sábado, 15 de janeiro de 2011

"The Beggar`s Opera"


Dos media até ao Governo, toda a gente "embandeirou em arco" com o sucesso da colocação da dívida pública. Cheguei mesmo a ouvir pivots de estações televisivas e até especialistas financeiros em painéis dedicados ao tema, dizer que "entre os países em risco de incumprimento, Portugal é o mais sólido".
Isto faz-me lembrar um aluno que tive nos idos de 1970 num curso nocturno para adultos ministrado numa meritória colectividade do Barreiro, o Luso Futebol Clube, num tempo em que estas associações eram muito mais do que meras tabernas e lá se fazia o que hoje se chama voluntariado para valorizar a população trabalhadora, que, se assim não fosse, não teria qualquer outra oportunidade de formação.
Esse meu aluno, algo mais velho (trinta e tais) do que eu que, nessa altura, era um jovem estudante universitário, veio bater-me à janela uma noite de Junho, eufórico com a sua prestação na Oral de História do antigo 5º ano dos Liceus.
Abri a janela:
- Então, já vi que correu bem!
- Muito bem, muito bem!
- Então com quanto é que passaste?
- Não passei, chumbei!
- Chumbaste! Então para que é esta algazarra toda?!
- Fui o melhor dos que chumbaram. A "gaja" (referindo-se à examinadora) tomou-me de ponta!
Ora, assim parece este coro de regozijo, quase júbilo, em redor do "retumbante êxito" da venda de títulos da dívida pública a juros exorbitantes, até dá a ideia que a crise já passou e que ninguém vai ter que os pagar.
Mais certeiro aqui, foi o "senhor" Silva (como lhe chamou o "senhor" A. J. Jardim) quando, com a sua prudência "serrenha" e bem estribado por opiniões como a do Nobel da Economia, Paul Krugman, afirma que ainda agora a procissão vai no adro e alerta para as reais, diga-se de passagem, injustiças na repartição dos sacrifícios, para as quais, "milagres" de campanha, parece só agora ter acordado. Preparando-se assim para, após as eleições, dispensar esta "esquerda moderno-socrática" que "rachou a lenha", em favor da direita alaranjada (mais Portas, menos Portas) que virá "partir o resto da pedra".
Chapeau!

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