domingo, 25 de novembro de 2012

Para Ler o Pato Donald (ou alguns "subsídios", sem custos para o erário público, para que entendamos melhor os discursos tipo Ulrich/Jonet com um cheirinho a Cavaco)







Na minha  "revolucionária" juventude foi muito popular entre o "estudantariado" de esquerda uma obra de Ariel Dorfman e Armand Mattelart intitulada "Para Ler o Pato Donald" em que é feita uma exegese das histórias de quadradinhos da Disney enquanto veículos ideológicos do Capitalismo. Também por essa altura o psiquiatra Bruno Bettelheim  publicou a "Psicanálise dos Contos de Fadas" defendendo que são, na verdade, contos de uma palavra bastante parecida, em que só muda uma vogal. Ora, um método semelhante pode ser utilizado para fazer a hermenêutica do discurso ideológico de certos figurões bem escorados no "establishment", quando peroram, em termos moralistas, sobre as "virtudes perdidas" e a "valia redentora" dos sacrifícios (Obviamente para os outros. Mesmo quando dizem "temos que empobrecer", esse "temos" é apenas figurativo e estão bem conscientes disso, embora, no calor da abnegação discursiva,  possam episodicamente  "esquecê-lo").
É comum entre as "elites" nacionais (apesar de muitos dos apelidos o não serem) a divulgada opinião que os portugueses "têm vivido acima das suas possibilidades". Como se os portugueses vivessem todos da mesma maneira e como se isso, a ser verdade para o País considerado como um todo estatístico, não tivesse decorrido de uma espécie de "enriquecimento" sem causa, sobretudo sem base de sustentabilidade, promovido precisamente pelos mesmos que agora vêm dizer "Ai aguenta, aguenta" sobre a austeridade com que os seus interesses continuam a lucrar (o Banco do dr. Ulrich, por exemplo, é um dos que foi buscar financiamento ao "bolo" da Troika e o que vai para ele é o que não vai para as funções sociais do Estado). De facto se os bancos não tivessem lucrado com o festim do "crédito fácil" (esta do "fácil" é como a outra que foi a julgamento acusada de ser uma mulher da "vida fácil" e perguntou ao juiz, se era assim tão fácil, porque não experimentava ele próprio?!). Foram os interesses "económicos" e financeiros que estimularam o consumismo e abriram hipermercados e centros comerciais por todo o lado; foram os bancos que "avocaram"; com o indispensável beneplácito dos governos, o totalitário crédito à habitação eclipsando o mercado de arrendamento; foram os bancos que instalaram caixas ATM (vulgo multibanco) a uma das mais altas taxas por número de habitantes do mundo para estimular o despesismo; foram os interesses bancários que "fabricaram" dinheiro através do crédito sem garantias reais, criando "descobertos" autorizados e estimulando "bolhas"; foi toda uma "cultura" ilusionista, com pés de barro, dada como irreversível, que favoreceu nos sectores que hoje verberam a sua própria obra através da culpabilização das "presas" (afinal com papas e bolos se enganam os tolos), nisto semelhando aqueles roceiros coloniais que montavam tabancas à saída das plantações por onde os "contratados" tinham obrigatoriamente que passar para regressar aos "alojamentos", de modo a que a escassa "féria" que tinham recebido ficasse logo lá, "derretida" em álcool e bugigangas. 
Foi isto que aconteceu no Portugal do "oásis" nos últimos vinte e muitos anos, desde o consulado do cavalheiro "amnésico" que enquanto Presidente da República anda a propugnar a "reindustrialização" do País, e o "regresso ao mar" e à agricultura, quando, como Primeiro-ministro, promoveu o desmantelamento da Indústria, da Agricultura, das Pescas, a destruição da via-férrea e a "terciarização" do País, ou seja a ilusão da "vida-fácil".
Como a outra senhora deve ter saudades de ir a Marrocos e ouvir, entre regateios, a ladina adulação dos comerciantes dos "souks":
- "J'aime beaucoup les portugais, parce qu'ils sont pauvres comme nous".

