quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Enfim, só chatices...

Para as eleições presidenciais em Moçambique, entre o "oficioso" Guebuza e o "eterno" Dlakhama (uma espécie de "Savimbi" conformado), foram destacados pela "Comunidade Internacional" numerosos observadores, entre os quais alguns deputados e eurodeputados portugueses.
Já para as concomitantes eleições no Afeganistão não consta que esteja lá algum e entende-se bem porquê?
Para além das afinidades da língua e da cultura, ditadas por razões históricas, o clima em Maputo é muito melhor do que em Cabul que fica imensamente longe do mar, sendo por isso, difícil ir à praia; como se tal não bastasse os afegãos são muçulmanos o que torna quase impossível o consumo de cerveja e demais "néctares" fermentados e/ou destilados e pelas razões já apontadas de índole geográfica e cultural, também não costuma haver marisco.
Já do ponto de vista social as mulheres afegãs são muitíssimo recatadas e nada dadas a convívios com homens, demais a mais, estrangeiros, e os homens afegãos muito ciosos no seu resguardo pondo, por isso, imenso empenho na preservação dessa virtude, também não sendo muito dados ao "diálogo" que não seja à "mão armada".
Afinal, o que se poderia esperar de um país em que o desporto nacional é uma espécie de râguebi equestre em que a "bola" é um cabrito decapitado?!
Enfim só chatices...

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

O Erro de Rangel

Ficou célebre o clamoroso erro de avaliação social de Emídio Rangel enquanto director da SIC ao, após uma época dourada de sucesso de audiências, ter recusado exibir a versão nacional do "Big Brother"; erro que lhe foi "fatal", pois acabou por lhe custar o lugar e permitiu que a TVI que "pegou" no programa que SIC "largara", a ultrapassasse até hoje.
Rangel subestimou a permeabildade do português comum à "modernidade" mediática, julgou que o pudor "católico" que constituira o estereótipo do "português suave" ainda vigorava. Enganou-se e para seu próprio prejuízo os portugueses mostraram-se tanto ou mais "desavergonhados" do que os outros povos "modernos".
Essa falta de pudor, esse abandono do cuidar, nem que seja das aparências de "moralidade", hipócrita ou não, deu lugar a um "desaforado" descaramento social que até se engalana de proselitismo.
Digo isto a propósito da data que hoje ocorre e assinala o "Dia Mundial do Idoso" que traz à colação o deplorável estado da assistência pública e mesmo privada que dedicamos às chamadas terceira e ,agora, quarta idades, a falta de respeito, dignidade e simples decência com que são tratados os cidadãos que cada vez vivem mais tempo, mas em piores condições.
As duas qualidades essenciais da governação contemporânea não são da esfera da acção, são antes a (má)retórica e a (boa)estatística e mesmo apesar de toda a demagogia, as carências são espantosas.
Temos um parque assistencial claramente deficitário, de baixíssima qualidade material e humana, permeável a ser explorado como um "negócio" escabroso e rapace, em que se empregam pessoas por exclusão de partes (e que portanto fazem aquilo - supostamente cuidar de idosos - por que não arranjaram mais nada e mesmo assim, nos intervalos dos subsídios), logo sem qualquer vocação e/ou preparação para o efeito que também está longe de lhes ser ministrada. Sendo um daqueles inúmeros sectores da sociedade portuguesa em que são necessários empenhos e "cunhas" para enfiar alguém num "Lar" muito minimamente decente e em que até a Santa Casa da Misericórdia (não esta ou aquela em especial, mas todas no seu conjunto), se é que alguma vez o foi, há muito o deixou de ser.
E não se trata de esmolas mas de direitos; quando vêm uns "engraçadinhos" neoliberais de trazer por casa, opinar que: " O Estado não pode fazer tudo".
Pergunta-se-lhes: Afinal para que deve servir o Estado? Apenas para tapar os buracos financeiros que os vigaristas provocam?!
As pessoas pagaram, fizeram descontos durante décadas, pagaram impostos, não estão a pedir que lhes seja dado nada, mas apenas que os seus legítimos direitos sejam respeitados.
À falta de tempo e de disponibilidade soma-se a falta de vontade e gratidão das famílias agora "libertas" por essa "nova" e liberal "moralidade" que permite que se "descartem" sem problemas de consciência dos "fardos" a que nesta sociedade da não-inscrição (cf José Gil) os que são chamados como costumavam ser os "trapos", constituem. Assim à descarada, sem remorsos, nem culpabilidades, nem pesos na consciência, que são tudo conceitos "passadistas" e que impedem que os que ainda podem vão, garganeiramente, "gozando a vida".
Este país não é mesmo para velhos!!!

