domingo, 28 de outubro de 2012

Ultraje !



"Perdigão perdeu a pena
Não há mal que lhe não venha."

                Luís Vaz de Camões

O Ministério do dr. Paulo Portas tem que esclarecer se há alguma relação daquelas entre o "fumo" e o "fogo" nesta imagem duplamente ultrajante.
Não sei se depois da fragata que mandou, ou falou em mandar, para a Guiné- Bissau aquando do último golpe de Estado (?!) local e de que esta "rapaziada" se fartou de rir, ficou com vontade de fazer algo mais destemido.
Até porque o acto mais "heróico" que se lhe conhece foi o de, quando era Ministro da Defesa,  ter  enviado umas embarcações da nossa Armada (triste foi Pedro soldado) interceptar a clínica flutuante de umas "desmancha-prazeres" holandesas (a dr.ª Gomperts & Friends).
Ah valente!!!




sábado, 27 de outubro de 2012

O Cume de Dante



No que se pode considerar uma sentença muitíssimo controversa, o Tribunal da cidade italiana de Áquila condenou a penas de prisão os membros de uma "Comissão de Altos Riscos", entidade constituída por prestigiados cientistas (sismólogos e vulcanólogos) e membros da Protecção Civil não, como se tem dito e escrito, por "terem falhado" as previsões após os primeiros sinais do sismo de 2009 que acabou por vitimar de morte mais de trezentas pessoas, mas por terem minimizado o problema e divulgado um comunicado oficial "tranquilizador" que instou os habitantes da região a permanecer em suas casas, o que lhes veio a ser fatal.
Ora são coisas muito distintas, uma coisa é o "erro" científico, outra, muito diferente, o comunicado "político" que arriscadamente cientistas-funcionários acabaram por protagonizar. Demais a mais numa área, como a sismologia, em que a previsibilidade é muito diminuta.
Visa este texto contribuir para o debate  acerca da eventual responsabilização judicial de decisores políticos e administrativos cujas acções e omissões se venham a verificar gravemente lesivas do interesse público ou mesmo catastróficas. Pode perguntar-se se essa responsabilização não será susceptível de determinar um judicialização "inquisitorial" da democracia que poderá degenerar numa autêntica "caça às bruxas"?
Tudo dependerá do que estiver em causa, da justeza procedimental e dos factos que forem apurados. Entendo que a "irresponsabilidade" jurídica dos actos políticos não pode verificar-se a qualquer custo e que a mera cessação dos mandatos não poderá nunca fazer prescrever as responsabilidades efectivas e não apenas no chamado "julgamento político" que alguns julgadores em causa própria pretendem restringir aos actos eleitorais que "penalizariam" de modo "suficiente", com o simples afastamento, os maus decisores. Tal não me parece de todo justificável sempre que, como agora está sobejamente à vista, as consequências nefastas dessas decisões na área da segurança face a fenómenos naturais (os famosos "Actos de Deus" da jurisprudência anglo-saxónica), mas também na económico-financeira, social , previdencial, educativa, etc. sejam de tal monta e perdurem por períodos que excedam largamente os putativamente mitigados por essa simples "revogação" de mandato ou abandono de cargo.
Escolhi para título desta crónica "O Cume de Dante" ("Dante's Peak") - nome de um filme americano de 1997,  de Roger Donaldson, com Pierce Brosnan e Linda Hamilton, cujo enredo gira em torno do conflito ético entre um vulcanologista (Brosnan) e uma "mayor" honesta (Hamilton) - também os há, pelo menos nos filmes - e os interesses "empresariais" (turísticos e comerciais) das forças vivas de uma cidade-estância de desportos de Inverno perante os primeiros sinais de alarme de uma erupção vulcânica. Ora, o cotejo com a situação dos Abruzzos não poderia ser mais certeira, ainda por cima Dante, ele mesmo - o da "Divina Comédia" - era italiano.
De todas as tomadas de posição publicadas na nossa imprensa que vi e li, a que mais me chamou a atenção foi a do deputado Francisco Assis, homem inteligente e excelente de pluma, na sua página semanal do "Público", numa espécie de assomo vitalista de que me permito discordar quando conclui ser esta sentença "populista" e  espelhar a aversão da velha e comodista Europa ao "risco" e à "iniciativa", atitude que, a persistir, que se traduzirá pela inevitabilidade da decadência económica e pela inexorabilidade do empobrecimento.
Tenho para mim que muito mais grave do que o eventual populismo desta sentença foi a decisão da social-democracia europeia de mimetizar o modelo norte-americano (mas não em tudo), ainda que na versão do Partido Democrata e do seu "mate" (noutras "eras" dizia-se "compagnon de route") e "cavalo de Tróia", o  New Labour de Blair no abandono da matriz socialista tradicional e na adesão ao social-neo-liberalismo da "Terceira Via", essa sim uma decisão catastrófica para a Esquerda e para os povos da Europa. Muitíssimo pior do  que  considerar  apenas digno de deputados, mesmo os que pelos vistos esconjuram os "excessos de proteccionismo" do "Estado-Providência" desde que lhes continue a providenciar (nunca se questionando porque será que nada disso acontece no Reino Unido, quanto mais na Suécia, e que o Quénia, por exemplo, tenha dos deputados mais bem pagos e com mais mordomias do mundo) não terem que se deslocar em algo tão "pindérico" como um simples "Clio".

