando-se assim para, após as eleições, dispensar esta "esquerda moderno-socrática" que "rachou a lenha", em favor da direita alaranjada (mais Portas, menos Portas) que virá "partir o resto da pedra".
Chapeau!

domingo, 9 de janeiro de 2011

Vítor Alves



Vítor Alves
(1935 - 2011)


Eu sei que este blog tem parecido um obituário, mas a culpa não é minha, é da morte.
O coronel Vítor Alves foi um distinto "capitão de Abril" a quem Portugal deve, pelo menos, a restauração das liberdades públicas e o fim da Guerra Colonial.
Um dos episódios de que melhor me lembro é o de, por ter sido nomeado Ministro da Educação de um dos Governos Provisórios, uma jornalista da RTP lhe ter perguntado porquê, "porquê da Educação"?
Ele respondeu:
- "Porque a minha mulher é professora"!

Um rapaz muito previsto


O candidato Cavaco Silva acaba de "alertar" o eleitorado para os "perigos" que decorreriam se o Palácio de Belém fosse "ocupado" por "aventureiros". Esta declaração para além de denotar que, o homem anda mesmo nervoso e começa a evidenciar algumas das "dúvidas" que, segundo ele próprio, raramente o assolam, mostra também que quer reforçar perante os "mercados" - o eleitoral e quiçá os outros, a sua condição daquilo a que a minha avó chamava "um rapaz muito previsto" - avesso a "aventuras", que "joga sempre pelo seguro" e "não dá ponto sem nó".
Cavaco Silva continua a explorar o "mito" do rapaz "pobre" e "certinho" de origens "humildes", que "subiu na vida a pulso" (chumbou apenas um ano e pagou-o, por imperativo paterno, com o "coiro") e da "política sem políticos" que povoa o imaginário salazarento (vide António de Oliveira Salazar, "Como se Levanta um Estado"), mais evocado em tempo de crise. Este "mito" não resiste à prova dos factos e não é preciso ir buscar Lenine e os "koulaks" russos, basta ler Jaime Nogueira Pinto e o seu excelente e insuspeito "O Fim do Estado Novo e as Origens do 25 de Abril" para entendermos que "campónio" não é sinónimo de "pobre", senão ficariam por explicar a Fábrica de Descasque e Secagem do Sr. Teodoro, pai do candidato, a "Venda" em que, segundo o extinto "Independente", se vendiam litros de vinho em garrafas de sete decilitros e meio e a Bomba de Gasolina em Boliqueime (que, na Via do Infante, está assinalado com uma placa maior do que a de Albufeira) em que eu, que sou multiplamente apaixonado pelo Algarve, pela terra , pelo mar e pela mulher algarvia com quem casei, abasteci tantas vezes.
Está obviamente a querer demarcar-se dos outros candidatos, os "aventureiros", como Manuel Alegre que se "aventurou" a lutar contra o regime fascista, sendo a voz de ouro da Rádio Portugal Livre emitindo a partir de Argel, voz em que ouvi, em primeira mão, a notícia da morte de Salazar ("Perante o cadáver de Salazar passam quarenta anos de miséria, opróbrio e indignidade"...) no Verão de 1970, que depois do 25 de Abril lutou pela Democracia em Portugal contra uma nova ameaça de sinal contrário, as "unicidades" orgânicas com que nos tentaram "sovietizar", sem medo do cenho carregado de algumas figuras camufladas no camuflado, que, já no consulado Sócrates, foi a voz indómita do PS na sua matriz original, a da esquerda democrática e ousou desafiar as suas cedências e cumplicidades com o neo-liberalismo. Pena que se tenha deixado "apoiar" pelo Bloco e depois pelo PS num "abraço de urso" que, por envenenado, (mais da parte do PS que do Bloco) poderá acabar por lhe ser fatal.
Contra "aventureiros" como Fernando Nobre que passou pelos Médicos Sem Fronteiras e pela Amnistia Internacional, tendo fundado a AMI, e, de facto, se aventurou por teatros de guerra, catástrofe e miséria para auxiliar e socorrer, se bem que esteja a ocupar o espaço "Santa da Ladeira" e tenha uns assomos de populismo e de demagogia a ele inerentes (isto dos "independentes" é uma chatice pois costumam revelar-se como os mais dependentes); como o "aventureiro" Defensor Moura que se "aventurou" a, olhos nos olhos com Cavaco, inverter o aforismo da "mulher de César" insistindo em que nestas coisas da seriedade "não basta parecê-lo, é preciso sê-lo mesmo"; de "aventureiros" como o "castiço" José Manuel Coelho que ousa enfrentar o "Jardim" da Madeira expondo os acúleos das flores, com uma "aventurosa" vida pretérita de emigrante e homem dos sete ofícios. O único que não me parece "aventureiro", aliás na tradição do Partido, é Francico Lopes que até só se "aventurou" a entrar para o PCP já depois do 25 de Abril, mas não consta que antes tenha preenchido qualquer ficha para a PIDE a declarar-se "integrado no regime".
Sem "aventureiros" Portugal não teria ido a lado algum, teríamos ficado encerrados no rectângulo, como, aliás, defendiam os "Velhos do Restelo", "rapazes às direitas" e "muito previstos" por causa dos quais a nossa juventude altamente qualificada tem agora de se aventurar e fazer-se à vida do rectângulo para fora; pois estes "rapazes" enquanto compravam a preço de saldo e vendiam a peso de ouro e na véspera da bronca, títulos de Bancos da treta, deixaram para o "comum dos mortais", o encargo de encaixar a "cratera".
All good fellows!

