sábado, 24 de dezembro de 2011

Hot Dogs






Nunca esquecer que na China, comer "hot dogs" (ou "hot frogs") não é mera figura de estilo.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

"Gaudete"



Deixem-me partilhar convosco a melhor canção de Natal que conheço, em que resistem o júbilo e a esperança.

Feliz Natal!

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Para Não Calhar, Calhou!




Obrigado pela "troika" a alienar as participações estatais em antigos monopólios públicos, (que isto das golden shares é só para os Bancos, ou seja só quando se trata de salvar o capital - que raio de "liberalismo" este...), o governo decidiu-se por entregar a parte estatal da EDP a uma empresa chinesa, a "Three Gorges" ("Três Gargantas") que titula a grande barragem do mesmo nome e é uma empresa estatal (aliás, lá tirando talvez umas quantas lavandarias e aqueles carrinhos que vendem na rua coxinhas de rã e carne de cão, não consta que haja outras).
Deixem-me lá ver se entendi: o Estado português está proibido pelos ditames do acordo com a "Troika" de deter capital em empresas estratégicas, mas o Estado chinês já pode deter importantes fatias do capital nas empresas estratégicas portuguesas que, assim, serão tuteladas directamente (deixemo-nos de tretas...é isso mesmo) por um Estado estrangeiro. Qual Soberania qual quê? Há mais vida para além da Merkel e a escravatura é como o dinheiro, não tem cor, nem cheiro.
Fica aqui plenamente exemplificada a curiosa, engraçada e muito certeira expressão algarvia: "Para não calhar, calhou" - que a minha mulher utiliza muito para designar situações de queda naquilo que alegadamente se pretenderia evitar.
E não é que fica bem entregue à "Três Gargantas".
Se não vejamos:
Primeira: "Garganta Amarela".
Segunda: "Garganta Vermelha".
Terceira: "Garganta Funda".

Leviandades




Um deputado do PSD, qualquer coisa "Meneses" (ou "Menezes", pelos vistos no PSD abundam uns e outros), vice-presidente do Grupo Parlamentar, censurou a "leviandade" das declarações de Cavaco Silva quanto a algumas medidas políticas do governo. Alusão em concreto ao confisco dos subsídios de férias e Natal à parte dos trabalhadores portugueses a que acontece serem funcionários públicos. Mas lá foi condescendendo e disse que, ainda assim, o PSD "mantinha a confiança" em Cavaco.
E eu que julgava que o Presidente da República tinha sido eleito pelo sufrágio maioritário dos eleitores portugueses e não pelas declarações públicas de confiança ou desconfiança dos porta-vozes do PSD e das suas ameaças mais ou menos insinuadas. Também julgava que quem tinha que merecer a confiança dos Presidentes da República eram os governos saídos das conjunturais maiorias parlamentares e que quem dava posse a esses governos eram os Presidentes da República. Devo ter andado equivocado estes anos todos.
É certo também que certas "realidades" nuas e cruas costumavam ser embrulhadas num manto diáfano chamado decoro, que, como a cortesia, era para isso que devia servir. Mas estes gajos apesar de se chamarem "Menezes" (ou "Meneses" ou lá o que é), para além de ignorarem o prudencial conselho de que "a roupa suja se deve lavar portas adentro"; já não sabem o que tais coisas sejam, quanto mais para que servem.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

O Baixo Comissário



Li num newsletter de esquerda que Passos Coelho é um "gauleiter" da Merkel.
Cá para mim é mais, assim tipo, um "Baixo Comissário".

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Carta de Chamada



Se o senhor Primeiro-ministro se decidisse a seguir o seu próprio conselho, nem sequer teria de sair da sua "zona de conforto" uma vez que a sua emigração para um dos países de língua oficial portuguesa poderia ser encarada apenas como um retorno. Até lhe devia muito fácil conseguir uma "carta de chamada", pois com certeza que ainda tem lá família.

domingo, 18 de dezembro de 2011

A Mala de Cartão




Primeiro foi um Secretário de Estado ( um "ajudante" no léxico cavaquista) a sugerir aos jovens que abandonem a sua "zona de conforto" e emigrem. Agora foi o próprio Primeiro-ministro a fazer o mesmo convite aos professores.
Já agora e antes de sugerir a ambos que vão para a real raiz quadrada dos entrefolhos da mãezinha de cada um deles, porque não desamparam a loja e emigram eles próprios - um para a Mauritânia, para onde o Ministro da Defesa viajou de Falcon e outro para o Burkina Fasso?! Ficávamos todos decerto mais confortáveis.

Are You Joking Mr. Safe?!



«Quero lançar desde Viseu um desafio ao primeiro-ministro: tem uma boa oportunidade para dar uma boa notícia aos portugueses. O Conselho de Ministros vai reunir extraordinariamente e eu desafio o primeiro-ministro a que finalmente ponha fim à austeridade e que tome medidas concretas para o crescimento económico e para o emprego no país» - afirmou António José Seguro.
Será para levar "a sério" ou apenas "a brincar"?
Estas coisas fazem-me lembrar uma "estória" que o meu pai costumava contar:
Um gajo dá uma chapada noutro e este pergunta com a mão na bochecha:
- Ouve lá pá, isso foi a sério ou a brincar?
- Foi a sério. Porquê?!
- Ainda bem. É que comigo ninguém brinca!

sábado, 17 de dezembro de 2011

Sôdade






Senhora - os meus respeitos.

A "Verdade" Servida às Fatias




O Primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, admitiu hoje que a sua própria reforma, lá para 2031, poderá vir a ser cerca de metade do seu actual vencimento e aproveitou o ensejo para anunciar um "Conselho de Ministros Extraordinário" para este domingo, 18 de Dezembro, em que serão anunciadas mais "Medidas Estruturais" para as quais diz contar de antemão com reacções violentas.
Ora, esta "assunção", não "Cristas", mas muito pouco "cristã", significa apenas que este (des)governo trocou a estratégia clássica de servir o "mal" todo de uma vez, pela da "verdade às fatias". Ou seja: em vez de dizer - ir dizendo e em vez de fazer - ir fazendo. Só e apenas porque, neste caso, o "mal" é mau demais.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

O Mentiroso e o Coxo





Um provérbio antigo, como todos os provérbios e por isso politicamente incorrecto, reza que "é mais fácil apanhar um mentiroso do que um coxo". Hoje já não há nem "mentirosos" nem "coxos" (o meu avô, por exemplo, era "maneta"), haverá quando muito uns sujeitos que dizem umas "inverdades" e uns "portadores de deficiência motora".
É claro que com isto não estou a equiparar moralmente uns e outros, estou apenas a revelar que a eufemização da linguagem é que os equipara, ainda que alegue sempre pretender o contrário.
José Sócrates declarou que "é uma ideia de criança que as dívidas dos países sejam para pagar. Elas são para gerir". E neste caso, atabalhoadamente é certo, disse a verdade. Mas como um mentiroso, ainda que eventualmente diga a verdade, nunca abandona essa condição - as suas declarações prestaram-se a ser "saco de boxe" e nisto o actual Primeiro-ministro teve alguma decência, deixando o odioso por "Portas e travessas". Provando-se o também velho aforismo de que em "pulhítica" não há gratidão, foi Freitas do Amaral, que se a memória não me falha se demitiu do cargo que Portas hoje ocupa por causa das "dores nas costas", que o veio "crucificar" na praça pública. Merecia a resposta que Mário Soares deu a Basílio Horta, outro trânsfuga do CDS, na campanha para as Presidenciais de 91 quando este, tendo aceitado o democrático encargo de ser "boneco de palha" e como lhe faltasse argumento, decidiu atacar acusando o "despesismo" das viagens de Estado do então Presidente:
- Ai é?! Pois fique sabendo que nunca mais o levo! - respondeu a "velha raposa".
Ora sendo verdade que as dívidas (pouco)soberanas são para gerir, não é menos verdade que só é soberano quem não tem dívidas e ainda mais que os seis anos da "brincadeira de crianças" que foi o consulado de Sócrates a deixaram "ingerível".
Quem te manda "mentiroso" quereres voltar a ser apenas "coxo"?!

