sábado, 31 de maio de 2008

Racismo e Xenofobia (2)

" I'll say it only once ! "
A minha postagem " Racismo e Xenofobia" parece que deixou alguns amigos agastados, ou mesmo furiosos, de tal modo, que pela consideração que me merecem, quero deixar alguns esclarecimentos :
Primo :
O uso do termo "falcões" , longe de querer atingir pessoalmente quem quer que seja, é no contexto em epígrafe, utilizado como recurso estilístico, como paradigma de modo a designar genericamente um conjunto de sujeitos que assumem determinada posição pública.
Sendo figuras igualmente públicas, até pela notoriedade que lhes é atribuída nos media, é natural que possam ser visados como exemplo num contexto crítico sem que, no entanto, tal signifique que se queira visá-los enquanto pessoas. Não é pois, a sua pessoa que está em causa e muito menos a sua honorabiidade pessoal, mas a posição que assumem no espaço público, que não é e ainda bem , isento de controvérsias.
Não tenho culpa absolutamente nenhuma que entre nós exista o nefando hábito de "fulanizar" tudo e de tudo ser tomado à conta de "ataque" pessoal.
Secundo :
A posição antropológica evidenciada pelos defensores da "cartilha" do politicamente correcto em relação à candura do homo naturalis em oposição ao homem ocidental e urbano, revela essa sim, um paternalismo que não é mais do racismo disfarçado.
Racismo porque discrimina, ainda que alegamente pela positiva, o homem incapaz de se prover a si próprio, vítima da acção criminosa do colonialismo, do imperialismo, do etnocentrismo ou de outras malfeitorias e que por isso necessita da protecção providencialista de "exploradores" arrependidos, que renegando a sua própria "classe" militem pelos "discriminados" e "oprimidos" deste mundo, demais a mais tendo falhado recentemente objectivos políticos supostamente igualitários, o campo da "luta" deslocou-se para a esfera socio-cultural.
Os defensores de tais estórias ficam obviamente desorientados quando os factos, como os recentemente ocorridos na África do Sul, se encarregam de desmentir tão idílicas convicções acerca da bondade natural de uma parte da humanidade e antes, indiciam que o "selvagem"nem sempre é assim tão bom, algo que no entanto é sabido desde as primeiras expedições à Amazónia quando foram encontradas tribos altamente generosas que não conheciam a propriedade, nem o ciúme e logo ao lado havia outras que os matavam comiam e mirravam a cabeça para pôr ao pescoço , por por muito que doa à mitologia rousseauista, de que Rousseau fugiria a sete pés, estou convencido .
Faz-me lembrar e mais uma vez sem qualquer tipo de ofensa, o estimável Professor Bacelar de Vasconcelos quando há uma dúzia de anos era governador civil de Braga e houve uns sarilhos com uns ciganos em Vila Verde (ou na versão politicamente correcta : incidentes com membros de uma comunidade de etnia cigana - o" nacional nominalismo", sempre o "nominalismo") e ele do alto da autoridade de que estava legitimamente investido e da sua "sapiência" jurídico-sociológica em versão pós moderna, afirmou que o patriarca da comunidade lhe tinha dado a sua "palavra de honra"de que as responsabilidade pelos ditos incidentes lhes não pertenciam e de que era um "cavalheiro". Ora acontece que o "cavalheiro" estava, passado pouco tempo, preso por tráfico de drogas e que certamente nunca deve ter ocorrido ao honorável Professor Vasconcelos oferecer os jardins da sua casa de família para que a dita comunidade acampasse e talvez esta tivesse sido uma excelente solução, dado o respeito devido ao estatuto do nosso Professor; o problema de quem reflecte em abstracto sobre certas situações complicadas é que raramente as experiencia e então torna-se fácil assumir posições que decorrem mais de uma mitologia bucólica do que da nudez rude da realidade em concreto !
Tertio :
Quanto à minha posição coincidir com a do PCP, e daí ? Um relógio mesmo parado está certo duas vezes por dia !
Sabem que mais :
Fim de papo !!!

No hay hombre, no hay !

Numa das minhas viagens de Verão com o meu amigo Zé Carlos, decidimos ir para o Norte, passámos para a Galiza e demos um "saltinho" a Vigo, nessa altura, início da década de 80, isso significava uma ida ao "estrangeiro". Ainda foi no tempo dos passaportes, antes da entrada de Portugal e Espanha na, então, CEE e muito antes do espaço Schengen, vá lá que para as terras de nuestros hermanos já só tinha que se exibir o Bilhete de Identidade; foi também ainda muito antes do euro, ainda havia escudos e pesetas, só que dos nossos escudos existiam ainda notas de 20, de 50 e de 100; pesetas, já só existiam notas com o valor mínimo de 100.
Quando do nosso regresso na estação ferroviária de Vigo, conhecendo bem o "feitio" do Zé, um pouco "agarrado", diga-se de passagem, para lhe evitar uma desilusão, avisei-o de que os bancos não cambiavam moedas, por isso seria melhor trazer os trocos em notas e gastar as moedas que sobrassem.
Ele assim fez e como havia um quiosque de chocolates "Toblerone", foi lá para "derreter" as moedas sobrantes; como o homem do quiosque ainda lhe tivesse dado de troco alguma coisa como 20 e tal pesetas, o Zé vira-se para ele e diz-lhe, mostrando as moedas na mão aberta :
- Hombre, tienes papel, tienes billetes ? No quiero moñedas, quiero papel !
- No hay hombre ! - respondeu o homem .
Mas o Zé insistiu :
- No tienes ?!
- No tiengo no, hombre, no hay ! - respondeu o outro.
Mas o Zé voltou à carga :
- Pero no tienes ?!
Nisto o outro, já desesperado, insiste :
- No, hombre, no hay !
E o Zé, lancinante, com as moedinhas na mão, continua :
- Pero hombre, porque no hay ?
O outro já perfeitamente louco furibundo, grita :
- No hay no porque no tienga hombre, no hay porque no hay, no hay porque no existe, no E-X- I-S-T-E , entiendes, N-O E-X-I-S-T-E !!!

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Alquimia e Materialismo

Nas primeiras eleições autárquicas no pós 25 de Abril, que ocorreram em 1976, o PCP concorreu sob a sigla FEPU ( Frente Eleitoral Povo Unido ) e teve como compagnons de route o MDP/CDE e a FSP, que era uma cisão do PS, liderada por Manuel Serra (o célebre "Manecas das Intentas"), veterano anti-fascista, envolvido no Assalto ao Quartel de Beja e que tinha abandonado o Partido Socialista com uma fracção depois da vitória da linha social-democrata no congresso da Reitoria em Dezembro de 74.
No Barreiro calhou à FSP um lugar elegível, o 10º da lista se não me engano, para a Assembleia Municipal e o António Cabós foi o candidato, aliás eleito. A primeira reunião plenária de todos os candidatos a todos os orgãos autárquicos do Concelho (tudo somado entre Câmara, Assembleia Municipal e Freguesias, efectivos e suplentes, o evento ainda mobilizou umas largas dezenas de "camaradas"), decorreu no saudoso Clube 22 de Novembro numa sexta ou sábado à noite, sendo obviamente reservada aos candidatos e dirigentes das forças políticas integrantes da FEPU, isto é aos dirigentes do PCP e ao António Cabós, que solitário, tentava aguentar o embate de tanta "camaradagem" junta.
A mim, por ser, tal como o Cabós, da Direcção do Clube coube-me abrir a porta, mas como teria também que a fechar e deixar tudo em ordem e já agora, por estar com o "bichinho" da curiosidade em relação ao que se iria passar, decidi armar-me em "espião do Celtic", como se dizia na altura, e escondido por detrás dos reposteiros de um camarote do pequeno S. Carlos que era o 22, deixei-me ficar a assistir ao encontro.
Quando começou a ser debatido o Programa Eleitoral da FEPU colocou-se o magno problema da descentralização do poder e o António Cabós no seu estilo voluntarioso e brilhante, como ainda hoje, rico na argumentação política, defendeu intransigentemente a descentralização do poder autárquico em toda e qualquer circunstância, aliás, na linha do socialismo auto-gestionário e basista que caracterizava o programa político da FSP.
Os dirigentes locais e nacionais do PCP ouviram, ouviram e contra-argumentaram ao estilo leninista, aliás outra coisa não seria de esperar, dizendo :
- Calma lá camarada, isso do poder dever ser sempre descentralizado é tudo muito bonito, excepto numa condição, que é a de sermos nós a ocupar o poder central, e nessas circunstâncias , tenha lá paciência, mas o caso muda de figura e o poder terá que ser centralizado !
O Cabós encandalizadíssimo com o cinismo do argumento ripostou :
- Não camaradas, tenho muita pena, mas em coerência com os princípios democráticos da Revolução de Abril, o poder deve ser sempre, mas sempre, descentralizado !
Os homens do aparelho perante o efeito de simpatia que os argumentos firmes e a inflamada convicção do António estavam a causar nos camaradas menos politizados e por isso, mais ingénuos, lançaram os ataques radicais do costume, que o que era preciso era "unidade" e coisas deste género, aliás o PCP era exímio nesta "arte", quando a conversa não lhes estava a correr de feição, interrompiam os debates aos gritos de "unidade, unidade", desde que a "unidade" fosse nos seus termos, claro está !
O Cabós decidiu-se então por uma cartada sumptuosa e exclamou com a sua conhecida e costumada veemência :
- Os camaradas são marxistas, não é verdade ? Mas parecem-me profundamente ignorantes da teoria marxista, pois conforme afirma Marx na sua doutrina da "transmutação dialéctica do materialismo", sem margem para quaisquer dúvidas, o poder deve ser sempre, mas sempre, descentralizado!!!
Foi de facto uma cartada de meste, pois na verdade, eram profundamente ignorantes teoricamente e nem sequer foram capazes de objectar e denunciar a pura e simples inexistência e total incongruência de tal mistura entre a alquimia e o materialismo, tartamudearam, praguejaram e acabaram por fazer como de costume, apresentaram um requerimento para que se passasse imediatamente à votação, pressionaram os "ingénuos" a votar no que os dirigentes indicaram e usaram a esmagadora maioria que tinham naquela "coligação" para reafirmar o velho lema que "contra factos não há argumentos", por muito bons e justos que possam ser !
Eu é que tive que ter muito cuidado para não me denunciar pelo riso, pois o único elemento da plateia que tinha conhecimento da minha presença era precisamente o "sócio minoritário", António Cabós Gonçalves, que daquela vez não conseguiu levar a sua avante, talvez porque os "camaradas", nunca lá tinham lido ( no Avante) tal coisa !!!