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Um Pai Tirano ou a Teoria dos Quatro Salazares

Logo a seguir ao 25 de Abril e na sequência de ter fundado, com um amigo, a Secção do Barreiro do Partido Socialista fui um dia, ainda em 74, à Sede Nacional do PS então em S. Pedro de Alcântara onde é hoje a FAUL e saí de lá carregado com propaganda para trazer para o Barreiro. Apanhei então um táxi para a estação do Terreiro do Paço.
O taxista, na melhor tradição da "classe", começou logo a "desbobinar" dizendo cobras e lagartos da "selva" a que "isto" tinha chegado e a "culpa" que o 25 de Abril tivera nisso tudo. Culpa, aliás, que estendeu a Marcello Caetano que classificou de "banana" e por isso a "coisa" terá dado no que deu. E acrescentou:
- "Sabe amigo (é claro que não reparou que a propaganda que vinha embrulhada e atada era do PS), sabe como é que isto se resolvia? Não era preciso só um "Salazar", mas quatro, um para cada canto do país e o "pior", quer dizer, o "melhor", ia para o Alentejo"!
É muito antiga esta pulsão nacional por um "pai tirano" (ou até por "quatro") que seja capaz de "cortar a direito" e que "ponha isto nos eixos" e foi neste "caldo de cultura" que emergiram figuras da democracia com um perfil entre o "severo" e o, pelo menos, "austero" - Eanes, Cavaco, Ferreira Leite e até Sócrates (de uma forma um pouco mais à Frei Tomás) são frutos políticos desses anseios de pôr fim a um certo "regabofe", nem que seja com outro de sinal contrário.
Este pano de fundo é, a espaços, temperado por "raposas" bonacheironas (pelo menos na aparência) como Soares ou pelo insular histrionismo de Jardim (conquanto não saia da Ilha).
Mas entre os "Salazares" que fazem (ou prometem fazer) e os que só "desfazem" (ou prometem desfazer), o "povão" prefere os primeiros.
Afinal, independentemente de quem "sonha" ou de quem "quer", é preciso mesmo é que a obra nasça!

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Saramago que se cuide...

Um padre, de setenta e quatro anos, em Covas do Barroso, concelho de Boticas, foi detido na posse de um autêntico arsenal de armas, munições e explosivos que escondera na própria sacristia.
O Saramago que se cuide...

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

O Malho

Augusto "The Hammer" Santos Silva terá agora como Ministro da Defesa uma oportunidade soberana para exercer os seus dotes de "Malhador" e vamos lá ver se terá "hortaliça" suficiente para falar grosso com a tropa. Aposto que não, que se tentar, muito rapidamente, meterá a "viola no saco".
É que ele, aliás como o "chefe", é dos tais "valentões" que só calcam enquanto sentem o piso mole.
Não se dará muito bem com "passeios fardados" de sujeitos armados.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

"IF"


O que a notícia de maus tratos aos alunos no Colégio Militar tem de incrível é que pareça constituir um espanto público. É mais um daqueles "segredos de Polichinello" que abundam na sociedade portuguesa, pois toda a gente já, pelo menos, ouviu falar das violentas "praxes" a que os "veteranos" submetem os "ratas", penso que é assim que no calão interno e não deixa de ser esclarecedor, que são designados os alunos mais pequenos.
Sugiro um filme já com "barbas", mas sempre actual: "IF" de Lindsay Anderson (1968) onde poderão ver (ou rever) um magnífico desempenho do então jovem Malcom McDowell e ter uma visão, infelizmente ainda demasiado presente, desse tipo de "universos".

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Suma Teológica

Saramago provou que pode estar velho, mas não está parvo. Ele mais a Pilar ainda sabem como é que se vende um livro.
Nada como uma boa "polémica" para lançar o produto e, num tempo em que reina a imbecilidade, quanto mais imbecil melhor.
Pior do que ver um Prémio Nobel da Literatura esgrimir argumentos de um anticlericalismo "tabernícola", pois até o meu avô, que era analfabeto, dizia coisas da "profundidade" de "Caim nunca existiu!", é reparar que a esse propósito temos um povo de "teólogos instantâneos". Segundo um inquérito divulgado pela SIC-Notícias , um em cada dez portugueses afirma ter lido a Bíblia na íntegra.
Aposto que um em cada vinte leu a "Crítica da Razão Pura".
E pelo menos Passos Coelho afirmou que o seu livro preferido é "O Ser e o Nada".
Isto assim não é um País, é um Seminário de Doutoramento em Aldrabologia Aplicada.

domingo, 18 de outubro de 2009

Novas Oportunidades

Para quando um regime de "Novas Oportunidades" para atribuição da carta de condução?!
É que em cada operação Stop são apanhadas cada vez, para além dos bêbados, mais condutores "sem habilitação legal o efeito", isto é, sem carta.
Eles (e elas) demonstram "competências" - a prova é que já conduzem, havendo até uma senhora que já foi apanhada trinta e sete vezes (!!!). A maior das dificuldades parece ser de ordem teórica, é que costumam chumbar no Exame de Código. Mas não ficámos nós fartos de "teorias" típicas do ensino salazarista?!
Como costuma dizer um sábio "anónimo" português de todos os séculos: "Deixemo-nos de filosofias (ou teorias), vamos mas é ao que interessa"!
Assim como assim, também entre os que têm carta e fizeram o Exame, praticamente ninguém liga ao Código - que, aliás, só existe para "chatear" e para que o Estado obtenha receitas com a "caça à multa".
Vamos lá a ser pragmáticos!
É que isto assim nunca mais anda "p`rá a frente"!

