sábado, 26 de fevereiro de 2011

Jamahiriya (o "Mentor de Isratina" ou um homem muito "traquejado")


Jamahiriya é como a doutrina oficial do "Livro Verde" de Kadafhi define o Estado Líbio que, entretanto, não existe. Analisando a "etimologia" da coisa podemos adiantar que Jamahriya quer dizer: "Jamais lá iria" pelo menos enquanto o "coirão" do Kadafhi não for, no mínimo, corrido.
É um "osso duro de roer" este "Caid" ou "Guia da Revolução" que é também o autor oficial do referido "Livro Verde", cuja vantagem em relação ao "Livro Vermelho" de Mao (que era "Tze Tung" e passou, depois de morto, a ser "Ze Dong") é o "Socialismo" comportar o direito a viatura própria, ou não nadasse a Líbia em petróleo. Ao que parece, sendo coronel em 1969, ano em que liderou um golpe de estado vitorioso em nome do "socialismo pan-arabista", decretou o posto de coronel como patente máxima das Forças Armadas líbias, entretanto desmanteladas em favor de uma "Guarda da Revolução" para que nenhum general lhe fizesse sombra. Perante a ingratidão do povo, que se revolta contra tão magnânima e excelsa criatura, decidiu contratar mercenários "africanos", quer dizer "pretos", pois tecnicamemte e se não me engano, a Líbia ainda fica em África, baratos e terrivelmente eficazes, (são como o Shelltox - matam que se fartam), porque habituados a outras guerras, em que o troféu são os orgãos genitais (para ser "fofinho") do inimigo empalados; e se na Líbia escasseia o alcool, abunda o haxixe, o que para esta "tropa" vai dar ao mesmo (com ganhos para o fígado - o deles, não os que eles têm por hábito devorar). Manda também aviões atacar manifestantes desarmados no solo e (qual "Galileu" dos massacres) virar para o chão armas anti-aéreas. Perante um assassino destes, Mubarak e Ben Ali deviam ser galardoados com o Prémio Nobel da Paz.
Este é também o "visionário" "mentor" de Isratina - "Estado" que diz ter "sonhado" (talvez "inspirado" em Martin Luther King, que, no entanto, está para ele como a genialidade está para a diarreia) e que juntaria "ao vivo" e em "perfect harmony", Israel e a Palestina. Após ter levado algumas "bojardas" com a assinatura de Reagan, decidiu deixar de ser "terrorista" e passar a "amigo" do Ocidente indemnizando cada família das vítimas do massacre de Lockerbie a um milhão de dólares por cabeça, o que foi suficiente para calar a "indignação". É também um homem com muito "traquejo", pois segundo conta o embaixador Martins da Cruz (esse mesmo, o do "expediente" para pôr a filha em Medicina) quando convocados pelo personagem, os Embaixadores da UE eram embarcados em jipes e depois de vendados e conduzidos aos zigue zagues até uma tenda no meio do deserto (daquelas que foram montadas para ele em S. Julião da Barra para confirmar os seus créditos de beduíno), chegados ao local encontraram Kadafhi sentado num trono, enquadrado pela sua guarda pretoriana de amazonas boazonas (mais um truque para alimentar a sua própria megalomania e o imaginário erótico-farroupilha do "Ocidente", fantasiando uma versão kitsch aggiornata das "Mil e Uma Noites") que começa um discurso interminável em árabe mal traduzido. Eis senão quando se soergue do trono e, sem interromper o discurso, solta ruidosos traques, posto o que impertubavelmente se torna a sentar e a perorar por mais cerca de uma hora.
É o que se chama um homem traquejado!

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Longa, muito longa, vida ao camarada Alex!



