segunda-feira, 30 de maio de 2011

Nem a Ordem é rica, nem os frades são poucos




Durante cerca de 20 anos a partir do 25 de Abril as Mesas Eleitorais que a Lei determina que sejam constituídas por cidadãos convocados aleatoriamente por sorteio, foram, na verdade, formadas por "convite" entre os elementos das forças políticas nas próprias autarquias (geralmente as Juntas de Freguesia). Esse serviço de assegurar a abertura das Assembleias de Voto, o seu funcionamento e o escrutínio com a burocracia inerente, era desempenhado por "carolas" de forma completamente gratuita e as Mesas eram, elas próprias, lugares de grande cordialidade democrática entre elementos das diferentes forças partidárias que conviviam naquelas jornadas das 7 da manhã às 9 da noite, quando tudo corria bem (as urnas abrem às 8 horas e fecham às 7 da tarde, mas têm que ser contados os votos e dar tudo certo para que se preencham editais e certidões) e, entre picardias mútuas, faziam pro bono um excelente trabalho.
Eis senão quando os iluminados do costume tiveram a fresca ideia de começar a remunerar a função, actualmente a cerca de 76 Euros por cabeça, o que não é mau de todo, excepto, claro está, para o erário público. Escusado será dizer que este vosso amigo enquanto foi de borla, foi chamado para todos os actos eleitorais e referendários, muitas vezes in extremis às 6 da manhã do próprio dia, tenho a enorme e vantajosa desvantagem (depende do ponto de vista) de morar no edifício de um dos principais locais de votação. A partir do momento em que começaram a pagar pelo serviço fui "dispensado" pelo silêncio do telefone, em benefício de famílias inteiras de membros dos aparelhos partidários e autárquicos locais, que, lá nisso, o nosso País é deveras pluralista. Pese embora até me tenham libertado desse fardo e de poder dormir nesses domingos até um pouco mais tarde, bonito, bonito, bonito não foi!
E assim se gastam escusadamente 8 milhões de euros - o que não sendo grande no global montante, é mais um dos grãos que enchem o papo do despesismo desenfreado que nos levou à Bancarrota.
O pagamento destas funções é uma daquelas medidas que nunca devia ter sido tomada, pois para além de custar dinheiro público, "mercenariza" funções de cidadania que deveriam servir para reforçar os vínculos comunitários, já de si tão debéis neste nosso país. Outro dos exemplos pela negativa deste enfraquecimento político da própria pólis foi a extinção do Serviço Militar Obrigatório substituído por um Dia da Defesa Nacional onde, mesmo assim e pelos vistos, se "consegue" que morra gente jovem.
Para que não se diga que estou apenas a "criticar", até o temível Mário Castrim fazia "críticas positivas", vou deixar uma sugestão:
Faça-se o real sorteio público com poderes de conscrição para as Mesas de Voto e abone-se um subsídio para o almoço dos convocados com verbas retiradas das subvenções do Estado aos Partidos, que assim ficarão com menos recursos para os sacos das merendas que costumam oferecer aos seus comicieiros itinerantes.

domingo, 29 de maio de 2011

Passos Marca Pontos




Passos Coelho interrompeu ontem o discurso num comício de campanha, para, pessoalmente, ler uma nota solicitando a um condutor que tinha deixado a viatura mal estacionada que a removesse.
Flexibilidade? Polivalência? Não sei.
Mas, num país de "sapos" inchados em que campeia a soberba, pelo exercício de humildade, merece os meus respeitos.
Chapeau !!!

sábado, 28 de maio de 2011

Os Frenicoques do Bichano




O "Bichano", filho do "Tareco", Sousa Tavares disse hoje no seu estendal hebdomadário do Expresso e passo a citar :
"Pode ser que eu seja o último dos idiotas".
O último? Por que carga de água?!

O 28 de Maio




Passam hoje 85 anos sobre a "Arrancada" de Braga que pôs fim à Iª República e instaurou a Ditadura Militar que daria origem ao Estado Novo. Tal como o regime de balbúrdia republicana sucedeu ao regime de balbúrdia monárquica mas o levou a um expoente nunca visto, o actual regime, dito republicano, está ferido de devorismo e rapacidade e completamente descredibilizado. Só o novo contexto "europeu", cada vez mais frágil, o tem vindo a segurar.
Como a História está longe de ter acabado e estas coisas da água chilra não costumam durar para sempre, é bom que reflictamos no acontecido a bem da saúde da Democracia.