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Maio de 2008

Está a chegar ao fim este Maio triste , ao contrário de outros Maios que foram de festa, mas mesmo então já se dizia :
" Deus morreu, Marx também ( não neste blog) e eu próprio não me sinto lá muito bem ! "
Alors, ça ira, ça ira, ça ira !!!

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Passos Coelho dixit

Passos Coelho afirmou que uma das condições preferenciais para liderar o PSD é não ter "rabos de palha" e já agora "coração a pilhas" !

E se a máscara cair ? ( O regresso do Bloco Central )

Já toda a gente percebeu que o Governo Sócrates tem nesta conjuntura e com as contas furadas por factores que não domina, poucas hipóteses de se fazer confirmar eleitoralmente , pelo menos com maioria absoluta, o que acaba por ir dar quase ao mesmo. Assim e seguindo o proverbial destino do poder no regime constitucional português: easy comes, easy goes, se a onda de descontentamento engrossar por obra do agravamento da crise internacional da subida dos preços dos combustíveis e dos alimentos que neste momento ninguém está em condições de saber até onde irá parar, é muito natural que o poder caia no regaço do PSD.
Dirimida internamente a questão da liderança e os dois únicos canditatos com possibilidadesde ganhar-Pedro Passos Coelho e Manuela Ferreira Leite, estão para Sócrates e sus muchachos como Dupont está para Dupond, poderá pôr-se de novo a questão da "estabilidade" governativa num quadro que sirva obviamente os interesses do costume e no caso mais do que provável de não haver maioria absoluta do PS ou do PSD com ou sem CDS e a diferença entre os dois maiores partidos for ínfima, então pode ser que a máscara do antagonismo irredutível entre os dois acabe por cair e se "ressuscite" o Bloco Central ao rebate dos sinos do "interesse estratégico nacional".
Nessa conformidade, veremos como se esfumam as diferenças que mais têm servido para disfarçar a falta de reais alternativas e para alimentar as guerras da clubite partidária que entretem e dá "gás" aos núcleos duros dos "fiéis ao tacho" e se dará o dito por não dito, em termos de considerações acerca de capacidades e competências, desde que se salve o essencial para o sistema e a crise continue a ser paga pelos mesmos.
É que em matéria de crise, o pior ainda pode estar para vir e se de facto , esta crise (e oxalá que não, longe vá o agoiro !) assumir proporções semelhantes à de 29, então as condições em que temos estado a viver nos últimos sessenta anos decairão substancialmente e enfrentaremos um cenário de guerra ( "bichas", racionamento), mesmo sem guerra; mas nunca deixando de lado que este tipo de situações costumam precedê-las. Direi como o meu amigo Zé Batista, biólogo, diz do vírus da SIDA: não é dos mais malignos , basta que imaginemos, e não será de todo em todo impossível , um que tenha os seus efeitos, mas se propague como o da gripe .
Lembram-se certamente da curta história da relação cambial entre o dólar e o euro, pense-se neste cenário em relação ao preço dos combustíveis, mas com as moedas em paridade de valor: por exemplo, com o barril de petróleo a qualquer coisa como 130 euros; é claro que aí aos nossos governantes já só restaria fazer como Maria Antonieta e dizer : "Se não têm pão , porque não comem brioches ?"
E escusa Sócrates de pedir desculpas, o excesso de actos de contrição , demais a mais , quando a coisa começa a ficar tremida, não abona a favor da verticalidade de ninguém, muito menos da de quem medrou sob a imagem de "cortar a direito"- é que fumar, que eu saiba ainda não é crime , será no caso, mera contra-ordenação e quanto às desigualdades elas são como que uma matriz, existem em Portugal pelo menos desde o século XII, ou seja desde que Portugal existe. Sócrates e o seu governo têm-se limitado a deixar tudo como dantes ("quartel-general em Abrantes"), o que é objectivamento uma forma de as deixar aumentar, mas não por "culpa" especificamente sua, nem sequer da invocada "direita".
O que se passa é que por cá, na terra da não inscrição, as desigualdades se inscreveram de tal modo no tecido social , que passam por ser aquilo que Althusser disse da História : "um processo sem sujeito".

terça-feira, 27 de maio de 2008

Guess Who ?

Já vi nas obras do centro do Barreiro junto ao Mercado 1º de Maio, placas da Mota-Engil :
- Hello George !!!

Uma Questão de Estatuto

O ministro Mário Lino veio "responder" esta manhã a um texto de Mário Soares publicado no Diário de Notícias de hoje, em que este alerta o PS e o governo para um conjunto de sintomas de grave crise social, que aliás estão à vista de toda e são sentidas por quase toda a gente: aumento dos preços dos combustíveis e dos bens alimentares essenciais, do desemprego e de insolvências várias, aumento galopante da pobreza e das desigualdades sociais, iniquidade na distribuição da riqueza e da carga fiscal, insegurança crescente e revolta da classes médias mais do que expoliadas e ameaçadas de extinção como os linces da Serra da Malcata ( é curioso que o velho "Catilina", Medina Carreira tinha ontem no "Prós e Prós" da RTP, dito essencialmente o mesmo no seu habitual estilo truculento rematando com o comentário e cito de cor : "-se isto é ser «europeu» vou ali e já venho !")
Achei insólito por várias razões : a primeira é que foi demasiado cedo, àquela hora matinal Mário Lino ainda não consegue ter piada, a segunda é uma questão de estatuto, e o PS neste momento tem graves problemas neste domínio, quando se trata de arranjar personalidades com estatuto político "socialista" e mesmo tout court para "responder" a posições públicas de alguém como Mário Soares. Mário Lino não o tem e o próprio secretário-geral , obviamente, que também não e os poucos que o poderiam fazer não estarão particularmente interessados.
Aliás, o caso de Mário Lino é sintomático, entre ele e Mário Soares há duas coincidências: ambos se chamam Mário e ambos foram militantes do PCP, só que o primeiro abandonou-o há cerca de meio século para iniciar uma luta tenaz e prolongada pela democracia antes e depois do 25 de Abril, arriscando tudo e federando a esquerda democrática para que se contituísse um bloco social democrático no sentido mais amplo do termo que a actual direcção do PS está, depois de ter enganado, a desbaratar. Quando o fez era um jovem e ainda foi a tempo de confirmar o Axioma de Willy Brandt : "Quem não è revolucionário aos vinte anos, não tem coração; mas quem continua a sê-lo aos quarenta, não tem cabeça !"
O segundo só o fez há uma dúzia de anos, já bem na idade madura , tão madura que lhe deu para entender, e nisto não esteve só, muito longe disso , que se lá tivesse permanecido nunca teria chegado, por exemplo, a ministro e às demais portas que o cargo e o cartão acabam sempre por abrir.
No resto não há senão diferenças !