Lá em cima estão o pide e o patriarca
Cá em baixo estão o bispo e o fascista
Juntaram-se todos a rezar
Para ver como hão-de salvar o sistema capitalista



Alexandre Soares dos Santos e o seu filho Pedro Soares dos Santos, respectivamente Presidente do Conselho de Administração e Administrador-delegado do Grupo Jerónimo Martins, proprietário das cadeias de supermercados "Pingo Doce" em Portugal e "Biedronka" na Polónia, na sessão de apresentação de resultados do Grupo, não foram nada meigos para Sócrates e para o Governo a quem acusaram de "utilizar truques", "mentir " e "esconder o perigo" da brutal subida de preços generalizada que se espera para Maio/Junho.
Perante o eminente flop da Moção de Censura do Bloco e da "chamada à razão" (conheci um "pinta" que justificava as sovas que dava à mulher por ter que "a chamar à razão") ao PSD por parte da "patroa" Merkel (e, claro, dos "patrões" da "patroa"), está "tudo", na política, a deixar a situação marinar e "assar o Pinóquio em lume brando" e é da "sociedade civil" que vêm as denúncias com conhecimento de causa, pois é o consumo na Polónia (pasme-se!) que está a aguentar o negócio, enquanto por cá só a recessão vai de vento em popa.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

A Medusa e o Skype


A Ministra da Educação do Governo Sócrates I, Maria de Lurdes Rodrigues (a dama do "olhar de Medusa" como a qualificou Paulo Sucena) em entrevista, emitida pela TSF no domingo, 13 de Fevereiro, a João Marcelino, director do Diário de Notícias e único profissional da comunicação a quem o Primeiro-ministro elogiou em público por razões "deontológicas" o que manifesta coerência (entende-se que estão em sintonia e afinam pela "moral" um do outro), fez lembrar aquela velha anedota das vantagens de andar de mota em pijama para nos deitarmos nas curvas. A actual presidente da FLAD (Fundação Luso Americana), cargo com que foi recompensada por "bons serviços", disse que agora é fácil dirigir instituições à distância, fazendo aquilo pelo Skype. Sobre a sua passagem pelo ME congratula-se com a "missão cumprida" e não deixou de tecer um conjunto de comentários, acrimoniosos como de costume, em que afirma não estar segura se a generalidade dos professores portugueses, excepção feita aos universitários (óbvio), terão a exacta consciência das competências que é preciso dominar para enfrentar o desafio da Escola de hoje.

Eu tenho e passo a enumerá-las:

- a velhacologia;

- a mixuruquice;

- a cobardácia;

- a filhadaputice;

- a burrocracia;

- a pedabobagem;

- a rasteirada

- a lambebotice aplicada

Competências sem dúvida indispensáveis à vivência na escola que ela própria ajudou a edificar com considerações sobre as virtudes de se criar um "ambiente competitivo, sempre necessário para o desenvolvimento" e após o diagnosticado fracasso das "políticas de motivação profissional através da elevação considerável que foi feita, a partir de finais dos anos 80, do estatuto social e remuneratório dos professores". Ora se não vingou a "cenoura", vinga o "pau" e foi preciso encetar o caminho da desvalorização e do apoucamento dos mesmos (fora aqueles milhares e milhares que já se "piraram" - a ideia foi sempre essa) professores através de medidas de degradação salarial e outras conexas de carácter meramente vexatório. Foi essa a verdadeira missão a que se prestou e cumpriu com relativo êxito.
Talvez não se lembre, não sei se ainda era "anarquista" nessa altura, que a luta dos professores no final dos anos 80 passou por encher o Campo Pequeno, mas nunca se tinham visto tantos professores unidos na rua como nas grandes manifestacões de 2008 e tudo por mérito da senhora ministra que, para exibir os seus dotes, não hesitou em classificar de "loira" uma prestigiada docente durante um daqueles "Prós e Prós" da RTP, no mais puro estilo de elevação educativa e de utilização prática, expedita e exemplar, para que nunca se possa dizer que "em casa de ferreiro, espeto de pau", das competências que entende que os professores portugueses ainda não dominam.
Teve ainda tempo para dizer que continua no ISCTE a dar apenas uma cadeira, daquelas desenhadas a preceito, "Análise de Políticas Públicas", se calhar as que ela própria levou à prática (um autêntico case study) e de dar um ar da sua "graxa" ao afirmar-se disponível para colaborar com forças políticas da área socialista e social-democrata. É o que se pode chamar "marcar Passos".
"Viver não custa, o que custa é saber viver"!

