Em Agosto de 75 fui "colocado" na "alfabetização" em Santiago do Cacém, Alentejo, Portugal. Note-se que o "Serviço Cívico" (maneira "revolucionária" de impedir a abertura das Universidades) era para ter começado em Outubro de 74, mas acabou por se iniciar a um mês do fim, provando que os "cubanos" portugueses eram, pelo menos naqueles tempos, piores em organização que os cubanos propriamente ditos.
Quando cheguei à então Vila de Santiago achei estranho, e naquela altura era difícil estranhar fosse o que fosse, que as placas toponímicas estivessem alteradas a spray, modificando nomes de terras e ruas. A que mais me chamou a atenção foi a placa de "Margarida da Serra" com a primeira palavra tapada a branco. A palavra rasurada era "Santa" e percebi como que por "insigth" o que se passava, tudo o que eram "Santas" ou "Santos", "Doutores", "Engenheiros" ou "Arquitectos", "Padres", "Bispos", "Cardeais", "Dons" ou "Donas" e tudo o que pudesse beliscar o "igualitarismo" então reinante (por muito pouco tempo, diga-se de passagem) estava "abolido".
Sei do que falo, eu próprio moro numa rua do Barreiro, que já foi da "Bandeira Vermelha" e agora é só da "Bandeira". Menos PCP, mais CDU - noblesse oblige.
Foi na mesma época em que uma brigada de militares barbudos e guedelhudos, durante a "Operação Nortada" de "dinamização sócio-cultural" entrevistou para a então única RTP, uma velhota transmontana ou da Beira Alta, já me vão falhando os pormenores, de lenço e xaile negros:
- "Tiazinha, sabe o que é o Socialismo" ?
- "Oh filho, socialismos só com o meu marido e muito de vez em quando"...
Foi, como diz o Magno da ERC, o "Zeitgeist", ou por outras palavras:
"O que tem que ser, tem muita força"!!!