A "Faixa de Gaza" é o nome dado pelos próprios moradores à "terra-de-ninguém" que separa as zonas de alojamento das "comunidades" cigana e africana no Bairro da Belavista em Setúbal.
Não deixa de ser curioso que a auto-representação das populações seja tão ironicamente sábia e reveladora de uma inteligência que muitos dos seus paternalistas "curadores" lhes não costumam conceder, tratando-as assim como uns menores mentais que têm de ser "perdoados" porque não sabem o que fazem!
Não é por acaso que antigos bairros "problemáticos" de Lisboa eram auto-referenciados como "Vietnam" e "Cambodja"; aqui ninguém é parvo e a "inocência" do "bom selvagem" está muito longe destas, nada cândidas, paragens.
Também nestes casos é legítimo aplicar a velha invectiva de Almada Negreiros acerca da "salvação do mundo" - "agora só falta salvá-lo"!
Todos os diagnósticos estão há muito feitos - a continuada criação de "ghettos", como denuncia até a própria auto-referenciação, "Faixa de Gaza", só pode e é certo e sabido, dar origem a fenómenos de explosão social e delinquência, demais a mais em conjunturas de "crise" económica como a que estamos a atravessar, mas não podemos ser "simplistas" ao ponto de lhes atribuirmos "costas tão largas" que expliquem tudo.
E é esse o principal "erro" de análise de uma certa esquerda presa ou a um "primarismo" redutor e "conveniente" como o do PCP ou à "escravatura" da "grelha analítica" e ao "argumentário" do "politicamente correcto" do Bloco, para quem os desacatos ou são como o fascismo, no dizer irónico de Eduardo Lourenço, "nunca existiram" ou são todos provocados por, como Lula da Silva disse da crise financeira mundial, "rapazes loiros e de olhos azuis"; do PS, oficialmente não conheço posição alguma, o Vitalino ainda não falou a este propósito, deixou tudo para o Governo, (também agora quem foi agredido e quem vê os seus bens a arder, não será certamente "Vital" para o partido perder tempo com a situação).
As posições tradicionalmente assumidas pela esquerda têm o inconveniente de também serem mistificadoras da realidade, daquela realidade que o cidadão comum, que paga impostos e está sujeito às intempéries da vida e tanto é vítima do esbulho fiscal do Estado e da ganância do "mercado", como se sente ameaçado pela violência que, sendo mais do que real, lhe atormenta o quotidiano e o torna e ao dos filhos, que não vivendo em condomínios fechados, tendo que utilizar os transportes e frequentar as escolas públicas, reféns de gangs na verdade compostos por tudo menos "meninos do coro", na sua maior parte longe de estarem alojados em condições miseráveis e certamente não passando fome, se não não teriam meios para adquirir armas de fogo e veículos motorizados (nem todos são roubados - esses costumam servir só para os assaltos) que utilizam nas suas exibições públicas de força "tribal" ameaçadora.
Enquanto a esquerda não acordar para os reais problemas dos cidadãos comuns e do seu quotidiano e persistir num discurso também negacionista e encantatório estará a atirar as pessoas em concreto para os braços de demagogos "securitaristas" como Paulo Portas e pior, muito pior, se a situação se complicar "à grande e à francesa"; então é que nos iremos "ver gregos"!
Não deixa de ser curioso que a auto-representação das populações seja tão ironicamente sábia e reveladora de uma inteligência que muitos dos seus paternalistas "curadores" lhes não costumam conceder, tratando-as assim como uns menores mentais que têm de ser "perdoados" porque não sabem o que fazem!
Não é por acaso que antigos bairros "problemáticos" de Lisboa eram auto-referenciados como "Vietnam" e "Cambodja"; aqui ninguém é parvo e a "inocência" do "bom selvagem" está muito longe destas, nada cândidas, paragens.
Também nestes casos é legítimo aplicar a velha invectiva de Almada Negreiros acerca da "salvação do mundo" - "agora só falta salvá-lo"!
