sábado, 11 de fevereiro de 2012

Vale Tudo



A crescente falta, já não digo de ética, mas de simples respeito pelos princípios mínimos da coexistência social e política aliada ao simplismo demagógico e populista, ao sensacionalismo paparazzo e à pura e simples falta de chá, têm vindo a traduzir-se numa série de incidentes de percurso como as declarações dos alamanos (povos bárbaros também conhecidos por suábios), Merkel e Schulz, as diatribes fanfarrónicas de Passos Coelho e a inenarrável (o "Livro se Estilo" da TVI no seu melhor) captação de uma conversa, que era para ser privada, entre Wolfgang Scheuble e Vítor Gaspar.
Tudo isto faz parte da degradação moral a que se tem vindo a assistir nos últimos anos, em que um autêntico "vale tudo" vem substituindo a velha, mas útil, "hipocrisia" diplomática dos "vícios privados, virtudes públicas". A cortesia era o acervo de boas maneiras que se usavam nas cortes e, mesmo entre cortesãos, é conveniente manter as aparências para que os povos não percam os últimos laivos de confiança ao ver a que nível se vai descendo no topo da hierarquia. Para se ser cortês basta alguma sobriedade, não é preciso ser "cavalo de cortesias". Não é por acaso que se diz da hipocrisia ser o tributo que o vício paga à virtude.
Eis-nos chegados à "Era do Aquário" de água chilra. Pura pornografia, é tudo às escâncaras.

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