sábado, 20 de outubro de 2012

"Gigões & Anantes": à memória de Manuel António Pina (1943-2012)





Gigões são anantes muito grandes.
Anantes são gigões muito pequenos.
Os gigões diferem dos anantes porque
uns são um bocado mais outros são um bocado menos.

Era uma vez um gigão tão grande, tão grande,
que não cabia. – Em quê? – O gigão era tão grande
que nem se sabia em que é que ele não cabia!
Mas havia um anante ainda maior que o gigão,
e esse nem se sabia se ele cabia ou não.

Só havia uma maneira de os distinguir:
era chegar ao pé deles e perguntar:
Mas eram tão grandes que não se podia lá chegar!
E nunca se sabia se estavam a mentir!

Então a Ana como não podia
resolver o problema arranjou uma teoria:
xixanava com eles e o que ficava
xubiante ou ximbimpante era o gigão,
e o anante fingia que não.

A teoria nunca falhava porque era toda
com palavras que só a Ana sabia.
E como eram palavras de toda a confiança
só queriam dizer o que a Ana queria.

Quase Todos os Nomes





Em conversa com um colega, veio à colação um dos mais curiosos fenómenos político-mediáticos dos últimos tempos, o dos epítetos metafóricos com que, em autêntica desgarrada, tem sido mimoseado o Orçamento de Estado para 2013. "Esbulho", "saque", "confisco", "assalto" simplesmente, "assalto à mão armada", "devastação", "bomba atómica",  "cancro", "septicemia", "arrastão", "crime fiscal",  "genocídio",  "harakiri", "suicídio" e até "eutanásia", "monstro", "aberração" e por aí fora, em sucessiva e eloquente aproximação imagética à verdade dos factos (tendo em conta que não passa de um "aborto"). As mais das vezes vinda, um tanto ou quanto paradoxalmente (ou talvez nem tanto assim), da Direita e até pondo na mesma linha de tiro personalidades que não morrem propriamente de amores umas pelas outras...
Podemos queixar-nos do Orçamento, não nos podemos é queixar de falta de eloquência ou de imaginação discursiva.
Não o estranho, acho até bastante normal, num País em que a  principal matéria-prima - o bacalhau -  para mais de uma centena de pratos nacionais é pescado nas águas da Noruega ou do Canadá e o endoutrinamento do financeirismo  protestante tem por bastião-mor a Universidade Católica.

Post Scriptum: Na listagem faltam, como refere o "quimnar", o "napalm", a "psicopatia" e mais alguns epítetos de grande e adequada intensidade dramática. Mas a memória é o que é e, nestas idades, não é o que já foi...

