O PCP é um partido sério e respeitável e nos tempos que correm, constitui uma réstea de esperança para as largas massas de não benificiários deste "admirável mundo novo". É uma organização forjada na resistência e que com mais ou menos erros, continua a resistir, incitando e congregando os que resistem, sabendo estabelecer muito bem as prioridades sem grandes folclorismos, se descontarmos os rituais da praxe como a Festa do Avante que tem, no entanto ,o condão de ser um grande evento aberto em que ainda se pode sentir um "cheirinho" da velha fraternidade popular de que os novos tempos tão arredios andam.
Há, no entanto, no PCP coisas incríveis de apego a visões pretéritas que exprimem uma espécie de realismo ao retardador e que se traduz em posições políticas que ao olhar para o mundo de hoje, fazem afinal o que todos nós fazemos ,sem que nos demos conta, ao olhar o firmamento, não ver o que lá está, mas o que lá esteve e às vezes até só o que prometeu que lá iria estar, mas entretanto, se perdeu pelo caminho.
Falo concretamente de posições-tabu como a não condenação explícita do estalinismo e o não reconhecimento dos Gulags como facto, que até o relatório do Secretário-Geral Nikita Krutchev no célebre XX Congresso do PCUS denunciou e condenou há mais de cinquenta anos e também do apoio a regimes como o da China que de comunista só tem o nome e que no tempo da URSS (oh tempus, oh mores ! ) o PCP execrava; mas que todos sabemos, junta o pior de dois mundos : o liberalismo económico e a ditadura política; um silêncio cúmplice com aberrações como o regime da Coreia do Norte e mesmo o da Bimânia e agora escandalosamente o apoio ao regime de Mugabe que conseguiu destruir o Zimbabwe económica, social , cultural e moralmente em menos de duas décadas. O "erro", obviamente deliberado, do PCP é persistir na comtemplação do Mundo dos anos 70, que foi bom mas acabou, quando Mugabe era, ou nós julgávamos que era, um herói anti-colonialista.
É óbvio que não sou ingénuo ao ponto de pensar que o que move a "Comunidade Internacional" em peso, ou perto disso, seja puro humanitarismo. Mas afinal num país onde a inflação está nos milhares, mais de metade da força de trabalho está desempregada e a mais pública das primeiras-damas aproveita as "Cimeiras" para fazer compras de luxo às escâncaras, o líder da oposição é espancado pelas "forças de segurança" em plena via pública, apoiantes seus são assassinados em série, onde os resultados eleitorais levam meses a ser publicados e as "eleições" redundam sistematicamente em farsa trágica; não estarão certamente no poder os míticos combatentes da liberdade da nossa juventude, mas uma cleptocracia que até pode incluir muitos dos mesmos nomes mas que, apanhando-se noutras circunstâncias (na chamada mó de cima), se passaram para o dark side; teimar em não querer ver o mundo como está , não é prova de coragem política, mas apenas de obnibulação espiritual que só aproveita a quem quer "tapar o Sol com uma peneira" e a quem capitalizou o sangue dos heróis em proveito próprio !!!
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