sábado, 15 de setembro de 2012

Do Nacional Porreirismo e das Suas Estirpes







Ao meu colega e amigo Francisco Edgard, com um abraço.


O vetusto "nacional-porreirismo" compreende duas estirpes maiorítárias: o "social - porreirismo" e o "liberal-porreirismo". Das passagens administrativas às vagas ad hoc para várias funções de Estado, até aos cursos acabados ao domingo, às "licenciaturas" por equivalência, passando pelo "reconhecimento de competências", pela legalização de milhares e milhares de edificações clandestinas, pela "inutilidade superveniente", pela apropriação de propriedade alheia, pela "eternização" do provisório, pelo "usucapião" por ir ficando, tudo com proveito para o "chico-espertismo" e o mais infame dos oportunismos, demonstrando à saciedade que Portugal é de quem calçou as botas primeiro. Todas são manifestações do "espírito" do "nacional-porreirismo" que nos últimos quarenta anos tem vivido o seu esplendor à pala do amiguismo, do compadrio, do "jeitinho", do factor "C", da "boa vontade" (Kant, que é alemão, deve dar saltos no túmulo quando lhe falam destes conceitos "à portuguesa"), tem tido por "apóstolos" os "sociais -porreristas", tudo malta (eis outro conceito "nacional-porreirista) de "esquerda" ou pelo menos com preocupações redistributivas (repartem tudo irmãmente, sendo que garantem sempre para si próprios o quinhão do irmão mais velho). Agora, em plena "crise", chegou a vez dos "liberais-porreiristas" que sendo uns zeros mais à direita e dos principais beneficiários do social-porreirismo - carreiras partidárias nas "jotas", cursos concluídos por volta dos quarenta em "universidades" privadas, "currículos profissionais" apenas em "empresas" dos "tios" e dos "padrinhos" - intentam decretar o seu fim, na míngua de "capital social" e alardeiam a "exigência", o "rigor", a "contenção" e a "austeridade" só para os outros, através do assalto fiscal apenas a quem ainda trabalha ou trabalhou toda a vida e já está completamente sufocado por impostos, cortes e outros esbulhos disfarçados ou à paisana. Este é o lado "liberal"; o lado "porreirista" é que, pesarosos e com a lágrima a espreitar, correm imediatamente a pedir desculpa (por favor, não tragam é a corda ao pescoço, porque podem "dar ideias" a alguém).

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