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Tratados



Para quê mudar os Tratados se não mudarem os "Tratantes"?

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

A "Reforma" das Autarquias




A sanha "reformista" do governo quanto às autarquias parece ter-se ficado pelo "elo mais fraco", as Freguesias. Quanto ao resto "tudo na mesma como a lesma". Outra coisa é que seria de estranhar, pois este executivo de matiz "elitista" e "tecnocrático" foi levado ao colo pelo lobby mais "popularucho" do PSD/PPD, como o "menino guerreiro" gosta de dizer, precisamente a "rapaziada" das Câmaras.
A monumental vaia ao ministro Relvas testemunha de modo eloquente a ira do escalão básico do Poder Local perante mais uma evidência da governação à antiga portuguesa, sempre forte com os fracos e fraca com os fortes.
Há no sacrifício das Freguesias um grande risco que como muitos outros não terá sido acautelado: as Juntas de Freguesia vão de novo fazer muita falta e voltar à prática de uma das suas mais tradicionais funções que, aliás, já vem dos tempos da "outra senhora" - passar os célebres "atestados de pobreza".
Estou como a Professora Isabel do Carmo num excelente texto no "Público" - "já vivi nesse país e não gostei".

sábado, 3 de dezembro de 2011

O Vinho É Sempre de Pias




Nestas coisas das patuscadas é preciso ter cuidado, pois com o vício da ganância aliado à incompetência reinantes neste jardim à
beira-mar plantado, os resultados estão à vista, não é raro acontecerem situações indesejáveis. Quando aqueles grandes "grupios" combinam locais de repasto comemorativo, apanham as mais das vezes, nomeadamente no que toca ao vinho, para além das expectáveis "toucas" pós-prandiais, grandessíssimas "banhadas".
Havia mesmo um "clássico", entretanto e pelos piores motivos caído em desuso, que era o de perante a "sacramental" pergunta: "Então e o vinho de onde é?" - o "patrão" ter, na ponta da língua, a resposta pronta e firme: "Oh meu amigo, o vinho é de Pias". É claro que se não era, passaria em breve a ser, tendo-as (às pias) como quase inexorável destino "gregoriano".
O vinho agora servido neste eventos, em restaurantes da treta, geralmente com vida efémera e montados (na verdade para nos "montarem") por dondocas e peraltas que não têm, nem nunca tiveram ou terão, vida para aquilo; onde também ou não se chega sequer a comer, tal a exiguidade, a demora e a falta de qualidade da cozinha e do próprio serviço, de acordo com o putativo air du temps, já não é avulso e vem mesmo engarrafado por uma qualquer "Sociedade Vínicola da Marteleira", trazendo até no contra-rótulo a indicação das putativas (porque filhas delas) "castas": "trincadeira", que te trinca os miolos na ressaca; "touriga nacional", assim uma vaca de fogo anã, que te queima e marra no estômago ao acordares; "rabo de ovelha", que é a que te vai saber a boca na manhã seguinte (para além dos tradicionais "papéis de música");
"esgana-gato" que é como o teu fígado, pâncreas e vesícula se vão sentir, "esganados" e mal pagos.
Por isso, compinchas, não se deixem enganar pela treta da comida "caseira" e pelo engodo do "vinho do produtor". Afinal de contas, tirando as sardinhas assadas e um ou outro "bárbicu" (como costuma dizer um novo-rico meu conhecido, que também diz que bebe uns "apiritivos"), toda a comida se faz debaixo de telha (ou placa) e mesmo a pior das zurrapas feita de álcool, água (segundo Abel Pereira da Fonseca, o ingrediente essencial, tanto que lhe são atribuídas as frases :"enquanto no Tejo correr água, não faltará vinho aos portugueses" e "das uvas também se faz vinho") e anilina, tem certamente um "produtor".

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Aleluia




Vazam-se os arsenais e as oficinas,
Reluz, viscoso, o rio; apressam-se as obreiras;
E num cardume negro, hercúleas, galhofeiras,
Correndo com firmeza, assomam as varinas.

Vêm sacudindo as ancas opulentas!
Seus troncos varonis recordam-me pilastras;
E algumas, à cabeça, embalam nas canastras
Os filhos que depois naufragam nas tormentas.

Cesário Verde, "O Sentimento dum Ocidental"

Os seis pescadores da embarcação das Caxinas que estava desaparecida desde terça-feira foram resgatados com vida.
Os pescadores, que se encontravam incontactáveis há três dias, foram encontrados numa balsa salva-vidas a 12 milhas a norte do cabo do Mondego e resgatados por um helicóptero Merlin da Força Aérea.
Mais um caso de portugueses que certamente têm vivido acima das suas possibilidades.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

1º de Dezembro de 1640



Viva Portugal !
Glória aos Conjurados !

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Brandos Costumes (I)



No me creo en brujas, pero que las hay, las hay ...

O vice-presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD) e do BPN, Norberto Rosa, foi ontem assaltado e sequestrado em Odivelas. Em Julho, Rosa foi designado vice-presidente da CGD, juntamente com António Nogueira Leite, para a administração presidida por José Agostinho de Matos.
Tudo terá começado quando Norberto Rosa estava a sair da sua viatura, na Pontinha, já em Odivelas. Terá sido abordado por dois homens que o obrigaram a entrar para o banco de trás do carro, sob ameaça de uma arma de fogo, conta o "Jornal de Notícias", com base no testemunho de uma fonte policial.