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Axioma

As camas e as mesas nunca são grandes demais.

domingo, 25 de maio de 2008

"Colego"

Soube há dias, que morreu a minha colega da escola primária (era assim que se chamava ao tempo), que numa tentativa sui generis
( mas quem a conheceu perceberá) de aprimoramento do seu português falado, me chamava "colego" e não colega, e explicava porquê :
"-«Colego» porque és um rapaz, se te chamasse «colega» podiam pensar que estava a chamar uma rapariga", justificava ela a sua opção vocativa cada vez que me encontrava e me chamava alto e bom som, dando-me depois um grande par de lambuzados e repenicados "chochos" e um abraço "quebra-ossos" que me deixava quase sem fôlego, enquanto me perguntava carinhosamente pelo "paizinho", pela "mãezinha" e pelo"mano".
A Ana Maria era avantajada e muito forte e como já devem ter percebido os que a não conheceram pessoalmente, tinha um deficit mental; quando éramos miúdos e andávamos no D.Pedro V com a D. Aida como professora (entre 1962 e 1966, tirando uma semana na 2ª classe em que andei na Escola da CUF, mas voltei choroso e esbaforido ao "Asilo",tais foram as saudades), ela era a "maior" do recreio dando sovas em todos os gajos que ousassem fazer-lhe frente por mais pintados que fossem e perseguindo as meninas com enormes ratazanas que pegava pela ponta do rabo em rodopio e "amandava" como projécteis a quem dela fugia, era uma grande "maria-rapaz" completamente destrambelhada.
Tinha por mim um carinho especial que eu sempre sinceramente fui retribuindo e durante muitos anos tivemos vários encontros efusivos em que matávamos saudades da meninice. Uma das últimas vezes que a vi foi numa visita que fiz enquanto membro da Comissão de Assuntos Sociais da Assembleia Municipal do Barreiro ao Centro Social Paroquial Padre Abílio Mendes de que ela era utente. Soube há pouco por uma aluna minha que lá trabalha que a Ana Maria , que engordara imenso com a idade, falecera em consequência de um AVC.
Vou ter saudades do seu grito :
"- Oh «colego»! Olha o meu rico «colego» !!!"



sábado, 24 de maio de 2008

Zarzuela

No Barreiro junto a uma das entradas principais do Parque da Cidade, há um restaurante que anuncia como uma das especialidades "Zarzuela de Marisco". Ora uma autêntica "zarzuela" é chegar ao Parque da Cidade dado o labiríntico périplo que somos obrigados a fazer só para descobrir o caminho entre os prédios.
Mesmo feito o Parque com as sobras de terreno deixadas pelas "contrapartidas" do aproveitamento imobiliário, os cidadãos do Barreiro e quem nos visita, mereciam outra dignidade que isto assim é terceiro-mundismo ao vivo e aparentemente sem vergonha !!!

terça-feira, 20 de maio de 2008

Blindagem

Esta manhã o bastonário da Ordem dos Médicos, dr. Pedro Nunes, voltou à carga reafirmando que mesmo perante a anunciada falta de médicos em Portugal, sobretudo de médicos portugueses, num futuro muito próximo : "a solução não passa por aumentar o número de vagas disponíveis nas Faculdades de Medicina, o que é preciso é dar incentivos monetários aos actuais médicos para que continuem a trabalhar no Sistema Nacional de Saúde mesmo depois de reformados".
Ah, pois não! Para os interesses que o dr. Pedro Nunes representa não passará, certamente, mas para o interese público, parece-me evidente que passará .
É curioso como a profissão de médico está em entre nós,"blindada" desde o "ovo", ou seja desde antes da formação inicial; o acesso aos cursos de medicina é disputado, ávida e ferozmente, numa competição que começa logo no infantário enquanto processo de condicionamento. Assim, quem não conseguir jogar no Manchester deverá, ao menos, formar-se em Medicina, o que por cá corresponde e nisto é caso singular, a emprego público certo e carreira garantida, para além de um estatuto social de semideus por inerência ( sendo essa a razão porque gosto muito de ser atendido por médicos espanhóis e brasileiros por exemplo - humanos como nós, simples mortais portanto, tendo ainda os segundos meia cura só no trato). Ora, como as pessoas não são estúpidas , conhecem muito bem o chão que pisam e querem o melhor para os seus filhos, tratam de os empurrar a toda a brida para a "Terra Prometida" da Medicina, através de uma autêntica "guerra civil" pré-universitária num sério "combate mortal" pelo menos em relação aos sonhos e aspirações de muitos jovens que se vêem proibidos de ter um"deslize "que seja, pois a fasquia anda pelos 19 de nota mínima .
Nesse struggle for life vale tudo ou quase, como naquele estilo de luta brasileiro em que o médico assiste aos combates certamente apenas para passar as certidões de óbito, pressionar os professores, fazer recursos de notas de 19 para 20, logo a partir do 10º ano, alegando os motivos mais estapafúrdios, para tentar ganhar na "secretaria" o que não se logrou em "campo".
Isto determina inclusivamente, que as disciplinas do Secundário que funcionam como específicas para entrar no tão almejado curso de Medicina, Química e Biologia, sejam das poucas a manter a dignitas de Exames Nacionais, mesmo num contexto em que o Ministério da Educação em quase tudo o resto passou a bola para baixo e as Escolas que se "desunhem", tal é o conceito de autonomia. Esses exames são, não raramente, palco de um autêntico wrestling que chega a meter tribunais e tudo, como aconteceu no ainda recente ano lectivo de 2005 /06 em que o Ministério mandou repetir as provas apenas de uma das chamadas e de um dos programas de Química - uma das tais disciplinas que se tornou um autêntico fetiche por dar acesso a Medicina, violando claramente o princípio constitucional da igualdade e cedendo a pressões, coisa que este Governo gosta de alardear e fanfarronear não fazer. Mas não meus senhores, este Governo é como todos os outros : tem sido forte para os fracos e fraco para os fortes, senão vejamos o que se passou nesse mesmo ano com a disciplina de História, cujas notas constituiram um autêntico escândalo, mas ficou assim porque sim e porque, já me estava a esquecer, "Letras são tretas"; o próprio calendário de Exames girou em torno das disciplinas de científico-naturais com provas espalhadas por três semanas , enquanto que as de humanísticas estavam concentrados apenas numa, o que implicou ter exames todos os dias de segunda a sexta.

Enfim, tudo tem andado à volta das "guerras" da Medicina, curso em que o Vasquinho da Anatomia não teria, hoje, lugar, por muito que soubesse onde se localiza o mastoideu, mas o dr. Pedro Nunes entende que tudo está bem como está, e de facto, para os que estão, está óptimo !

Refrão : "Eles comem tudo ,eles comem tudo e não deixam nada !!!"

"Racismo" e Xenofobia

É no mínimo, curioso, mas quem não os conheça que os compre, que ainda ninguém - nem SOS(s) nem "falcões", nem quejandos, da maralha da "cartilha "politicamente correcta" e "pós-modernóide" se tenha pronunciado sobre o que se está a passar na África do Sul, onde grupos de autóctones espancam até à morte e queimam vivos imigrantes, igualmente negros , provenientes do Zimbabwe do "democrata" Mugabe (será que ninguém repara no estilo do bigodinho) e de Moçambique.
Já foram massacradas quase trinta pessoas, certamente mais do que qualquer bando de skinheads logrou até hoje (pelo menos desde 1945) , mas isso mesmo largamente documentado pelas televisões, não mereceu até ao momento quaquer reparo por parte das boas consciências habitualmente de serviço que se pelam por denunciar todo e qualquer laivo de "racismo" e "xenofobia" mesmo que, muitas vezes, com a história mal contada.
Então e agora ?!
"Quem dá um tiro no liro vai pró xilindró, mas quem dá um tiro no ló...!"