sábado, 17 de outubro de 2009

Uma Política Educativa a Sério

O Governo que agora cessa funções caracterizou-se por ter na pasta da Educação uma equipa claramente inadequada às funções e que, em termos políticos, contribuiu fortemente para que o Partido Socialista perdesse as Eleições Europeias e a maioria absoluta nas Legislativas - um quinto dos eleitores e dos deputados (mais de meio milhão de votos e mais de vinte deputados), ao alienar uma parte importante da sua base social de apoio.
Não o afirmo na convicção de que uma força política séria e com responsabilidades governativas deva pautar a sua acção pelo agradável para os seus eleitores tradicionais, nada disso. Mas o que não deve fazer é desbaratar capital político por equívoco e erro estratégico, preferindo uma putativa e, ainda por cima, frustre “alavancagem” táctica a um enunciado transparente de medidas que, por dolorosas que pudessem ser, fossem percebidas pelos seus intervenientes directos como benéficas do ponto de vista sistémico.
Ora nada disso aconteceu – a equipa do Ministério da Educação portou-se como um grupo de aventureiros em constante fuga para a frente, tentando atropelar tudo e todos, revelando uma enorme falta de bom senso, promovendo com a cobertura evidente do Primeiro-ministro e dos seus Ministros “políticos” com especial destaque para Augusto Santos Silva, bem como um conjunto vasto de opinion makers que fazem obviamente parte do set propagandístico do Governo e organizações dele subsidiárias, mesmo na mais literal das acepções, como a Confap do Sr. Albino, uma política cega de ”passa culpas” e perseguição socioprofissional.
A equipa ministerial dando cumprimento a uma tarefa política que lhe foi encomendada pela task force que dirige de facto a política governamental, (cito a propósito, Marcos Perestrello quando em tom crítico e, de algum modo, auto-justificativo na sequência do resultado das “Europeias”, auto-denunciou o “esquema” dizendo que “era preciso criar pressão sobre certos grupos sociais para que a população aceitasse as reformas”), alegando “boas intenções“ iniciais, fazendo-as acompanhar de diagnósticos tremendistas como o alegado “caos organizacional” das Escolas visto por Lurdes Rodrigues assim que tomou posse, o que, a ser verdade, se pode dizer de certeza vivida, que piorou bastante com o seu consulado.
Claro que os objectivos reais desta política foram diminuir os custos do Ministério da Educação reduzindo a sua massa salarial, mas logo e para o justificar, descambou numa autêntica e inaudita campanha negra de apoucamento e vexame a uma única classe profissional como em toda a história moderna de Portugal, e presumo de qualquer país civilizado, nunca terá sido desencadeada, refiro-me à autêntica guerra social contra os professores, em que estes foram o “bode expiatório” e que serviu de cortina de fumo para o fracasso das políticas sociais prometidas (Onde estão, ou mesmo antes da crise das “costas largas”, alguma vez estiveram os 150000 empregos? Porque, ao contrário do prometido subiram os todos impostos, só para quem os já pagava claro, e Campos e Cunha foi “despedido” das Finanças? Tal como Sócrates que fez um “brilharete” no debate com Louçã acusando-o de pretender pôr em prática medidas de ataque à classe média assalariada que o próprio governo se está a preparar para tomar - Teixeira dos Santos e o Grupo de Estudos para a Reforma Fiscal - já assumiram o fim ou forte redução das deduções à colecta em sede de IRS das despesas com Saúde e Educação).
Esta situação e para lá de qualquer questão meramente salarial foi sentida como uma série de enxovalhos públicos pelo sector, que reagindo aos sucessivos desaforos viu o seu espírito de corpo potenciado, o que fez com que uma “corporação” realmente mais fraca do que todas as outras se unisse como nunca fizera, por obra e graça de um governo que pôs no “ataque às corporações e aos lobbies” toda a sanha persecutória e que muito à PS (no poder, pois na oposição costuma ser “revolucionário” e esquerdista) gera sempre e precisamente os efeitos contrários aos que era suposto.
Até as medidas positivas e que correspondem sem dúvida a necessidades sociais indiscutíveis – escola a tempo inteiro, aulas de substituição, reparação e conservação física do parque escolar, inglês, informática e educação física generalizados – foram tão mal aplicadas e tão embrulhadas em propaganda e acções de mero “faz de conta” e o seu potencial foi de tal modo desbaratado que corremos o risco de grave retrocesso por alteração da conjuntura política.
O mesmo se diz do nefando modelo de “Avaliação de Professores” que de monstro burocrático incapaz de avaliar fosse o que fosse, passou a mera paródia administrativa destinada a fazer de conta e cumprir cotas para poupar uns trocos. Repare-se que do tão “rigoroso” processo de Avaliação de Desempenho foi dispensada a pedido a observação de aulas, centrando-se a dita “avaliação” no inverificável cotejo entre o que se terá feito e produção em série de mera “papelada” ou seja, lixo a curto prazo.
Do mesmo “lunatismo” procedeu a divisão da Carreira Docente em Titulares e não-Titulares com base no mais atrabiliário dos processos de selecção alguma vez registados e que produziu resultados do género “Jogos Santa Casa”, mas sem qualquer prémio pecuniário fosse para quem fosse. Assinale-se que os professores mais graduados foram compelidos a concorrer sob ameaça, nem sequer muito velada, da Ministra Lurdes Rodrigues que quando inquirida numa estação de TV acerca do que aconteceria aos docentes dos três escalões de topo que não concorressem a titulares, foi peremptória na resposta: “Por enquanto nada!”
Aliás, foi a mesma ministra que chamou “loura” a uma professora profissionalmente prestigiada durante um programa na RTP 1 e foram os Secretários de Estado Lemos e Pedreira que, referindo-se aos professores em público, os designaram por “professorecos”, o primeiro, tendo-os o segundo comparado a “ratos e bolachas”. Foi também durante este consulado que foram castigados professores em funções em Direcções Regionais por “delito de opinião” – o caso Charrua e forças policiais “visitaram” sedes de Sindicatos em vésperas de manifestações que apesar de tudo isso e se calhar, também por isso, foram gigantescas, a maior das quais no dia 8 de Março de 2008 contou com 120000 manifestantes (num total de 150000) e a adesão da totalidade dos sindicatos e organizações representativas existentes.
A alteração por sobrecarga dos horários dos professores também é de “cabo de esquadra” uma vez que as pessoas são concentradas durante horas a fio em espaços exíguos e não equipados, a fazer rigorosamente nada só para efeitos de demagogia barata, tendo depois que sacrificar o seu tempo privado em casa, à noite e durante os fins-de-semana para fazer aquilo que nas escolas não é possível que seja feito. Para além do óbvio e inusitado subsídio ao Sistema pois não conheço e duvido que exista, grupo profissional que mais desembolse para custear as insuficiências funcionais do Sistema Educativo desde a simples esferográfica, até aos computadores, à ligação à Internet, às folhas, aos tinteiros do líquido mais caro do mundo (a tinta de impressão) e a todos os periféricos - tudo é suportado pelo próprio docente.
Sejamos claros e honestos – as Escolas em Portugal não têm espaço, nem equipamento para albergar toda a sua população docente em simultâneo, não foram sequer concebidas para isso. Numa Repartição ou em qualquer empresa há instalações, secretárias, computadores para todos os funcionários, nas escolas, pura e simplesmente não há, e fazer de conta que o que é, não é, é pura ficção.
Também é pura ficção o mito do sucesso nos resultados desta “política educativa” - as pressões sobre os professores são tão grandes e as “vias de certificação “ são tantas e tão variadas que o enfoque mera e pesadamente estatístico se afasta imenso de toda e qualquer qualificação real das populações e aproxima-se perigosamente de uma mega-fraude.
As escolas públicas transformaram-se numa espécie de gigantescos ATLs para “taludos” e os professores em animadores sociais a quem se exige depois, cinicamente, que apresentem resultados nos rankings em que pontificam inevitavelmente as escolas privadas não sujeitas a todo este processo de condicionamento.
Por tudo isto e por muito mais que fica por dizer se exige uma Política Educativa a Sério em que a demagogia e a propaganda não sobrelevem do real interesse público e que devolva ao sistema educativo a paz dinâmica necessária ao seu próprio aperfeiçoamento e à melhoria real e objectiva das reais qualificações e necessidades funcionais do país e da sua população.

