terça-feira, 3 de março de 2009

As atribulações de um "socialista"

Ser "socialista" em Portugal é complicado.
Que o diga Sócrates quando após ter anunciado, no discurso de encerramento do Congresso de Espinho, (excelente camarão, um bocado assim para o "carote", mas para este people, não há crise e "um dia não são dias"), uma daquelas medidas que consubstancia a opção pela "esquerda" e as "preocupações sociais" do Partido e do Governo, que é a promessa da "obrigatoriedade da Educação Pré-Escolar para todas as crianças"; logo veio o porta-voz das IPSS, manifestar publicamente os seus receios de que o Estado possa estar a fazer "concorrência desleal".
Ora, para além do rídiculo da opinião de que o Estado possa fazer "concorrência desleal" a quem quer que seja ao assumir as suas obrigações, podem o Sr. Padre Lino Maia e as IPSS estar descansados que o "negócio" não vai acabar. Pelo contrário, como o anúncio não passa de demagogia eleitoralista, tudo irá continuar na mesma, ou seja, aquilo que o Estado nunca fez vai continuar a não fazer e essa "responsabilidade" vai continuar cometida às IPSS e aos "privados" e, até pode ser que nessas "parcerias" empochem mais uns subsidiozitos.
Post-Scriptum:
Posso, a este propósito, relatar a minha própria experiência: a minha filha nasceu em 88 e até aos 3 anos de idade esteve em casa com uma senhora a quem pagávamos o Ordenado Mínimo, pois como trabalhadores não tínhamos horário para ficar em casa com ela.
Quando chegou aos três anos entendemos pô-la num infantário no Pré-Escolar.
Fizemos uma ronda pelo Concelho e inscrevêmo-la em vários : um público ( o único existente) e dois privados ( um de uma IPSS e outro totalmente particular).
Aguardámos chamada para entrevista com as directoras e fomos nelas informados que no único público que funcionava das 9.00 às 15.00 horas, só com "cunha" da própria directora e, como éramos e ainda somos, "ricos" (para efeitos fiscais, claro, ou seja pagamos impostos), iríamos pagar cerca de 50000 escudos (250 euros).
O mais engraçado disto tudo é que iríamos pagar este montante num infantário público por uma criança, com um horário totalmente despropositado por socialmente inútil, enquanto pessoas nossas conhecidas, do tipo pobrezinhos de BMW, por duas crianças pagavam, apenas, 8000 escudos (40 euros).
Na IPSS o autocarro não atravessava a linha dos caminhos-de-ferro, nessa altura não existia o viaduto cardiovascular da Recosta e iríamos pagar perto do mesmo montante, pelos mesmíssimos motivos (abastança por IRS declarado).
Então, optámos por um Colégio totalmente privado mas em que, pelo menos, éramos todos "ricos" e não havia borlas para ninguém.
Ficámos, assim, em 1991, a pagar 50000 escudos por mês para termos uma criança de três anos num infantário com Pré-Escolar de razoável qualidade e com um horário minimamente adequado às nossas necessidades profissionais.
Que estranho país este em que ter uma criança num infantário é mais díficil e mais caro do que ter um filho numa Universidade privada!!!

Um comentário:

Anti PS Neoliberal disse...

Gostei, principalmente do viaduto cardiovascular, já tinha ouvido chamar muita coisa agora cardiovascular ainda não.