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

O Orçamento e a Dúvida Metódica - Algumas Observações Praxiológicas




O dr. Paulo Rangel tem uma página semanal no "Público" (às terças) de que sou frequentador assíduo (o mesmo digo em relação às de Correia de Campos e Francisco Assis), é no meu modesto entendimento, demais a mais sendo político no activo, um dos mais profícuos pensadores políticos num certo deserto de ideias do nosso panorama caseiro que prefere, obviamente, os auto-alegados "doers" aos "thinkers". Na última terça, 20 de Novembro, o seu texto intitulou-se "O Orçamento e a dúvida metódica" e nele pretendeu e conseguiu, tendo em conta o tema, dar uma no cravo e outra na ferradura. Para esse circunlóquio moderadamente "paracrítico" (uma espécie de "quasicoisa" um pouco ao estilo "1x2" do também eloquente Professor Marcelo), que acaba por ser "simpático" para o Orçamento de Estado deste governo, perante o qual, diga-se de passagem, não se tem eximido de assumir posicionamentos em tom de "crítica construtiva", argumenta com "ressuscitar Descartes do mofo e do bolor dos livros que já ninguém lê".
Em primeiro lugar, não vou ao ponto de lhe recomendar que fale por si, pois entendo a hipérbole do "já ninguém lê" na sua função estilística, acrescento para o informar, caso não esteja ao corrente, que no Ensino Secundário (os actuais "liceus") deixou de ser contemplada a sua leitura obrigatória (como aliás, na disciplina de Filosofia, a de qualquer texto completo, tudo ficando pelo fragmentário) . De facto muito pouca gente há-de fazê-lo. Mas já que o  tornou a ler e se socorre desse precioso texto do velho mestre francês que é "O Discurso do Método", poderia tê-lo feito de maneira mais cuidada e menos "habilidosa" mesmo com o denunciado objectivo de apoiar, ainda que de modo "crítico", o Orçamento de Estado do governo de coligação em que o seu partido (o PSD) é o parceiro maior. Assim quando pretende que a dúvida como método que, em consonância com o atrás exposto, prefere à dúvida céptica, tem como fim encontrar "terra firme" ou seja encontrar um "ponto de partida", não poderá elidir que esse ponto de partida seguro é o "cogito" isto é a intelecção de uma evidência racional que permita estabelecer um percurso heurístico em direcção a uma verdade, passe a  redundância,  tornada segura pela intuição intelectual (a tal "evidência"). Ora, no caso vertente (e de "vertente" muito inclinada para baixo), o do Orçamento, não me parece que esse ponto de partida racional "claro e distinto" tenha sido estabelecido com um mínimo de segurança.
Na verdade para construir uma "moral definitiva" e enquanto estiver na fase de "work in progress", será, para Descartes, necessário deitar mão a uma "moral provisória" que permita guiar os nossos actos, durante o tal "interim", para que não se produza um hiato de princípios que poderia constituir um interregno da razão susceptível de tolher toda e qualquer iniciativa. Tal como se deverá estar "comodamente instalado" enquanto avança a construção de uma casa nova. Ora aqui é a porca torce o rabo, não me parece que começar por destruir a casa seja um bom princípio e permita um mínimo de "comodidade". Também na mesma obra (II Parte) escreve o mestre : "Porém, como um homem que caminha sozinho e nas trevas, resolvi seguir tão lentamente e usar de tanta circunspecção em todas as coisas, que, muito embora avançasse pouquíssimo, evitaria, pelo menos cair".
Parece que a estratégia subjacente ao Orçamento é tão rapidamente e em força dar o passo final para o abismo, que de todo em todo contraria esta precaução.
Descartes tomou de empréstimo ao senso comum uma, assaz conformista, "moral provisória" para não permanecer "irresoluto nas acções" enquanto não ultimava uma prometida "moral definitiva" a construir de acordo com os princípios da Razão.  Temo que a cómoda analogia do Orçamento por recurso ao Método, se venha a verificar como não válida. Afinal de contas o único ponto de semelhança entre o procedimento de Descartes e o Orçamento de Estado que o douto Paulo Rangel tenta acomodar intelectualmente na sua provisoriedade, é que Descartes nunca cumpriu esta promessa e a tal "moral definitiva" nunca viu a luz do dia.          
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                         