segunda-feira, 19 de maio de 2008

A "taxa de disponibilidade" ou o PS no seu melhor

O PS legislativo, encerrado no círculo estreito de uma "apagada e vil tristeza" pelo PS executivo pouco dado a veleidades que custem dinheiro, de quando em vez tem assomos de uma fúria legislativa disciplinadora, "politicamente correcta", eivada de demagogia "pós-modernista" que permita fazer brilharetes quase sempre a expensas alheias e seguindo um passo atrás daquele velho princípio de que "é preciso que algo mude, para que tudo fique na mesma", neste caso"é preciso que algo pareça mudar, para que tudo fique exactamente na mesma".
Está nesta conformidade a última iniciativa legislativa do Grupo Parlamentar do Partido Socialista visando a "defesa do consumidor" face aos "abusos" de certas entidades prestadoras de serviços de fornecimento de água, energia eléctrica e gás, por exemplo, o que significa no primeiro caso (águas, saneamento e recolha de resíduos) as Câmaras Municipais, proibindo a cobrança de "consumos mínimos", "alugueres de contadores"e outras alcavalas que não correspondam a serviços efectivamente prestados. Claro que estas resolveram habilmente a situação através do recurso à tradição do "nominalismo" legislativo ou contra-legislativo, neste caso concreto, e mudaram a designação para "taxa de disponibilidade" ficando o "consumidor" na "mesma como a lesma "a arrostar com o encargo.
Daqui e não só, pois esta história é um remake de algumas outras, como a desvalorização automática do valor dos automóveis para efeitos de prémios de seguros , ou os medicamentos não sujeitos a prescrição médica vendidos fora das farmácias, por exemplo, que iriam ter efeitos altamente benéficos para o consumidor e o que efectivamente se veio a verificar foi que "a montanha pariu ratos".
De duas uma: ou o PS legislativo é muito naif - o que não me parece crível dado o tempo de experiência parlamentar de muitos dos seus deputados - que, em alguns casos, ultrapassa as duas ou mesmo as três décadas , ou em então esta incontinência legislativa de nula eficácia do Grupo Parlamentar do PS traz "água no bico". Sinceramente inclino-me mais para esta última hipótese, tanto mais que o autor do projecto, Renato Sampaio, é também o autor da célebre lei dos piercings, outro exercício do mais puro rídiculo produtivista de delírios do género politicamente correcto, típico da "nova cartilha": "amigo do ambiente", em "defesa do consumidor" pró " multicultural", pela "igualdade de género", para a "inovação", para a"sociedade da informação e do conhecimento" , para fomentar a "competividade", o que quer que tudo isso queira dizer e corremos bem o risco de querer dizer nada ou de dar em nada, o que "no es lo mismo, pero es igual" .
Mais um "número" legislativo que deu em "traquibérnia" e cujo desígnio no âmago do PS legislativo é o de fornecer ao PS executivo uma cortina de fumo "modernaça"como o jogging, mas obviamente sem o cigarro ( que nisto meus amigos : vícios privados, virtudes públicas) na ausência de reais alternativas políticas que caracterizem especificamente a governação exercida por um executivo formado por um Partido que se chama " Socialista", mas cuja acção ninguém sente como tal, antes pelo contrário !
Toda esta "embrulhada" que redundou na "taxa de disponibilidade", com o Secretário de Estado Serrasqueiro da Defesa do Consumidor a dizer que vai "mandar investigar", (tal como o Ministro da Economia mandou "investigar" a mais que evidente cartelização dos preços dos combustíveis) , e a aconselhar os consumidores a pedirem o "livro de reclamações" ou a recorrerem à "acção popular"; ou seja, o Serrasqueiro mandou o pessoal "desenrascar-se", faz-me lembrar uma velha rábula penso que do Solnado ou do Camilo de Oliveira, não me lembro bem, que conta a história de um jantar de catorze contos, isto há quarenta anos, em que perante a reclamação do cliente pelo insólito de certas parcelas da conta como três mil escudos de couvert, o cliente alega não ter tocado no couvert e o gerente do restaurante responde:
-Não tocou porque não quis, o couvert estava lá !
O cliente insiste de conta em punho :
-Quatro mil escudos por ter apalpado o rabo à empregada, mas isto é um escândalo ! Eu não apalpapei o rabo à empregada !
-o senhor não apalpou porque não quis, o rabo estava lá !
Moral da história: com ou sem lei da proibição de cobrança dos consumos mínimos e alugueres de contadores e outras "lérias" do género; vamos continuar a pagar "taxas de disponibilidade"ou seja : a água, a luz e o gás estavam lá, o cliente não consumiu porque não quis e o que é que "eles" terão que ver com isso ?!

Amortizar

Em relação a certas palavras e lembrando-me das "variações" filológicas de um Heidegger, por exemplo, ocorre-me que o termo "amortizar" significa, afinal, que quando o tivermos feito, já estaremos mortos !

domingo, 18 de maio de 2008

O público e o privado

O Ministério da Saúde lançou um plano de combate às listas de espera (mais um !...),para intervenções cirúrgicas em oftalmologia, nomeadamente às cataratas, que aposta em incentivos pecuniários aos cirurgiões de modo a "optimizar" os recursos disponíveis, ou seja, de modo a utilizar em pleno ou mais perto disso, os blocos operatórios dos hospitais públicos; pois como é do conhecimento geral, só funcionam de manhã. Aqui se começa a perceber a diferença no modus operandi entre a actual Ministra da Saúde e o seu antecessor que reflecte as diferenças de posicionamento próprio, Ana Jorge é médica, o Professor Correia de Campos não; é pois natural que a actual ministra tenda a ser mais "compreensiva" para com os médicos e os seus interesses do que o anterior ministro e talvez tenha sido este também um dos motivos que contribuiram para a sua substituição, o que é certo é que o clima de crispação e acrimónia que imperava entre os "actores" do sistema, amainou consideravelmente e deu mesmo lugar a um ambiente de "chá e simpatia", que se deverá em parte às características pessoais da actual titular da pasta, mas obviamente que não apenas. Nota-se também uma clara "desaceleração" na cinética "reformista" do Governo neste sector e é normal que não só, afinal já se perfilam no horizonte as eleições.Uma coisa é, no entanto, certa, o completo absurdo, na óptica do interesse público, da situação de falta de aproveitamento pleno dos recursos do parque existente na Saúde e o igualmente absurdo, na lógica do cidadão contribuinte, da situação de completa promiscuidade e "captura" dos recursos públicos por parte dos interesses privativos de alguns grupos, estes sim , fortemente corporativos.
Em Portugal, a bem dizer, nenhum investimento é completamente privado, quando muito em relação a alguns subsistemas, privatizam-se os benefícios e "socializam-se" os encargos, como recentemente foi, mais uma vez, demonstrado com as cirurgias mamárias feitas "à mama" no Porto. Por aí se pode verificar como a "coisa" realmente funciona, certamente que muitos dos pacientes operados e atendidos na generalidade dos Serviços ( e não só de Saúde), nem sequer passaram por qualquer lista, oficialmente muitos nem sequer "existem" e a prova dos noves é fácil de fazer: se qualquer cidadão tiver real necessidade de ser assistido ou algum familiar seu , um filho por exemplo, o que terá a fazer é marcar uma consulta no consultório particular de um médico que também trabalhe num Hospital público , a informação sobre quem é facílima de obter, em qualquer Hospital, Centro de Saúde, na lista telefónica, na internet, ou simplesmente reparando nas placas dos clínicos, ela está patente .Verá que a consulta será caríssima e ocorrerá sempre na parte da tarde, reparará que em geral, esse consultório estará escassamente equipado ou mesmo não equipado de todo, mas não haverá qualquer problema , pois o nosso doutor dir-lhe-á para na manhã, ou numa das manhãs seguintes, ir ter com ele ao Hospital e verá que sem qualquer procedimento ou registo administrativo, será, pronta e competentemente atendido.
É "trigo limpo, farinha amparo", e ainda querem melhor processo de combate à burocracia?!

PS: Obviamente que com este texto não pretendo fazer qualquer tipo de generalização que seria sempre abusiva, conheço imensos médicos sérios, dedicadíssimos, esforçados, competentes ,sábios e verdadeiramente humanistas, sou amigo sincero e desinteressado de alguns, como são os amigos, mas infelizmente todos sabemos que o processo que acabo de descrever é bem real, e eu até nem gosto assim muito de carne de avestruz , para além de achar que o bicho não me parece bom de comer, é demasiado rija !

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Saramago

Sou um leitor assíduo de José Saramago, glória merecida das letras portuguesas, verdadeiramente gostei imenso de três obras ( tal como em Lobo Antunes e mutatis mutandis ), "Levantado do Chão", "Memorial do Convento" e "O Ano da Morte de Ricardo Reis",das restantes nem por isso. Não vou no entanto, falar da obra mas do homem : é sabido que Saramago não prima pela simpatia , tem até "mau feitio", talvez isso explique a sua lúcida e tenaz longevidade, de tão ruim, a "negra" não quer nada com ele e eu tive o privilégio de assistir a um episódio onde o nosso homem se revelou numa extensão , para mim pelo menos, inusitada .
No Outono de 75, em pleno PREC e nas vésperas da independência de Angola , os estudantes da Academia de Lisboa foram convidados, penso que pela R.I.A. (Reunião Inter-Associações) a participar num comício de apoio à independência das colónias que se realizou no Pavilhão do Estádio Universitário e que teve como "convidados especiais" o escritor e Professor da Faculdade de Letras, em que eu frequentava o Curso de Filosofia, Urbano Tavares Rodrigues e o jornalista , era assim que era conhecido na altura, não ainda como escritor, José Saramago, aliás, foi na altura daquela polémica do "saneamento" de jornalistas não PCP, nem compagnons de route do Diário de Notícias, jornal que se tem caracterizado por ser uma espécie de orgão oficioso do regime qualquer que ele seja, e no caso não foi excepção , em que Saramago na qualidade de Director-Adjunto ou seja eminência parda, terá tido um muito activo papel de inquisidor.
Com a sala a abarrotar de jovens , eu tinha dezanove primaveras, de várias facções políticas entre a esquerda e a extrema-esquerda (where have all the flowers gone ?!) com um barulho incrível de palavras de ordem contraditórias; o primeiro a intervir foi Urbano Tavares Rodrigues que profere um discuro assim para o "comuna rosado ", simpático, ligeiro ,de um antifascismo delicodoce que foi aplaudido por todos sem grande entusiasmo; interveio depois o nosso "amigo" num estilo completamente diferente, enérgico, zaragateiro, que culmina em provocação geral:
- Viva o MPLA, único legítimo representante do povo angolano, quem não apoia o MPLA, não pode ser senão fascista !
É claro que se gerou um sururu enorme com o pessoal da UEC a gritar :"MPLA, MPLA !!!" e o pessoal dos outros grupos a assobiar e a apupar numa chinfrineira total, Saramago insiste ao microfone :
- Quem não apoia o MPLA é fascista, fascista !!!- o people da extema esquerda e da JS e até da não esquerda que lá estava disfarçado (convém esclarecer que o PS e a JS eram as organizações mais à "direita" desdenhosamente toleradas neste tipo de eventos em nome de uma pretensa unidade, que nunca ninguém definiu em que consistia ; mas suponho e não me devo enganar muito que seria para ser "despachado" a seguir como em Angola em 77), respondeu aos urros de :
- Fascista és tu !!! Vai-te embora !!!Vai-te embora !!!
Nesse preciso momento, Saramago que já andava ,tal como Urbano, pelos cinquentas, põe as mãos entre pernas e berra :
- Toma lá pró fascista !!! Toma !!! Toma!!!
Confesso que só no futebol tinha visto coisa semelhante !
É claro que em Estocolmo não fez o mesmo, do que o rei da Suécia se livrou..., é que o homem não vai "à bola" com "altezas" e a única "majestade" que reconhece é a sua própria e ainda por cima, o "Nobél" como ele gosta de dizer, deu-lhe guita !

