terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

A Imagem





O chefe do Grupo Parlamentar do PS, Francisco Assis, pessoa que considero séria e politicamente bem preparada, verberou o comportamento do eurodeputado do PSD, Paulo Rangel, pessoa acerca da qual faço o mesmo juízo de valor, por ter denunciado no Parlamento Europeu os crescentes condicionamentos que em Portugal vão sendo, paulatinamente, postos à liberdade de expressão, utilizando o velho, relho e bafiento argumento que ele estava a "denegrir a imagem de Portugal" nesse areópago.
Ora, esse argumento é justamente o que costuma ser utilizado nos ambientes mais ou menos mafiosos, como os da "bola" e outros que tais, quando não se quer ir ao fundo (ou até ao meio-fundo) do que realmente importa. Além de ter sido o argumento por excelência do salazar-caetanismo em relação às vozes críticas. Foi, aliás, nesse contexto que surgiu o célebre "mito" de Mário Soares a "pisar a Bandeira Nacional" em Londres e outras baboseiras do género.
Não fica, pois, bem, usar argumentos desse jaez a uma pessoa assisada como o deputado Francisco Assis, que pode não ser nenhum "santo" e ninguém lhe pedirá isso, mas é um homem com provas dadas de idoneidade e coragem e estou a lembrar-me do episódio de Felgueiras, em que o demonstrou à saciedade.
Meu caro, a "má imagem" de Portugal é dada principalmente pelo espectáculo constante de corrupção, nepotismo, compadrio e aboletamento; pelas enormes e crescentes desigualdades económicas e sociais; pela crise constante da Economia; pela inoperância da Justiça (que por não ser célere, passa a ser celerada), pelo faz-de-conta na Educação, com os custos presentes e futuros de um país de analfabetos funcionais certificados; pelos Governos que em vez de governar, se governam; por um Primeiro-Ministro que se "licenciou" a um Domingo numa "Universidade" que pouco tempo depois tratou de mandar encerrar(!!!) e cujo nome aparece associado a tudo o que são moscambilhas (e o meu amigo sabe, tão bem ou melhor do que eu, que "em política o que parece é") e com uma "família" e uma "roda de amigos" de pôr os cabelos em pé ao Rasputine, quanto mais a S. Francisco de Assis.

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