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Ó Senhores de Matosinhos, Ó Senhoras da Boa Hora...





Pelos vistos as "bases" do PS de Matosinhos continuam a dirimir as candidaturas autárquicas pelo método da "peixeirada". Não basta  a responsabilidade moral pela morte de Sousa Franco, em 2004, no termo de uma campanha  para as Europeias em que se transfigurou, revelando um dinamismo  no "terreno" até ai insuspeito na sua figura de recatado académico, precipitada pelo choque violento de "hostes" a que não estava habituado e, por isso, lhe terá sido fatal. 
Desta vez as turbas intervenientes nesta "caldeirada" foram as dos "apoiantes" de Guilherme Pinto (actual Presidente da Câmara), "claque" repetente, pois já se tinha estreado em 2004 nos supracitados incidentes de que resultou a morte do Professor Sousa Franco (nessa altura defrontando na Lota os "hooligans" "apoiantes" de Narciso Miranda) e a dos "apoiantes" de António Parada, actual Presidente de Junta, que quer fazer um "upgrade" político a si mesmo e ser Presidente da Câmara, correndo de lá com o Pinto (tudo isto entre "camaradas", claro). Nesta guerra pelo "tacho", há que reconhecer que se aprimoraram nas "artes marciais", desta feita e repetindo a dose, especializando-se  no "vale-tudo".
Razão tinha Churchill quando disse a um sobrinho de visita ao Parlamento que do outro lado não costuma sentar-se o "inimigo", mas tão só o "adversário". O "inimigo" costuma sentar-se na cadeira ao nosso lado.
Enfim , "banalidades" das "bases" ou não fosse o PS, o partido mais "plural" que por cá existe.



