sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Felizmente Há Luar

Com o título que dei a este post não me estou a referir à Liga de Unidade e Acção Revolucionária, mas tenho pena, pois começo a achar que (re)começa a fazer falta.
A legislação de suposta protecção ao consumidor de iniciativa PS ou dos governos PS costuma ter, em regra, o efeito exactamente contrário ao que seria a intenção do legislador.
Agora é a "transparência" e o "combate" à especulação e à arbitrariedade nos créditos bancários de iniciativa do Secretário de Estado Serrasqueiro, em que se promete obrigar os Bancos a não alterar os spreads a seu bel-prazer e a moderar as condições leoninas que costumam impor aos clientes que não são nem muito ricos, nem muito vigaristas. Demais a mais o presidente (ena tantos!) da Associação Portuguesa de Bancos já ameaçou que quem acabará por pagar o custo destas iniciativas serão, como de costume, os clientes.
Dado o histórico é caso para desconfiar; aliás, não é só neste sector - a nova Lei do Arrendamento do Secretário de Estado Eduardo Cabrita também ia "desbloquear" o "mercado" e foi o que se viu, rien de rien.
Estas situações mais do que recorrentes fazem-me lembrar uma passagem da peça "Felizmente há Luar" de Luís de Sttau Monteiro em que dois dos membros da Junta Governativa que regia Portugal após derrotadas as Invasões Francesas e antes do regresso do rei D. João VI do Brasil, se travam de razões. Um deles era o Marechal inglês William Beresford, comandante-em-chefe das forças "libertadoras" e o outro era o Principal Sousa, prelado católico português, que não "morria de amores" pelo "herege" britânico, dizendo Beresford:
- Só cá estou para amealhar um pecúlio que me permita regressar aos bosques da velha Inglaterra e lá viver como um gentleman.
- Ora, diz o Principal Sousa, por cá também há bosques!
- Pois há, retorque o inglês, mas as árvores são tão raquíticas que parecem ter sido todas plantadas por si!
Um pouco como nas leis "à PS" - não se consegue destrinçar se é só inépcia (o que não seria de espantar dada a abundância de "assessores" e "adjuntos" jurídicos muito "verdes" made in "J"), se é má-fé, ou, o mais provável, é que seja uma mistura de, como se diz em "neo-português", "ambas as duas" !!!

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