Cães Letrados

No Barreiro temos muitas particularidades e ainda bem, só reforça a nossa identidade mas algumas são, de facto, surpreendentes.
Calculem que há já uns tempos, estava numa das entradas do Parque Catarina Eufémia uma tabuleta com a seguinte inscrição :
" Proibida a entrada a cães, quando não acompanhados pelos respectivos donos ".
É claro que os cães do Barreiro, detentores de uma elevada taxa de alfabetização, chegavam ao local, liam o aviso e, ordeiramente, davam meia-volta e iam procurar outras árvores; sim senhor, exemplar! Tive até o ensejo de, na Assembleia Municipal, dar os parabéns ao então Presidente da Câmara, o meu querido amigo Pedro Canário. Mas não sei porque bulas, estranhamente, passei pelo local no dia seguinte e verifiquei que a tabuleta já lá não estava !
A CMB deve ter começado a alinhar pelos direitos dos animais ou coisa assim.
Afinal o que nos diferencia de Barrancos, para além de por lá ainda se falar barranquenho e por cá ainda haver quem fale camarro, é que por cá as touradas também são de morte, mas a rir !!!

Diferenças

Uma das diferenças entre uma tabacaria e um bordel (...claro, essa também !), é a do aviso .
Enquanto na tabacaria diz :
"Produto pago no acto da entrega"; no bordel não está qualquer aviso, mas toda a gente sabe que se paga antes do acto.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

A estátua e a anedota

A última sessão da Assembleia Municipal do Barreiro em que acabo de participar teve por "prato forte" a problemática do destino a dar à estátua de Alfredo da Silva no contexto da intervenção que está a ser levada a cabo na zona do Mercado 1ºde Maio, uma vez que há uma inultrapassável incompatibilidade entre a obra e o conjunto que envolve a estátua (estátua propriamente dita, área envolvente de pedra branca e espelho de água). Ora, a páginas tantas de tão acalorado e "embrulhado" que foi o debate, com toda a gente a esconder o jogo e a deixar os "trunfos"para o fim, a situação era análoga à daquela "clássica" anedota do hippie peregrino que chega a um santuário , quer comprar um crucifixo e pergunta o preço, acha caro e insiste:
- Então e sem o "gajo" ?
Tal foi a confusão entre sai tudo ou sai só em parte, é um todo ou é separável, fica tudo ou não fica nada !
Depois alegou-se que a questão não é política; é claro que é política desde o início, quando a estátua lá foi colocada foi-o por uma opção política. Eu lembro-me muito bem desse dia ameno de 1966, de com os meus dez aninhos, lá estar no meio dos meninos arrebanhados para receber o Senhor Almirante para que ele cortasse a fita do costume ( desporto em que era exímio juntamente com o descerramento de lápides e a caça à queima-roupa), lembro-me também que a Câmara da altura só mandou caiar duas das quatro empenas do Mercado, obviamente aquelas que ele veria directamente e claro que esta foi uma opção política de um regime que dizia execrar a "política", mas queria com isso dizer a que não fosse a sua, tal como actualmente o pensamento único neoliberal decretou o fim das"outras" ideologias.
Portanto não há que ter medo das palavras, a questão da localização da estátua ,da sua remoção ou relocalização, envolve opções de natureza estritamente politica e mais, até temo que se esteja a tentar fazer agora o que por falta de "coragem", certas forças não conseguiram então fazer e emendar a mão mais de trinta anos depois; espero bem que o bom senso prevaleça e não se tomem iniciativas ds ânimo leve ou de má fé,é que mesmo o mais emperdernido dos jdanovistas sabe distinguir o "objectivo" do "subjectivo" e convenhamos que a história é o que foi e não o que desejaríamos que tivesse sido e objectivamente Alfredo da Silva e sua estátua fazem parte da simbólica e da história desta cidade independentemente da perspectiva sob a qual julgamos o homem e a obra.
Se bem que continue absolutamente verdadeira a interrogação de Brecht :
"Alexandre foi um grande conquistador,...não terá levado ao menos um cozinheiro ?"
Post Scriptum :
A maioria rejeitou a proposta do PS de realização de um referendo local e o meu amigo Sousa Pereira dizia que se ele fosse feito a escolha seria óbvia pela remoção !
Olhe que não doutor, olhe que não !!!

Adivinha

Que diz Alfredo da Costa a Magalhães Coutinho ?
- Vai vender chuchas !!!

O Mosteiro das Carroças

O meu querido e saudoso pai tinha, quando eu e o Raul, meu irmão, éramos pequenos, um costume a que muito ficámos a dever: quase todos os domingos,nessa altura ainda não existia o conceito de fim-de -semana (estava em gestação, agora está em extinção e conta-se a este propósito que quando falaram a Salazar na "semana inglesa", ele terá dito qualquer coisa como :
"- Nem pensar! Aos sábados trabalho e aos domingos, de manhã missa e à tarde futebol !"). Arranjava sempre um programa cultural , levava-nos com farnel e tudo, nós chamávamos-lhe lanche, a fazer um roteiro que pensava previamente e que incluía museus, monumentos, parques infantis (o do Alvito, por exemplo), o Jardim Zoológico ou o Aquário Vasco da Gama, miradouros, bairros antigos, zonas de paisagens e no verão, praias.
Aprendemos e divertimo-nos imenso e ocorreram alguns episódios engraçados :
Numa visita à zona dos Jerónimos, depois do Museu da Marinha , fomos ao Museu Arqueológico e Etnográfico Leite de Vasconcelos e parámos ao pé de um esqueleto humano fossilizado, que ainda está no mesmíssimo sítio, muito antigo e que conserva a ponta da flecha que ,provavelmente , lhe terá causado a morte há milénios. Eu fiquei impressionado e tinha oito anos, com o "macabro" do esqueleto e os vestígios de uma morte violenta, pois o menino Raulinho, que tinha só cinco aninhos, entreteve-se a contemplar o "desgraçado"enquanto comia uma sandezinha de fiambre e bebia uma latinha de Compal (novidade na altura, em 60 e poucos ), para além de ser estranho aos olhos de hoje, deixarem comer em museus, impressionou-me o facto dele ser capaz de comer com tanta satisfação ao pé de um "cadáver"
( quem conhece o meu irmão sabe por exemplo que ele tem hoje, aos quarenta e nove anos,o mesmo peso que tinha aos oito, cerca de setenta quilos); então interpelei-o :
"- Não sei como és capaz de comer aqui ao pé de um "morto" !"
Ele respondeu de pronto :
"-Atão,atão...tou cheio de fome !"
Ora, ora, contra factos não costuma haver argumentos...
Mas o melhor estava para vir, quando chegámos a casa a minha mãe perguntou-lhe do que é que tinha gostado mais, ele após pensar um pouco, respondeu :
"-Do «Mosteiro das Carroças»! - descodificando: é o Museu dos Coches, que tínhamos visitado após termos saído do Mosteiro dos Jerónimos .

quarta-feira, 14 de maio de 2008

O "jogger"

