quarta-feira, 27 de junho de 2012

"Alvesbarrota"




Nos meus verdíssimos anos docentes, pelos idos de 76/77, fui encarregado de corrigir provas do Exame Nacional de História do Ciclo Preparatório, maioritariamente realizadas por adultos externos e auto-propostos, uma vez que as turmas do diurno já só tinham a "avaliação contínua". Numa dessas provas encontrei um dos maiores "nacos de prosa" de sempre.
Convém contextualizar, Portugal tinha vindo do 25 de Abril em 74 e nos anos de 1975 e 76, tinha havido um corrupio de processos eleitorais: as Constituintes, as Legislativas, as Presidenciais e as Autárquicas, todas em primeiríssima mão, novinhas em folha, a estrear. 
Os Programas da disciplina de História, da Primária às Faculdades de Letras, continham um tema sacramental, então em grande voga na historiografia anti-fascista, a "Crise de 1383 - 85" na versão Borges Coelho (para obstar ao "matoom o Meestre" do malquisto Mattoso). Para temas sacramentais não podia faltar a questão sacramental e o ponto começava com : "Caracterize a Crise de 1383 - 85".
Uma das provas que me calhou corrigir, o tal "naco", não sendo necessário ser grafologista para perceber provir de pessoa adulta, "caracterizava-a" assim:
"A Crise de 1383 - 85 foi um processo eleitoral. Havia dois Mestres de Avis, um português e um espanhol. O Povo votou e o Mestre de Avis português ganhou. Derrotados à boca das urnas, os espanhóis que, como toda a gente sabe, têm mau perder, não gostaram. Vai daí, invadiram. Foram então detidos em Alvesbarrota pelo Condestável, D. Nuno Álvares Pereira."
De facto há um pequenino fundo de verdade no meio desta confusão toda, não eram dois "Mestres de Avis", mas eram dois "D. João", um de Castela e outro de Portugal, o vero Mestre de Avis. O resto é pura "filosofia política" e "madureza" de espírito.
Hoje a coisa acabou por não correr de feição, fica para a próxima. Queremos a desforra, talvez com outro "Condestável" que galvanize mais as hostes, talvez "The Special One" ?
Why not ?

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