"Recuo" II (Fasquias)




A manobra é clássica e pode caracterizar-se como a táctica da "gangrena". Um diabético vai ao médico e este diz-lhe que tem um braço todo gangrenado e que é preciso amputá-lo, o sujeito reage naturalmente com pânico:
- Oh senhor doutor não me diga uma coisa dessas; o senhor doutor não me diga que não há mais nada a fazer?!
- Olhe, volte cá de hoje a oito dias que torno a falar consigo!
(.../...)
- Então senhor doutor, tem novidades?
- Parece que está com sorte, afinal só é preciso amputar a mão!
- Oh senhor doutor, muito e muito obrigado, vossa excelência é um santo.
Os doutores Passos e Seguro e também o Professor Doutor Cavaco (aka "senhor Silva") apostam neste expediente, a diferença é apenas a fasquia. Enquanto, na linha de Sócrates, para a nova (e pelos vistos, frágil) direcção do PS a fasquia que define um "rico" pronto a ser esfolado, é a de um funcionário público que aufira 1500 euros brutos (não esquecer) mensais, já para a actual maioria PSD/CDS é apenas de 1100. Estando em tudo o mais, por exemplo não tocar no pecúlio e nos reais interesses dos verdadeiros ricos, inteiramente de acordo.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

"Recuo" (ou "Os "Ricos" que Paguem a Crise)



O Governo "recuou" no corte dos subsídios dos funcionários públicos e pensionistas e aumentou a fasquia para os 600 euros brutos (nunca é demais recordar) mensais para o corte de um e 1200 para o saque dos dois.
Moral da história: o conceito de "rico" (fiscal é claro) passou dos 1500 euros brutos mensais do costume, para os 1100 o que quer dizer que, ao contrário do que seria de esperar, agora, em plena recessão, há mais gente "rica" (ou seja mais patos para depenar). A "consciência social" do dr. Passos, do dr. Seguro (que aproveitou para fazer notar que a política para ele é isto mesmo: "melhorar a vida das pessoas") e do Professor Senhor Presidente ficou aplacada por mais esta brilhante evolução negocial pois, no fim de contas, é agora que os "ricos" vão finalmente pagar a crise!

domingo, 27 de novembro de 2011

Cruzada Contra os Albigenses



O malfadado governo português está a assumir uma "filosofia" económica do tipo da Cruzada contra os Albigenses.
Arnaud Amalric, comandante das tropas franco-papais, ao ser avisado por um seu lugar-tenente que na cidade cercada de Béziers também se encontravam muitos "bons cristãos", terá respondido:
- "Matai a todos, Deus depois escolherá!"

O Património e as Troikas




Não deixa de ser curioso o fado ter sido proclamado "Património Imaterial da Humanidade" precisamente numa conjuntura em que o que está em perigo é o seu Património Material.
Portugal vai, aliás, bem lançado em matéria de troikas, com o Fado e o Europeu de Futebol, estamos, como muito bem lembrou um amigo meu, quase, quase a restabelecer os célebres três "Fs" da "outra senhora".
Sempre que não há pão, aumenta o circo...

sábado, 26 de novembro de 2011

Convergência




A Selecção Nacional de Futebol foi, após carreira difícil, muito tipicamente "nacional" e no último momento para não fugir à tradição, apurada para a fase final do Euro 2012.
Ainda bem, pois, quiçá pela primeira vez na história da alienação, convergem os objectivos do poder político e da sociedade. Como tristezas não pagam dívidas e ainda menos pagam a "Dívida", o poder político, mais do que quer, precisa que a sociedade se distraia; a sociedade também, mais do que quer, precisa de se distrair do poder político.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

D. Manuel (Ecce Homo)




Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não


Fui esta noite, a convite da Santa Casa da Misericórdia do Barreiro ouvir o Bispo Emérito de Setúbal, Senhor D. Manuel Martins falar sobre "A Pobreza" no Auditório da Biblioteca Municipal do Barreiro. Sem que de modo algum a minha expectativa se gorasse, não foi sobre a pobreza que falou, falou antes sobre a Riqueza. A riqueza de estar vivo, a riqueza de ser humano, a riqueza de ser solidário, a riqueza de dar, a riqueza de partilhar, a riqueza de construir um futuro de esperança mesmo e sobretudo, em tempos muito difíceis e das virtualidades que estes tempos têm que fazem com que as pessoas se voltem a encontrar.
É um conversador delicioso e durante hora e meia consolou a audiência com uma sabedoria feita de simplicidade, de serviço e de humor. Aproveitou até o facto de ter a seu o lado o Presidente da Câmara Municipal do Barreiro - Carlos Humberto - para dizer que pela primeira vez o conseguia, pois nos vinte e três anos que esteve à frente da Diocese de Setúbal bem gostaria de o ter feito, mas o edil do Barreiro "esquivava-se" sempre.
Claro que os edis eram outros e os tempos também, mas também mais uma vez ficou provado que o tempo é mesmo um grande mestre.

Hors D'Oeuvre (ou "Vão-se Habituando"...)



"A preguiça e a cobardia são as causas de os homens continuarem, todavia, de bom grado menores durante toda a vida."

Immanuel Kant


Os incipientes "distúrbios" ocorridos durante o dia de ontem, no contexto da Greve Geral, são apenas um tímido prenúncio do que está para vir se a "crise", como tudo indica, se aprofundar e os seus efeitos continuarem, como de costume e sobremaneira, a afectar os que, muito justamente, se sentem sem quaisquer culpas no cartório. Demais a mais quando vêem claramente visto que quem armou a bernarda se está a safar dela, endossando a factura aos que nenhumas responsabilidades tiveram (e escusam de vir com a cínica ladaínha de que "os elegeram", quando não terá certamente sido para isso, nem tendo sequer os principais, os "criadores", não as "criaturas", saído de qualquer eleição). Aliás, o Capitalismo e o Liberalismo ("neo" ou "arqueo") são sempre "socialistas" e "intervencionistas" quando se trata de passar danos e prejuízos.
Podemos não estar a chegar ao "fim do mundo", mas estamos por certo a chegar ao "fim de um mundo", do tal mundinho aconchegado dos pobretes mas alegretes que justificou uma das maiores mentiras de todos os tempos, os "brandos costumes". Ao rasgar-se o pacto social que sustentava a ordem estabelecida, que como muito bem entendeu Salazar e nisso teve um enorme, mas discreto, sucesso, assentava num "viver habitual" em que sem grandes ambições manifestas, as expectativas eram em geral bem sucedidas (lá se ia andando). Tanto que permitiram ao filho do operário ser "mangas-de-alpaca" e ao filho deste ser engenheiro, sem ter que sair da sua "zona de conforto" (na expressão pouco convidativa de um Secretário de Estado recente, mas nada decente).
Para que se passe da "bavardage" e do desabafo ao acto, estão convocados os demónios, senão vejamos: uma classe média que vê desmoronar-se num ápice uma vida que levou décadas, pelo menos três gerações, a construir; um "lumpen" (e também as "minorias") que vai seguramente deixar de poder (o que aliás já se nota no disparo da criminalidade violenta) ser aquietado pelo "pocket money" dos "rendimentos de inserção". O leitor poderá achar, tal como eu, que 500 euros mensais são um rendimento muito baixo, mas se fizermos um pequeno exercício verá que pode não ser bem assim: suponhamos que esses 500 euros vêm "sem osso" ou seja, que o resto dos encargos com habitação, água, energia, gás, alimentação, saúde e escolaridade estão mais ou menos assegurados e que esses 500 euros são, afinal "pocket money", para, como canta o Rui Veloso, cigarros e bilhar, mais uma "bejecas" à mistura, e verá que muita gente supostamente mais abonada, que trabalha e paga impostos, não terá essa liquidez.
Mesmo para quem como eu, que só em teoria acredita que "sem tropa, nem polícia a vida é uma delícia" não é difícil prever que os efeitos desta hecatombe do "modus vivendi" tradicional acarretarão graves consequências ao nível da chamada "ordem pública" ou, pelo menos, do entendimento que dela têm os interesses privados que nos trouxeram até esta desgraçada situação. São disso testemunho as escaramuças de ontem, ligeiro choque com as lestas "forças da ordem", lestas sempre que se trata destas coisas com trabalhadores e manifestantes, é raro ver tal prontidão com os arruaceiros das claques, por exemplo. Talvez seja por que estes fazem parte da sociedade do espectáculo que alimenta o "tittytainment" providenciado pela caixa electrónica, cada vez menos ama-seca e mais distribuidora de "leite" envenenado. É unânime que a Portugal sempre faltou uma elite competente e uma opinião pública esclarecida, mas nem sempre deixou de ser enraivecida, demais a mais tendo bastos motivos para isso. Os incidentes de ontem quer com os piquetes de greve, quer com os "indignados" na escadaria de S. Bento, quer os "cocktails molotov" que umas quaisquer "FP 37", que certamente sem terem lido bem "The Anarchist Cookbook", tal a falta de eficácia dos mais do que rudimentares engenhos, lançaram a horas mortas contra algumas Repartições de Finanças, símbolos do esbulho e da exacção a que está sujeita a parte dos portugueses que paga impostos, perante o crónico regabofe devorista através de um iníquo Sistema Fiscal que saca sempre mais e mais a quem já é sangrado (trabalhadores por conta de outrem e poucos além desses) e deixa sempre de fora os falsos pobres e os verdadeiros ricos, os reais interesses das reais corporações e os privilégios da grande corporação do cifrão, bem poderão ter sido apenas os "hors d'oeuvre" do que está para vir.
No dizer de um conhecido político, entretanto "adormecido", é melhor que se vão habituando.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Porque Detesto Aldrabões




