O incidente desta tarde com Vital Moreira na manifestação do 1º de Maio da CGTP é revelador de quão baixo se pode descer, mesmo após se ter "batido no fundo", no jogo político.
Como "não nascemos ontem", não vamos ao ponto de acreditar que Vital e a direcção de campanha do PS não estariam cientes dos riscos deste aparecer num evento em que a esmagadora maioria dos participantes está nos antípodas das políticas deste governo de que Vital é o candidato, isto apesar de muitos serem até militantes do PS.
Também não é novidade para ninguém o "desvelo" com que o pessoal do PCP, sobretudo os da "velha guarda", trata os "ex".
Eu próprio testemunhei um incidente, também nas vésperas de umas "europeias", em que que principais candidatos do PS eram Torres Couto e Barros Moura e vieram em campanha ao Barreiro.
Torres Couto, o execrado "amarelo", fundador da "divisionista" UGT, foi tratado com enorme complacência e fair-play, enquanto o outro "desgraçado", foi vaiado, insultado e até cuspido (o PCP não costuma perdoar aos seus "traidores"), isto apesar de Barros Moura ser um pessoa muito mais simpática e publicamente afável que o "cardeal inquisidor "* de Coimbra.**
Estamos, pois, perante a tentativa de criação de um "facto político" na acepção "marcelista" (de Rebelo de Sousa, bien entendu) do termo, Vital e o PS/Sócrates procuraram provocar o "efeito Marinha Grande" de Mário Soares em 86; aliás a prova de que Vital trazia a "lição" bem estudada, ou não fosse ele um aspirante a lente coimbrão, foi que o denunciou imediatamente à "agressão" para as televisões que o seguiam, pois não seria difícil "adivinhar" as "cenas dos próximos capítulos".
Vital, que tem formação marxista, esqueceu-se do aforismo de Marx de que "a História se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa" ou então o staff político do PS subestima gravemente a inteligência dos portugueses; pois é tudo diferente: o tempo, o modo e sobretudo o personagem.
Tal como o efémero Dan Quayle (quem se lembra já dele?), o atoleimado vice-presidente de Bush pai, que dizia ser parecido com John Kennedy, a ponto do seu adversário democrata, Lloyd Bentsen, um homem já idoso, lhe ter lembrado num debate televisivo:
"- Eu conheci pessoalmente John Kennedy, eu trabalhei com John Kennedy, John Kennedy foi meu amigo e o senhor, posso garantir-lho, não é, nem por sombras, nenhum Kennedy"!
Por muita "casca de banana" que se lance nesta espécie de "vale tudo" político, expressa pela estratégia de vitimização que Vitalino Canas logo veio assumir invocando o "ódio" ao PS (como se fosse motivado apenas por causas fantasmáticas, iludindo as políticas neoliberais deste governo e a consciência da trapaça política da parte de um imenso número de eleitores que votaram no PS à espera de políticas de esquerda e de verdade e saiu-lhes mais do mesmo e pior; veja-se o Código do Trabalho, por exemplo!). Vitimização que, aliás está a ser a atitude do próprio Sócrates (é o PS/Sócrates como partido calimero) com a "cruz" que é a "provação" do Freeport.
Convenhamos que também Vital Moreira não é, longe disso, nenhum Mário Soares.
* Se dúvidas houver que esta "rapaziada" muda de "ideias" (não são "burros"), mas não muda de estilo, recordemo-nos das violentas diatribes de Vital Moreira contra o PS e a própria democracia como o PS a entendia nessa altura (anos 70) e na actualidade, o tom caceteiro e insultuoso de certos escritos seus no Blog "Causa Nostra", perdão,"Causa Nossa".
** Barros Moura também era de Coimbra, mas não era "cardeal" (andaria aí por "bispo", na minha modesta opinião) e não tinha "pinta" de inquisidor.
3 comentários:
TóZé
A minha pergunte é, o que fazia Vital Moreira numa representação do PS? este papel não deveria ser assumido exclusivamente por militantes?
Com isto não quero branquear as atitudes dos agressores, como é óbvio são condenáveis.
Mas tens alguma dúvida de que a intenção era criar o tal "facto político"?
Somos parvos, nascemos ontem ou quê?!
Perspicaz, Tozé!
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