No rescaldo, ou na ressaca, como preferirem, dos resultados das Europeias será preciso pôr alguns pontos no iis (sem esquecer os jotas pequeninos) porque, como de costume, anda por aí muita falácia tóxica:
- Não concorreram apenas duas forças políticas. Parece até que o boletim continha dezasseis siglas, se bem que os impressos de apuramento, pouco habituados a tanto "pluralismo", só trouxessem catorze linhas. Isto quer dizer que é uma narrativa, no mínimo, redutora, e, já agora, mistificadora dizer que tudo se resumiu a embate entre o PS de Seguro e a Aliança Portugal de Passos e Portas. Se a vitória do PS não foi de esmagar, a derrota da direita governamental foi de arrasar ("numbros" são "numbros" e não há mas, nem meio mas, escusam de chutar para canto).
- Está reeditada a velha "maioria de esquerda", que não costuma servir para nada, mas, enfim, está de volta.
- Marinho e Pinto no MPT, mas poderia ter sido noutro qualquer, pode reeditar o "PRD" e sem televisão, imagine-se o que teria sido com ela.
- A literacia política do eleitorado português encontra-se a um nível muito elevado, os resultados de Marinho e Pinto e do "LIVRE" de Rui Tavares, sem mediatização e a elevada taxa de abstenção voluntária e deliberada (o dia até nem esteve de praia) estão aí para o comprovar.
- A CDU (ou seja o PCP) capitalizou o descontentamento com os "partidos do arco da governação", mas desta vez não se queixou de discriminação na cobertura mediática, nem teve razões para isso, os patrões da comunicação social resolveram tratá-lo bem.
- Não afirmo que seja intencional, mas como nestas coisas o que conta é o resultado e os juízos devem ser objectivos o PCP/CDU ao anunciar a apresentação de uma Moção de Censura ao Governo está a anunciar que vai retribuir o favor e que lhe dará, e também ao PSD e ao CDS, uma oportunidade de ouro de aparecer por via da maioria, ainda absoluta, unido e ganhador. Cheira-me a "frete" e a "leninismo de trazer por casa". Mas nestas coisas dos "fretes" também se dizia que os costumava fazer a tia de um amigo meu, e não é que veio a tornar-se uma senhora de bem.
- O PS foi prejudicado pela votação em Marinho e Pinto e o seu eco tonitruante populista e "justiceiro" truculento, sendo o único que pega de caras o tema da corrupção que os outros, esquerda radical incluída, vá-se lá a saber porquê, ignoram olimpicamente (ou nem tanto por tão etéreos motivos); foi prejudicado pela abstenção, enorme e sábia; foi prejudicado pelas tricas internas e semi-internas (visto que os fautores são um caso à parte), como as facécias e os useiros e vezeiros melindres, que levam ao lavar da roupa suja em público, por parte do clã Barroso/Soares (excepção feita a João Soares), sempre imperscrutável e movido por insondáveis razões que a razão costuma desconhecer, e foi prejudicado pela memória recente (que costuma ser curta, mas nem tanto) de Sócrates, pelo estilo "Pinóquio" do "engenheiro" da bancarrota, que a contragosto ou não (para o caso tanto faz) chamou a "Troika", reavivada em doses cavalares pela "campanha negra" da coligação que, tirando matraquear nisso, nada mais disse ou fez; foi ainda prejudicado pela falta de "chama" de Seguro e de Assis que, sendo pessoas estimáveis e tendo já disputado a liderança do partido entre si, não têm "punch" para estas andanças.
- O PS foi prejudicado pela votação em Marinho e Pinto e o seu eco tonitruante populista e "justiceiro" truculento, sendo o único que pega de caras o tema da corrupção que os outros, esquerda radical incluída, vá-se lá a saber porquê, ignoram olimpicamente (ou nem tanto por tão etéreos motivos); foi prejudicado pela abstenção, enorme e sábia; foi prejudicado pelas tricas internas e semi-internas (visto que os fautores são um caso à parte), como as facécias e os useiros e vezeiros melindres, que levam ao lavar da roupa suja em público, por parte do clã Barroso/Soares (excepção feita a João Soares), sempre imperscrutável e movido por insondáveis razões que a razão costuma desconhecer, e foi prejudicado pela memória recente (que costuma ser curta, mas nem tanto) de Sócrates, pelo estilo "Pinóquio" do "engenheiro" da bancarrota, que a contragosto ou não (para o caso tanto faz) chamou a "Troika", reavivada em doses cavalares pela "campanha negra" da coligação que, tirando matraquear nisso, nada mais disse ou fez; foi ainda prejudicado pela falta de "chama" de Seguro e de Assis que, sendo pessoas estimáveis e tendo já disputado a liderança do partido entre si, não têm "punch" para estas andanças.
- O Bloco, sem Louçã, sem Rosas e sem (este irremediavelmente) Miguel Portas, abandonados os "temas fracturantes" em favor de causas com dono antigo (o PCP e a CGTP/Inter) continua no plano inclinado descendente de retorno à insignificância, assim como os filmes de "reprise", bons para beber umas "jolas" e para matar saudades dos arraiais e pouco mais que isso. Vá lá que a cabeça de lista ainda logrou pôr de pé uns quantos votantes que lhe garantiram mais um lustro de permanência no PE que, como toda a gente sabe, é o melhor sítio onde um revolucionário pode estar, que o diga o Cohn-Bendit (aka Danny Le Rouge) que esteve lá uma catrefada deles.
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