Um Dia Mau para a Gandulagem




Hoje e por uma vez que, espero, sirva de exemplo, é um dia mau para a gandulagem. Um Tribunal decretou a prisão preventiva para uma das agressoras de uma jovem de 13 anos, há dias na zona de Benfica e do marmanjo que filmou aquilo e pôs no "Face", a outra agressora escapou por ter menos de 16 anos que é em Portugal a idade até à qual se pode impunemente provocar, injuriar, assaltar, agredir e até matar.
Por uma vez e dada a publicidade que o tal marmanjo deu ao assunto, foi possível fazer aquilo que o Senhor Procurador-geral da República tinha dito "não ter meios informáticos para mandar investigar", o que prova que o Senhor Procurador, tal como antes o Senhor Presidente da República atribuem à "Informática" poderes que está longe de ter, bastando para isso a PSP.
A miséria moral, mais do que material e em associação com ela e a complacência de uma "esquerda pastoril" e de uma direita em que "são mais as vozes do que as nozes", trouxe-nos até ao lamentável estado de coisas em que temos vivido, tudo servindo de alibi para justificar o injustificável numa e-versão dos "Feios, Porcos e Maus".
O quotidiano da maioria dos jovens, dos idosos e das pessoas decentes em geral, é frequentemente sequestrado por energúmenos perante a total indiferença e inoperância de todo o tipo de autoridades, sem que nada o justifique a não ser os fracos subterfúgios de uma espécie esfarrapada de "sociologia de trazer por casa".
É preciso que aconteçam coisas graves e sobretudo que, devido à burrice vaidosa de alguns desses díscolos, se tornem universalmente testemunhadas para "depois de casa roubada, trancas à porta".
Ao contrário do que disse o venerando Padre Américo num outro contexto, há mesmo rapazes beras e raparigas más e mais vale tarde que nunca, desde que não seja só para "salvar a honra do convento".

terça-feira, 24 de maio de 2011

Mr. Tambourine`s 70 th Birthday



Hey! Mr. Tambourine Man, play a song for me
I’m not sleepy and there is no place I’m going to
Hey! Mr. Tambourine Man, play a song for me
In the jingle jangle morning I’ll come followin’ you

Though I know that evenin’s empire has returned into sand
Vanished from my hand
Left me blindly here to stand but still not sleeping
My weariness amazes me, I’m branded on my feet
I have no one to meet
And the ancient empty street’s too dead for dreaming

Hey! Mr. Tambourine Man, play a song for me
I’m not sleepy and there is no place I’m going to
Hey! Mr. Tambourine Man, play a song for me
In the jingle jangle morning I’ll come followin’ you

Take me on a trip upon your magic swirlin’ ship
My senses have been stripped, my hands can’t feel to grip
My toes too numb to step
Wait only for my boot heels to be wanderin’
I’m ready to go anywhere, I’m ready for to fade
Into my own parade, cast your dancing spell my way
I promise to go under it

Hey! Mr. Tambourine Man, play a song for me
I’m not sleepy and there is no place I’m going to
Hey! Mr. Tambourine Man, play a song for me
In the jingle jangle morning I’ll come followin’ you

Though you might hear laughin’, spinnin’, swingin’ madly across the sun
It’s not aimed at anyone, it’s just escapin’ on the run
And but for the sky there are no fences facin’
And if you hear vague traces of skippin’ reels of rhyme
To your tambourine in time, it’s just a ragged clown behind
I wouldn’t pay it any mind
It’s just a shadow you’re seein’ that he’s chasing

Hey! Mr. Tambourine Man, play a song for me
I’m not sleepy and there is no place I’m going to
Hey! Mr. Tambourine Man, play a song for me
In the jingle jangle morning I’ll come followin’ you

Then take me disappearin’ through the smoke rings of my mind
Down the foggy ruins of time, far past the frozen leaves
The haunted, frightened trees, out to the windy beach
Far from the twisted reach of crazy sorrow
Yes, to dance beneath the diamond sky with one hand waving free
Silhouetted by the sea, circled by the circus sands
With all memory and fate driven deep beneath the waves
Let me forget about today until tomorrow