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Malangatana



Malangatana Valente Ngwenya
(1936 - 2011)


Tive a honra de conhecer pessoalmente o Mestre Malangatana em 2000, num jantar de homenagem que a Câmara Municipal do Barreiro promoveu por ocasião de uma grande Exposição da sua obra, no antigo refeitório da Corticeira I. Granadeiro ao Parque da Cidade.
Conhecia-a desde a minha tenra adolescência, bem antes do 25 de Abril e o seu estilo que influenciou e até mais do que isso, sem que ele tenha tido qualquer "culpa" a não ser a força do traço, miríades de artistas plásticos africanos e não só. Afortunadamente calhou-me como "vizinho da frente" de mesa nesse jantar no "Leão de Ouro" no Barreiro, onde também conheci, em pessoa, o General Vasco Gonçalves.
Malangatana nessa festa cantou, dançou, declamou, contou estórias e anedotas bem "assessorado", diga-se de passagem, pelo Embaixador de Cuba que distribuiu rum e charutos.
Foi uma noite memorável em que estive como representante da Assembleia Municipal do Barreiro. Mais tarde, já em 2008 e 2009, tive ocasião de conversar com ele num atelier improvisado que a CMB lhe disponibilizou no antigo Matadouro Municipal, junto da Escola Alfredo da Silva, quando cá esteve a trabalhar no conjunto escultórico para a Rotunda do Forum Barreiro.
Este homem que teve um pouco do "síndrome de Amália Rodrigues", sendo generoso e genuinamente de esquerda, apareceu feito "ícone" do regime colonial, como exemplo de artista da África "nossa", foi um gigante de talento e, sobretudo, um Homem Bom.
Vou ter saudades da sua enorme presença humilde, como só os grandes sabem ser!

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

O homem anda nervoso


O candidato Cavaco Silva deu mais um ar da sua e, infelizmente, nossa (des)graça ao não ter tido a elegância ética de, dadas as circunstâncias de calendário, prescindir da sua alocução de Ano Novo enquanto Presidente da República. Mário Soares e Jorge Sampaio fizeram-no mas são, obviamente, "rosas" de outro bouquet.
Será uma questão de pedigree que ainda não chegou à Fonte (antes Poço) de Boliqueime ou é só "nervoso miudinho" e não olhar a meios, incluindo as óbvias vantagens da situação, para assegurar o que as sondagens já dão como certo?
O modo crispado como tem participado nos debates, ainda que estes tenham um figurino que, por muito limitativo em matéria de tempo e diálogo, lhe é bastante favorável, é disso sintoma. O homem sente-se inseguro e os costados "serrenhos" vão-no avisando ou andará a ler nas migalhas de bolo-rei, que "prognósticos" só depois do jogo"!
Não foi este homem que disse que nunca se enganava e raramente tinha dúvidas, o que o terá com certeza levado a adquirir apenas produtos financeiros de confiança, a avaliar pelos réditos (150% na venda), da SLN dos amigalhaços.
Quanto às raras dúvidas, parece estar alguma a despontar...