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Sansão e Dalila ou a Arte de Sacudir a Água do Capote


O Director-geral da Administração Interna, Paulo Machado, e o Director-geral da Administração Eleitoral, Jorge Miguéis, apresentaram os seus pedidos de demissão dos respectivos cargos após a "bronca" do Cartão do Cidadão que denegou, na prática, a milhares de eleitores o mais sagrado dos direitos democráticos - o voto. Ora, após a Secretária de Estado, Dalila Araújo, ter, por omissão, imputado responsabilidades aos seus subordinados directos, precisamente os dois Directores-gerais, pela opção de dispensar a notificação dos portadores do novo documento, e do Ministro da Administração Interna, Rui Pereira ter pedido desculpa aos portugueses pelo sucedido sem assumir ele próprio quaisquer responsabilidades no caso - o mínimo que devia ter feito como "homem livre e de bons costumes" e nos termos da tão decantada ética republicana. Infelizmente e desmentindo o esperado, a avaliar pelo perfl do Professor Rui Pereira, nada disso se passou e, com os rojões (e mais o verde tinto que também costuma ser muito bom), optou por encomendar um "estudo" à Universidade do Minho que imputou (sempre os filhos da "imputa") o sucedido a "questões de natureza tecnológica". Ora isso já o pagode sabia, o problema é que as "questões de natureza tecnológica" se estão a sobrepor à vontade e aos próprios direitos dos cidadãos, demais a mais, quando são "questões de natureza tecnológica" que decorrem do deslumbramento propangandístico de parvenus como o actual Primeiro-ministro y sus muchachos (y muchachas, porque no hace discriminación de género).
Há cerca de uns quinze anos, quando a Internet ainda custava os olhos da cara, comprei um equipamento informático com recurso a crédito e estipulei com a locadora um dia fixo para o saque da mensalidade, acontece que essa operação era sempre feita com vários dias de antecedência, desrespeitando o contrato. Comuniquei o facto ao meu Banco, então e como bom funcionário público, a Caixa Geral de Depósitos dizendo que não autorizava o saque antecipado. Após dança telefónica entre funcionários que iam subindo na hierarquia para subgerentes e gerentes, uma senhora acabou por me comunicar que "tinha razão, mas não podiam fazer nada porque estava tudo já em banda magnética". Acabei por responder : "Oh minha senhora, nem que fosse em Banda da Carris, então eu é que sou o vosso cliente, o dinheiro é meu, só têm que fazer o que eu digo". Como quem diz: "Afinal são meus amigos ou amigos da onça?"
Dando de barato que o caso "Cartão do Cidadão" foi apenas un affaire de incompetência e pressa "demagógico-tecnológica" (o Cartão do Cidadão foi anunciado como tendo valências que, afinal, não tem), não se consegue entender porque razão os piores receios de Huxley ("O Admirável Mundo Novo") e Orwell ("1984") estão a realizar-se: a "vontade" das máquinas (sobretudo se mal programadas) a prevalecer sobre os direitos dos cidadãos - que custaram vidas, Santo Deus.
Quanto às "Dalilas" e a ser verdade o que declararam os Directores-gerais demissionários, para além de terem sido os menos responsáveis e mais competentes dos intervenientes no processo, vem provar-se que estamos em pleno reino dos "passa culpas" e "enjeita responsabilidades" de que a nossa Administração Pública está cheia, trata-se sempre de "sacudir a água do capote" e "chutar para baixo" para aguentar o tacho.
Vergonha na cara, precisa-se!!!

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

O Simétrico Inverso




Perfilados de medo, agradecemos
o medo que nos salva da loucura.
Decisão e coragem valem menos
a vida sem viver é mais segura.

Alexandre O´Neill



O "simétrico inverso" é um conceito (ainda por cima, redundante) que acabo de inventar ("transgressing the boundaries") para caracterizar o momento da nossa proverbial "geometria variável" e, em simultâneo, enriquecer a lexicologia do PPP (Pensamento Politológico Português) que, neste momento e depois dos robalos do Godinho e do BPN, é o que está a dar. De tal maneira que ainda esta manhã ouvi um "politólogo" perorar acerca da coerência do Bloco em propor uma Moção de Censura, questionando-se se os seus próprios deputados a votariam. Com os diabos, toda a gente sabe que o Bloco tem uma larga costela trotskista e que nesta área ideológica abundam os velhos exemplos de "democraticidade exarcebada" (ou dos efeitos da ressaca, vá-se lá, agora, a saber) - lembro-me de um célebre caso nos meus tempos de Faculdade, ainda durante o PREC, em que uma lista trotskista com catorze elementos, concorrente a uma Associação de Estudantes, teve doze votos. Julgo porém que, desta vez, não irá ser assim e ainda nos arriscamos a "repetir ao contrário" a farsa de 87, desta feita sem "PRD" à vista e com um Portugal que não está a entrar para CEE, mas à beira de ser de lá corrido. Por isso os "barões" do PSD se digladiam na praça pública (ainda não na Tahrir, mas, por este caminhar, lá chegaremos) ao ponto de até o insigne e mui assisado Santana clamar: "Loucura, loucura"!
Quando o "tacho" é curto, a motivação costuma ser escassa.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Mau, mau Maria!!!


