sábado, 4 de agosto de 2012

Anjinhos de Cara Suja





  1. Uma das discussões mais demagógicas da actualidade (des)educativa é a querela do número de alunos por turma em que há de tudo, desde os que achavam que era muito elevado com  26 no tempo do outro "engenheiro" e agora, com este "doutor", 30 já é aceitável, até aos que nos compararam já não com a Finlândia mas com a Turquia, o  México, o Brasil , a Indonésia, a China e as Coreias (que nisto são parecidas) para "albardar o burro à vontade do dono" (que, com o cinismo próprio dos mercenários, só quer fazer passar por "pedagógicas" - e a "pedagogia" tem as costas largas - medidas que têm por único objectivo poupar uns cobres à custa da vida de muitos) e "fundamentar" o argumento da "irrelevância" desse factor nos resultados escolares. Faz-me lembrar a defesa da "descentralização" do Poder, que só ocorre a certas forças políticas quando calha a estarem na Oposição.
    Quando entrei, com 10 anos de idade,  para o 1º ano no Liceu de Gil Vicente, em Outubro de 1966, as turmas tinham cerca de 40 alunos, até um pouco mais, 41, 42 (e só rapazes). Mas os professores, nesse tempo, faziam apenas o que se continua a dizer que fazem agora, só davam aulas. Hoje é o que menos acabam por fazer, tal o peso da papelada e da palhaçada no Sistema. 
    Fiz a Instrução Primária (entre 62 e 66), da primeira à quarta classe, numa só sala e com uma única professora. É verdade que ela tinha um arsenal de "auxiliares pedagógicos" tremendo - palmatórias, ponteiros, canas-da-índia e até os sólidos da Geometria, mormente as esferas de madeira dura, serviam de projécteis que ela atirava, com infalível pontaria, à cabeça dos tagarelas.
    Se for possível restaurar esse "saudável" clima de aprendizagem, o número de alunos por turma será quase, quase, irrelevante.

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