(Professor Titular – "mortinho" por devolver o “Título”)

Sopas Depois de Almoço

A recente condenação por parte da ERC da suspensão do "Jornal de Sexta" da TVI é aquilo a que, no Algarve, se costuma chamar "sopas depois de almoço"!

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Felizmente Há Luar

Com o título que dei a este post não me estou a referir à Liga de Unidade e Acção Revolucionária, mas tenho pena, pois começo a achar que (re)começa a fazer falta.
A legislação de suposta protecção ao consumidor de iniciativa PS ou dos governos PS costuma ter, em regra, o efeito exactamente contrário ao que seria a intenção do legislador.
Agora é a "transparência" e o "combate" à especulação e à arbitrariedade nos créditos bancários de iniciativa do Secretário de Estado Serrasqueiro, em que se promete obrigar os Bancos a não alterar os spreads a seu bel-prazer e a moderar as condições leoninas que costumam impor aos clientes que não são nem muito ricos, nem muito vigaristas. Demais a mais o presidente (ena tantos!) da Associação Portuguesa de Bancos já ameaçou que quem acabará por pagar o custo destas iniciativas serão, como de costume, os clientes.
Dado o histórico é caso para desconfiar; aliás, não é só neste sector - a nova Lei do Arrendamento do Secretário de Estado Eduardo Cabrita também ia "desbloquear" o "mercado" e foi o que se viu, rien de rien.
Estas situações mais do que recorrentes fazem-me lembrar uma passagem da peça "Felizmente há Luar" de Luís de Sttau Monteiro em que dois dos membros da Junta Governativa que regia Portugal após derrotadas as Invasões Francesas e antes do regresso do rei D. João VI do Brasil, se travam de razões. Um deles era o Marechal inglês William Beresford, comandante-em-chefe das forças "libertadoras" e o outro era o Principal Sousa, prelado católico português, que não "morria de amores" pelo "herege" britânico, dizendo Beresford:
- Só cá estou para amealhar um pecúlio que me permita regressar aos bosques da velha Inglaterra e lá viver como um gentleman.
- Ora, diz o Principal Sousa, por cá também há bosques!
- Pois há, retorque o inglês, mas as árvores são tão raquíticas que parecem ter sido todas plantadas por si!
Um pouco como nas leis "à PS" - não se consegue destrinçar se é só inépcia (o que não seria de espantar dada a abundância de "assessores" e "adjuntos" jurídicos muito "verdes" made in "J"), se é má-fé, ou, o mais provável, é que seja uma mistura de, como se diz em "neo-português", "ambas as duas" !!!