sábado, 17 de novembro de 2012

Cães de Fila, Cães de Palha e Um Momento Jonet







Na passada quarta-feira, dia 14 de Novembro, vi, em reprise, um velho filme que me fez lembrar os "saudosos" tempos da Polícia de Choque do capitão Maltez Soares. Um pequeno grupo de embuçados tratou de mimosear o Corpo de Intervenção da PSP de plantão no  sítio do costume, a escadaria de S. Bento, com umas tímidas pedradas estilo ping pong, que não sei se por fastio ou falta de convicção, desmentiam a evidência de se estar perante homens e também, pelo que vi, algumas mulheres, na flor da idade visto aparentarem não ter, ou não quererem ter, força e jeito para arremessar pedras da calçada a mais de uns escassos dois metros (se calhar é porque não comem bifes todos os dias). Nisto os gregos, os espanhóis, os italianos e até os britânicos e alemães (já para não falar dos japoneses e dessas máquinas de luta urbana que são os sul-coreanos de armas idênticas às da polícia, são muito mais "profissionais"). Estivemos então perante uma estranha coreografia em que uns quantos arruaceiros, numa espécie de linha de montagem, arrancavam pedras do chão e iam municiando alguns, muito fracos, "artilheiros" (no "meu" tempo - quem pensa que a situação é inédita é porque ou é muito novo, ou muito esquecido - utilizava-se uma "cunha"  ou um "pé de cabra" e levantada a primeira pedra, as outras vinham por arrasto) que as atiravam contra os escudos da Polícia, parecendo esta vir preparada para isso, uma vez que trazia os escudos longos e não os habituais circulares, o que lhe permitia fazer a "tartaruga" defensiva com total eficácia).
A Polícia estranhamente (ou talvez não) demorou imenso (quase duas horas) a intervir - a ordem nunca mais vinha - numa espécie de exercício de "estoicismo" para passar nas televisões,   deixando adivinhar uma reacção muito violenta, assim como que a criar "lastro" para a justificar. Esgotados os avisos da praxe inicia-se a contra-ofensiva policial e nesse momento assiste-se a um fenómeno que só é insólito para quem passou os últimos quarenta anos na "lua": um conjunto de "manifestantes radicais" muda de campo e passa para o outro lado da "barricada", veste os coletes que sinalizam "Polícia" e segue a "varredura" geral, no encalço de alguns dos manifestantes que momentos antes, enquanto infiltrados, tinha referenciado, enquanto o grosso da coluna se entretém a distribuir bordoada indiscriminada e generalizadamente às centenas de circunstantes cujo único "crime" foi lá terem estado. Toma lá que é para aprenderes, pedimos desculpa por esta interrupção, a democracia segue dentro de momentos.
Na sequência destes incidentes, que sinalizam o princípio do fim dos alardeados "brandos costumes" e que sobrepujaram mediaticamente a Greve Geral, aliás nem poderia ser de outra maneira, dado que, passe o pleonasmo, os "acontecimentos" aconteceram. Deixando um "cheiro" (a pólvora) na insinuada relação com a mesma (ainda que pretextando o contrário), o Ministro do Interior (ou da Administração Interna ou lá o que é) que qual virgem ofendida, negou veementemente o que esteve bem à vista;  o Primeiro-ministro; o Presidente da República (avisando não ter visto as "imagens") e o próprio "leader" da Oposição (deve ser para mostrar o tal "sentido de Estado" que dizem faltar-lhe), numa cascata de aparições televisivas, vieram prontamente louvar a "corajosa", "atempada" e "adequada" intervenção policial. 
A mais do que  evidente estratégia intimidatória das "autoridades" só estará "bem montada" para quem gosta de se deixar "montar" - "a mim não me enganas tu, a panela ao lume e o arroz está cru". 
A este confronto entre cães de palha e cães de fila juntou-se, pelo menos, um momento Jonet: o do respeitável Professor Anes do Observatório para a Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo (mais um), ao declarar que o pessoal das pedradas eram "jovens dos subúrbios".
Os da Lapa só atiram "pedras" para dentro...
Na sequência dos "confrontos" fizeram-se perseguições, identificações, detenções, agressões,  denegações de assistência médica, familiar e jurídica, que chegaram a mais de um quilómetro do foco de origem (Cais do Sodré e Baixa) arbitrárias e atrabiliárias em que "pagou o justo pelo pecador" parecendo ter sido mesmo essa a intenção (a famigerada "estratégia da aranha").
Enfim as linhas tortas de um Estado cada vez menos de Direito, a ficar demasiado encostado à direita.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

A Greve Geral - Uma Questão Moral



Fazer a Greve Geral é o mínimo moral ao nosso alcance imediato. É mesmo uma questão de decência.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Bardamerkel !!!



É uma Doutorada em Física na RDA, a mulher do Ceausescu dizia-se "Doutorada em Química" (embora esta, a avaliar pela foto, seja também muito dada à transubstanciação), mas era na Roménia, logo menos fiável - a latinidade sempre dada à trafulhice. Enquanto na terra dos "Kaisers" e dos "Hitlers", que só por acaso era austríaco, mas tratou logo do "Anschluss", a coisa é mais séria (enfim são apanhados uns ministros com teses plagiadas, mas vá lá, vá lá...ao contrário dos Relvas, são corridos).
Não procura popularidade, nem elogios mediáticos. Só se for fora de casa, pois lá estimula e vive do populismo mais rasteiro e xenófobo e "albarda o burro à vontade do dono".
Se trabalham assim tanto, nem sei de onde virão esses "crustáceos" vermelhuscos que por aí andam o ano inteiro, de dia ao sol e de noite de tasca em tasca, permanentemente enfrascados, mas parece que a algazarra é gutural e teutónica. Também não consigo entender porque razão há tantos "esquerdistas inadaptados" que fugiram do "Paraíso" da "Kaislerin" Merkel e emigraram para este "Purgatório" à beira-mar plantado.
Sabem que mais?
"Bardamerkel" e Boas Festas !!!

