domingo, 3 de outubro de 2010

E porque não Viriato?


Miguel Sousa Tavares (MST), na sua página do Expresso do último sábado, 2 de Outubro, defende que a responsabilidade da actual situação calamitosa do país não impende apenas sobre José Sócrates e Teixeira dos Santos, mas também sobre Cavaco (o "mãos largas"), o PREC e até Salazar, omite Guterres (vá-se lá a saber porquê?). Fico sem entender qual o critério deste julgamento em retrospectiva, já que poderia ter ido a Fontes Pereira de Melo, ao Marquês de Pombal (que também era "Melo"), a D. João IV, a D. João II, ao Infante D.Pedro ou ao Infante D. Henrique, a D. João I ou a D. Afonso Henriques ou até, porque não, a Viriato, não tivesse sido ele o cabecilha de uma horda de rústicos que não se governavam, nem se deixavam governar.
Como MST parece um daqueles "árbitros habilidosos" de que costuma queixar-se quando o seu clube não ganha, para o elucidar sem grandes retrogradações históricas, citamos uma das respostas mais certeiras para que se compreenda a génese desta situação, para além da "crise internacional", dada por Karsten Voight, veterano da diplomacia alemã, dizendo preto no branco na "Sociedade das Nações" da SIC-Notícias, que a Alemanha terá começado a perder a paciência para os países da Europa do Sul e do Leste em que há pessoas que enriquecem à custa do dinheiro dos apoios, que nunca concretizam os projectos subsidiados e que, ainda por cima, não pagam impostos.
Ora, para bom entendedor meia palavra basta e não será de exigir a um diplomata que soletre o nome de todos os países em que estará a pensar, demais a mais, sendo hóspede de um deles. De facto, em Portugal teve-se um entendimento muito sui generis do "Princípio da Subsidiariedade" (que foi lido como "Princípio do Subsídio Dado") e agora kaput. O entusiasmo pela União Europeia e pelo Euro já está a arrefecer ao ponto de muita gente considerar que aquilo que há 25 anos foi tido (e vendido, diga-se de passagem) como uma boa ideia, só o terá sido no tempo da Alemanha "Funeral", porque com a "compra" do Leste, a Alemanha de hoje tem mais em que investir e se calhar o melhor será mesmo desmontar a tenda, que até já está a dar "barraca".
O problema, para além dos maus hábitos instalados e do gorar das expectativas, é o topete de quem, após ter enterrado o nosso sector produtivo e querer fazer de nós uma economia de "serviços" (leia-se de "bandeja na mão") e do sector "terciário" (leia-se de call centers), vem agora dizer-nos (ele que até é de Boliqueime), que devemos "pôr os olhos no mar" e outras "ingenuidades" do género.
Não deve ser difícil descortinar onde pararão hoje os "génios visionários" próceres do "Cavaquistão" do tempo do "oásis" que depois secou, e do "bom aluno" que, afinal, se veio a revelar um grande cábula.
Porque se estoirou com o nosso sector produtivo, fazendo de conta que é possível comer "tecnologia de ponta" e abrir hipermercados, dizimando os consumidores, previamente viciados em adquirir "lixo", ainda por cima, importado?
Como é certo e sabido - "o carteiro toca sempre duas vezes" e uma das poucas virtudes da penúria é ensinar-nos alguma coisa que, no entanto, esqueceremos como o macaquinho assim que se dissipar a borrasca, só que esta é como o Toyota e veio para ficar.
Da famosa "repartição dos sacrifìcios" que, sempre em nome do "Interesse Geral", o nosso "engenheiro" está constantemente a apregoar, convém dizer que é socialmente injusta, trata-se apenas de "chutar com o pé que está mais à mão" e de esbulhar sempre os mesmos, não propriamente quem tem rendimentos, mas quem já paga impostos.
O único precedente histórico em 36 anos de Democracia, foi em 83, aquando da segunda visita do FMI, em que foram confiscados 33% do subsídio de Natal a todos os que o receberam.
Mesmo assim e não havendo ainda "dinheiro de plástico", estando na "bicha" da Caixa Geral de Depósitos para receber o vencimento, fui abordado por um homem já idoso que conhecia de vista e sabia ser vendedor do jornal "Avante", que se abeirou de mim e me ofereceu um cravo vermelho com um papelinho enrolado contendo esta quadra:
"E quando houver eleições
Não te esqueças outra vez
De votar nos ladrões
Do teu décimo terceiro mês"

Um comentário:

Miguel Aljustrel disse...

Aqui fica o link do video na sic, dia 27 Setembro.

http://www.youtube.com/watch?v=5XRvEXN6Ds8