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Almas Penadas

Há gajos que na outra encarnação devem ter sido Luís XVI - ainda hoje não têm cabeça!

Obrigado Senhor Doutor!

Ele há coincidências - então não é que o "ciclo" eleitoral terminou no domingo à noite e na segunda-feira de manhã já estavam a ser anunciados um ror de despedimentos colectivos.
O mais curioso é o da Qimonda em que, numa espécie de "bilhar às três tabelas", a Administração começa por anunciar que serão seiscentos os trabalhadores atingidos, a Comissão de Trabalhadores reage alegando que esse número é superior ao inicialmente previsto e Basílio Horta, presidente (mais um) da Agência Nacional para o Investimento, confirma o número indicado pela Administração apesar de o considerar "uma notícia infeliz".
Posto isto e já ao cair da noite, a Administração vem dizer que, afinal, não são seiscentos os trabalhadores a despedir, mas "apenas" quinhentos, numa aplicação literal da "táctica da gangrena" que passo a ilustrar:
Um sujeito vai ao médico com um braço em muito mau estado e este diz-lhe que está gangrenado e que a única coisa a fazer é amputá-lo rente.
O homem aterrorizado clama:
" Oh senhor doutor e não se pode fazer mais nada?!".
O médico, após um breve período de reflexão, mantendo um ar grave, responde:
"Bom, vamos tentar amputar só a mão!"
O pobre homem, reconhecido e emocionado, balbucia em lágrimas:
"Muito obrigado Senhor Doutor, Vossa Excelência é um santo!!!"

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Nova Maioria

Está encontrada uma nova espécie de maioria: a maioria dissoluta!

