domingo, 16 de outubro de 2011
Vossa Excelência (Também) É Um Mentiroso
Senhor Primeiro-ministro: depois de ouvir da parte de Vossa Excelência uma das mais falaciosas "justificações" para o esbulho dos subsídios de Natal e Férias apenas aos Funcionários Públicos e Pensionistas, dizendo que "o Estado não paga os salários dos trabalhadores do sector privado". Então como explicará Vossa Excelência o confisco "universal" do subsídio de Natal do ano corrente por via de um imposto extraordinário?
Pelos vistos o que procede às segundas, quartas e sextas é, no dizer público de Vossa Excelência, improcedente às terças, quintas e sábados (e aos domingos logo se vê). Completamente fartos das patranhas e da manifesta idiossincrasia de contornos sociopáticos do seu predecessor, muitos portugueses, entre os quais milhares e milhares de funcionários públicos, que deram sempre o melhor de si - estudaram, trabalharam, pagaram impostos, muitos fizeram o Serviço Militar e desses, muitos, também, foram combatentes numa guerra que todos sabiam perdida de antemão - mesmo não se identificando ideológica e politicamente com Vossa Excelência, confiaram que a sua governação corresponderia, pelo menos, a uma elevação de carácter e a um sério comprometimento com a verdade. Verificam agora que o esforço e a honra dos seus compromissos não os afastaram em definitivo da presuntiva indigência, expondo-se a ficar, afinal, em situação semelhante aos que nada, antes pelo contrário, fizeram para nela não caírem. Em suma, estamos a chegar ao ponto em que qualquer um, sem que tenha nisso a menor das responsabilidades, se pode, num ápice e malgrado o desempenho próprio, tornar num qualquer.
Nesta hora aziaga em que medidas desta natureza só contribuem para corroer ainda mais a já frágil coesão social do País, colocando-o na zona de previsão de grave conflitualidade interna e não se verificando o alegado défice de explicação que lhe é imputado por alguns dos seus apaniguados e cínicos arautos, pois a população não é estúpida e entende-o muitíssimo bem, o que é também muitíssimo diferente de aceitar como boas as "soluções" que pretende impor por estarem longe do necessário dimensionamento da justiça e da equidade, condições sine qua non de todo o empreendimento colectivo (e até da simples eficácia).
Testemunho, com mágoa, que sendo o adjectivo "mentiroso" definido como "qualificativo daquele que mente", Vossa Excelência também é um mentiroso.
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