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Bailar a Fofa (Confronto Pastoril nas Ilhas Afortunadas)







Mesmo em época nada bucólica, acaba de ocorrer um confronto "pastoril", em sintonia com a paisagem, entre uma "Cabral" e um "Cordeiro" nas afortunadas ilhas dos Açores. O eleitorado regional preferiu o de nome mais tenro, delfim de um sóbrio César e recusou bailar a "Fofa" laranja com quem,  talvez com uma delgada ponta de injustiça do ponto de vista estritamente pessoal, viu poder vir a revelar-se "coelho" ou melhor, "gato escondido com confiscatório rabo  de fora". Berta Cabral acabou por pagar pelas "más companhias" continentais.  Parece-me, no entanto, que não ficaram os Açores e o País mal servidos de "anho".
As diferenças entre os Açores e a Madeira são profundas e as personalidades dos seus líderes históricos costumam delas ser espelho fiel. Entre João Bosco Mota Amaral e o "vitalício" Alberto João Jardim dizia-se que eram de "opus dei" para "copus night". Também agora o povo açoriano preferiu a continuidade  de um ritmo mais "seguro" a uma ruptura com previsíveis "passos" para trás. O CDS paga o "imposto da (frouxa) solidariedade" governamental e  "leva com o Portas em cima" para parafrasear a subitamente ressuscitada imagética "proletária", tão ao gosto dos velhos grupos "m-l", que nos trouxe o deputado Fazenda (da "sensibilidade" UDP do Bloco) com o comentário  da actual (e já ficcional)  maioria (um cadáver adiado que procria)  ter "partido os dentes" e a consentânea implícita consideração de que o  Bloco e o PCP/CDU, com um deputado cada, serão certamente "as espinhas encravadas na garganta" dos poderes regional e nacional.
Parabéns e força, força camarada Vasco !!!


domingo, 14 de outubro de 2012

Recomendação



Meus senhores: ORGANIZEM-SE !!!
Recomendou Jorge Sampaio à "classe política" portuguesa em entrevista à SIC - Notícias.

sábado, 13 de outubro de 2012

Fia-te na Virgem...





Lá em cima estão o pide e o patriarca
Cá em baixo estão o bispo e o fascista
Juntaram-se todos a rezar
Para ver como hão-de salvar o sistema capitalista

                    Modinha cantada durante o PREC (1974/75)

O senhor Cardeal Patriarca, D. José Policarpo, afirmou em Fátima: "O que está a acontecer é uma corrosão da harmonia democrática da nossa Constituição e do nosso sistema constitucional.  Não se resolve nada contestando, vindo para grandes manifestações".
Ó senhor D. José, com todo o respeito que me merece, quer pelas funções que desempenha, quer enquanto homem de Saber, permita-me que concorde com, pelo menos no sentido literal, uma das proposições desse seu enunciado e discorde da outra. Refiro-me a: "O que está a acontecer é uma corrosão da harmonia democrática da nossa Constituição." É verdade, sim senhor, está a acontecer que  um Governo formado na base de uma vitória eleitoral com Programas sufragados que se propunham fazer exactamente o contrário do que está a ocorrer, está a dar o dito por não dito. Na verdade, ambos os líderes da coligação PSD/CDS, declararam  em Campanha Eleitoral que não subiriam impostos, que não cortariam subsídios, salários e pensões e que iriam cortar nos "gastos intermédios" e "gorduras do Estado" sem nunca terem explicado, nem bem,  nem mal, em que é que isso consistiria. Logo a sua legitimidade política actual é nula, pois foram eleitos na base de reiteradas mentiras. Por isso não está a haver, por parte do Governo em funções e da maioria que o apoia na Assembleia da República, qualquer respeito pela "harmonia democrática" e pelo "sistema constitucional" que Vossa Reverência parece tanto prezar. Já  quanto à segunda proposição: "Não se resolve nada contestando, vindo para grandes manifestações" - permita-me que discorde. Não sei se se resolverá alguma coisa vindo para "grandes manifestações" (presumo que Vossa Reverência fará excepção das "grandes manifestações" que, em dias certos, costumam ocorrer em Fátima) sendo certo, do meu modesto ponto de vista,  que serão sempre preferíveis a pequenas manifestações ou à sua total ausência. Pelo menos, permitirão que se exerça o democrático "Direito à Indignação" e que se demonstre que (para repescar outra velha palavra de ordem dos idos de Abril): "O Povo não quer troca-tintas no Poder".
Ou Vossa Reverência considera que mentir já não é pecado? Se assim for, permita-me que ache, no mínimo,  bizarra essa forma de ser católico. 
Talvez Vossa Reverência entenda que em vez de manifestações, devamos fazer muitas e profundas preces e orações. Num País em que o último milagre reconhecido pela Igreja de que Vossa Reverência é, por cá, o dignitário máximo ocorreu há noventa e cinco anos. Sinceramente não me parece ser solução e até me faz lembrar uma "estória" que o meu saudoso pai costumava contar e nos poderá servir de oportuna parábola:
"Indo dois ribatejanos pela lezíria a cortar caminho para apanharem o comboio para Lisboa, foram acometidos por um touro que por ali pastava. Um deles fugiu para cima de uma árvore, o outro ajoelhou-se de mãos postas em sonora prece. 
Disse-lhe então o que estava a salvo em cima da árvore:
 - Fia-te na Virgem e não corras e logo verás a cornada que apanhas!"

