sábado, 30 de junho de 2012

Margarida da Serra



Em Agosto de 75 fui "colocado" na "alfabetização" em Santiago do Cacém, Alentejo, Portugal. Note-se que o "Serviço Cívico" (maneira "revolucionária" de impedir a abertura das Universidades) era para ter começado em Outubro de 74, mas acabou por se iniciar a um mês do fim, provando que os "cubanos" portugueses eram, pelo menos naqueles tempos, piores em organização que os cubanos propriamente ditos.
Quando cheguei à então Vila de Santiago achei estranho, e naquela altura era difícil estranhar fosse o que fosse, que as placas toponímicas estivessem alteradas a spray, modificando  nomes de terras e ruas. A que mais me chamou a atenção foi a placa de "Margarida da Serra" com a primeira palavra tapada a branco. A palavra rasurada era "Santa" e percebi como que por "insigth" o que se passava, tudo o que eram "Santas" ou "Santos", "Doutores", "Engenheiros" ou "Arquitectos", "Padres", "Bispos", "Cardeais", "Dons" ou "Donas" e tudo o que pudesse beliscar o "igualitarismo" então reinante (por muito pouco tempo, diga-se de passagem) estava "abolido".
Sei do que falo, eu próprio moro numa rua do Barreiro, que já foi da "Bandeira Vermelha" e agora é só da "Bandeira". Menos PCP, mais CDU - noblesse oblige.
Foi na mesma época em que uma brigada de militares barbudos e guedelhudos, durante a "Operação Nortada" de "dinamização sócio-cultural" entrevistou para a então única RTP, uma velhota transmontana ou da Beira Alta, já me vão falhando os pormenores, de lenço e xaile negros:
- "Tiazinha, sabe o que é o Socialismo" ?
- "Oh filho, socialismos só com o meu marido e muito de vez em quando"...
Foi, como diz o Magno da ERC, o "Zeitgeist", ou por outras palavras:
"O que tem que ser, tem muita força"!!!




sexta-feira, 29 de junho de 2012

Afinal Estamos Lá....



A notícia de hoje, para além dos apupos ao Álvaro, foi a nomeação de Pedro Proença para "apitar" (sic) a Final do Euro 2012 que não vai ser a do whishful thinking de Platini. Faz-me um bocado de impressão isto dos pivots dos "mídia", incluindo os de referência, insistirem em confundir o instrumento (o apito) com a função (arbitrar).




quarta-feira, 27 de junho de 2012

"Alvesbarrota"




Nos meus verdíssimos anos docentes, pelos idos de 76/77, fui encarregado de corrigir provas do Exame Nacional de História do Ciclo Preparatório, maioritariamente realizadas por adultos externos e auto-propostos, uma vez que as turmas do diurno já só tinham a "avaliação contínua". Numa dessas provas encontrei um dos maiores "nacos de prosa" de sempre.
Convém contextualizar, Portugal tinha vindo do 25 de Abril em 74 e nos anos de 1975 e 76, tinha havido um corrupio de processos eleitorais: as Constituintes, as Legislativas, as Presidenciais e as Autárquicas, todas em primeiríssima mão, novinhas em folha, a estrear. 
Os Programas da disciplina de História, da Primária às Faculdades de Letras, continham um tema sacramental, então em grande voga na historiografia anti-fascista, a "Crise de 1383 - 85" na versão Borges Coelho (para obstar ao "matoom o Meestre" do malquisto Mattoso). Para temas sacramentais não podia faltar a questão sacramental e o ponto começava com : "Caracterize a Crise de 1383 - 85".
Uma das provas que me calhou corrigir, o tal "naco", não sendo necessário ser grafologista para perceber provir de pessoa adulta, "caracterizava-a" assim:
"A Crise de 1383 - 85 foi um processo eleitoral. Havia dois Mestres de Avis, um português e um espanhol. O Povo votou e o Mestre de Avis português ganhou. Derrotados à boca das urnas, os espanhóis que, como toda a gente sabe, têm mau perder, não gostaram. Vai daí, invadiram. Foram então detidos em Alvesbarrota pelo Condestável, D. Nuno Álvares Pereira."
De facto há um pequenino fundo de verdade no meio desta confusão toda, não eram dois "Mestres de Avis", mas eram dois "D. João", um de Castela e outro de Portugal, o vero Mestre de Avis. O resto é pura "filosofia política" e "madureza" de espírito.
Hoje a coisa acabou por não correr de feição, fica para a próxima. Queremos a desforra, talvez com outro "Condestável" que galvanize mais as hostes, talvez "The Special One" ?
Why not ?

domingo, 24 de junho de 2012

Humor Branco



A notícia desta manhã foi o diagnóstico clínico feito pelos médicos do Hospital de Poznan na Polónia a Eusébio,  onde permanece internado após súbita indisposição. Afinal a situação do "Pantera", segundo vários locutores de serviço em diversas estações de rádio e televisão: "não é assim tão negra".

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Esperanças e Ilusões



Errei todo o discurso de meus anos;
Dei causa [a] que a Fortuna castigasse
As minhas mal fundadas esperanças.
                                         
                                Luís Vaz de Camões

Cristiano Ronaldo, cujo génio não se vislumbra propriamente a falar, apesar de também nessa "competência" estar em franco progresso, disse, após a vitória frente à República Checa, que "é preciso continuar a alimentar a esperança, ... a ilusão". 
Vendo bem, terá algumas razões para as tomar por sinónimos, é que o moço sabe "intuitivamente" que, para os portugueses, raras foram as esperanças que não descambaram em grandes ilusões.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

"Repórter Estrábico"









O gajo que arbitrou  (e não "apitou" - como dizem até nos "mídia" de "referência",  talvez porque sejam os "homens do apito"- no "meu tempo" até eram os "bois negros", mas agora são também a cores) o Inglaterra X Ucrânia, mais os outros palhaços todos (como juízes de baliza e quejandos) que as máfias do futebol usam para encanar a perna à rã (aqui ainda não chegámos ao que se justificaria -  o uso das "tecnologias", mas depois como é que o cambalacho ia funcionar?)  tocam com certeza nos "Repórter Estrábico". Como são muito bem mandadinhos e desejos de "chefe" são ordens, devem estar a querer fazer a vontade ao Platini e a carrear os "grandes" para as fases finais, fiados naquela velha consigna:
"Com a verdade me enganas"...
São de Olhão e jogam no Boavista.
Biltres !!!

O Boletim "Mentirológico"




Nestes tempos de chumbo, a crise parece também ter chegado ao tempo e à sua previsibilidade. Bem sei que as previsões meteorológicas, como todas as previsões científicas (e já para não falar das outras), são falíveis em certa medida e contêm uma margem de erro que pode não se dever à falta de rigor metodológico da pesquisa, mas à imponderabilidade dos próprios factores.  Porém começamos a ter também nos vários "mídia" autênticos Boletins "Mentirológicos", como se dizia no tempo da mono RTP, assim um bocado ao estilo dos célebres "prognósticos depois do jogo".
Há uns tempos ouvi numa Rádio de "referência" um locutor, logo pelas oito da matina, ler a previsão do estado do tempo para esse mesmo dia:
- "Céu limpo em todo o País" - isto enquanto era muito audível o ribombar de trovões, se viam os relâmpagos e  se sentiam as bátegas de chuva grossa - "pelo menos é isto que está aqui à minha frente e me deram para ler"!!!