terça-feira, 7 de agosto de 2012

Mano Caetano






Caetano Veloso,  um dos meus "ídolos" de juventude (para dizer a verdade, nunca fui muito dado a "idolatrias" mas, por comodidade de linguagem, fica assim) faz hoje setenta anos. A sua revelação fez-se para mim através de um álbum: "Caetano e Chico Juntos e Ao Vivo" gravado em Novembro de 72 no Teatro Castro Alves em Salvador da Bahia, ouvi-o em casa do meu amigo João Paulo Carvalho (um "monstro" de bom gosto, sempre na vanguarda) - mais precisamente em casa da avó dele, onde havia uma "câmara escura" para revelar fotografias e onde costumávamos fazer algumas coisas que não era lá muito conveniente serem feitas às claras - e comprei-o de imediato, ainda é um dos que, em vinil, guardo religiosamente.
É uma obra-prima sob todos os pontos de vista: musical, poético e, como agora se diz, performativo.
Quando o ouvi pela primeira vez tinha dezasseis anos, Caetano trinta - os nossos "heróis", mesmo os de "geração", são sempre algo mais velhos que nós, hoje pouco ou nada se nota. A sua carreira, não totalmente como a de Chico Buarque (que, parecendo fisicamente mais velho, é dois anos mais novo), tem oscilado entre o sublime e uma integração no "mainstream" feita, ainda assim, com a mestria que porventura falta à quase totalidade dos que já lá nasceram (e lembro-me do caso semelhante de Sérgio Godinho),  dentro do que se chama "envelhecer bem", se bem que envelhecer nunca é, nem pode ser, diga-se o que se disser, assim muito agradável. Ele próprio confessa que quando se "vê" a si próprio, não vê um bebé, nem um velho, nem sequer um homem "maduro", vê sempre um jovem adulto. Não fosse o Homem o animal capaz de conservar a juventude (pelo menos como representação) por toda a vida, capaz de brincar, de rir, de jogar. É claro que o corpo acaba por não querer saber disso para nada e por muita sabedoria e sensatez, que até como mecanismo de defesa, a idade nos venha trazendo, nada reacende, a não ser a espaços, o fulgor que, mais ou menos a pouco e pouco, o tempo vai matando.
Não é preciso ter feito pactos fáusticos como o do "Retrato de Dorian Gray" ou vivido distopias como "O Admirável Mundo Novo" para entender que a imagem que Caetano tem de si próprio e nós sempre teremos dele, é a do "leãozinho".

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