Detesto aldrabões por tudo - pelos danos que causam a quem neles confiou, pela falta de carácter, pelo oportunismo, pela tergiversação constante, pela "esperteza saloia" e por mais uma mão-cheia de abominações. Não posso, pois, deixar de assinalar como extremamente falaz a "resposta" do senhor Primeiro-ministro ao Dr. Mário Soares, a propósito da publicação de um "Manifesto", imputando-lhe a tomada de "medidas de austeridade extremamente duras" aquando das duas outras vindas do FMI a Portugal (1977 e 1983).
Talvez por ser ainda muito novo nessa época, pese embora andasse já entretido com a "laranjota", não se lembre muito bem mas a medida de austeridade mais dura que o Dr. Mário Soares, enquanto Primeiro-ministro, tomou foi o corte de 33% do subsidio de Natal a todos os que o receberam em 1983, que ainda assim foi pago em Títulos do Tesouro reembolsáveis a um ano, o que não teve nada que ver com o actual esbulho discriminatório.
A argumentos destes não se pode imputar apenas "desonestidade intelectual", trata-se de desonestidade tout court. Disso a que se chama má fé.
O senhor Primeiro-ministro que diz ter lido "O Ser e o Nada", devia sabê-lo. Mas se quer a minha opinião, acho que também essa foi outra aldrabice.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

O Vício da Banca




Que a Banca era "tóxica" já se sabia, não admira que também seja toxicodependente, viciada em injecções de capital público em doses cavalares e sempre crescentes.

sábado, 19 de novembro de 2011

Moqueca de Siri (ou que se Lixe o Montesquieu e Queremos de Volta o Padre Frederico)




Foi aplicada a Duarte Lima a medida de coacção mais gravosa, a prisão preventiva, justificada pelos riscos de fuga e destruição de provas. Já a seu filho, Pedro Lima, além de uma caução de 500.000 euros (oba, minha nossa !!!) foi aplicado o termo de identidade e residência e a proibição de contactar um terceiro arguido. Parece que o magistrado que as decidiu, entendeu que quanto à possibilidade de destruição de provas, o pai, de quem é co-arguido neste processo, nunca lhe terá dito onde guardava as chaves, nem lhe terá ensinado os "cantos à(s) casa(s)", pelo que este as não poderá destruir.
Também me parece uma estranha coincidência, aliás de pronto assinalada por um dos seus advogados (Soares da Veiga), que a Justiça portuguesa só se tenha lembrado de Duarte Lima, após um tão grande lapso de tempo (a esta hora o Isaltino, o Godinho, o Vara e tutti quanti devem estar como o hipopótamo da fábula, a fazer "boca pequena" e a dizer "coitadinho do crocodilo"), quando a polícia e o Ministério Público brasileiros o indiciaram como principal suspeito do homicídio de Rosalina Ribeiro.
Enquanto isto, a Ministra portuguesa da Justiça também dá um ar da sua graça e diz que isso de não haver extradição de cidadãos nacionais para o Brasil não será bem assim...
Bem sei que o estado de necessidade é como que uma serpente que come a própria cauda, ou, em versão mais popular, uma "pescadinha de rabo na boca" - gera-se a partir de muitas promiscuidades e acaba por gerar mais promiscuidade. Mas daí até mandar o Montesquieu às malvas...É que são quase trezentos anos de separação de poderes que se enterram de um dia para o outro, como aliás se está a enterrar o resto da própria democracia. Bem sei que estamos a voltar à Idade Média e ao exemplo de D. Pedro o "Cru", quando pediu a seu primo de Castela que lhe entregasse os "matadores" de Inês de Castro através de uma troca de homiziados. Mas, com os diabos, nunca me passou pela cabeça que pudesse ser tão rápido.
Cá para mim, e pese embora o "leite de moça" seja mais sexy, por aqui cheira a "moqueca de siri" e se isto passa a ser assim, então queremos de volta o padre Frederico!

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Cantiga para pedir dois euritos...






Vem da serra um infeliz
Vender sêmea por farinha;
Passado tempo já diz:
Esta rua é toda minha.

António Aleixo

terça-feira, 15 de novembro de 2011

"Calamari a la Romana"




Parece que Otelo não foi assim tão "tolo" com a estória do "Golpe de Estado" e até perspectivou algum ganho de causa para os militares (esperemos que não seja do tipo do subsídio que o outro disse querer "segurar"). Aliás, não foi só Otelo, nestas coisas da tropa é preciso fazer pontaria a varrer os ângulos mortos, foram também Vasco Lourenço, Mário Tomé e os dirigentes associativos da "família militar", que pretextando verberar o antigo aspirante a caudilho (só o não terá sido por, segundo as suas próprias palavras, ter deixado passar "o cavalo do Poder" sem lhe saltar para a garupa), lá foram dizendo a mesma coisa de forma um pouco mais "soft", mas sempre com muitos e nem sempre muito subliminares, "innuendos".
O ministro da Defesa, Aguiar Branco, terá agora ponderosos motivos para tentar convencer o "Gasparzinho" a abrir os cordões ao "pré", para que não falte o "rancho" e ainda se arme para aí alguma "bernarda".
A História, pelo menos desde os romanos, aconselha prudência ao poder quando lida com as guardas pretorianas; os imperadores caloteiros costumavam ser no mínimo destituídos e as mais das vezes assassinados, pelos que os deviam proteger.
Afinal, como comentou um grande amigo meu, Otelo falou-lhes ao CU...ração.

