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Ontem fui almoçar, a uma daquelas novas "cantinas sociais", os selfs dos shoppings, onde por 6.99 se consegue comer uma refeição quase verdadeira, sentado numa esplanada verdadeiramente falsa (daquelas interiores).
Quando, eu e a minha mulher, chegámos com os tabuleiros para nos sentarmos na tal "praça de restauração", encontrámos uns colegas de uma escola do Barreiro, de grande tradição técnica, justamente nas áreas desses colegas. Com eles estava um indivíduo que reconheci como o vigarista que defraudou, há uns anos, o condomínio em que moro, "vendendo-lhe" umas novas e avançadíssimas bombas hidropressoras (acho que é assim que se chamam, não sou da especialidade) pela módica quantia de 900 contos (foi ainda antes da "Quimera do Euro"), tendo recebido 450 milenas à cabeça, e tendo-se posteriormente "esquecido" de instalar as referidas bombas, desaparecendo de cena, dando "baixa" da "empresa" de que era titular, descaracterizando grosseiramente (pintando um borrão branco por cima do logótipo) a viatura da dita cuja, deixando de atender telefones, quer fixos, quer móveis, e "mudando" de residência para "alhures". Surpreendido por ver o moinante engravatado a perorar sobre "energias renováveis" e "mercado de trabalho" com os colegas, para não dar alarde (que foi o que me apeteceu fazer), esperei que um deles se levantasse para ir buscar café e perguntei-lhe se o dito cujo era também formador lá na escola, (era só mesmo o que faltava, mas tudo é possível, já que o homem se intitulava "engenheiro". Mas como não é o único...).
O colega respondeu que era um "empresário" e "técnico", "especialista" em "Hidráulica" e "Energias Renováveis" que a escola tinha convidado para fazer parte do júri das PAPs (Provas de Aptidão Profissional) dos alunos dos Cursos Profissionais.
Expliquei ao meu colega que de "Hidráulica" o tipo sabia muito bem "levar a água ao seu moinho" e de "Renováveis" era especialista em ir "renovando" a sua conta bancária à custa dos otários e, pelos vistos, dos PAP(alvos).
É transversal e de alto a baixo na sociedade portuguesa - assim como se fosse atribuída ao Relvas a cátedra de "Ética e Deontologia" que daria com base na "tese" que lhe granjeou um brilhante 18, numa das poucas cadeiras em que não teve reconhecimento de competências, precisamente "Introdução ao Pensamento Contemporâneo" que, em consonância com o seu único propósito pessoal de "alargar incessantemente os horizontes do Conhecimento" (e, já agora, dos "conhecimentos"), muito na linha daquela "sucessão sucessiva de sucessos, que se sucedem sucessivamente sem cessar", teria como título "Meditações Kantianas - Subsídios a Fundo Perdido para uma Interpretação Neo-liberal da Doutrina do Imperativo Categórico" uma, sem dúvida, inovadora abordagem de uma Teoria da Razão mais do que Prática, ou em alternativa, (podem acumular, em Portugal tudo é "normal"), a cátedra de Direito Bancário e Financeiro ao Vale e Azevedo que a daria pela "sebenta" do Alves dos Reis.