Os incidentes ligados ao consumo de tabaco e à recente lei que visa "disciplinar" os espaços para o efeito têm estado na "berra" desde o primeiro dia da sua entrada em vigor ou seja desde 1 de Janeiro último; logo nessa madrugada de reveillon o Director da ASAE, António Nunes,também chamado " o intendente", foi apanhado em flagrante "de litro"com a cigarilha acesa num casino.
Agora foi a vez do próprio Primeiro Ministro no voo para Caracas.
Confesso que fiquei surpreendido em ambos os casos , mas mais no segundo; de facto o inspector Nunes,para além da carne estragada, do whisky marado e dos DVDs piratas, tem também a incumbência de mandar fiscalizar o cumprimento da Lei do Tabaco, mas o senhor Primeiro Ministro cuja imagem de marca é ser moderno ,desportivo,tanto que costuma fazer jogging em público quando visita uma capital estrangeira ( João Paulo II beijava o chão) aparente cultor e inspirador dos hábitos de vida saudáveis que ameaçam tirar, aos viciados em tudo o que não seja o trabalho e as novas tecnologias, até o direito ao Serviço Nacional de Saúde, afinal fuma !!!
Está quase como na clássica anedota do alentejano que chegando a casa a horas inesperadas, encontra a mulher na cama com outro e exclama:
"- Maria, com a mania das modernices , qualquer dia ainda te apanho a fumar!!!"
Em ambos os casos contudo dá para aplicar um conhecido aforismo brasileiro que elucida como em matéria de moral pública e da tão propalada "pedagogia do exemplo" ainda não descolámos do Terceiro Mundo :
"A lei serve para beneficiar os amigos, prejudicar os inimigos e aplicar aos otários !",que obviamente não ficaram a ser apenas os habitantes da Ota, quando acreditaram neste "pagode"!

terça-feira, 13 de maio de 2008

Posso lanchar ?

Nos anos 70 ,antes e depois do 25 de Abril , o "estudantariado" barreirense reunia-se no primeiro andar do Tico-Tico e geralmente uma "bica" dava para a tarde ou para a noite inteiras.
Uma "figura" da época, o Luís,uns anitos mais velho do que o "grosso" do "maralhal"e que era e felizmente ainda é , um pouco "out", revelando um anti-fascismo bastante sui generis quando dizia por exemplo, que nesse dia não passaria por dentro do Parque , pois " as árvores estavam com um ar muito pró governamental"; tinha também o costume de perguntar a um de nós , nunca ao mesmo em dias próximos :
"- Posso lanchar ?"
A resposta ,após um momento de estupefacção era geralmente :
"-Porque não ...,estás doente, estás a dieta ...?"
"-Posso lanchar ou não posso lanchar ? , insistia o Luís .
Perante a insistência o interlocutor acabava em desespero, por dizer :
"-É claro que podes lanchar,então porque não haverias de poder ?!"-e o Luís lá mandava o Jorge, o empregado de mesa, trazer o lanche : uma tosta mista (eram deliciosas as do Tico-Tico nesse tempo ),mais uma torta de chocolate ou um alsaciano ( idem,idem,aspas,aspas ),quando não os dois , um suminho ou dois de laranja e para rematar ,uma "bica". Findo o lauto repasto o nosso Luís levantava-se e despedia-se com um :"-Até logo !" e saía.
Quando o interlocutor ia a sair preparando as moedas para pagar a sua "bica", o empregado de mesa dizia que faltava pagar o lanche do Luís , aí o "otário" começava a "jurar-lhe pela pele"e não tinha outro remédio senão "abrir os cordões à bolsa". Quando finalmente apanhava o Luís , gritava-lhe furibundo:
"-Ouve lá pá ,que brincadeira vem a ser essa de lanchares e deixares a conta para eu pagar ?!"
O nosso homem respondia despachadamente :
"- Então eu não te perguntei, mais do que uma vez , se podia lanchar..."

domingo, 11 de maio de 2008

Be Jazz

Temos no Barreiro, há já um pouco mais de dois anos, um local , o Be Jazz , onde volta e meia acontecem noites mágicas. Ainda ontem, 10 de Maio , foi uma delas, com uma monumental exibição de uma banda ,"Mr. Blues", que pôs ao rubro o espaço tornado exíguo para tanta gente e tanto entusiasmo, não foi a primeira vez e certamente não será a última; eu (e certamente que não apenas eu), "torço"para que não seja.
O ambiente é excelente : intergeracional ,descontraído, "familiar", genuinamente agradável; o serviço é óptimo , pela prontidão, pela simpatia; os preços são moderados e muitas vezes acontecem momentos impagáveis de jazz, blues ,bossa nova, folk irlandês e até alguns laivos de rock and roll da "pesada "(pena é que não haja mais) , só faltando , na minha opinião ,variar um pouco mais e "abrir " para outros géneros como o fado e a música tradicional portuguesa, por exemplo.
Mesmo nas noites em que ,oficialmente ,não há show, acaba mais ou menos sempre por haver alguma coisa graças à pronta intervenção de clientes dotados como o Zé Seixo ( bateria ), o Francisco Andrade (saxofone) ou o Jorge Moniz , director da "senhoria", Escola de Jazz do Barreiro,(multi-instrumentista) e por vezes são os momentos de maior fruição e comunhão.
Obrigado Helder Gabriel e Escola de Jazz pelos soberbos momentos de convívio e prazer que nos têm vindo a oferecer; não esmoreçam ,continuem a tratar das nossas "loucas" noites, num mundo tão bisonho ,elas são um bálsamo para a alma e ,sinceramente, nós merecemos.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

"Malandrice,Maria Alice"

Pelo menos cá por Portugal ,melhor do que ganhar eleições é mesmo perdê-las . Senão vejamos onde estão agora muitos dos autarcas e candidatos "derrotados" das últimas Autárquicas e digam lá , minhas senhoras e meus senhores,respeitável público , se é ou não verdade ?!

Conspiração : Teoria e Prática

Mesmo não sendo adepto das "Teorias da Conspiração",como os que vêem cabalas, obras da "Obra" ou das "Lojas" por toda a parte , vai dando para entender que a "crise" do PSD não será propriamente , obra do acaso,ou se é ,é-o certamente de um acaso muito concertadinho.
Santana caíu e Menezes também, por obra mais da quinta coluna interna do que por qualquer outra razão; é certo que se puseram a jeito,os seus "feitios"não ajudaram a segurar os cargos,pois se prestam a estereótipos convenientes envolvendo aspectos insinuados das suas vidas privadas ao estilo "forever young"que não são compagináveis com as altas funções de Primeiro Ministro que um ,ainda que por breve período, exerceu e o outro poderia vir a desempenhar.Mas nestas coisas, como em muitas outras mais vale parecê-lo do que sê-lo e neste caso a "fama"deve ter-se adiantado muito ao "proveito".
De quaquer modo,não terá sido isso o fundamental; é claro que episódios caricatos como o da "trapalhada" com os papéis do habitualmente loquaz Santana no discurso da tomada de posse e o evidente desplante de Paulo Portas ao manifestar pública surpresa ao saber que iria também ser Ministro do Mar (o que certamente lhe foi útil pois lhe deu duplo respaldo quando enviou uma canhoneira da Armada contra um ferry de umas abortadeiras holandesas),durante a mesma cerimónia e sob o olhar compungido do Presidente Sampaio que parecia não estar a acreditar no que os seus olhos e ouvidos viam e ouviam . Apesar de tudo estou em crer que estes episódios apenas concorreram para a "ablação" dos quistos do populismo mais ostensivo num regime que se quer "respeitável" e onde o "respeitinho" continua a ser muito bonito:De facto o velho espírito de "união nacional", demais a mais quando se trata de zelar pelos interesses do capital aconselha , outro estilo de populismo ,mais "soft",mais sonso, com uma aura de maior credibildade, anunciando "medidas" sociais de muita ,muita parra e muitíssimo pouca uva e insinuando temas fracturantes e "prá frentex" que cativem a simpatia de alguma esquerda bem pensante, mas ainda assim de muito mais de parra do que de uva ( e é caso para perguntar que é feito dos casamentos entre homossexuais por exemplo ?!) e fundamentalmente fazendo com a chancela "socialista" montada nos votos da esquerda "sociológica" uma política que a direita PPD/PSD com ou sem CDS/PP nunca foi capaz de fazer .
Se a isto tudo juntarmos a conveniência do caso "Casa Pia" para a decapitação política da anterior direccção do PS, não fosse haver um governo do Partido Socialista que fosse socialista e o prestimoso concurso do "velho leão" Mário Soares na sua candidatura presidencial cujo único propósito parece ter sido o de impedir Manuel Alegre de passar à segunda volta e pôr em perigo a entronização de Cavaco ,de modo a que Presidente e chefe do governo se relacionassem como "Deus com os anjos",teremos não apenas em teoria ,mas plenamente na prática ,uma das mais bem urdidas e melhor conseguidas conspirações da nossa história recente.
Por isso não é de espantar que o PSD das famosas "elites" não se importe de hibernar ou mesmo de desaparecer ; os interesses que essas elites representam estão a ser bem acautelados,senão vejam-se as patéticas tentativas de José Miguel Júdice por exemplo, de justificar aparentes cambalhotas,é que não são cambalhotas, para a direita dos interesses "este" PS é que estar a dar!
O resto é puro "nominalismo"!
PS : Se Manuela Ferreira Leite for eleita Presidente do PSD (sem PPD),como o "coro " mediático Expresso,Sol(aqui todos de acordo),Público.DN,JN ,TVs ,TSFs e restantes "vozes do dono" em uníssono, está a dar por adquirido em nome da "credibilidade " e da "respeitabilidade" haverá tanta oposição como houve com Marques Mendes e Sócrates poderá ,mesmo contra a vontade do "senhor das ilhas", cantar um "bailinho da Madeira":
"-Casei com uma velha !!!"