domingo, 13 de novembro de 2011

Golpes de Estado




Causaram algum "sururu" as declarações de Otelo Saraiva de Carvalho acerca da legitimidade de um "Golpe de Estado" na actual conjuntura. Ora o personagem é deveras idiossincrático ("Otelo, ó talo, ó tolo, Saraiva de Carvalho, dá a mão ao Vasco "Louco" e vão os dois p'ró ......."). Desta vez o homem terá alguma razão - é inegável que estamos perante um Golpe de Estado institucional em que um Governo eleito na base de mentiras (tal como o anterior - não fazem o que dizem, nem dizem o que fazem) está a pôr em prática a subversão total da ordem constitucional e da simples ordem jurídica (hoje "letra morta"), usando o "estado de necessidade" e a "troika" como álibis quase perfeitos para uma enorme regressão civilizacional promovida pela ditadura do capital financeiro que, entretanto, se dá ao luxo de "despedir" sumariamente líderes eleitos (alguns típicos da ópera bufa, mas isso agora não vem ao caso) e substitui-los por homens de mão, tecnicamente mais convenientes, mas sem qualquer legitimação política directa.
Se isto não é um (Mega) Golpe de Estado, o que será?!
Ladrão que rouba a ladrão...

domingo, 6 de novembro de 2011

Dinastias







Os apelidos dos dirigentes políticos gregos são os mesmos, sensivelmente desde o fim da Segunda Guerra Mundial, mais precisamente desde o fim da Guerra Civil da Grécia (1946-49), com o interregno da Ditadura dos Coronéis (1967-74). As famílias Papandreou e Karamanlis (mas também Venizelos e poucas outras) dominam a cena política desde esses tempos e já vão na terceira geração no Poder, oscilando entre o centro-direita da "Nova Democracia" e o centro-esquerda do PASOK (Partido Socialista Pan-helénico), tal como Onassis e Niarchos dominavam as frotas comerciais. Trata-se de autênticas dinastias.
Ora, por muitas semelhanças que possamos ter com os gregos (e estamos a ver-nos como eles), neste particular somos muito diferentes, a nossa idiossincrasia "cultural" nunca permitirá a constituição de dinastias políticas.
Poderá pensar-se que por bons motivos, em nome da "ética republicana", para impedir o nepotismo, o compadrio e o caciquismo que tal situação acarreta como uma fatalidade. Nada disso, tirem o "cavalinho da chuva", o que se passa é que somos demasiado invejosos para permitirmos tal coisa. Nisto somos muito mais "gregos" do que os próprios gregos, mas assim mais para o "clássico", evocando um tirano da Grécia Antiga, o ateniense Pisístrato (600-528 a.C.) que adoptou a famosa "doutrina da seara", que consiste mais ou menos nisto: quando numa seara, uma espiga se eleva acima das demais, o melhor é cortá-la cerce. Na verdade, só por acaso ou por distracção deixamos alguém subir muito alto e quando isso acontece foi por que escapou à vigilância da comunidade (que entretanto só costuma funcionar como tal para coisas como estas). Dizemos logo que "se está a pôr em "bicos de pés": "fogo nesse gajo (ou "gaja)", mas "quem é que ele pensa que é afinal?"; "Por quem se toma?" Isso é que era bom!"
Se for filho de algum político conhecido, pior um pouco, pois ao sujeitar-se a escrutínio público, seria melhor estar quieto (Ai o "filho do papá", ou o/a "menino/a da mamã" ou "onde é que o bebé acha que vai?").
Que o diga João Soares por exemplo, nunca liberto pela sociedade portuguesa da enorme "sombra" tutelar do pai. Já onde as coisas são feitas mais por "debaixo dos panos" - empresas públicas, alta burocracia estatal, forças armadas, universidade, etc.. Aí já "filho de peixe" costuma "saber nadar" e as dinastias vão-se perpetuando sonsa e discretamente, sem que "ninguém" dê por isso. A propósito e apenas como exemplo: Sabem qual é o apelido do senhor que agora deu posse aos membros do Governo?
Pereira Coutinho. O mesmo apelido dos outros senhores, que deram posse aos outros membros dos outros Governos do 25 de Abril a esta parte.
Aquilo que na política e no meio artístico, ou seja nas áreas que têm exposição pública e mediática é um "carrego", em meios mais "discretos" (ou "secretos") pode ser uma "bênção" e não depender em nada do talento. Como, aliás, se comprovou num dos últimos "Prós & Contras" de Fátima Campos Ferreira, em que um dos jovens apresentados como tendo "furado o cerco" do desemprego de jovens licenciados em Portugal e até botou discurso dizendo umas inanidades sobre a "autoconfiança" e mais umas quantas balelas, é, tão só, filho do sócio maioritário de uma das maiores sociedades portuguesas de advogados.
Henrique Santana, filho do grande Vasco Santana, há uns quarenta anos, na velha RTP, acabou por "explicar" esta situação:
"Quando Vasco Santana era pequeno e saía com o pai, que se chamava Henrique, os transeuntes comentavam: Lá vai o Henrique Santana com o filho; quando Vasco Santana se tornou um actor conhecido e saía com o pai já se dizia : Olha, lá vai o Vasco Santana com o pai. Ora de mim nunca ninguém disse: Lá vai o Henrique Santana com o pai; mas sempre mesmo muito depois de adulto: Lá vai o Vasco Santana com o filho".
Por essas e por outras é que quando perguntavam ao meu querido pai "Como se chama?" Ele costumavam responder:
"Não me chamo. Chamam-me João"!

Um Problema a Menos




Em tempos não muito remotos, por altura das últimas intervenções do FMI em Portugal - ainda não da Troika porque ainda não éramos membros da, então, CEE - chegou a estar pinchado naquele viaduto perto do Aeroporto da Portela:
"O Último a Sair que Apague a Luz"!
Ora, hoje temos esse problema a menos, pois quando isso acontecer já a luz deve estar cortada.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

A Quimera do Euro




A verdade costuma ser como o azeite: vem sempre ao de cima, mais tarde ou mais cedo. Países como a Grécia, Portugal e, passe a diferença de escala, a Espanha e até a Itália, não tinham e não têm dimensão económica e "cultural" (hábitos, controle, disciplina, rotinas e cautelas financeiras, para além da tradicional "arma" da moeda fraca) para fazerem parte de um espaço monetário como a "Eurolândia", com uma moeda (muito pouco) comum, pois se trata do marco renominado e, pior do que isso, revalorizado.
Estes "clubes" são como certas sociedades, ainda que não seja fácil entrar, é sempre muito mais difícil sair. Pelo menos vivo.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Pão-por-Deus




