A avaliar por artigo recente publicado no suplemento de economia "Confidencial"do Sol do passado sábado, 21 de Junho, na sua coluna "Selecção Natural" pelo Professor Nogueira Leite ( e não deixa de ser curioso que quer o nome do suplemento, quer a designação da coluna reproduzam os mais corriqueiros tiques do mundo das negociatas- "o segredo é a alma do negócio"- e daí a requerida confidencialidade e o "darwinismo" neo-liberal da "selecção natural"), uma das principais preocupações humanitárias destes economistas entusiastas da globalização passou de repente a ser o crescente bem-estar dos povos do antigamente designado por terceiro mundo e agora por potências emergentes, protagonistas de um autêntico milagre económico, que por aumentarem a procura de alimentos e combustíveis provocam, muito naturalmente, o aumento dos preços, o que longe de ser mau sinal é ,na costumeira macro-análise destes senhores, um sintoma de saúde da "economia global".´
É claro que para os economistas que estão comprometidos com os sectores que lucram com as actividades especulativas( como a banca e as multinacionais), esta situação pode ser interesante; já para os trabalhadores que no tempo dos "bispos do materialismo dialéctico" conseguiam viver e agora no tempo dos bonzos de sua santidade o mercado, mal sobrevivem, há uma parte da estória que está muito mal contada,e estes como os outros também pregam a "boa nova" nas universidades como a Nova ou o ISEG ,onde estão a formatar os futuros activistas do Sistema; já os cafés estão fora de moda, aliás hoje já nem há tempo para eles, sendo mais apetecíveis os gabinetes dos centros de interesses.
Ao serem confrontados com a fraude em relação à sua prédica pretérita, demonstrada pelo empobrecimento e a nulificação do quotidiano da esmagadora maioria, já que os ricos ficam sempre acima da "crise " e em regra lucram com ela, acentuando o fosso da desigualdade e da iníqua distribuição da riqueza em que Portugal é campeão europeu; estes paladinos que outrora prometeram tudo a todos, viram-se agora para a prosperidade crescente de países como a Índia e a China , (sem dúvida exemplares no respeito dos direitos laborais e humanos) e também do México e do Brasil, (sem dúvida autênticos oásis de tranquilidade e paz social) !
Têm agora uma boa oportunidade de mostrar coerência com as procupações humanitárias que ultimamente tanto têm evidenciado: aproveitem a boleia de alguma ONG e vão até ao Darfur por exemplo, no exercício dessa nóvel e tão nobre vocação e já agora, fiquem por lá !!!
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