segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Os Ceguinhos



O caso da nomeação para Secretário de Estado da Inovação do dr. Franquelim Alves, um "velho" quadro dos negócios financeiros (ex-administrador da SLN, detentora do BPN), vem provar que não há nada para "inovar", é tudo muito dejà vu e de duas, uma (também podem ser as duas, que nisto dos cúmulos parece não haver limite): ou o Governo está a criar uma manobra de diversão, através de mais um fait divers, com o acinte provocatório de quem anda mesmo a "pedir chuva"; ou a estratégia é a do "empararem-se" uns aos outros e provar na prática que "os amigos são para as ocasiões", não vá haver mais "bocas no trombone".
Para o comum dos mortais é um mistério insondável que um homem habituado a um muito alto nível remuneratório, venha agora, como Secretário de Estado, vencer uns "míseros" cinco mil euros (estou a falar de alguém do métier, não de algum arrivista, oriundo das "jotas" ou da "pelintrice"). Só pode mesmo ser por pura e absolutamente desinteressada abnegação patriótica e por um elevado sentido de serviço público.
Que o homem tenha vindo de onde veio e passado, discreta e silenciosamente, por onde passou não me espanta. Afinal estamos num País de "ceguinhos" onde, como é consabido, é muitíssimo difícil arranjar testemunhas, porque nunca ninguém "viu" nada. 
Perante esta situação de desaforo cívico ocorrem-me vários aforismos, que por cá são muitas vezes invocados em termos retóricos, mas muitíssimas mais ignorados em termos pragmáticos:
"Tão ladrão é o que vai à vinha, como o que fica de atalaia".
"Os pecados podem ocorrer por acção ou por omissão".
"Em política, o que parece é".
"À mulher de César não basta ser séria...".
O cavalheiro nem é arguido no processo ou sequer suspeito, é apenas "distraído" e não viu nada; ou se viu, como é uma pessoa educada, não quis dizer.  
No fim de contas, que para nós, contribuintes portugueses, ainda está longe, o maior "ceguinho" foi o então Governador do Banco de Portugal, dr. Constâncio, que também nada viu e até foi recompensado com um "chuto para cima" - o cargo de Vice-presidente (justamente com o pelouro da supervisão bancária) do Banco Central Europeu, provando que a "miopia" (apesar de todos os alertas) não é apanágio da "direita dos interesses", mas tão só dos próprios interesses.
Ditosa Pátria que tais filhos tem...

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