sábado, 9 de fevereiro de 2013

Da Ucronia à Distopia






A vida, em concreto, começa (e hoje faltam os valentes ou sequer os "valentões", que se gabavam de "viver perigosamente"), a assemelhar-se à da era pré-hobbesiana  ("solitária, pobre, sórdida, brutal e curta") ou demasiado longa para a dignidade que deveria  implicar (que nisto, meus caros, há muitas maneiras de "cozinhar bacalhau"). 
Querem um pequeno exemplo: experimentem chamar a polícia ao encontrarem o vosso carro, legalissimamente estacionado, trancado por um qualquer abusador e verão que o cidadão, pagador de impostos, está perfeitamente entregue a si próprio. Daqui à lei de talião ("olho por olho, dente por dente") vai um passo muito curto.
A própria noção de tempo, numa nação sempre mais propensa para celebrar memórias implantadas do que vidas vividas, está a ficar restrita à dimensão que comungamos com os (outros) animais: o "eterno" presente. 
De facto, o mundo é "inaugurado" todos os dias, não apenas como se não houvesse amanhã (que bem pode não haver), mas como se não tivesse havido ontem (que houve de certeza).

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