sábado, 10 de novembro de 2012

Aderência



Passos Coelho, "apanhado" numa escuta judicial no âmbito da "Operação Monte Branco" a conversar com o banqueiro Ricciardi (mais um apelido estrangeiro ungido do "Espírito Santo"), declarou não ter nada a temer, e passo a citar: "Se aquilo que aquele jornal refere tem aderência à realidade ...".
Ora, esta maltosa que nos (des)governa deu em adoptar uma fraseologia modernaça em tom blasé, numa espécie de neo-pretoguês pedante e analfabruto, disfarçado com umas tintas de novo-riquismo.
Deve estar bem fundamentado na profunda investigação académica levada a cabo pelo outro meco, o "dótor" Relvas, que consta ter feito, por equivalência, as "cadeiras" de "Língua Portuguesa I" a "Língua Portuguesa V", quando lá na "Universidade" só havia até "Língua Portuguesa III" (parece a do cigano que no Terreiro do Paço, quis vender a um passante um relógio que alegava ter trinta e sete rubis. Este respondeu ter um com quarenta e nove,  tendo o outro rematado: "Ena tanta mentira junta. O máximo são dezassete!").
O tema das investigações desse fiel lugar-tenente e leal conselheiro nos seus aprofundados estudos terá sido, sem margem para dúvidas, algo alicerçado no âmbito da abordagem heurística da Obra Completa de Antero do "Quintal"  numa  perspectiva de desconstrução crítica da "Mensagem" por sms de Pessoa plasmada na sua conexão escatológica com as "Palavras Cínicas" de Albino Forjaz de Sampaio.
"Aderência" ?!
É para ver se cola!!!

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Suspiro das Almas Caridosas em Tempos Díficeis (Para os Outros, Claro Está...)