Hey! Mr. Tambourine Man, play a song for me
I’m not sleepy and there is no place I’m going to
Hey! Mr. Tambourine Man, play a song for me
In the jingle jangle morning I’ll come followin’ you

domingo, 22 de maio de 2011

Sopas Depois de Almoço




André Villas-Boas, treinador do Futebol Clube do Porto, "vestiu" hoje, na celebração da vitória na final da Taça de Portugal, uma bandeira portuguesa. Pena que não o tenha feito em Dublin, onde numa final internacional entre duas equipas portuguesas do mais histórico rincão que há - Entre Douro e Minho - não se conseguiu vislumbrar uma que fosse entre toda a panóplia de bandeiras sul-americanas e de leste.
Até ficou a parecer que Portugal nada teve que ver com o assunto.
Hoje foram, sem dúvida, sopas depois de almoço!

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Woher kommen Sie?





A chanceler Merkel numa daquelas suas arengas comicieiras, disse que em países como a Espanha, Portugal e a Grécia os trabalhadores têm muitos dias de férias e reformam-se muito cedo, enquanto na Alemanha só gozam 20 dias úteis por ano e vão passar a reformar-se aos 67 anos de idade. Alegando que se todos estamos na mesma moeda, todos teremos que ter as mesmas condições.
Ora mesmo descontando a mitologia demagógica que atribui aos países do Sul o exclusivo do sea, sex and sun e que 20 dias úteis são o mínimo que a lei alemã estabelece, havendo muitos casos de Acordos de Empresa em que esse número chega aos 30, por acaso número máximo em Portugal. Descontando também o facto de não ter mencionado a França - real campeã de "Estado Social", optando por se ficar pelos PIGS do costume, vá-se lá a saber por quê?
Por que carga de água não terá falado também nos salários? Já agora...
É caso para perguntar de onde virão aqueles milhares de pândegos aloirados, vermelhuscos e a atirar para o obeso, de todas as idades e "trambos" os sexos (masculino, feminino & outros assim-assim ou assim-assado) que passam a vida pelo Algarve e pelo Mediterrâneo a apanhar bebedeiras de noite, de dia e à hora do meio-dia?
Não me digam que estão a trabalhar?!

domingo, 15 de maio de 2011

Não Somos Só Nós !





Afinal o FMI anda a fornicar mais gente!!!

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Serviço Púbico de Televisão





Mais uma vez se enganou quem desconfia das virtualidades da iniciativa privada. Quem disse que a SIC não é capaz do melhor dos serviços púbicos? A entrevista do Dr. Catroga a José Gomes Ferreira é prova cabal dessa capacidade, evocando o desaparecido João César Monteiro (que o das Neves é vivo, economista, neoliberal e beato) no seu alter ego “João de Deus”, lá vieram os “pintelhos” à baila. Acho que a grafia correcta até é “pentelhos”, mas com isto do Acordo vá-se lá a saber!

terça-feira, 10 de maio de 2011

Robbery, Assault and Battery






Oh minha mãe dos trabalhos
Para quem trabalho eu
Trabalho, mato o meu corpo
Não tenho nada de meu

Que poderão ter em comum duas cantigas de bandas com ondas tão diferentes como os Genesis de Phil Collins e Tony Banks e o GAC - Vozes na Luta de José Mário Branco?
O autêntico assalto a quem trabalha e a quem já perdeu o emprego através das medidas que no dizer do cabecilha dos aldrabões - "permitem preservar o Estado Social" - "sem entrar em euforias" para citar um dos acólitos.
É verdade, é mesmo, aliás, uma das raras verdades que se podem encontrar hoje em Portugal, um país (re)talhado à medida da preservação do status dos verdadeiros ricos e dos falsos pobres onde quem trabalha e paga impostos é assaltado todos os dias e cada vez mais e se confirma, quase quarenta anos depois do Cantar da Jorna, a sua mensagem (como então se dizia):
"Olaré, larilolé, larilolé meu bem, quem trabalha vive mal, quem não trabalha vive bem"!
Pois Canté!!!

