"Anda para ali a tartaranhar" - era uma expressão que a minha avó costumava utilizar sobre quem andava às voltas ou se punha com rodeios. É precisamente isso que o poder político instalado anda a fazer, a andar às voltas, argumentando, se assim se pode dizer, em círculo num diz que sim, mas faz que não.
Alguma oposição benévola vê nisso inépcia ou mesmo estupidez. Lamento, mas não partilho desse optimismo antropológico. Infelizmente não se trata de "burrice", trata-se de, como tempo é dinheiro, encanar a perna à rã para aproveitar a oportunidade de fazer a sua parte na tão almejada desforra histórica do capitalismo na sua pior e mais rapace versão. É o "take the money and run" do maior assalto de todos os tempos: a chamada "reconfiguração" da sociedade ocidental através da pauperização dos povos pela destruição das "classes médias" e o desenho de uma espécie de Terceiro Mundo global, em que só haverá muito ricos e pobres de vários, mas poucos, matizes.
É preciso sacar o mais possível, o mais rapidamente que se puder. O capitalismo esteve em risco no início da crise, aí por 2008, mas as notícias da sua morte foram, uma vez mais, um pouco exageradas. A vitória na "Guerra Fria" sempre terá servido para alguma coisa e não havendo já alternativa real, faltou a oposição no concreto, cuja queda, recente em termos históricos, tinha também provocado, por descrédito, uma espécie de naufrágio ideológico. Por isso e pela algo paradoxal situação de, no auge da crise, faltar pensamento crítico como "cimento" intelectual a que se junta a terrível eficácia dos mecanismos de sedução mediática (afinal quem compra o automóvel, não compra a "top model"que a publicidade põe lá dentro, mas que saliva, lá isso saliva) enquanto fautores de ilusão e de alienação universal. É o agora ou nunca para o capitalismo selvagem e a tergiversação faz parte da estratégia.
É preciso sacar o mais possível, o mais rapidamente que se puder. O capitalismo esteve em risco no início da crise, aí por 2008, mas as notícias da sua morte foram, uma vez mais, um pouco exageradas. A vitória na "Guerra Fria" sempre terá servido para alguma coisa e não havendo já alternativa real, faltou a oposição no concreto, cuja queda, recente em termos históricos, tinha também provocado, por descrédito, uma espécie de naufrágio ideológico. Por isso e pela algo paradoxal situação de, no auge da crise, faltar pensamento crítico como "cimento" intelectual a que se junta a terrível eficácia dos mecanismos de sedução mediática (afinal quem compra o automóvel, não compra a "top model"que a publicidade põe lá dentro, mas que saliva, lá isso saliva) enquanto fautores de ilusão e de alienação universal. É o agora ou nunca para o capitalismo selvagem e a tergiversação faz parte da estratégia.
Não, o "governo de Portugal" não é peco na "resposta" à crise, o "governo de Portugal" fomenta a crise segundo o guião que lhe deram para decorar e desse guião fazem parte o empobrecimento deliberado, o desemprego e a precarização das relações laborais; faz parte o "ajustamento" forçado sem pôr em causa, antes pelo contrário, os verdadeiros privilégios rentistas das grandes negociatas e dos abutres; faz parte o incitamento ao ódio social contra sectores tomados com "bodes expiatórios" para desviar a atenção dos verdadeiros beneficiários do regime, na velha e relha prática do "dividir para reinar". Faz parte o nivelamento por baixo e o apontar dos direitos como "regalias"; faz parte a desvalorização do trabalho e do seu valor simbólico e económico; faz parte o estado sensacionalista de "novidade" contínua em que são "abolidas" as razões e os nexos de causalidade para que se possa fazer o mesmo à "Razão" que era aceite conduzir a "História"; faz parte atacar o "Estado", mas não aclarar o "estado" a que isto chegou e nunca elucidar por que será que os que tanto o maldizem se apegam a ele como lapas e o sugam como vampiros.
Não meus caros, estes rapazes não são nabos, estão apenas a "tartaranhar" e a cumprir a encomenda de fazer das nossas vidas uma espécie de "Ilha do Dr. Moreau", ou seja um parque de experimentação biopolítica em que o destino das cobaias não deverá, se assim o deixarmos, ser muito diferente do do cavalo do inglês.
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