Há pessoas que nos habituámos a admirar, mas que de repente, ou nem tanto assim, nos desiludem. É o caso de Isabel Jonet, cujo papel no Banco Alimentar Contra a Fome tem mobilizado a solidariedade dos portugueses para acudir às necessidades mais prementes de outros seres humanos e o curioso, ou também nem tanto assim, é que costumam ser os menos "ricos" que mais dão. Mas a cidadã e economista Isabel Jonet (depois do Ulrich, este pessoal de apelido estrangeiro parece ter-se especializado neste tipo de dislates, talvez pelas circunstâncias "coloniais" que trouxeram para cá os seus antepassados), decidiu também, e tem esse direito, pronunciar-se em termos políticos e tornar claras as suas posições acerca da sociedade portuguesa na conjuntura adversa que atravessamos (não sei bem se "atravessamos" ou se, como o outro, terá vindo para ficar). Ela acha que: "Os portugueses vivem muito acima das possibilidades. Vamos (?!) ter de empobrecer muito, vamos ter de viver mais pobres". Pela terceira vez (como as negações de Pedro) esta senhora produziu declarações públicas aviltantes para os que são susceptíveis de beneficiar dos apoios que a organização que lidera presta e que agora são potencialmente muitos e muitos mais, fazendo o mui "católico", na versão das "tias" bem intencionadas, elogio da redenção pela pobreza a que estaremos (nós, claro, ela decerto que não) condenados. Pois bem, S. Francisco, o guia dos "poverellos", foi pobre porque assim o decidiu, o seu resplandecente exemplo pode iluminar-nos mas é muito diferente da pobreza involuntária para que são atiradas, por um sistema triturador de vidas em que qualquer um pode, de repente, tornar-se num qualquer, todos os dias milhares de pessoas.   Acontece que  este sistema predatório é promovido por áreas políticas, (pouco) económicas e sobretudo financeiras ideologicamente muito próximas da nossa benfeitora  que tratam de desestruturar e precarizar a sociedade e as suas células-base e vêm depois chorar lágrimas de crocodilo pela "dissolução" da família (já o "velho" Marx, há mais de cento e cinquenta, anos respondia à letra a esta acusação hipócrita), pela "crise demográfica" que é uma das maiores falácias a que os media gostam de dar crédito, juntamente com a da "educação" (quando o real problema está na economia, parasitada por esta gente, que não cresce), contra o divórcio e o aborto, a que acredito (em alguns casos) na santa paz da inconsciência, estas personagens atribuem todos os males do mundo que querem repor na ordem  (na sua claro).
A sua "sensibilidade social" assemelha-se à de  Paulo Portas que numa intervenção expendeu, e cito de cor: "É uma pena que em África as pessoas não tenham meios para almoçar, nem para jantar" (deixe estar senhor ministro que, por cá, há muitas e cada vez mais que também não) e à de Lili Caneças que foi oferecer "tops" Versace (usados claro, fora da saison), pelo Natal, para o Bairro do Fim do Mundo - "pois lá por serem pobres também têm direito à moda", demonstrando ainda assim mais verdadeira e naif generosidade. A doutora Jonet afiançou que "não podemos comer bifes todos os dias". Pois não madame, até porque são rijos e não valem o que custam.
Já não falo na "pecking order" sempre inerente a este tipo de instituições e da falta da, tão ao gosto dos neo-liberais, "accountability" que evidencima podendo até dar a impressão ao sempre suspicaz povo português (ou, se preferirem, à  "opinião pública") de que "quem parte e reparte e não fica com a melhor parte, ou é tolo ou não tem arte".  Há sempre que respigar o velho rifão da "mulher de César" - mesmo sabendo que por essas bandas preferem a castidade ou as famlias numerosas (até porque podem) - que não tem apenas que ser séria, também tem de parecê-lo".
Mas esteja descansada minha senhora que pobrezinhos certos, todos os sábados de manhã, atentos, veneradores e obrigados, não lhe hão-de faltar a bater à porta da escada de serviço,  pedindo, já não o pão-por-deus ou pela alminhas de quem lá tem, mas o avio da semana.
Para Vossa Senhoria  poder ter o alvedrio de responder:
Tenha paciência!

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Lego Lapidares (Teoria dos Jogos)



"A política internacional é um sistema de peças em que mexer num dominó altera o xadrez".

                                        Carlos Zorrinho, Fórum TSF,  07/11/2012

domingo, 4 de novembro de 2012

Ai Aguenta, Aguenta...


O doutor Fernando Ulrich declarou recentemente para responder a uma espécie de dúvida metódica: "O país aguenta mais austeridade?... Ai aguenta, aguenta".
Como calculo que o dr. Ulrich esteja a falar da sua própria condição e esteja preparado para perder o emprego, ficar sem casa (se calhar em favor do seu próprio Banco, o benemérito BPI), tirar os filhos da Católica (ou coisa que o valha), começar a pernoitar e tomar duche nos albergues nocturnos e as refeições nas "Cantinas Sociais" do ministro Mota Soares, sugiro-lhe graciosamente uma "dica" de marketing promocional que lhe irá poupar os custos de ter que recorrer a mais alguma Agência de Publicidade:
Mande pintar, a cor de laranja forte, nas montras das Agências do BPI a famosa frase "Ai aguenta, aguenta".
Vai ver que também não terá custos de execução da empreitada, mão-de-obra em regime de voluntariado não deverá faltar.