Há pessoas que nos habituámos a admirar, mas que de repente, ou nem tanto assim, nos desiludem. É o caso de Isabel Jonet, cujo papel no Banco Alimentar Contra a Fome tem mobilizado a solidariedade dos portugueses para acudir às necessidades mais prementes de outros seres humanos e o curioso, ou também nem tanto assim, é que costumam ser os menos "ricos" que mais dão. Mas a cidadã e economista Isabel Jonet (depois do Ulrich, este pessoal de apelido estrangeiro parece ter-se especializado neste tipo de dislates, talvez pelas circunstâncias "coloniais" que trouxeram para cá os seus antepassados), decidiu também, e tem esse direito, pronunciar-se em termos políticos e tornar claras as suas posições acerca da sociedade portuguesa na conjuntura adversa que atravessamos (não sei bem se "atravessamos" ou se, como o outro, terá vindo para ficar). Ela acha que: "Os portugueses vivem muito acima das possibilidades. Vamos (?!) ter de empobrecer muito, vamos ter de viver mais pobres". Pela terceira vez (como as negações de Pedro) esta senhora produziu declarações públicas aviltantes para os que são susceptíveis de beneficiar dos apoios que a organização que lidera presta e que agora são potencialmente muitos e muitos mais, fazendo o mui "católico", na versão das "tias" bem intencionadas, elogio da redenção pela pobreza a que estaremos (nós, claro, ela decerto que não) condenados. Pois bem, S. Francisco, o guia dos "poverellos", foi pobre porque assim o decidiu, o seu resplandecente exemplo pode iluminar-nos mas é muito diferente da pobreza involuntária para que são atiradas, por um sistema triturador de vidas em que qualquer um pode, de repente, tornar-se num qualquer, todos os dias milhares de pessoas. Acontece que este sistema predatório é promovido por áreas políticas, (pouco) económicas e sobretudo financeiras ideologicamente muito próximas da nossa benfeitora que tratam de desestruturar e precarizar a sociedade e as suas células-base e vêm depois chorar lágrimas de crocodilo pela "dissolução" da família (já o "velho" Marx, há mais de cento e cinquenta, anos respondia à letra a esta acusação hipócrita), pela "crise demográfica" que é uma das maiores falácias a que os media gostam de dar crédito, juntamente com a da "educação" (quando o real problema está na economia, parasitada por esta gente, que não cresce), contra o divórcio e o aborto, a que acredito (em alguns casos) na santa paz da inconsciência, estas personagens atribuem todos os males do mundo que querem repor na ordem (na sua claro).
A sua "sensibilidade social" assemelha-se à de Paulo Portas que numa intervenção expendeu, e cito de cor: "É uma pena que em África as pessoas não tenham meios para almoçar, nem para jantar" (deixe estar senhor ministro que, por cá, há muitas e cada vez mais que também não) e à de Lili Caneças que foi oferecer "tops" Versace (usados claro, fora da saison), pelo Natal, para o Bairro do Fim do Mundo - "pois lá por serem pobres também têm direito à moda", demonstrando ainda assim mais verdadeira e naif generosidade. A doutora Jonet afiançou que "não podemos comer bifes todos os dias". Pois não madame, até porque são rijos e não valem o que custam.
Já não falo na "pecking order" sempre inerente a este tipo de instituições e da falta da, tão ao gosto dos neo-liberais, "accountability" que evidencima podendo até dar a impressão ao sempre suspicaz povo português (ou, se preferirem, à "opinião pública") de que "quem parte e reparte e não fica com a melhor parte, ou é tolo ou não tem arte". Há sempre que respigar o velho rifão da "mulher de César" - mesmo sabendo que por essas bandas preferem a castidade ou as famlias numerosas (até porque podem) - que não tem apenas que ser séria, também tem de parecê-lo".
Já não falo na "pecking order" sempre inerente a este tipo de instituições e da falta da, tão ao gosto dos neo-liberais, "accountability" que evidencima podendo até dar a impressão ao sempre suspicaz povo português (ou, se preferirem, à "opinião pública") de que "quem parte e reparte e não fica com a melhor parte, ou é tolo ou não tem arte". Há sempre que respigar o velho rifão da "mulher de César" - mesmo sabendo que por essas bandas preferem a castidade ou as famlias numerosas (até porque podem) - que não tem apenas que ser séria, também tem de parecê-lo".
Mas esteja descansada minha senhora que pobrezinhos certos, todos os sábados de manhã, atentos, veneradores e obrigados, não lhe hão-de faltar a bater à porta da escada de serviço, pedindo, já não o pão-por-deus ou pela alminhas de quem lá tem, mas o avio da semana.
Para Vossa Senhoria poder ter o alvedrio de responder:
Para Vossa Senhoria poder ter o alvedrio de responder:
Tenha paciência!
5 comentários:
Dar de "suas farturas" sempre foi a lavagem de alma de certa gente mui cristã ...
Sobretudo, meu irmão, porque têm demasia de cabedais e vontade de pôr os "pobrezinhos" no "seu devido lugar" - o lugar da humilhação suplicante.
E esta até "dá" das "farturas" de generosidade dos outros.
Demais a mais, poderão dar de "suas farturas", mas ficam sempre com as suas usuras.
Devo ter que me ir confessar, no sábado pequei - cá em casa comemos bifes (coisa que muito raramente fazemos) e ainda por cima do lombo (até porque já não tenho dentes para os outros).
E ela a dar-lhe! A ilustre dama produziu um "Esclarecimento", divulgado hoje, em que "voltou à vaca fria", isto é, ao péssimo hábito de comer bifes.
Foi pior a emenda que o soneto !!!
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