Hoje é dia de Todos-os-Santos, dia em que a minha rica avó Amélia punha a mesa com iguarias da época: figos, amêndoas, nozes, passas de uva, batatas-doces - que só levantava depois do dia de Reis (6 de Janeiro), vejam lá a "bruteza".
Por essa mesma mesa, pelo S. Martinho, passavam (é o termo, pois não "paravam" lá muito tempo) castanhas e água-pé da legítima, providenciada pelo meu avô Agostinho "Maneta", um "expert", e bagos de romã, simples ou com Vinho do Porto. Mais perto do Natal, apareciam as filhoses, os sonhos e os coscorões, as broas de milho, castelares e de espécie e o delicioso arroz-doce. A minha avó Amélia era mãe da minha mãe, mas a família do meu pai, de Torres Novas, também, por vezes, enviava as deliciosas "broas-dos-santos" e casca de laranja cristalizada, além dos figos pretos típicos lá da terra (quando a gente tinha uma "terra").
No dia de Todos-os-Santos vinham miúdos, geralmente pobres, mas também alguns que não o sendo, eram só mais "descarados", com sacos, bater às portas dos "remediados" (os ricos eram poucos e moravam longe) a pedir o "Pão-por-Deus", um pequeno óbolo, em espécie, dessas iguarias. Por isso os miúdos mais "burgueses" tinham vergonha de sair à rua, muito menos com sacos, nesse dia, para evitar "confusões" em época de alguma crueldade social.
Tenho saudades desses tempos em que "era feliz e ninguém tinha morrido", demais a mais com a perspectiva de no próximo dia 1 de Novembro já não haver "Santos" e muito menos óbolos.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Alembradura (Para Avivar a Memória a Muita Cavalgadura)

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Frase atribuída ao Marquês de Pombal:

Não se esqueçam que para tirar um homem de sua casa, mesmo depois de morto, são precisos, pelo menos, quatro.

domingo, 30 de outubro de 2011

Sem Tecto Entre Ruínas



O Método "Passos" para enfrentar a Crise:
Comer em casa, ficar em casa a ver televisão e só sair de casa para ir trabalhar.
Isto para quem ainda ficar com casa, tiver trabalho, dinheiro para comprar comida, ânimo para cozinhar e não lhe tiverem penhorado o televisor.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Leviathan ou do alegado "Estado a mais" e da necessidade de campanhas de ódio



O estilo foi inaugurado por Sócrates com o "combate aos lobbies e às corporações" através da diabolização dos magistrados, professores e outros corpos profissionais do Estado e ficou claro que se traduziu numa cortina de fumo, miserável e demagógica, para deixar incólumes os verdadeiros “lobbies” e as verdadeiras e poderosas corporações dos grandes interesses, que se conseguem até dar muito bem com este género de "socialistas". Agora é Passos que o retoma, não pela voz do "prior", mas por interpostos e ruidosos acólitos dos tais que andam há três décadas a vociferar contra o "Estado Social" e os seus "privilégios" e "regalias", enquanto se locupletam com as grandes negociatas promovidas em torno do tal Estado que juram execrar.
Parece que em Portugal nenhum conjunto de medidas que afectem interesses e expectativas, pode ser tomado, mesmo no limite do estado da mais ingente necessidade, sem que seja acompanhado de um "fogo de barragem" propagandístico que se traduz por autênticas campanhas de ódio, através da instigação à cizânia e da velha técnica do "dividir para reinar".
Até quando abusarão estes politiqueiros da nossa paciência?!
Vamos a factos:
Se é certo que o Sector Estatal (não lhe chamo Público porque na verdade o não é, uma vez que não serve a todos com equidade e está capturado por interesses privados em "coutadas" de vária ordem) - o tal baptizado de "Monstro" por quem mais o fez alimentar - tem vindo a "engordar" desde antes do 25 de Abril e se, no essencial, tem servido para o enriquecimento ilegítimo de uns poucos, é também certo que têm vindo a sobrar as "migalhas" para muitos, compensando numa espécie de "direito por linhas tortas", a míngua e as assimetrias que caracterizam, desde tempos imemoriais, esta ditosa Pátria.
O "Álvaro" (é assim que Álvaro Santos Pereira, Ministro da Economia e mais de uma mão cheia de coisas, diz gostar de ser chamado) até escreveu uma pequena obra (claro que os livros, como os homens, não se medem aos palmos, mas este livrinho fica-se, em geral, por uma forma engraçada de dizer um conjunto de banalidades. Bem pouco, por sinal, para fazer um Ministro) a que intitulou "Os Mitos da Economia Portuguesa" e em que se esqueceu de incluir um "Mito": o de que existem em Portugal "iniciativa privada" e "sociedade civil".
Já para não falar na opinião dos romanos de que "não se governam, nem se deixam governar", desde D. Afonso Henriques que assim é, passando por D. João II, pelo Marquês de Pombal e por Salazar, mesmo nos mais altos momentos da nossa História, quer no sentido progressivo, quer no retrógrado, tudo tem sido feito à sombra tutelar do Estado que vai funcionando como grande "padrinho" de uma sociedade clientelar de contornos entre uma "Camorra" sonsa e um "Hamas" laicizado. Existe, assim, montada uma tal teia de interesses intercruzados que tem constituído uma espécie de rede de sobrevivência (quase) garantida para os comensais, em todas as categorias de rendimentos e condições sociais. Como que um sistema de "Welfare State" informal baseado no "direito por linhas tortas" e que tem por principais mecanismos o nepotismo, a "cunha" e o compadrio, numa dimensão tão avantajada que se tornou num autêntico cimento social e acaba por, em maior ou menor grau, tocar a todos (toda a gente tem um primo que esteve na tropa com o cunhado de uma vizinha, que tinha uma tia, que por sua vez...).
Claro que nisto estamos muito bem acompanhados e este modus vivendi, bem como o modus operandi que lhe corresponde é igualmente o substrato "cultural" de países como a Grécia, a Espanha e a Itália em que predomina um certo "modo de estar na vida" muito ligado ao "desenrasca", o que quer dizer que primeiro foi preciso estar habituado a "grandecíssimas" e recorrentes "enrascadas".
Por estas e por outras chegámos, cantando e rindo, a uma situação em que o Leviathan se foi agigantando, desde orgãos e organismos que só servem para se servir, até Cursos que não lembram ao diabo, curricula disciplinares inenarráveis, formações que nada formam, "empresas" que nada produzem, negócios que nada acrescentam, como os dos merceeiros-mores do Reino que só promovem, através do estímulo ao consumismo, o endividamento das famílias e do país, pois praticamente tudo o que de vultuoso vendem é importado.
Mas o mais engraçado é que quem hipotecou Portugal aos interesses dos Bancos e das traficâncias de toda a ordem (incluindo com os mesmos "credores" e "parceiros" que agora nos exigem "rigor nas contas públicas"), desmantelando toda a estrutura produtiva autóctone, possa com toda a "lata" vir agora com lérias acerca da "Produção Nacional".
É como se quem fez o mal, pudesse, agora, fazer a caramunha.