Brevíssima

Então ninguém invade, por razões verdadeiramente humanitárias, a Birmânia ou Myanmar ou lá como lhe chamam agora? Ninguém se dispõe a exercer o justíssimo,no caso, direito de ingerência?
Como...? Ah...,não tem petróleo. Que pena !!!

Bob Geldof

O músico humanitário Bob Geldof (que com Bono Vox tem partilhado de há mais de vinte anos esta condição), declarou recentemente numa conferência promovida pelo BES e da qual era o orador convidado, que:"Angola é governada por criminosos".
É claro que nem o Governo angolano, nem o BES gostaram de ouvir tal coisa. Este episódio veio recordar-me o modo como há uns anos, ainda durante a guerra civil em Angola, um velho "retornado" a caracterizava :
"-Sabe, é um conflito entre os ladrões e os assassinos; só que os assassinos também são ladrões e os ladrões também são assassinos !"

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Os 10% mais ricos

A propósito de tansos fiscais, ou melhor, "burros"da carga fiscal-aquela percentagem , julgo que nem sequer maioritária da população que anda com o fisco às costas e isto é significativo,pois permite verificar que duma maneira ou doutra, anda muita gente a "mamar".
Ainda há dias, ouvi o Ministro do Trabalho e da Segurança Social no Forum da TSF a responder aos ouvintes sobre a situação da Segurança Social e honra lhe seja feita, Vieira da Silva é um dos membros do Governo que não se furta ao confronto directo com os cidadãos através da Comunicação Social (o Ministro das Finanças,Teixeira dos Santos também tem mantido o mesmo hábito salutar); perante a pergunta de Maria Teresa, uma ouvinte que se queixava de lhe terem retirado o abono de família , Vieira da Silva esclareceu-a com estas palavras:
"-Maria Teresa, a Maria Teresa só tem é que estar satisfeita, pois se lhe retiraram essa prestação foi certamente por bons motivos. É sinal de que a Maria Teresa está, de acordo com a sua declaração de rendimentos, entre os 10% de portugueses mais ricos !"
Eureka!!! Fez-se finalmente luz no meu espírito e entendi porque que é que quando vou jantar com o Belmiro de Azevedo ou com o Américo Amorim , ouço a populaça a perguntar:
"-Quem são aqueles gajos que estão ali , à mesa com o António ?!"

terça-feira, 6 de maio de 2008

Mais Breves

Ainda as Mamas
Quer as funcionárias do Hospital de S.João e os cirurgiões que nas mamas delas "treinaram", quer toda aquela "rapaziada" que no tal Congresso do PS me passou à frente sem estar sequer inscrita (tal é a "democracia" interna - há sempre alguns que são mais "iguais" do que os outros); é tudo pessoal habituado a "mamar".
Por isso se metem nestas coisas tão "a peito" !!!

Crise
O problema é que os chineses começaram, também, a querer comer "pato à Pequim"!

"Tadinhos" deles ...

Coitadinhos !
Coitadinhos daqueles, cerca de 6000(!!!) administradores e sócios-gerentes de empresas nacionais que declararam ao fisco o salário mínimo nacional, sendo em muitos casos - e deve ser para dar o exemplo - os trabalhadores mais mal pagos das empresas de que são proprietários. Seguem o mote, muito badalado na altura, daquele então dirigente desportivo que, para além de ter casado com a Petit Larrousse , também declarou ao fisco o salário mínimo no mesmo ano em que adquiriu um helicóptero para uso privativo.
O problema não é só o anedótico da situação, é essencialmente o facto de Porugal se dividir não entre ricos e pobres, mas entre ricos e pobres fiscais e estas duas categorias em geral não coincidirem.
Em regra, os verdadeiramente ricos são pobrezinhos fiscais, senão mesmo indigentes,uma vez que declaram montantes como o salário mínimo (é preciso ser-se salafrário máximo); e os ricos fiscais que é todo o cidadão assalariado que vença de cerca de 1500 euros (300 contos) brutos para cima e ainda assim aquele cujo salário não inclua as famosas alcavalas, pagamentos em espécie ,etc.- ou seja o que anda com o seu carro, que abastece com gasolina que paga, paga o infantário ou as propinas dos filhos, paga as chamadas do seu telemóvel e do seu telefone, paga a sua casa, não recupera IVA, nem arremata viaturas de topo de gama por valores residuais,paga o que come e não pede facturas para as contas da "empresa", paga as suas próprias férias quando as consegue ter e não vai para os trópicos em "serviço".
Tudo coisas que os "pobrezinhos" de BMW não fazem porque, coitadinhos, são pobres fiscais e nós somos, nas divertidas palavras do saudoso Leonardo Ferraz de Carvalho´, "tansos"fiscais e ainda por cima acusados por aqueles que, com cobertura oficial, (pois quem disse que Marx está morto?!), nos "comem as papas na cabeça" , de "não querer fazer nenhum" e de "passar a vida a reinvindicar"!
Tadinhos deles !!!

segunda-feira, 5 de maio de 2008

À mama

Uma das novas mais bem "esgalhadas" deste fim-de -semana que passou, foi a das cirurgias plásticas ou "estéticas" como agora se diz, feitas no Hospital de S.João no Porto por cirurgiões ( não sei se plásticos , se estéticos ) dos quadros do Hospital, a funcionárias ( não especifica se médicas, enfermeiras,técnicas ou administrativas ou auxiliares, o que prova que a "mama"pode ser democrática e até "socializada")para aumento ou redução mamária. Acresce o pormenor, não despiciendo, que as referidas pacientes se inscreviam como "doentes" ou nem sequer se inscreviam e trepavam pela lista de espera acima como gente grande e os realmente doentes que "aguentem"mais uns mesitos que só lhes dá endurance .
Como tal descoberta foi feita pela Inspecção-Geral de Saúde os media questionaram a Ordem dos Médicos sobre a possibilidade da abertura de procedimentos disciplinares aos tais cirurgiões que, note-se , são funcionários públicos ; e que respondeu o bastonário, dr. Pedro Nunes ?
Que como o S. João é um Hospital escolar, pois é lá que funciona a Faculdade de Medicina do Porto, " não deverá haver motivo para procedimento disciplinar, pois quem é que nos pode garantir que os médicos não estavam a treinar?!"
Quer então dizer que os cirurgiões treinam "à mama" das funcionárias que assim vão "mamando" umas borlas à pala do erário público, isto é, dos contribuintes, umas cirurgias às mamas quer para pôr, quer para tirar, quer para corrigir, que pelas vias "normais" nem sequer são comparticipáveis pelo Sistema Nacional de Saúde, oferecendo-se para cobaias "mamárias" e ficam todos a lucrar (não sei se terão acesso ao Livro de Reclamações),menos o Estado que paga a esta gente toda e os utentes "exógenos" do Serviço de Cirurgia Reconstrutiva do Hospital de S.João e que por motivos bem mais prosaicos,como terem sido vítimas de acidentes de trabalho ou de viação, estarem queimados, etc., irão ter que amargar mais tempo à espera que se componham as mamas das ditas cujas, à "mama".
Tem graça que era este tema -o da promiscuidade entre os serviços públicos e os interesses privados-que eu iria abordar naquele célebre Congresso do PS no Pavilhão Atlântico cujo lema foi, se não me engano , "Portugal pela Positiva", em que me inscrevi de manhã para intervir na reabertura do Congresso ; "às 15.00 em ponto", recebi uma senha com o nº 7 de ordem de inscrição e só fui chamado, faltavam um quarto para as duas da madrugada,com meia dúzia de pessoas na sala e no palco resistindo estoicamente: o camarada secretário-geral , António Guterres e cabeceando estoicamente o presidente do Partido, camarada Almeida Santos. Escusado será dizer que entretanto intervieram e muito mais do que os três minutos regulamentares , todos os membros do Governo, todos os Deputados europeus e nacionais,todos os Presidentes de Cãmara e por aí fora, e que nem sequer tinham "tirado senha", numa autêntica "Feira de Vaidades"que incluiu o desacato com Manuel Maria Carrilho-20 minutos de discurso crítico ao som de uma monumental vaia composta por uma estridente assobiadela e uma ruidosa pateada e a "birra" do Tino de Rans quando percebeu que a hora dos Telejornais iria ser ocupada pelo secretário-geral e não por ele.
Enfim pouco tempo depois , aproveitando a boleia de umas autárquicas mal sucedidas e antecipando o "pântano" mas ainda não o "deserto", António Guterres refugiou-se no ACNUR e nem estranhou a cor predominante, pois já estava habituado, é que antes de se ter posto "ao fresco" já a coisa por cá estava a ficar preta !!!