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

O "Regresso" - Viagens na Minha Terra Autárquica

Os resultados das Autárquicas de 11 de Outubro foram sensivelmente os esperados com algumas, poucas, surpresas, mantiveram o PSD como força com maior número de presidências quer de municípios, quer de freguesias, o PS teve alguns ganhos, sobrelevando os de Lisboa, Leiria e Beja e algumas perdas de vulto, Faro e Espinho; mas pontuou em termos globais ainda que não concretizando algumas expectativas como Setúbal e “fogachos” como a expectativa de última hora criada em torno de uma hipotética “transposição” de resultados das recentes Legislativas, que saíram totalmente goradas.
O “povo é sereno” como disse o almirante “sem medo” e tem a maturidade suficiente para não misturar “alhos com bugalhos” e distribui bem os “ovos” pelos “cestos”.
A nível nacional e nas mais mediatizadas autarquias prevaleceu um certo bom senso. Em Lisboa ganhou António Costa, político muitíssimo bem preparado, com grande capacidade de trabalho e diálogo efectivo, com a preciosa ajuda de Helena Roseta e do “Zé” Sá Fernandes, que mobilizou a esquerda do Partido Socialista, com Manuel Alegre em campanha e com transferência de votos da CDU e do Bloco, pois a parada era demasiado alta e era preciso impedir a “recaída” Santana Lopes, o que se conseguiu por uma “unha negra” (afinal e o que interessa é o resultado: “A vitória foi difícil, mas foi nossa” e, “virtudes” do Método de Hondt, com maioria absoluta)).
No Porto a vitória foi, como era de esperar, de Rui Rio demonstrando que, como aliás aconteceu em Sintra, o povo não gosta de ser “gozado” ao ter como candidatas alternativas por parte do PS duas senhoras de inegável valor, mas previamente bem sentadas no Parlamento Europeu, o que obviamente, e em política o que parece é, lhes diminuiu muito a apetência real pelas respectivas edilidades; os resultados e a campanha do Porto provam a “migração“ do PS de partido dos pobres para partido dos “pobrezinhos” e da manutenção de um certo status quo assistencialista estribado no “politicamente correcto” mas socialmente injusto (sabiamente capitalizado por demagogos como Paulo Portas).
Já em Faro o resultado pode ter sido objectivamente injusto, Apolinário foi um bom presidente de câmara, mas a “promessa” Macário, com obra feita ali mesmo ao lado, foi mais sedutora e ainda que por pouco, vitoriosa.
O populismo “forte” foi recompensado, Isaltino e o major Valentim lá vão continuar a sua “obra” com evidente reconhecimento eleitoral; já o populismo “fraco” foi punido, Fátima Felgueiras e o “errante” Ferreira Torres viram-se preteridos e castigados por “maus passos” anteriores demonstrando a sagacidade do provérbio que afirma que é impossível enganar todos para sempre.
Ocorreram ainda resultados que configuram “surras” monumentais e que decorreram do “carisma” dos candidatos – os de Moita Flores em Santarém e Luís Filipe Menezes em Gaia, ambos na casa dos 60% (só superados por uns “arrasadores “ 76% em Boticas, concelho com, evidentemente, muito menos exposição e “massa crítica”).
Ocorreu ainda na Freguesia de Ermelo, concelho de Mondim de Basto, um homicídio com raízes na disputa política local e que se constituí com um funesto sinal de até onde é que pode chegar a exacerbação das rivalidades, demais a mais em meios pequenos onde os “ódios” pessoais tentem a travestir-se em posicionamentos político-partidários.
A CDU perdeu sete câmaras entre as quais a de Beja, mas não faz mal porque ganha sempre!
O Bloco "prá frentex" que é contra as touradas e os rodeos exibe uma situação digamos que paradoxal - o único município que governa é o de Salvaterra, assim para o "marialva" e onde a aficion é regra.
Já o CDS/PP manteve o munícipio liminiano e está à espera do desfecho de Mondim de Basto devido à tragédia por lá ocorrida.
Cá pelo burgo a situação ao nível da correlação de forças retornou, mais coisa menos coisa, à que existia há vinte anos, maioria absoluta da CDU, muito por mérito desta força em especial do seu candidato à presidência da Câmara, Carlos Humberto e dos candidatos às presidências das Juntas, (o mesmo se passando em Coina mas ao contrário, com merecida e singular vantagem do candidato do PS), e por um enorme demérito da assumida alternativa - o Partido Socialista do Barreiro que protagonizou um recuo histórico assinalável, (lembremo-nos que a última maioria absoluta da CDU remonta a 89, quebrada pelo PS em 93 (com Emídio Xavier).
O PS local não só não recuperou a câmara que perdera em 2005 como retrocedeu em número de votos e mandatos deixando ao PCP/CDU o controle quase total dos destinos das autarquias do concelho.
Estes resultados explicam-se por várias razões:
- A “balcanização” interna do Partido a nível local com lutas de facções e de protagonismos e interesses que dão, justa ou injustamente, uma imagem de conjunto muito desfavorável de força em que o deficit de projecto político autónomo é aparentemente superado pela profusão de “projectos” pessoais e de grupos.
- A colagem a iniciativas governamentais, ainda que meritórias e mesmo essenciais para o desenvolvimento do concelho, da região e até do país, caso da Ponte, mas que transcendem largamente a esfera de decisão de uma Autarquia (o mesmo terá feito, mas mais moderadamente e com um timing mais acertado, a CDU). Neste particular o PS/Barreiro até revelou ao nível da propaganda falhas graves no domínio da tão decantada “ética republicana “ ao sugerir em outdoors de grande e média dimensão um “tratamento preferencial” por efeito de “simpatia” da parte do Governo Central à autarquia do Barreiro no caso de vitória local do PS (ou seja, insinuando o que toda a gente sabe, mas ninguém assume, de que vale mais ser “filho” do que “enteado”).
- A não demarcação e mesmo o seguidismo patente em todo o mandato anterior face a praticamente todas as posições do governo central, mesmo as mais polémicas (caso, só para exemplo, da não nomeação do representante designado pela autarquia para o Conselho de Administração do Hospital e da “empáfia” pública de dirigentes locais em relação a vários conflitos sócio-laborais ocorridos neste interim)) em que se deu uma imagem pública de maior preocupação em agradar ao Poder Central, vá-se lá a saber porquê, mas não será difícil suspeitar, do que atender aos legítimos interesses do Concelho contrariando até a longa tradição de autonomia do PS/Barreiro vastamente demonstrada aquando da firme oposição à instalação da ETRI em 97/98, também só para dar um exemplo.
- A falta de reconhecimento público de muitos dos protagonistas, com especial destaque para o candidato à presidência da Câmara Municipal que, independentemente dos seus eventuais méritos pessoais, não foi reconhecido pelo eleitorado a começar pelos próprios simpatizantes do PS e terá sido entendido com uma “aquisição de última hora” o que, embora em menor grau, aconteceu com muitos outros intervenientes e, nestes casos, as vantagens e as desvantagens ocorrem ou por que se é conhecido de menos ou por que se é conhecido de mais (curiosa e avisadamente a CDU teve mais e eficaz cuidado com este último aspecto).
- O PSD apesar da quebra, lá conseguiu eleger o seu vereador e ainda bem diga-se de passagem, pois o Nuno Banza é alguém de méritos reconhecidos e um interventor público valoroso e lá conseguiu manter os três deputados municipais do “costume” e algum pessoal nas Juntas. Acabou por perder o lugar de “charneira”, vejamos até que ponto haverá o que se costuma dizer que não há em política – gratidão.
O Bloco também e um pouco inesperadamente, perdeu votos e não conseguiu o seu objectivo principal – eleger Mário Durval como vereador (e como ele o merecia), mas a parada foi muito alta e a bipolarização por cá foi entre o PS (que acabou por não estar à altura) e a CDU o que levou a “esquerda” cá da terra e por via das dúvidas, a votar Carlos Humberto.
O BE manteve também os seus dois deputados municipais, desta vez e sem menosprezo por ninguém, com um upgrade qualitativo (Rosário Vaz). No entanto, a posição da direcção nacional do Bloco face à valência rodoviária da Terceira Travessia e a falta de tacto revelada nesta matéria pelo seu cabeça de lista às Legislativas, Fernando Rosas, podem cair muito bem no mercado eleitoral alfacinha, mas caíram pessimamente nos “índios “ desta “Outra Banda” que estamos fartos de ser e prejudicaram o Bloco nas duas eleições seguidas.
Refira-se que as listas do Bloco me parecem algo “inconsistentes “ (revelam alguma falta de equilíbrio e “solidez” no seu conjunto) e que este, por falta de experiência, de estrutura ou de ambas, não conseguiu capitalizar alguns apoios públicos de peso na sociedade barreirense. É pena, pois a estreia do Bloco nas lides autárquicas foi do melhor que aconteceu no Barreiro em 2005.
Quanto às outras forças assinale-se a acentuada subida do CDS/PP, consequência do "efeito Portas" que assume no discurso o que todos os outros “escondem”- a questão da efectiva e muito mais que “psicológica”, insegurança pública e as várias “tropelias” e distorções, mais que reais, na atribuição de subsídios de protecção social pública (vulgo “Rendimento Mínimo”); resta também sempre a “eterna” dúvida se a votação do PCTP/MRPP se deverá ao seu relativo enraizamento histórico se, apenas, à confusão da foice e do martelo?!
Do resto “não reza a história”- pelo menos para já.
Só me resta desejar a todos bom trabalho e que o Barreiro e todos os que cá vivem, trabalham ou, simplesmente, nos visitam, o sintam e apreciem!