O “novo modelo” de Avaliação do Desempenho Docente é composto por 39 indicadores que, segundo o Ministério da Educação, traduzem a operacionalização do desempenho docente em evidências. Esses 39 indicadores reportam-se a 11 domínios que, por sua vez, são a operacionalização, em planos mais restritos, das 4 dimensões caracterizadoras da actuação profissional do docente. Os 39 indicadores referem-se a 5 níveis. Cada um destes níveis tem múltiplos descritores - no total, são 72.* (in ProfBlog)

* Ainda assim um pouco abaixo dos, se bem me lembro, 90 e tal do “modelo” anterior (2007/2009) – mas muito mais desequilibrado e promíscuo.

Gostava de saber qual a profissão no Globo (e até fora dele nas estações orbitais) desde capador de grilos a pica‑miolos, passando por encanzinador de curiosos, que estará sujeita a um massacre destes?

Post-Sriptum:

Mau, mau Maria!!!


domingo, 6 de fevereiro de 2011

O Salame e a Gangrena


José Sócrates fez mais uma daquelas declarações solenes seguramente aprendidas com os presidentes do futebol quando dizem "manter absoluta confiança no treinador", é certo e sabido que passados dois dias, o dito cujo está no olho da rua. Desta vez e depois dos 150 mil empregos, das Pontes, dos TGVs, do não pagamento de portagens nas SCUTs, da não subida de impostos, da não necessidade de cortar salários, é que "não haverá despedimentos na Função Pública".
Isto para fundamentar a sua postura política de PBX (não sei se se recordam: "Partido Berdadeiramente Xuxialista") face à atitude "neoliberal" do seu émulo "social-democrata".
Claro que o histórico recente nos aconselha a ter cuidado e a esperar um efeito semelhante ao de pedir um segredo a um amigo meu - ele próprio se encarrega de dizer que depois de contar aos primeiros 5 mil, a sua boca se selará como um túmulo. Sem dúvida que demonstra habilidade e beneficia da actual direcção PSD (ou os seus patronos) não dever estar nada interessada em ir para o Poder, que sabe não ter, de momento, "poder" algum. Senão e depois dos "deslizes" da Revisão Constitucional e da admissão pública da possibilidade da entrada do FMI, Passos Coelho não teria recaído com o levantamento da ponta do véu face aos previsíveis despedimentos na Função Pública, dando mais um "balão de oxigénio" ao actual Primeiro-ministro.
Outra possibilidade é, face à eminência dos despedimentos, chantagear com eles e fazer com que trabalhadores da Função Pública e imediatamente a seguir todos os outros, basta atentarmos na retórica gulosa dos dirigentes do patronato, aceitem trabalhar em quaisquer condições, em quaisquer funções, em qualquer local e com qualquer salário, ou então, para os mais antigos e com vencimentos mais elevados, indicar o caminho da "disponibilidade" levando-os, a breve trecho, à aposentação antecipada com enormes reduções do montante das pensões.
É de novo o recurso a uma velha combinação de duas tácticas inspiradas na opção entre "nós" (na verdade "eles") e o "Dilúvio"- a do "salame" que permite cortar a população às fatias "comendo" umas e virando-as contra as outras, que serão "engolidas" a seguir e a da "gangrena" - como quando o médico comunica ao paciente que terá que lhe amputar a perna que está muito gangrenada e perante o pavor deste, que lhe pede para reconsiderar, lhe diz: "Então venha cá amanhã" informando-o, nessa altura, afinal ser "só necessário amputar um pé", ouvindo ainda da parte deste um milhão de agradecimentos e: "Senhor Doutor: Vossa Excelência é um Santo".
Há uns anos, pouco depois da posse do governo Sócrates I, quando se anunciavam as primeiras medidas chanceladas por Lurdes Rodrigues, mas encomendadas muito mais acima na cadeia político-alimentar, que haveriam de lançar a maior das bagunças na Educação, durante um almoço com um casal conhecido, ela minha colega e agora directora de escola (vá-se lá a saber até quando?), perante a minha preocupação acerca da previsível degradação do ambiente relacional e profissional no sector, me respondeu, apontando para o marido que é quadro de uma empresa privada:
- "Que somos nós mais do que as empresas, afinal lá esse mau ambiente já está instalado há muito tempo"?!
Como se fosse legítimo argumentar que seria bom que, por cá, fossem perpetrados uns atentadozinhos suicidas e postas umas bombitas em aeroportos porque no Iraque, no Afeganistão e em Moscovo são o "pão nosso de cada dia"...
Clever, clever !!!

