sexta-feira, 5 de agosto de 2011

A Escada de Serviço




Um dos mais recalcados ressentimentos da direita social (e da direita política por extensão não inteiramente coincidente, que estas coisas são complexas) é o furioso desejo de pôr toda a gente no "seu" lugar.
Ora parece estar chegada a hora da desforra.
Portugal nunca deixou de ter pobres. Verdadeiros ou falsos, de bens ou de espírito. Nunca erradicou a pobreza e talvez pudesse tê-lo feito em tempos mais prósperos que se desperdiçaram a engordar os mesmos do costume, os que continuam a comprar Bancos a pataco.
O 25 de Abril veio restituir a dignidade a todos os portugueses, mesmo aos pobres, que, muitas vezes, sem deixarem de o ser, deixaram, pelo menos, de ser "pobrezinhos".
Esta crise e este Governo vieram relembrar aos (infelizmente muitos) putativamente interessados, que os medicamentos a "queimar" o prazo servem muito bem para quem não tem escolha. É "comer e calar" porque "quem não tem dinheiro, não tem vícios" (aliás estes devem ser sempre privados, públicas só mesmo as "virtudes").
Conheço gente, e é um facto, que, mesmo não sem ser propriamente rica, dá carne do lombo aos "lulus". Até já os avisei para não dizerem isso muito alto, não vão ter enchentes de pessoas à porta a disputar tal "emprego".
Neste contexto esquizofrénico, eis a "velha senhora", rejubilante, aconchegada pelo regresso dos "pobrezinhos".
Custou mas foi. Assim já se pode, outra vez, brincar à "caridadezinha".
"E não se esqueça que gente dessa, só pela escada de serviço" !!!

2 comentários:

a Arrábida aqui tão perto disse...

Tens toda a razão Tó Zé, só falta dizer que a comida fora de prazo tb é boa p os mais pobres. Nem a dignidade é reconhecida, será possível aceitarmos isto?

Ana Ramalho

imank disse...

Chegámos aquela situação em que qualquer um(a), de repente e sem saber como, nem por quê, se pode tornar num(a) qualquer...