Rodasnepervil - anagrama de “livre pensador” que chegou a ser nome próprio de conterrâneos nossos.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Aldeia Gaulesa

Se o PSD fosse uma aldeia gaulesa, o Professor Marcelo seria o bardo.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Regressão Social

São inegáveis as "conquistas de Abril" e uma das mais preciosas é, sem margem para dúvidas, o Serviço Nacional de Saúde. Apesar das suas imensas distorções e insuficiências - da falta de cuidados primários (carência gritante de "médicos de família"), da insuficiência de presteza e qualidade de muitos dos Serviços de Urgência (a "eternidade" das esperas e a rudeza do atendimento), das enormes listas de espera para cirurgias (em que muitos dos intervencionados nunca sequer figuraram), dos grandes desperdícios e
sub-aproveitamentos ditados pela promiscuidade real entre o sector público e os interesses privados e corporativos (não apenas de um, mas de vários e enredados "grupos de pressão") que provocam uma objectiva "captura" do Sistema em proveito de tudo, menos do "Interesse Geral".
Apesar de tudo isto, o que é certo é que há nichos de excelência e passámos rapidamente (trinta anos na História são um ápice) de indicadores terceiro-mundistas para cifras de vanguarda (mesmo sabendo nós o que são as estatísticas) na redução drástica da mortalidade infantil por exemplo (em que estamos muito à frente dos Estados Unidos - o que, pensando bem, acaba por não ser espantoso).
Mas há um sector fundamental em que acabámos por regredir - o da Saúde e Higiene Oral.
Se bem me lembro, parafraseando o saudoso Professor Vitorino Nemésio, os Postos da "Caixa de Previdência" (os Serviços Médicos Sociais) da minha meninice (anos 60 do "século passado") dispunham de consultas de Estomatologia, para onde os miúdos costumavam ir arrastados pelos pais, já que as mães e as avós não tinham força para tal e da qualidade do desempenho dos dentistas, médicos estomatologistas na sua generalidade (está bem que depois apareceram os "sargentos da Marinha" e outros que tais) e mesmo considerando a "bruteza" do trato clínico da época, pouca gente se poderá queixar.
(A propósito, não posso deixar de lembrar o "velho" Heraclito quando afirma: "Gente estranha são os médicos - sangram, cortam, amputam, torturam e, ainda por cima, exigem honorários").
O que se terá passado para os dentistas terem, pura e simplesmente, desaparecido da Saúde Pública entre nós, não sei, mas todos sabemos que desapareceram e que o Serviço Nacional de Saúde se "esqueceu" desse "ligeiro pormenor" e, assim, deu-se uma autêntica regressão social, tendo nós hoje, um dos indíces mais baixos de saúde oral da Europa.
Sendo certo que temos uma população dada a futilidades e a uma "cultura" da aparência que despreza o essencial em favor do "luxo" e do acessório, por isso muito do dinheiro gasto por particulares em dentistas deve-se a "modas" como o "branqueamento" dentário (chamam-lhe questões de "estética" quando é puro kitsch) e aparelhos de ortodôncia usados, quase como insígnias, a "torto e a direito" (como diz Salazar em "Como Se Levanta Um Estado" - "se quereis conhecer verdadeiramente uma casa portuguesa, não fiqueis pela sala de visitas, ide aos quartos").
Não é menos verdade que o total desinvestimento do Estado nesta área crucial da Saúde provocou a negligência generalizada nos comportamentos e vem "engordando" os "gulosos" do costume e não apenas aqueles que por excesso de açucar dão cabo dos dentes.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

VIVA A REPÚBLICA!