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

A "Casta" (ao cuidado da Dr.ª Helena Matos)





A Dr.ª Helena Matos, na sua página semanal do Público da última quinta-feira (3 de Fevereiro), referiu-se ao interesse directo de uma “casta” na manutenção do status quo do Ensino Público e que isso se revelaria na existência das “chamadas turmas dos filhos dos professores”. Ora, a questão é infelizmente mais complexa e a Dr.ª Helena Matos com certeza que o sabe, mas o público em geral pode ficar confundido com a utilização de lugares-comuns como este que, sendo generalizadores e “facilitadores” de uma compreensão geral mais imediata, não deixam, como todos os “clichés”, de deturpar a realidade. As turmas dos “filhos dos professores” que estão, segundo a Dr.ª Helena Matos, ao serviço da tal “casta”, são também de facto também as turmas dos filhos dos médicos, dos filhos dos magistrados, dos filhos dos militares, dos filhos dos políticos, dos filhos dos autarcas, dos filhos dos engenheiros, dos filhos dos economistas, dos filhos dos empresários e até dos filhos dos jornalistas, ou seja dos filhos, netos, sobrinhos, enteados e afilhados de tudo quanto faz parte das chamadas “forças vivas”.
Mas atenção, e a Dr.ª Helena Matos, pessoa sábia e avisada, também sabe perfeitamente que nenhum destes grupos de actividade antes enunciados corresponde em bom rigor a “classes” homogéneas no sentido socioeconómico do termo. Na verdade, muitas professoras não têm por cônjuge outro “mísero” (na auto-designação do Professor Cavaco) professor, nem todos os jornalistas têm cargos de destaque em media de referência, nem todos os empresários são muito abastados e nem todos de todos são, de todo, influentes. Existe, sim senhor, uma “casta” que tem capturado em proveito próprio os sistemas públicos de Educação, Saúde, Segurança Social e até de Justiça (se bem que neste sector outros “valores” mais altos se levantem) e isto a Dr.ª Helena Matos, pessoa sábia e avisada, também sabe. Sabe por exemplo que há pessoas que são submetidas a intervenções cirúrgicas em tempo record, que nunca figuraram nas decantadas “listas de espera”; sabe que há pessoas que beneficiam de apoios estatais desde creches e infantários, bolsas de estudo e isenções de propinas e até vagas instantâneas, que não existem para o comum dos mortais, em “Lares da 3ª Idade” e mesmo habitação de baixa renda, que não são propriamente carenciadas; sabe igualmente e tem-no dito com frequência, que os “pobrezinhos” do costume não costumam ser os verdadeiros pobres e que os “ricos fiscais” em Portugal estão também longe de ser os ricos reais (veja-se a este propósito que ser trabalhador por conta de outrem e auferir 1500 euros ilíquidos por mês, fazem, por cá, um “rico” pronto a ser esbulhado). É a mesma “casta” que infiltra as Associações de Pais e torna a vida num inferno a quem não é da “casta” (pelo menos dessa, não nos podemos esquecer que no sistema de castas, para além dos pares, também há os párias) com recursos de 19 para 20, para, como se diz em linguagem futebolística, “conseguirem na Secretaria o que não conseguem em campo” e entrarem no Eldorado da Medicina ou coisa que o valha.
Já comigo, entre meados dos anos 60 e princípios dos anos 70, aconteceu, em dois grandes Liceus de Lisboa, nunca ter ficado numa turma “A” reservada para os filhos de ministros, almirantes e por aí fora (a “casta” da época) e só no 6º ano (actual 10º) isso me calhou numa turma de Letras, quando todos aqueles que não queriam ser “míseros” tomaram (ou as famílias por eles) como, aliás, acontece hoje (com a significativa diferença de então não haver numerus clausus e se poder entrar com 10 em cursos onde hoje não se entra com 18), outras respeitáveis opções. Mais recentemente ficou célebre a “peixeirada” pública, com direito a reportagem televisiva, entre duas directoras de Escolas bem no coração da capital, quando a do ex‑Liceu ( por acaso nenhum dos que frequentei) tentou recuperar a matrícula de um aluno africano, que imediatamente antes tinha “despachado”, por alegada “falta de vagas”, para a antiga Escola Técnica da zona, quando soube que era filho de um diplomata de um dos PALOPS.
