terça-feira, 6 de abril de 2010

Metadona


Não sei se estão lembrados do Sócrates inaugural, no "avatar" de "animal feroz", a "jurar pela pele" dos lobbies e das "corporações". Ora, essa "guerra" verbal começou precisamente, ainda em 2005, pelo lobby das farmácias, seguiram-se, nas ameaças, os juízes e restantes magistrados, o pessoal de saúde, os militares, os polícias e os professores, e, já agora , todos os funcionários públicos ("esses malandros"). Claro que tudo isto não passou, em grande parte, de uma encenação para criar lastro para uma verdadeira "campanha negra" contra apenas alguns dos grupos enumerados, precisamente os mais frágeis, ou seja, aqueles (e ainda dizem que Marx está "morto") em que há um grande "exército de reserva", por isso, foram seleccionados os professores e entre o pessoal de saúde, especialmente os enfermeiros, para além dos funcionários públicos indiferenciados.
Alíás, a ideia era mesmo essa desde o início, é a chamada táctica da "argamassa" e do "salame", ou seja, meter tudo no mesmo "saco" para depois cortar às "fatias" e "comer" só as que interessam.
Isto a propósito de duas "desistências" confessadas pela Ministra da Saúde - o abandono do medicamento vendido em "unidose" e a confissão de que os cerca de 800 mil cidadãos sem médico de família assim irão permanecer.
É de tal sorte que foi o que se viu: a exploração das tão decantadas farmácias hospitalares foi entregue ao "inimigo" - a Associação Nacional de Farmácias e como "quem com ferros mata, com ferros morre", da parte das magistraturas é o deixar cair constante e a conta-gotas dos "podres" do Primeiro-ministro y sus muchachos, que estão muito longe de serem "flores que se cheirem", provando que "quem tem telhados de vidro, não deve andar à pedrada". Já o senhor bastonário da Ordem dos Médicos vem agora dizer que os médicos de família estão todos, no mínimo, a dobrar a casa dos cinquenta, ou seja, é um grupo essencialmente constituído pela última geração de profissionais, e bons, que não estiveram sujeitos à pressão diabólica da autêntica "blindagem" no acesso às Faculdades de Medicina e em que o Governo não mexe. A indústria farmacêutica continua a vender caixas de sessenta comprimidos a quem só precisa de seis. Qual a família portuguesa que não tem em casa uma autêntica "farmácia" de excedentes a que é preciso passar revista de ano a ano para verificar os prazos?
Um Governo que anuncia medidas sem sequer ter a intenção clara de as pôr em prática e passa a vida a "encanar a perna à rã" até dobrar o "cabo" das eleições e depois se limita a "deixá-las cair" por súbita consciência da sua impraticabilidade, quer dizer, não apenas da cedência, mas mesmo da objectiva mancomunação com os interesses dos verdadeiros lobbies e das reais corporações, cai na mais rasteira das demagogias e pelos vistos falha em toda a linha, se não outro galo (e, já agora, outro PEC) cantariam.
Moral da história: em "unidose" só mesmo a metadona!!!

3 comentários:

Paulo Goucha disse...

Mas esse é um grande negócio.
O comércio de droga, de porta aberta e perfeitamente legalizado. Quanto custa essa pesada máquina do IDT e seus apêndices?

imank disse...

E mesmo sendo em "unidose",as tomas são imensas vezes repetidas!

imank disse...

É claro que esta perseguição aos "malandros" da Função Pública, deixa de fora o chamado sector "empresarial" do Estado ("Empresas" em que o único accionista é o Estado e/ou as Autarquias), onde se gasta "à tripa forra" sem se fazer "a ponta de um corno" a não ser isso mesmo. Ele são chorudos vencimentos e prémios, ele são almoçaradas, jantaradas e outras "vernissages", ele são viagens a "Congressos" e por aí fora em "empresas" com prejuízos crónicos e deficits monumentais sem que ninguém pareça incomodar-se muito com isso.
O caso "Face Oculta" é disto elucidativo, é só ver quem pôs a mão na "massa"!