domingo, 16 de outubro de 2011

Vossa Excelência (Também) É Um Mentiroso




Senhor Primeiro-ministro: depois de ouvir da parte de Vossa Excelência uma das mais falaciosas "justificações" para o esbulho dos subsídios de Natal e Férias apenas aos Funcionários Públicos e Pensionistas, dizendo que "o Estado não paga os salários dos trabalhadores do sector privado". Então como explicará Vossa Excelência o confisco "universal" do subsídio de Natal do ano corrente por via de um imposto extraordinário?
Pelos vistos o que procede às segundas, quartas e sextas é, no dizer público de Vossa Excelência, improcedente às terças, quintas e sábados (e aos domingos logo se vê). Completamente fartos das patranhas e da manifesta idiossincrasia de contornos sociopáticos do seu predecessor, muitos portugueses, entre os quais milhares e milhares de funcionários públicos, que deram sempre o melhor de si - estudaram, trabalharam, pagaram impostos, muitos fizeram o Serviço Militar e desses, muitos, também, foram combatentes numa guerra que todos sabiam perdida de antemão - mesmo não se identificando ideológica e politicamente com Vossa Excelência, confiaram que a sua governação corresponderia, pelo menos, a uma elevação de carácter e a um sério comprometimento com a verdade. Verificam agora que o esforço e a honra dos seus compromissos não os afastaram em definitivo da presuntiva indigência, expondo-se a ficar, afinal, em situação semelhante aos que nada, antes pelo contrário, fizeram para nela não caírem. Em suma, estamos a chegar ao ponto em que qualquer um, sem que tenha nisso a menor das responsabilidades, se pode, num ápice e malgrado o desempenho próprio, tornar num qualquer.
Nesta hora aziaga em que medidas desta natureza só contribuem para corroer ainda mais a já frágil coesão social do País, colocando-o na zona de previsão de grave conflitualidade interna e não se verificando o alegado défice de explicação que lhe é imputado por alguns dos seus apaniguados e cínicos arautos, pois a população não é estúpida e entende-o muitíssimo bem, o que é também muitíssimo diferente de aceitar como boas as "soluções" que pretende impor por estarem longe do necessário dimensionamento da justiça e da equidade, condições sine qua non de todo o empreendimento colectivo (e até da simples eficácia).
Testemunho, com mágoa, que sendo o adjectivo "mentiroso" definido como "qualificativo daquele que mente", Vossa Excelência também é um mentiroso.

sábado, 15 de outubro de 2011

A Taxa de Bosta



Tendo em conta o estado de emergência nacional decorrente da dificílima situação financeira do País e a necessidade premente de gerar recursos, tendo ainda em atenção algumas imaginativas propostas de criação de novas taxas que vão desde as chamadas telefónicas para o 112, até a uma quantia por litro de bebida alcoólica, já para não falar dos "ajustamentos" nas taxas do IVA e das portagens nas ex-Scuts ou em troços de auto-estrada que não lembram ao diabo. Venho, nesta linha de pensamento e iniciativa, propor que capitalizemos os hábitos nacionais, parte inalienável da nossa cultura e que tão bem exprimem o nosso "modo de estar na vida".
Assim e dada a abundância de dejectos caninos pelas nossas ruas, calçadas e jardins e considerando a altíssima probabilidade, estatística e real, de qualquer cidadão pisar alguma dessa trampa, proponho a "implementação" como agora sói dizer-se, de uma Taxa de Bosta a ser cobrada a todo e qualquer incauto a que tal ocorrência sobrevenha.
A tarifa normal será de 5 euros por pisadela no caso de dejecto canino e 20 euros se for de animal de maior porte. O controle será feito com recurso às novas tecnologias, provado que está que temos "know how" para isso, através da introdução, a expensas dos utentes e a adquirir nas Lojas da Via Verde, de "microshits" nas solas dos sapatos.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Escrito nas Estrelas













A declaração de Passos Coelho acerca do OE para 2012 foi emblemática por nela se ter assumido a passagem ao acto de uma agenda antiga. Os próceres do "neoliberalismo" (chamemos-lhe assim à falta de melhor) estavam ansiosos pelos dias, que, como reza o fadinho, "agora já chegaram", em que poderiam anunciar e executar a queima pública do tímido embrião do chamado "Estado Social", que, quer as "conquistas de Abril", quer mesmo antes a "Primavera marcelista" e até Salazar tinham instituído. A "Crise" e a "Troika", mesmo sem podermos ignorar a catastrófica situação financeira do país (e por ela a responsabilidade objectiva de Sócrates, Guterres e Cavaco Silva - o de "curta memória" - entre outros) - e mesmo da "Europa" e do mundo, constituem um óptimo pretexto, qual "Bojador" que se pode "passar além" (sem o fazer para além da dor, antes pelo contrário). Toda esta sanha pela desregulamentação dos direitos, pela instabilização total da vida, pela precarização global, foi sonhada já há muito por aqueles a quem os donos gratificam para que produzam "nacos" de ideologia assassina, autêntico terrorismo social, disfarçada de racionalidade "económica" (na verdade a "economia de casino" é a negação da Economia, nada produz, antes destrói). Estes "banksters" e o coro dos "comentadores de referência" que lhes serve de oráculo e porta-voz, há muito vinham referindo a "esdrúxula" ocorrência dos subsídios de Natal e Férias (e até do próprio Natal e das Férias) como tipicidades folclóricas e rústicas próprias de um país atrasado, campónio e salazarento, resquícios de quando em Portugal se "ganhava pouco".
Ora para além de dispensar lições de anti-fascismo desta clique, que ao tempo nunca vi na Oposição, antes pelo contrário, vi-os sempre a fazer pela "vidinha" enquanto outros eram presos e espancados, lembro que onde esses complementos não existem: ou se ganha o triplo de cá ou há escravatura total, coisa que, com a vaga promessa de prosperidade futura, estão a tratar de instituir para "", como que num PREC às avessas, perante os olhos gulosos de alguns dos representantes dos "parceiros sociais". Vejam-se os do actual presidente da CIP que me faz ter saudades do "pedigree" de Ferraz da Costa e Van Zeller. A nossa sabedoria popular caracteriza bem estas euforias: "Não peças a quem pediu, nem sirvas a quem serviu" e também a atitude geral do actual poder: "Se queres conhecer o vilão, põe-lhe o pau na mão".
Estava - como disse um conhecido "musicólogo", que até conseguiu descobrir os "concertos para violino de Chopin", agora dado à Provedoria que, como toda a gente sabe, "sem Comedoria é gaita que não assobia" - escrito nas estrelas!

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Dar de Bandeja



O Presidente da República, Professor Aníbal Cavaco Silva, afirmou hoje no discurso do 5 de Outubro, a estrénue necessidade da "Produção". Ora, ou o Professor Cavaco Silva come muito queijo (nomeadamente "Limiano" ou porventura "La Vache Qui Rit", ele que é tão dado a reconhecer as vaquinhas e o seu "sorriso") ou aposta em que os outros o façam, tal a "lata" (ou deverei dizer "topete") com que placidamente se é capaz de "divorciar" do Professor Aníbal Cavaco Silva, Primeiro-ministro dos governos que desmantelaram o aparelho produtivo nacional (a Indústria, a Marinha Mercante, a Agricultura e as Pescas) em prol de um "país de Turismo e Serviços" - trocado por miúdos - um país em que se engordaram os Bancos, as Seguradoras (o que vai dar ao mesmo), os monopólios (ou quase, ditos "naturais") da Energia, dos Combustíveis e das Telecomunicações, para além dos novos grandes "empresários" não passarem de mega-merceeiros (o que só contribuiu para o endividamento dos particulares e do país através do estímulo ao consumismo e às importações) ou apenas de especuladores (com maiores ou menores preocupações "artísticas").
É por estas e por outras que quando o Professor Cavaco Silva vai a Sines dizer que "é preciso olhar para o mar" me dá uma súbita vontade de lhe perguntar se costuma ficar "almariado" (em algarvio corrente, tenho tradutora "made in Portimão" em casa, = enjoado).
Também gosto muito de queijo, mas agora que já passei dos cinquenta, por causa do mau colesterol, tendo a evitá-lo e mesmo não sendo economista entendo, desde criança, que ao dar-se de bandeja ficar por "sopeira", não será de estranhar ser-se dos primeiros a ir para o olho da rua quando os "patrões" começam a andar nas "lonas".

