sábado, 3 de maio de 2008

Avenida das Descobertas

Li num dos jornais cá da terra, uma reflexão de Mário Durval sobre o Barreiro, a CUF e a gesta das Descobertas, em que o nosso querido concidadão exprime algum incómodo pelo facto das Comemorações dos 100 Anos da CUF no Barreiro estarem, digamos, a ofuscar o papel da nossa cidade como sede da Epopeia dos Descobrimentos.
Nestas coisas "o seu a seu dono": considerando a magna importância que o Barreiro teve no Grande Empreendimento que foram as Descobertas , a verdade é que ela permanece encoberta: não há vestígios visíveis, certamente por incúria e/ou por fragilidade dos equipamentos da época e também porque, já na época, ao Barreiro ter calhado a condição de estaleiro ao passo que o aspecto monumental terá sido reservado a Lisboa. Enquanto que da CUF a carcaça está bem à vista.
Mas deixem-me contar uma história verdadeira e relativamente recente. Eu estou na Assembleia Municipal do Barreiro desde 1989, eleito pelo Partido Socialista e , no início dos anos 90, integrei a Comissão Municipal de Toponímia e propus a devolução do nome a algumas
artérias da nossa cidade, não por questões de mero circunstancialismo p0lítico-partidário, mas por razões fundamentais para a identidade histórica do concelho, que é para isso que a toponímia deve servir.
Propus,em concreto, que a Avenida das Nacionalizações (onde estão actualmente os TCB), se voltasse a designar Avenida das Descobertas e a Rua da Câmara se voltasse a designar Rua D.Manuel I, por ter sido o rei que atribuiu foral ao Barreiro ( bem sei que Miguel Bombarda era o nome da Iª República e eu sou convictamente republicano ,mas o ilustre Miguel Bombarda não "morre" à míngua de ruas por esse país fora).
Sabem o que aconteceu às minhas propostas ?
Nessa altura não existia ainda o Bloco de Esquerda e a CDU celebrou um acordo pré-eleitoral com a UDP em que deu boleia ao Major Tomé para o Parlamento e a outros militantes um pouco por todo o país incluindo o nosso rincão.
Pois a CDU encarregou o deputado municipal da UDP de argumentar contra a minha proposta , o homem esmerou-se e interveio da seguinte forma:
-Votamos contra a proposta do deputado municipal António José Ferreira porque as Nacionalizações são um facto da nossa história recente que merece ficar na memória do povo; as Descobertas , isso já foi há tantos séculos ,quem é que ainda quer saber disso para alguma coisa ?
Palavras para quê?! Bem sei , bem sei , que a UDP que está no Bloco evoluiu e que esse deputado não quis aderir ao Bloco por entender que a classe operária não precisa dos temas fracturantes. Mas tudo isto num concelho onde, pelos vistos, nunca ninguém estranhou existir uma Praceta D. Miguel I.

Um comentário:

Carlos Botelho disse...

Pois, essa da Praceta D. MIGUEL... Bem, na volta, até que o D. Miguel não se desentenderia tanto quanto isso com algumas "forças vivas" do Barreiro - pelo menos nos métodos... Poderia sempre arranjar-se uma espécie de Pacto de Não-Agressão...