sexta-feira, 6 de maio de 2011

A Última Exigência da Troika




O FMI prepara-se para exigir que a Final da Liga Europa não se dispute em Dublin para onde está aprazada, mas numa cidade do Norte de Portugal.
Afinal, fazendo a análise financeira do evento, por que razão dois clubes do Norte de um país falido (Portugal) se hão-de deslocar à capital de outro país falido (Dublin na Irlanda) com todo o despesismo que isso acarreta e sem a expectativa de quaisquer proventos? Nem o público local, que entretanto também está a ser "esfolado vivo", se deverá interessar muito pelo jogo entre duas equipas estrangeiras, nem há emigrantes portugueses na Irlanda em número significativo, nem os "mouros" portugueses estarão dispostos a gastar o dinheiro que já lhes vai faltando em casa para assistirem in loco a um prélio entre "tripeiros" e "arcebispos" a que a eliminação do "glorioso" retirou um potencial de seis milhões de consumidores e que, ainda por cima, dá na TV à "borlix".
Trata-se, argumenta o FMI, de um assunto paroquial entre o Bom Jesus e a Cedofeita e, enquanto tal, propõe como campo neutro, demais a mais com 900 anos de História, a cidade-berço de Guimarães e o seu Estádio Municipal.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

O Polícia Bom, o Polícia Mau, os Três Estarolas e a Comunhão (Pouco Solene)





Utilizando com mestria a táctica do "polícia bom", papel que, evidentemente, assumiu e do "polícia mau", que deixou para o fugazmente "retornado" Teixeira dos Santos, o nosso "engenheiro" veio proclamar o que, por força do acordo com a troika, não será feito - confiscar os 13º e 14º mês (a ver vamos, como dizia o cego), cortar ainda mais os salários dos funcionários públicos, cortar as pensões abaixo dos 1500 euros.
Porreiro pá!!!
Deixou para o, agora reaparecido, Ministro das Finanças o doloroso encargo de comunicar o "traumatismo" fiscal a que os portugueses (e refiro-me àqueles que já pagam impostos) irão ser sujeitos. Pelo meio apareceu ainda um terceiro personagem (afinal compondo uma outra troika), o deputado Francisco Assis, dizendo que tinha sido um "bom acordo", mas não era motivo para os portugueses entrarem em "euforia", dando assim uma versão "Três Estarolas" a este "filme".
O deputado Francisco Assis que, até por formação, é bom psicólogo, deve ter notado algum brilhozinho nos olhos do "Zé", quando ficou a saber que, face à expectativa criada, vai ser esbulhado à mesma, mas em mais suaves penetrações, tal como o doente com a perna gangrenada e a quem tinha sido prognosticada a sua amputação total, experimenta um relativo alívio quando o "doutor" o informa que, revisto o diagnóstico, afinal vai ser "apenas" o pé.
Mas "euforia" senhor deputado, não será talvez um termo um pouco radical para o presente e confuso estado de espírito do povão/povinho?
Entretanto a troika, primando pela polidez e sobriedade, agradeceu a hospitalidade dos portugueses, que mesmo quando se vêem "gregos" se mantêm cordatos, pelo menos até ver, e nem nos momentos infaustos deixam de ter o sentido do fausto e de saber receber como ninguém, sobretudo os de fora e quando deles precisam.
Em suma - tudo isto me faz lembrar aquela "clássica": quando um fiel ia comungar sempre bêbado e o padre, jovem e maroto, estava farto dele e uma vez lhe pôs na boca, em vez da hóstia, uma pastilha elástica. O homem remoeu, remoeu e acabou por desabafar:
- Que raio, se isto é o corpo de Cristo, porque carga de água me havia de calhar logo esta parte?!

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Sim, sim, vou jantar a Cerveira, não me demoro!




Eppuor si muove, ma senza parlare!

Em suma: não tuge, nem muge...

domingo, 1 de maio de 2011

Alvíssaras




Alguém viu este homem?
Aparenta cerca de 60 anos e costumava acudir por Ministro das Finanças.

Em Vermelho, em Multidão: Viva o 1º de Maio





A todos
Que saíram às ruas
De corpo-máquina cansado,
A todos
Que imploram feriado
Às costas que a terra extenua – Primeiro de Maio!
Meu mundo, em primaveras,
Derrete a neve com sol gaio.
Sou operário – Este é o meu maio!
Sou camponês - Este é o meu mês.
Sou ferro – Eis o maio que eu quero!
Sou terra – O maio é minha era!

Vladimir Maiakovsky