VIVA A REPÚBLICA !




Mesmo que em ano de capicua (101º) a "sorte" não esteja a ser lá grande coisa:


VIVA PORTUGAL !

VIVA A REPÚBLICA !

sábado, 1 de outubro de 2011

Música







Apesar de não ser assim lá muito de "Dias Mundiais", não resisto:

"Música, Música, a Força que Levanta os Bailarinos..."

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

O 28 de Setembro



Mais uma efeméride - faz hoje 37 anos que abortou, por obra da esquerda civil e militar, a primeira tentativa séria de subverter o 25 de Abril, ainda muito fresco. As forças de direita, ligadas ao então Presidente da República, general António de Spínola, convocaram para Lisboa uma manifestação da chamada "maioria silenciosa" que se destinava a apoiar uma política de travagem da independência das colónias.
Essa movimentação foi impedida por acção de milhares e milhares de cidadãos que fizeram barreiras populares em torno da capital e revistaram tudo o que era veículo.
Nem as enxadas, nem as pás e as picaretas escaparam, quanto mais as caçadeiras. O mais que se encontrou foram sacas de batatas ou de fruta e, em assinalável quantidade, garrafões de "tintol".
Spínola demitiu-se dois dias depois, sendo empossado o também general Francisco da Costa Gomes.
Este episódio faz-me lembrar a história verídica de um contínuo de Liceu que deu uma "palmada" de 60 contos (há 45 anos era muito dinheiro) e foi imediatamente despedido. Um outro foi-se "abotoando" durante mais de três décadas, entrou a pé e saiu de BMW.
Ao 25 de Abril, que então sobreviveu, também se pode aplicar o refrão de Roberta Flack: "killing me softly" ou o da popular canção brasileira: "para tudo se acabar na quarta-feira".

domingo, 25 de setembro de 2011

Porque Será?



Já repararam que o deputado Guilherme Silva, ao acompanhar Jardim na campanha eleitoral da Madeira, anda com aquela "cara de caso" que Teixeira dos Santos costumava exibir quando tinha que fazer figura de "totó" atrás de Sócrates.
Porque será?

domingo, 11 de setembro de 2011

O Outro 11 de Setembro



Compañero Salvador Allende.

Presente!

Ahora y Siempre !!!

A Propósito de um Congresso





Ocorreu durante este fim-de-semana, em Braga, o XVIII Congresso do Partido Socialista com um regresso icónico ao "punho" em detrimento da "rosa". Nesta ambiente mais "avermelhado" e com um slogan repristinado dos tempos de Guterres ("As Pessoas Estão Primeiro") propõe-se, num ambiente interno também mais distendido, iniciar um "Novo Ciclo" prometido pelo também novo Secretário-geral, António José Seguro.
Talvez para estimular um clima de unidade neste partido "plural", invocação que costuma ter as costas largas e após a derrota (por números bem expressivos) nas eleições internas do "legado" socratista, os representantes desta "herança" (eu chamar-lhe-ia "fardo") antecipam a manobra e passam ao ataque, para não terem que se defender. Até dá a ideia que não levaram o PS a uma das mais severas derrotas eleitorais de sempre e que o seu candidato (o estimável Francisco Assis) não perdera as internas, por uma margem significativa, para Seguro.
Esta jogada destinou-se a evitar que fosse feito um balanço crítico do Partido na "era Sócrates", o que não deixaria sempre de trazer um certo apuramento de responsabilidades. Afinal trazer um País à Bancarrota, começar a desmantelar o retoricamente incensado "Estado Social" (ainda que alegando defendê-lo "à outrance") e acabar por entregar o Poder à Direita, por insuportabilidade (o povo não tinha mais "saco") política e moral mais do que evidentes, irão passar como meros "azares" decorrentes de uma, sem dúvida particularmente desfavorável, "conjuntura internacional".
Manda o "Bom Senso", que segundo um conhecido Mestre é (apesar de não parecer) "a coisa do mundo mais bem distribuída" - que se aprenda com os erros. Para que isso possa acontecer, é necessário fazer balanços críticos do passado. Não para recriminações, mas para que possamos entender como chegámos aqui. Não vi neste Congresso quase nada disso, Manuel Alegre tocou no assunto fazendo uma alusão crítica global à "Terceira Via" e às cedências ao "neoliberalismo", mas o resto foi "en passant". Seria importante avaliar os danos que trouxe ao PS e sobretudo ao País a iniciativa dos governos Sócrates, conhecida como "guerra aos professores" em que, a pretexto do combate às "corporações" (não às verdadeiras, claro), se criou um "mise en scène" para uma campanha de ódio inédita, inusitada e contraproducente contra um único grupo sócio-profissional (apesar de ensaiado com vários, acabou por ser efectuado na íntegra apenas contra um) - os professores. Caluniados e vilipendiados na praça pública (os "mais bem pagos" da Europa, os que menos horas trabalham, veja-se a este propósito os motivos das greves de professores em Espanha, e outras patacoadas), acusados de preguiçosos por tipos que nunca trabalharam na vida e que, eles sim, têm vivido (e muitíssimo bem) à custa do "orçamento", alvo de medidas puramente vexatórias sem qualquer ganho de eficácia real, antes pelo contrário, pois o objectivo também não era esse.
A "guerra aos professores" foi um "tiro no pé" determinante para a perda da maioria absoluta em 2009, para a derrota nas Europeias e para a derrota de 2011 e entrega do poder à direita coligada, que, nesta matéria, herdando o grosso do "trabalho sujo" já feito e com um pouco de "savoir faire", até passa por simpática. "Elementar meu caro Watson".
É um "case study" em matéria de manobras suicidárias que um Partido possa ter feito, com a alienação por "muitos e bons" anos de uma parte importantíssima da sua base social de apoio (não, um Partido não deve governar para grupos em particular, mas também não deve hostilizá-los provocatoriamente, apelando ao ressentimento e à cizânia social). É baixeza, é vilania!!!
Neste Congresso em que a "tralha socratista" aparece entrincheirada nas listas de Assis (nem o Valter Lemos lá falta), das suas "vedetas educativas" pontificam o que, tendo sido Ministro do sector "não fez, nem saiu de cima", mas veio a revelar-se exímio como eminência parda dada ao ventriloquismo, "treinador de bancada" e grande "malhador" e outro que na sequência da derrota nas europeias e num acesso de "candura", que revela a sua completa falta de maturidade (e estamos nós entregues a gajos destes), acabou por confessar a "estratégia" que se revelou afinal, penalizadora:
"Era preciso criar pressão sobre certos sectores - como o da Educação (leia-se professores) - para que o resto da população aceitasse as reformas".
Ora nem mais, não podia ter sido mais explícito no seu maquiavelismo de alcofa, tratou-se de "dar sangue à populaça".
Mas, claro e como de costume, apenas o sangue dos outros.