Todas as rupturas históricas acabam por encobrir ou "disfarçar" continuidades que a breve trecho vêm ao de cima como o azeite na água.
Portugal é uma República que nunca o foi em pleno, tal como as revoluções russa e chinesa não produziram bem o socialismo, (que não tinha sido "pensado" para esse tipo de sociedades), também em Portugal a Iª República herdou muitos dos vícios caciqueiros da Monarquia Liberal a que se juntou a instabilidade permanente.
Afinal "casa em que não há pão, todos ralham e ninguém tem razão".
Mas foi inegavelmente um sinal de vontade de progresso social e político num país que se arrastava há muito na "choldra" e que de "choldra" em "choldra" lá tem feito o seu caminho atribulado mas, ainda assim, com muitas mais-valias colectivas.
Bem sei que muitos dos países em que no mundo se vive melhor são monarquias, na verdade são "Repúblicas" com uma cabeça coroada, mas, infelizmente, não creio que tal tivesse sido possível em Portugal. A nossa "bipolaridade" estrutural e a "inércia" devorista da nossa classe dominante precisam de rotatividade nos "bodes expiatórios"; assim o jogo do "passa culpas" funciona melhor e mesmo considerando o longo interregno salazarista, (que afinal era um "santo" e foi "traído" por Marcello Caetano), estamos fadados a ser uma República que, como a Pátria para os "sebastianistas", tarda em cumprir-se!
Mesmo assim e que me desculpem os meus caros amigos monárquicos:
TRÊS VIVAS À REPÚBLICA!!!

domingo, 4 de outubro de 2009

"Variadores"

Não serei certamente o único a reparar nas novas "variantes" da língua portuguesa que agora abundam nos "mídia". Como estamos em contexto de "Autárquicas" alguns pivots (galicismo "modernaço" que designa os locutores) ao prescrutarem os objectivos das forças concorrentes dizem, tentando falar com um tom "fino", como ouvi ainda há pouco: "o Partido X quer eleger N "variadores" para a Câmara Y".
"Variadores"?! - o que serão "variadores"?
Serão tipos que "vareiam" ou que, simplesmente, variam?!!!

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

O Apego ao Estado

Por cá o apego ao Estado, aos seus "tiques", modelo burocrático e linguagem pesa tanto que até as empresas privadas, desde produtoras de vinho a estações de televisão e SADs da "bola", costumam incluir nos seus organogramas cargos como o de "Director-Geral".
Apre!!!

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Política e Autarquias

Ainda que provocatoriamente, pois é inegável o progresso devido ao Poder Local, custa-me a entender as mais valias estritamente políticas, isto é, no campo das "marcas próprias", das opções diferenciadas que decorrem de haver eleições autárquicas em que intervêm, até há bem pouco tempo em exclusivo, forças partidárias.
As autarquias locais são mais efectivas no cumprimento do seu papel de entidades administrativas do que de entidades propriamente políticas e passo a esclarecer:
No concurso para o governo do Estado Central as forças políticas apresentam, pelo menos em teoria, soluções diferentes para os mesmos problemas e essas soluções têm um cunho ideológico - algo separa as propostas sobre Segurança Social do PSD e do PS por exemplo e para ficarmos só no "centrão", o mesmo se passa em relação ao Serviço Nacional de Saúde, à legislação laboral e por aí fora.
Ora, para as autarquias nada disto se passa, nada de "concreto" e objectivo permite distinguir uma Câmara do CDS de uma da CDU - a prática é sempre a mesma, até pelos condicionalismos orçamentais que as envolvem e que as fazem depender, em esmagadora parte, das taxas e licenças de construção, isto é, do "betão".
É mais fácil encontrar-se no trabalho realizado o cunho pessoal de certos autarcas independentemente da sua "cor" partidária e de serem de "esquerda" ou de "direita".
Por isso e pela irresponsabilidade na prestação de contas de certos executivos (cuja responsabilidade se extingue, na prática, com o mandato), que à pala da "legitimidade conferida pelas urnas", praticam todo o tipo de desmandos financeiros, arranjando sempre maneira de contornar a, já de si, pouco apertada legislação que existe e deixando "heranças" envenenadas que vão manietar seriamente a acção dos sucessores, que, ainda por cima, recebem muitas vezes o ónus político dessa situação, pois terão que passar grande parte dos seus mandatos nas "encolhas" e consequentemente, sem poder mostrar "obra" por estarem totalmente absorvidos no trabalho menos "vísivel", mas não menos importante, de "tapar" esses "buracos" (pagar dívidas, etc.).
É por estas e por outras como a redundância de órgãos colegiais - executivos camarários e Assembleias Municipais com pouco poder efectivo e onde acontece uma inédita mistura de democracia participativa "directa" - a intervenção do público, que ocorre também nas reuniões públicas de Câmara; democracia representativa - os eleitos e democracia "orgânica" - os Presidentes de Junta de Freguesia que participando no órgão por inerência, mas dispondo direito de voto indiscriminado (o que não acontece nas eleições para as, aliás ineficazes, Áreas Metropolitanas) acabam por distorcer a sua representatividade.
Mas quando chega a hora de tentar mudar o "estado das coisas" e como é necessária uma lei com efeitos constitucionais o que implica que terá que ser aprovada por dois terços do Parlamento, há sempre alguém que se nega e "fica tudo na mesma como a lesma".
É por estas e por outras, como ia dizendo, que chez nous as autarquias continuam na sua "nobre" função de "albergue espanhol" e depois a "rapaziada" admira-se de Salazar ganhar concursos de popularidade!