quarta-feira, 10 de junho de 2009

Olhe que não senhor engenheiro, olhe que não!

As luminárias que delinearam a estratégia política do “seu” PS, que devem ser as mesmas que determinaram a escolha de um trânsfuga do PCP para “colher votos à esquerda” com os resultados que estão à vista, procuraram desde o princípio do mandato sufragado com uma maioria absoluta que resultou de um Programa Eleitoral muito diferente do que veio a ser o Programa de Governo, que por sua vez foi superado pela prática governativa em arrogância, prepotência e autismo, como há muito não se usava na sociedade portuguesa, determinar-lhe uma táctica.
Essa táctica assentou no “combate aos interesses corporativos”, tendo sido eleitos para bodes expiatórios das maleitas nacionais, os funcionários públicos e em especial, os professores. Entende-se a escolha, dentro de uma lógica cínica, que foi a que orientou a operação, era preciso dar "sangue" às massas e os professores constituem um grupo profissional, logo uma “corporação” no muito fraco entendimento das tais “luminárias”, muito pouco "corporativa", económica e socialmente mais débil do que outros “corpos especiais” da função pública (médicos, magistrados, militares); mas foi subestimado um aspecto, o número, de facto 150000 são muitos votos directos, fora o resto, as famílias, etc. . Aí, as contas saíram furadas.
Se, numa primeira fase, a manobra parece ter arrastado uma certa "opinião pública" típica de um país pobre e sempre adiado, logo, muito permeável à inveja e ao ressentimento; numa segunda fase, toda a gente percebeu que ninguém ia ganhar nada com isso e o élan perdeu-se.
Quando ouço figuras como advogados de negócios, empresários da grande construção civil, da grande distribuição e da Banca, elogiarem publicamente a sua “coragem” e “determinação” na luta contra as “corporações” e os “interesses” não pode deixar de me dar uma imensa vontade de rir.
Não é preciso ser particularmente “iluminado” para perceber que governar contra a base social de apoio natural do Partido Socialista é, claramente, um erro e não é porque um Governo, mesmo oriundo de um catch all party, deva governar para contentar todos, mas isso não significa vilipendiar, vexar e atirar às “feras” grupos sociais inteiros como foi feito aos professores.
Mais que não seja porque “quem não se sente não é filho de boa gente” e como “cá se fazem, cá se pagam”, os professores reagiram massivamente e não votaram, nem votarão PS enquanto o senhor engenheiro (o que quer que isso queira dizer) estiver à frente do Partido.
Queria aparentar “virar à esquerda”, conseguiu-o, parabéns, na mouche! Basta ver os resultados da CDU e do Bloco, e por favor, não me venha com a “cantilena” da “incompreensão” e das “dificuldades em fazer passar a mensagem”, se tivesse tido uma melhor formação humanística e melhor formação tout court, conheceria certamente o poema de José Régio, as pessoas não são estúpidas e sabem muito bem, pelo menos, o que não querem.
Não pude deixar de reparar como quase não aplaudiu as palavras, sábias diga-se de passagem, de António Barreto na cerimónia do 10 de Junho, compreendo-o, interroga-se profundamente, tanto quanto consegue, por quem os “sinos dobram” e parece-lhe que pode ser por si!!!
Não tenha dúvidas, com a sua brilhante estratégia, conseguiu várias coisas:
“Devolver”, logo em 2005, a maioria das câmaras municipais em terreno tradicionalmente “hostil”, ao PSD e à CDU e agora nem com Santa Bárbara, nem com Santa Clara, nem com Santos-o-Velho, serão recuperáveis.
Alienar a base social tradicional de apoio do Partido Socialista como grande partido do povo de esquerda, em favor principalmente do Bloco e ressuscitar o PSD, que agora convoca para a “guerra” da bipolarização, mais uma vez (irra que não aprendem!) tentando “comer” o eleitorado por parvo!
Comprometer, mas se calhar era essa a ideia, os grandes projectos de interesse público nacional, como o TGV, o novo Aeroporto de Lisboa e a Terceira Travessia do Tejo.
A não ser que queira arranjar uma maneira, ainda que pouco airosa de se ir embora, o que aliás vindo de quem vem não me espanta nada, parece-me desastroso!
Mas o senhor é que sabe, aliás de acordo com a presumida auto‑suficiência que o tem caracterizado, mas depois não diga que “ninguém o avisou”.

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