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Palavras Para Quê?!










A Tecnoforma, uma empresa de que Passos Coelho foi consultor e administrador, dominou por completo, na região Centro, um programa de formação profissional destinado a funcionários das autarquias que era tutelado por Miguel Relvas, então Secretário de Estado da Administração Local. (Público, 7/10/2012) 

Palavras para quê? Se bem que vendidos a interesses estrangeiros, são "artistas" portugueses!!!

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

O Pátio e a Galé (Está Contente Senhor Presidente?)









Na cerimónia de comemoração do 5 de Outubro (data que estes biltres pretendem sonegar) deste ano da desgraça de 2012, ocorrida, por medo do Povo e a despeito de uma manhã esplendorosa, não na Praça, mas em recinto fechado, no Pátio da Galé a que nos acorrentaram e em que, como forçados, remamos sem saber para onde, o Senhor Presidente da República começou por hastear a Bandeira de modo consentâneo com o estado do País, de pernas para o ar. Depois houve canto lírico de protesto numa iniciativa que só não foi travada porque, dada a sua elegância e maviosidade, terá sido confundida com um acto protocolar e, por fim, uma mulher de meia-idade (certamente uma "cigarra") irrompeu aos gritos de desespero e raiva e foi manietada e expulsa pela segurança. De pouco valeu terem-se posto a recato, a voz irada da Nação fez-se ouvir naquilo que poderá ser apenas mais um prenúncio. Têm bastas razões para temer.
É caso para perguntar ao homem que hasteou a Bandeira ao contrário se está contente?
Está contente, Senhor Presidente, pelo estado a que o senhor, enquanto chefe de governo, também deixou chegar o País?
Está contente por ter desmantelado a Indústria Pesada e Transformadora?
Está contente por ter abandonado a Agricultura a as Pescas?
Está contente por ter encerrado a Marinha Mercante e a Construção e Reparação Navais?
Está contente por ter arruinado a Ferrovia em detrimento de uma insustentável e redundante rede rodoviária que agora nos custa os "olhos da cara" para encher os beneficiários das tais PPPs?
Está contente com o destino do dinheiro para a Formação, vindo do Fundo Social Europeu, consumido em parasitismo e inutilidades?
Está contente com os jipes (então conhecidos por "IFADAPs") e as moradias com piscina que os chicos-espertos deste País compraram e mandaram fazer com os fundos desviados de "sacos" então aparentemente sem fundo?
Está contente por ter pactuado com os Bancos na "bolha imobiliária" que amarrou as famílias portuguesas às casas que lhes ficam a pagar uma vida inteira e que, após anos de "festa", vêem agora desvalorizar a pique?
Está contente com a camarilha de arrivistas que criou e alimentou até darem em "banksters" e trafulhas polivalentes?
Está contente com a "economia moderna" de "clusters" e "serviços" (quer dizer bandeja e "call centers" ) que os seus "gurus" modernaços andaram a vender e a "implementar", destruindo as bases da economia real?
Está contente por enquanto "homem do leme" ter levado a "galé" ao naufrágio?
Parabéns Senhor Presidente, Vossa Excelência é um homem de "rasgo"!!!