terça-feira, 12 de novembro de 2013

É a Economia, Estúpido ! (Acerca do Conto de "Fadas" da Natalidade)




Já dizia o psicanalista Bruno Bettelheim que os contos de fadas são, na verdade, contos de mais qualquer coisa. E no ano em que Portugal está a atingir o recorde negativo absoluto de nataliadade desde que há estatísticas, essa "estória" tem sido contada vezes sem conta. É um "conto" útil para certas contas, mas não exactamente para as contas certas.
Não, não é a quebra da natalidade que está a comprometer a sustentabilidade da Segurança Social e do sistema de pensões, o que está a dar cabo de tudo  isso é o desemprego e a crise da economia real por obra do desindustrialização e do desinvestimento em actividades produtivas em favor da especulação e da geração de "bolhas" para todos os gostos.
A falácia da demografia tout court é "música para camaleões". Se assim fosse a Argélia devia ter a Segurança Social mais sustentável do mundo. O mesmo se passa com a "Educação", se fosse apenas esse o factor de desenvolvimento e o "ascensor social" por si só, não haveria engenheiros ucranianos emigrados a trabalhar como trolhas.
Na China, que exporta população, mas tem uma demografia pujante,  há a política  do filho único; em Portugal que também exporta a população que não tem, há a política do filho zero.
Ah pois, já me esquecia, a China é uma ditadura totalitária, Portugal uma democracia plena. 

domingo, 10 de novembro de 2013

Cobardiologias



 
 
 
 


 
O Professor Adriano Moreira do alto dos seus mais de noventa sábios e vigorosos anos, convocando pelo exemplo, dada a gravidade da hora, a emergência da união de esforços de todos os patriotas em ordem à desparasitação do país da "lepra" dos vendidos e traidores - afirmou em entrevista ao Diário de Notícias e à TSF, que quem teria que responder ao Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, perante as suas "queixas" em relação a Portugal, seria necessariamente o Presidente da República Portuguesa, Aníbal Cavaco Silva.
Mas este tem preferido "guardar de Conrado o prudente silêncio" não vá "o caldo entornar-se" ainda mais. Esta (não)posição não só não honra Portugal, como também não dignifica o cargo para que foi eleito. Neste como noutros assuntos que envolvem a soberania, demonstra não estar à altura.
Podemos estranhar tal comportamento, mas ele tem explicação: A Angola do MPLA - como a sua antiga mentora, a Rússia (então URSS) - passou do "marxismo-leninismo" à cleptocracia mais descarada, no caso de Angola mesmo chocarreira. Diz-se até que a guerra civil angolana opôs os ladrões aos assassinos, só que os assassinos também eram ladrões e os ladrões também eram assassinos.
Os oligarcas angolanos sabem muito bem com quem costumam lidar em ambiente de "negócios" e que Portugal é também uma cleptocracia, em versão sonsa, pelo que estão à vontade pois estão conscientes dos limites dos "apertos" e dos riscos a que, neste quadro de abjecção nacional, poderão estar sujeitos e também estão perfeitamente conscientes da sua própria “imunidade” sob a ameaça de "porem a boca no trombone". Por essas e por outras não tem havido reação que não seja "pedir batatinhas" e demonstrar que, afinal, "é tudo farinha do mesmo saco".
Perdeu-se toda a vergonha e nem sequer funciona o lugar-comum da "mulher de César".
Enfim, já que estamos em maré de rifões:
"Zangam-se as comadres..." .
("Para bom entendedor...").
 

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Não Sigamos o Cherne (a Propósito de uma Luta entre Dignidade e Preço)

 
 
 
 
  


"No reino dos fins tudo tem ou um preço ou uma dignidade. Quando uma coisa tem um preço, pode-se pôr em vez dela qualquer outra coisa como equivalente; mas quando uma coisa está acima de todo o preço, e portanto não permite equivalente, então tem ela dignidade."

