Ouvi o Professor João César das Neves e o banqueiro António Horta Osório discorrerem sobre a "crise" e a sua solução e fiquei, uma vez mais, verdadeiramente impressionado com a irredutibilidade das "mónadas" em que cada um de nós é capaz de viver. O Professor César das Neves, Catedrático de Economia da Universidade Católica (Católica School of Business and Economics), que é, em aparente paradoxo, o alfobre-mor do mui pouco católico, por especulativo e usurário, neoliberalismo em Portugal, crê na vocação salvífica e redentora da miséria (que não para ele próprio, claro) induzida por esta crise, a que chega a cantar públicas hossanas.
O banqueiro Horta Osório, o tal do "burnout", não se importa de incendiar milhares de vidas alheias que, uma vez queimadas, não terão direito a qualquer período de "convalescença" como ele próprio teve, quando se descobriu que, afinal, não era assim tão à prova de fogo.
O Professor Neves aqui há uns anos, entrevistado para uma rádio, se não me engano a TSF, à trivial pergunta de um desejo para o Ano Novo, pois estávamos na cristã quadra do Natal, respondeu e cito de memória:
"O meu maior desejo, neste momento, é que fossem despedidos cinquenta por cento dos funcionários públicos"!
Para "católico" estamos conversados. Onde está a caridade, no sentido próprio do termo que é o do amor ao próximo?
Estes mandarins/mandaretes não têm o comum das gentes como o "próximo" e terão uma noção muito pouco universal, logo nada Católica, de Humanidade. Trata-se, se deixarmos, do retorno a uma avassaladora Idade Média de miséria e obscurantismo para a esmagadora maioria e de opulência para alguns e seus serventuários, onde encaixam muito bem o Professor César das Neves e o banqueiro Osório.
Episódios como estes são manifestações de uma espécie de regresso dos Bórgias, no mais escandaloso dos deboches na versão do esbulho financeiro, da destruição de milhões de vidas que se acreditavam como dignas a coberto do farisaísmo entusiasmado de sicofantas como os Professores Neves e os banqueiros Osórios deste mundo.
Não, não disse Médicis, disse Bórgias...
Não, não disse Médicis, disse Bórgias...
É a Opus deles!!!
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