Portanto e a bem de uma maior e melhor profundidade de análise e esclarecimento do público, convirá precisar que esta “casta” é a mesma que ocupa os órgãos de direcção e gestão pública, que tem mordomias e borlas várias, desde os consumíveis a viaturas e ao parque de estacionamento reservado, passando por viagens, estágios e formação pagas pelo erário público, ou seja, pelo resto dos “tansos”, e até negociatas várias entre pequenas, médias e grandes, cuja dimensão financeira, se e quando calculada, seria impressionante. Claro que é entre esta “casta” que são distribuídos os cargos que dão “tacho” e “penacho”, sobrando para quem não pertence à casta os que só dão trabalheiras e chatices e é sempre entre os membros da “casta” e os seus apaniguados directos que se distribuem as menções mais elevadas nas chamadas Avaliações de Desempenho que se destinam a garantir a “reprodução” dessa mesma casta em processos tão “sérios” que até tornam possível que alguns dos bafejados façam aquilo à distância, sem sequer lá porem os pés, porque entre a “casta” as férias, perdão “deslocações em serviço”, são como o Natal, “quando um homem quiser”. Por isso proponho que em vez de “turmas dos filhos dos professores” esteja “turmas dos filhos dos manipuladores” – é mais correcto e, sobretudo, mais justo.
Também convenhamos, que poderíamos esperar de um país de castas onde a epitelial modernidade dos gadgets não chega para disfarçar o perverso convívio entre o pior de dois mundos - a banalidade pós-modernaça com os mais atávicos dos arcaísmos, aqueles que já deram ensejo a Eça de o designar como “a Choldra” e a outros antes dele, como o humanista flamengo Nicolau Clenardo que já no século XVI escreveu: “Em Portugal todos somos nobres, e tem-se como grande desonra exercer alguma profissão”?
Ora nesta ”Choldra” em que manda uma “casta”, quem é sistematicamente desonrado e agora espoliado é quem tem o azar de ter que exercer efectivamente alguma profissão, mesmo tendo cada vez menos, e em passo acelerado, a tal “situação profissional satisfatória” e não de apenas fingi-lo, pois nunca a sabedoria popular esteve tão certa ao afirmar que - ”uns comem os figos e aos outros rebenta-lhes a boca”.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Há-de ir outro!

Capoulas Santos, director repetente da campanha interna de Sócrates, desafiou Manuel Maria Carrilho, um dos mais proeminentes "críticos" do secretário-geral, a candidatar-se. Quer isto dizer que precisam de um "saco" para legitimar a "democraticidade" do Partido, de um "otário" a quem consigam "enfiar o capote" para que se disponha a parecer challenger e até pode ser que lhe metam no "chapéu" uns votozitos para não ser descaradamente à Saddam (o que é capaz de correr mal, pois a caninidade é tanta que ninguém se quer arriscar a passar por"infiel").
Carrilho, apesar de gostar de protagonismo, é capaz de não ir nisso, tal como o meu querido e saudoso pai, nas poucas vezes que petiscávamos fora de casa, geralmente uns pires de caracóis numa daquelas cervejarias da Baixa, costumava responder quando o empregado fazia a conta em voz alta e dizia:
- "Ora três mais cinco são oito e vão dois..."
- "Há-de ir outro, que eu nessa não vou!"

Também Quero!

Com sisa ou sem sisa, também quero uma destas por 27 000 contos!