      Kant, Fundamentação da Metafísica dos Costumes, II

Durão Barroso veio, mais uma vez, ao bolsar pressões explícitas sobre o Tribunal Constitucional Português  (é curioso como ninguém se lembra de o fazer sobre o alemão, por exemplo) para além de demonstrar o enorme servilismo que lhe deu o lugar que (ainda) ocupa, ameaçar que o "caldo estará entornado".
Ora esta persistente situação de chantagem  por parte da direita paroquial e dos "decisores europeus" traz à colação a luta entre a dignidade que a Constituição da República Portuguesa  assume para Portugal como Nação Soberana e os que representam as continuadas diligências em que vale tudo, na incessante tentativa da sua derrogação fáctica, já que têm falhado as  de "profunda revisão constitucional" para a desfigurar.
Sendo certo que, como avisou  o "pragmático" Passos, o texto constitucional não dá emprego e por extensão de comer a ninguém, não é menos verdade que em estados de direito as leis e demais a mais a lei fundamental, são de mister a servir para alguma coisa. Por isso mesmo já o velho Heráclito de Éfeso (não, não estou a imitar Socrate le Jeune) avisa que devemos bater-nos por elas como pelas muralhas da cidade.
O "caldo entornado" de José Manuel (forget about the Durão) Barroso é mais um lembrete de que "quem não tem dinheiro não tem vícios", nem se pode dar ao luxo de ter leis ou democracias. Vindo de quem vem não é de estranhar, nem sequer é original destas horas amargas, que o direitismo mais oportunista e socialmente reacionário venha dos ex-esquerdistas convertidos ao radicalismo de sinal oposto. Barroso foi, nos anos 70, um assanhado militante da "linha vermelha" do MRPP de ideologia Mao/LinPiaoísta, que se inspirava no Bando dos Quatro e na hecatombe humana que foi a chamada Revolução Cultural Chinesa. Linha que  também inspirou os khmeres vermelhos e a "obra" que fizeram no Cambodja.
É claro que  Durão Barroso arrepiou caminho e assumiu um verniz mais "civilizado", mas não nos iludamos, o bichinho ficou lá.
Este é, aliás, um fenómeno recorrente na Crise que mediou entre as duas Grandes Guerras do séc. XX. Aconteceu algo de semelhante a ambiciosos arrivistas que da "esquerda", muitas vezes mais extrema, passaram à direita radical. Sem querer estar a engrandecer o "camarada" Zé Manel, foi o caso de Mussolini e de uma vasta gama de colaboracionistas franceses.
Esses acabaram mal. Por enquanto quem está a passar mal são as massas de cidadãos que em nada contribuíram para esta sangria e sobre quem os arrivistas e colaboracionistas do presente ameaçam "entornar o caldo".
Lembremo-nos de que a Constituição  foi forjada num processo de recuperação da nossa dignidade colectiva enquanto Povo e Nação e isso exclui qualquer preço, demais a mais, sem indícios de "tabelamento" garantido.
Desta vez não sigamos o cherne!!!

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Grandes Paineleiros


O (des)governo  quer criar mais uma entidade, parece que a Autoridade da Concorrência não chega, reguladora para os preços dos combustíveis. Deve ser para regular aqueles painéis nas auto-estradas que avisam que dali a um ror de quilómetros há outros painéis que, por sua vez, avisam que dali a outro ror de quilómetros há vários postos de abastecimento de combustíveis que diferem nas marcas, mas têm os preços iguais até à terceira casa.
Grandes paineleiros!!!

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Socrate e Sócrates




Numa coisa Socrate Le Jeune se adiantou a Sócrates o Antigo, publicou um livro, o que o outro nunca fez.
Cá para mim também deve ter arranjado algum "Platão"...

domingo, 3 de novembro de 2013

É dos (Maus) Livros.. (ou Alô Daqui Fala o Morto)


Afinal parece que a tradição ainda é o que era. Pelo menos a avaliar pela alegada (e muitíssimo retardada) nova resposta policial portuguesa ao mistério do desaparecimento de Maddie McCann, há mais de seis anos na Praia da Luz, perto de Lagos no Algarve. Agora o  principal suspeito é um morto - um antigo empregado do complexo turístico Ocean Club com antecedentes criminais e entretanto convenientemente falecido. É um clássico do culpado ideal e também uma peça recorrente na "História Universal da Infâmia",  os mortos não costumam, a não ser em circunstâncias muito especiais que envolvem mesas de pé-de-galo, falar e assim o resultado interessa a (quase) todos, tirando obviamente os pais da criança.
Como foi no então Allgarve, está a tentar encerrar-se o caso em passo de corridinho, de maneira que à voz do mandador se possa cantar:
- E, palminhas, acabou e ninguém se enganou !!!
Seria engenhoso, se não fosse tão ascorosamente corriqueiro, para além daquele pequeno pormenor de também ser ignóbil.


Coisas do Carvalho






Proença de Carvalho em entrevista a Henrique Garcia na TVI 24 (ronda dos "presidenciáveis" de direita para  que o Professor Marcelo não se sinta só) declarou que achava lamentável, e cito de memória, que a Procuradora-Geral da República não tivesse pegado no telefone e ligado ao seu "colega" de Angola a dar-lhe os "parabéns" pelo arquivamento do processo de averiguações.
A candura é de facto uma coisa admirável, ainda que colida com o semblante mefistofélico do dr. Proença. Faltou ter dado o "guião", agora que estão na moda, para a chamada:
- Como é madié? Náo vale a pena armares maka por coisa tão pouca. Mas olha meu, não te preocupes, está arquivado. Aquele Abraçaço!!!
Para além da consciência clara da realidade do "espírito santo de orelha" que induz a violação sistemática do "segredo de justiça" (o único segredo em Portugal é o de Polichinello) e do "milagre"  dos arquivamentos providenciais (o que, mais uma vez, vem provar que "neste país" o que tem que ser tem muita força) ficamos, mesmo em tempo de descrença, com uma certeza reforçada:
Ele há coisas do Carvalho !!!