Logo a seguir ao 25 de Abril e na sequência de ter fundado, com um amigo, a Secção do Barreiro do Partido Socialista fui um dia, ainda em 74, à Sede Nacional do PS então em S. Pedro de Alcântara onde é hoje a FAUL e saí de lá carregado com propaganda para trazer para o Barreiro. Apanhei então um táxi para a estação do Terreiro do Paço.
O taxista, na melhor tradição da "classe", começou logo a "desbobinar" dizendo cobras e lagartos da "selva" a que "isto" tinha chegado e a "culpa" que o 25 de Abril tivera nisso tudo. Culpa, aliás, que estendeu a Marcello Caetano que classificou de "banana" e por isso a "coisa" terá dado no que deu. E acrescentou:
- "Sabe amigo (é claro que não reparou que a propaganda que vinha embrulhada e atada era do PS), sabe como é que isto se resolvia? Não era preciso só um "Salazar", mas quatro, um para cada canto do país e o "pior", quer dizer, o "melhor", ia para o Alentejo"!
É muito antiga esta pulsão nacional por um "pai tirano" (ou até por "quatro") que seja capaz de "cortar a direito" e que "ponha isto nos eixos" e foi neste "caldo de cultura" que emergiram figuras da democracia com um perfil entre o "severo" e o, pelo menos, "austero" - Eanes, Cavaco, Ferreira Leite e até Sócrates (de uma forma um pouco mais à Frei Tomás) são frutos políticos desses anseios de pôr fim a um certo "regabofe", nem que seja com outro de sinal contrário.
Este pano de fundo é, a espaços, temperado por "raposas" bonacheironas (pelo menos na aparência) como Soares ou pelo insular histrionismo de Jardim (conquanto não saia da Ilha).
Mas entre os "Salazares" que fazem (ou prometem fazer) e os que só "desfazem" (ou prometem desfazer), o "povão" prefere os primeiros.
Afinal, independentemente de quem "sonha" ou de quem "quer", é preciso mesmo é que a obra nasça!
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2 comentários:
Uma só palavra EXCELENTE.
Caríssimo:
Muito honrado com a tua distinção.
Tozé
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