domingo, 4 de maio de 2008

Conspirações de café

Um dos mais recorrentes mitos do "reviralho" (geralmente na boca de terceiros que não têm idade e/ou discernimento para ter vivido ou sequer pensado com alguma racionalidade esses processos) é o das "conspirações de café".
É ,de facto, muito comum dizer-se, em reportagens televisivas por exemplo: " aqui na Brasileira conspirava-se contra o regime"; é claro que o que se fazia na Brasileira era "dizer mal" do regime, resmungar e mostrar alguma animosidade cavalheiresca para com a sua face, ali visível , que eram os agentes e os altos quadros da PIDE/DGS que até , à saída costumavam cumprimentar com um sonoro : -"Meus senhores...! "
Em todos os principais cafés do país havia a "mesa da PIDE"e nós no Tico -Tico tínhamos mesmo o nosso "pide de estimação" que fazia gala em nos exibir a pistola e contar episódios do seu "percurso formativo" como hoje se diria.
No Portugal onde " toda a gente se conhece"e "semos todos irmões" seria no mínimo estulto, conspirar no café; já suspirar era e, de certo modo ainda é, comum e só não o é mais porque hoje em dia, as pessoas vão muito menos e por períodos bastante mais curtos, ao café.
Em suma, certamente que o 25 de Abril não foi planeado no café !

Breves...

A propósito da "velha" UDP, não posso deixar de assinalar a morte muito recente de Francisco Martins Rodrigues:
Honra à sua memória !

A CUF parece ser assim um pouco como Eduardo Lourenço disse do fascismo :
"Nunca existiu ! "

A Câmara de Lisboa está neste momento a dar uma autêntica lição de como animar uma cidade ao promover, no âmbito das Festas anuais, eventos como fado a bordo dos eléctricos e jazz nos elevadores, como o de Santa Justa. Demonstrando, assim, que para celebrar e cativar não são precisos "mega-eventos" e esbanjar rios de dinheiro.
A velha e bela Lisboa estará durante os próximos dois meses , até aos Santos Populares, ainda mais "cheia de encanto e beleza"!

sábado, 3 de maio de 2008

Avenida das Descobertas

Li num dos jornais cá da terra, uma reflexão de Mário Durval sobre o Barreiro, a CUF e a gesta das Descobertas, em que o nosso querido concidadão exprime algum incómodo pelo facto das Comemorações dos 100 Anos da CUF no Barreiro estarem, digamos, a ofuscar o papel da nossa cidade como sede da Epopeia dos Descobrimentos.
Nestas coisas "o seu a seu dono": considerando a magna importância que o Barreiro teve no Grande Empreendimento que foram as Descobertas , a verdade é que ela permanece encoberta: não há vestígios visíveis, certamente por incúria e/ou por fragilidade dos equipamentos da época e também porque, já na época, ao Barreiro ter calhado a condição de estaleiro ao passo que o aspecto monumental terá sido reservado a Lisboa. Enquanto que da CUF a carcaça está bem à vista.
Mas deixem-me contar uma história verdadeira e relativamente recente. Eu estou na Assembleia Municipal do Barreiro desde 1989, eleito pelo Partido Socialista e , no início dos anos 90, integrei a Comissão Municipal de Toponímia e propus a devolução do nome a algumas
artérias da nossa cidade, não por questões de mero circunstancialismo p0lítico-partidário, mas por razões fundamentais para a identidade histórica do concelho, que é para isso que a toponímia deve servir.
Propus,em concreto, que a Avenida das Nacionalizações (onde estão actualmente os TCB), se voltasse a designar Avenida das Descobertas e a Rua da Câmara se voltasse a designar Rua D.Manuel I, por ter sido o rei que atribuiu foral ao Barreiro ( bem sei que Miguel Bombarda era o nome da Iª República e eu sou convictamente republicano ,mas o ilustre Miguel Bombarda não "morre" à míngua de ruas por esse país fora).
Sabem o que aconteceu às minhas propostas ?
Nessa altura não existia ainda o Bloco de Esquerda e a CDU celebrou um acordo pré-eleitoral com a UDP em que deu boleia ao Major Tomé para o Parlamento e a outros militantes um pouco por todo o país incluindo o nosso rincão.
Pois a CDU encarregou o deputado municipal da UDP de argumentar contra a minha proposta , o homem esmerou-se e interveio da seguinte forma:
-Votamos contra a proposta do deputado municipal António José Ferreira porque as Nacionalizações são um facto da nossa história recente que merece ficar na memória do povo; as Descobertas , isso já foi há tantos séculos ,quem é que ainda quer saber disso para alguma coisa ?
Palavras para quê?! Bem sei , bem sei , que a UDP que está no Bloco evoluiu e que esse deputado não quis aderir ao Bloco por entender que a classe operária não precisa dos temas fracturantes. Mas tudo isto num concelho onde, pelos vistos, nunca ninguém estranhou existir uma Praceta D. Miguel I.

Mick Jagger e o Maio de 68

Vi ontem na RTP2 um documentário sobre o Maio de 68 com testemunhos da época.
Um dos entrevistados foi Mick Jagger no regresso a Londres depois de uma incursão "turística" na Paris revolutionnaire, bastante semelhante ao que aconteceu por cá no pós-25 de Abril.
E que disse o nosso homem, então com vinte e tal anos e no seu mais do que aparente "estado normal"?
- Anarchy is not nice !
É claro que este homem também teve razão e nem sequer antes do tempo. Em 68, Mick Jagger e os Rolling Stones já eram multimilionários, donde que a única nice anarchy que apreciavam era a que encenavam em palco para os "otários" paparem como pateticamente ainda vão fingindo que fazem, com a significativa diferença de já não haver "otários"!

Afinal o homem tinha razão

Afinal o homem até tinha razão, se Marx alguma vez tivesse existido no PS e se claro, não tivesse sido convenientemente renegado - é provável que não nos deparássemos com a problemática da vantagem competitiva de Jorge Coelho como presidente (credo !!!) da Mota-Engil.
Sendo Jorge Coelho um conhecidíssimo e empenhadíssimo cultor da língua portuguesa numa das suas versões simplificadas ( aqui malheuresement não há cânone), onde prevalecem as formas "democráticas" de conjugar o verbo Haver, como hadem e o, mais clássico, hades; será decerto uma enorme felicidade para Portugal o facto de ele ir com certeza , negociar grandes empreitadas sem necessidade de mediador, tendo em conta que essas obras se localizarão preferencialmente em Angola e no Brasil onde o português é mais musical e a música também costuma ser outra; é óbvio que o muito celebrado Acordo Ortográfico se reveste da maior importância.
Para quando um acordo linguístico com o Estado Espanhol; será que vamos deixar o camarada Pina Moura desamparado ?!

sexta-feira, 2 de maio de 2008

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Porquê?

No verão de 74, a Sede do PS no Barreiro, Secção que fora fundada em 29 de Abril por mim e pelo António Cabós na casa dos pais do Zé Manel " Bandeireiro"em pleno Barreiro Velho, havia mudado para novas instalações: uma loja por baixo das bancadas do Campo do Barreirense, cedida pelo empresário Manuel Gomes.
Nessas noites de verão, com a Revolução ainda fresca, formava-se uma tertúlia de opinadores onde pontificava o próprio António Cabós sempre exuberante, ou seja, igual a si próprio. Um camarada recém inscrito, já na casa dos quarenta, convém dizer que nós ainda não tínhamos chegado aos vinte, e que se tinha desentendido com o PC por causa do episódio do Quartel de Beja, operário, halterofilista e um pouco, para não dizer mais, "quadrado", exclamou, comentando o falatório:
- Teóricos, é só teóricos!
A isto o Cabós respondeu:
- Teóricos, camarada? Aqui no nosso Partido não há teóricos, há apenas um teórico!
Convém esclarecer que, neste tempo, o slogan era: " Partido Socialista, partido marxista", aliás, de acordo com o espírito da época, em que nem o CDS rejeitava liminarmente o socialismo.
O homem estremeceu e murmurou:
- Um teórico, camarada? Quem é ele?!
O Cabós abismado, exclamou:
- Quem é ele, quem é ele?... Então camarada, é o Marx, claro, o teórico do socialismo!
Aí o homem perguntou:
- E ele é bom?
O Cabós, atónito, ainda retrucou:
- Então..., é o Marx!
O homem peremptório exclama:
- Então se é assim tão bom teórico, ele que se deixe mas é de teorias e que apareça, se filie e comece mas é a trabalhar; venha colar uns cartazes com o pessoal, que de teóricos estamos nós fartos!