António Costa (não esse...), director do "Diário Económico", declarou ao "Fórum" da TSF que a intenção do governo de privatizar a RTP esbarrou no apego sentimental que os portugueses nutrem por três empresas até agora públicas, a própria RTP, a TAP e a Caixa Geral de Depósitos.
Ora o interlúdio na sanha de entregar as "jóias da coroa" ao cleptotropicalismo (como aconteceu com o BPN) não se deveu apenas a questões de natureza sentimental, mas mais em concreto e no caso da RTP, à oposição interna dos barões da comunicação social, que soem defender o "liberalismo" só e quando não toca aos seus interesses. São assim "liberais" ou "neoliberais" às segundas, quartas e sextas e "proteccionistas" (sobretudo para si próprios) às terças, quintas e sábados (aos domingos almoçam todos à custa da gente). Na verdade o "mercado", ou seja, o "bolo" publicitário, não dá para todos (nunca deu, mesmo antes da presente "crise") o que permite decretar a suspensão das suas tão decantadas "leis" (as da tal "mão invisível"), que só são "científicas" quando acontece darem jeito.
Estas convergência táctica entre o interesse geral (como não se cansava de repetir um, agora profilacticamente auto-exilado, estudante de Ciência Política) e determinados interesses particulares (Lenine diria que há circunstâncias em que até o "diabo" serve) não permite iludir que a RTP tem muitos cancros, de que a obscenidade dos salários de umas quantas "vedetas" (verdadeiramente "pornográficos"), um certo "residualismo" e a obsessão "concorrencial" de querer competir em telelixo com as estações privadas (que nesse campeonato são imbatíveis) são exemplos crassos.
Tirando, se não me engano, o Luxemburgo (por exiguidade) e a Bulgária (talvez por imprestabilidade ou pior), todos os países da UE têm, pelo menos, uma estação pública de televisão. No Mundo desde a mítica BBC (em Portugal é melhor esquecer o "paradigma" que, por cá, não passa de conversa fiada) até à televisão pública dos próprios States, esta é praticamente um "must" civilizacional. Só nesta república a "galfarragem" instalada na desgovernação (os tais "liberais" encostados) delira com "privatizações".
Desta vez e tal como no caso da TAP (dois tiros no porta-aviões), enganaram-se. Afinal o Poder ainda não caiu nas "relvas" (pelo menos na totalidade) e o lobby Balsemão mostrou-lhes quem manda.
A velha "ordem social estabelecida", quando lhe pisam os calos ou se esquecem de quem é o patrão, é ainda capaz de fazer valer as suas prerrogativas.
O respeitinho continua a ser muito bonito!!!
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