Todos os diagnósticos estão há muito feitos - a continuada criação de "ghettos", como denuncia até a própria auto-referenciação, "Faixa de Gaza", só pode e é certo e sabido, dar origem a fenómenos de explosão social e delinquência, demais a mais em conjunturas de "crise" económica como a que estamos a atravessar, mas não podemos ser "simplistas" ao ponto de lhes atribuirmos "costas tão largas" que expliquem tudo.
E é esse o principal "erro" de análise de uma certa esquerda presa ou a um "primarismo" redutor e "conveniente" como o do PCP ou à "escravatura" da "grelha analítica" e ao "argumentário" do "politicamente correcto" do Bloco, para quem os desacatos ou são como o fascismo, no dizer irónico de Eduardo Lourenço, "nunca existiram" ou são todos provocados por, como Lula da Silva disse da crise financeira mundial, "rapazes loiros e de olhos azuis"; do PS, oficialmente não conheço posição alguma, o Vitalino ainda não falou a este propósito, deixou tudo para o Governo, (também agora quem foi agredido e quem vê os seus bens a arder, não será certamente "Vital" para o partido perder tempo com a situação).
As posições tradicionalmente assumidas pela esquerda têm o inconveniente de também serem mistificadoras da realidade, daquela realidade que o cidadão comum, que paga impostos e está sujeito às intempéries da vida e tanto é vítima do esbulho fiscal do Estado e da ganância do "mercado", como se sente ameaçado pela violência que, sendo mais do que real, lhe atormenta o quotidiano e o torna e ao dos filhos, que não vivendo em condomínios fechados, tendo que utilizar os transportes e frequentar as escolas públicas, reféns de gangs na verdade compostos por tudo menos "meninos do coro", na sua maior parte longe de estarem alojados em condições miseráveis e certamente não passando fome, se não não teriam meios para adquirir armas de fogo e veículos motorizados (nem todos são roubados - esses costumam servir só para os assaltos) que utilizam nas suas exibições públicas de força "tribal" ameaçadora.
Enquanto a esquerda não acordar para os reais problemas dos cidadãos comuns e do seu quotidiano e persistir num discurso também negacionista e encantatório estará a atirar as pessoas em concreto para os braços de demagogos "securitaristas" como Paulo Portas e pior, muito pior, se a situação se complicar "à grande e à francesa"; então é que nos iremos "ver gregos"!
4 comentários:
afirmou o blogger:
"...Enquanto a esquerda não acordar para os reais problemas dos cidadãos comuns e do seu quotidiano..."
Será que quis dizer "Governo", e por lapso, escreveu "esquerda" ... ?
Não deixa também de ser curioso que identifique a esquerda com PCP e BE, tout court ...
Já não há socialistas como antigamente ....
Tchhhhhhhhh !
Cara Maria:
Não quis dizer "Governo", quis dizer "Esquerda" mesmo a sério.
Quis dizer pensamento de esquerda e, sobretudo acção política ("Políticas") de esquerda,sem "partidarites", sem complexos, sem temores reverenciais ao "politicamente correcto" da "fancaria" post-modernista!
E creia: ainda há socialistas como "antigamente" (e neste particular, cada um fala por si...)
António José
TóZé
Sempre, mas mesmo sempre fui um apoiante de Manuel Alegre, fui seu apoiante nas Presidenciais e dai se criou uma empatia que passou pela adesão ao M!C, no próximo dia 15 vai desfazer-se o "TABU" Manuel Alegre / PS ou Sócrates como queiras, como é evidente nada vai sair dali a não ser a "contabilidade de mercearia" como Alegre lhe chamou e que neste caso vale 12 deputados, é obra.
André Freire escreveu no Público de ontem, dia 11 um artigo excepcional mas que não está disponível online, quem estiver interessado em lê-lo pode encontra-lo no site do M!C ou então através de um post que coloquei, vale a pena ler.
Cumprimentos
Caríssimo Anti PS Neoliberal:
Li no "Público" de ontem,dia 11, o artigo do André Freire, está de facto muito bom.
Grato pela recomendação!
Um abraço!
Tó Zé
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