sábado, 3 de dezembro de 2011

O Vinho É Sempre de Pias




Nestas coisas das patuscadas é preciso ter cuidado, pois com o vício da ganância aliado à incompetência reinantes neste jardim à
beira-mar plantado, os resultados estão à vista, não é raro acontecerem situações indesejáveis. Quando aqueles grandes "grupios" combinam locais de repasto comemorativo, apanham as mais das vezes, nomeadamente no que toca ao vinho, para além das expectáveis "toucas" pós-prandiais, grandessíssimas "banhadas".
Havia mesmo um "clássico", entretanto e pelos piores motivos caído em desuso, que era o de perante a "sacramental" pergunta: "Então e o vinho de onde é?" - o "patrão" ter, na ponta da língua, a resposta pronta e firme: "Oh meu amigo, o vinho é de Pias". É claro que se não era, passaria em breve a ser, tendo-as (às pias) como quase inexorável destino "gregoriano".
O vinho agora servido neste eventos, em restaurantes da treta, geralmente com vida efémera e montados (na verdade para nos "montarem") por dondocas e peraltas que não têm, nem nunca tiveram ou terão, vida para aquilo; onde também ou não se chega sequer a comer, tal a exiguidade, a demora e a falta de qualidade da cozinha e do próprio serviço, de acordo com o putativo air du temps, já não é avulso e vem mesmo engarrafado por uma qualquer "Sociedade Vínicola da Marteleira", trazendo até no contra-rótulo a indicação das putativas (porque filhas delas) "castas": "trincadeira", que te trinca os miolos na ressaca; "touriga nacional", assim uma vaca de fogo anã, que te queima e marra no estômago ao acordares; "rabo de ovelha", que é a que te vai saber a boca na manhã seguinte (para além dos tradicionais "papéis de música");
"esgana-gato" que é como o teu fígado, pâncreas e vesícula se vão sentir, "esganados" e mal pagos.
Por isso, compinchas, não se deixem enganar pela treta da comida "caseira" e pelo engodo do "vinho do produtor". Afinal de contas, tirando as sardinhas assadas e um ou outro "bárbicu" (como costuma dizer um novo-rico meu conhecido, que também diz que bebe uns "apiritivos"), toda a comida se faz debaixo de telha (ou placa) e mesmo a pior das zurrapas feita de álcool, água (segundo Abel Pereira da Fonseca, o ingrediente essencial, tanto que lhe são atribuídas as frases :"enquanto no Tejo correr água, não faltará vinho aos portugueses" e "das uvas também se faz vinho") e anilina, tem certamente um "produtor".

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