terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

O Busto de Napoleão




As "rescisões amigáveis" na Função Pública, assim ao jeito dos "voluntários" na tropa,  fazem-me lembrar a, em tempos famosa, anedota do "busto de Napoleão":
- Olhe chefe, um busto de Napoleão!?
- Qual busto de Napoleão, nem meio busto de Napoleão, você quer é uma rescisão amigável!

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Os Ceguinhos



O caso da nomeação para Secretário de Estado da Inovação do dr. Franquelim Alves, um "velho" quadro dos negócios financeiros (ex-administrador da SLN, detentora do BPN), vem provar que não há nada para "inovar", é tudo muito dejà vu e de duas, uma (também podem ser as duas, que nisto dos cúmulos parece não haver limite): ou o Governo está a criar uma manobra de diversão, através de mais um fait divers, com o acinte provocatório de quem anda mesmo a "pedir chuva"; ou a estratégia é a do "empararem-se" uns aos outros e provar na prática que "os amigos são para as ocasiões", não vá haver mais "bocas no trombone".
Para o comum dos mortais é um mistério insondável que um homem habituado a um muito alto nível remuneratório, venha agora, como Secretário de Estado, vencer uns "míseros" cinco mil euros (estou a falar de alguém do métier, não de algum arrivista, oriundo das "jotas" ou da "pelintrice"). Só pode mesmo ser por pura e absolutamente desinteressada abnegação patriótica e por um elevado sentido de serviço público.
Que o homem tenha vindo de onde veio e passado, discreta e silenciosamente, por onde passou não me espanta. Afinal estamos num País de "ceguinhos" onde, como é consabido, é muitíssimo difícil arranjar testemunhas, porque nunca ninguém "viu" nada. 
Perante esta situação de desaforo cívico ocorrem-me vários aforismos, que por cá são muitas vezes invocados em termos retóricos, mas muitíssimas mais ignorados em termos pragmáticos:
"Tão ladrão é o que vai à vinha, como o que fica de atalaia".
"Os pecados podem ocorrer por acção ou por omissão".
"Em política, o que parece é".
"À mulher de César não basta ser séria...".
O cavalheiro nem é arguido no processo ou sequer suspeito, é apenas "distraído" e não viu nada; ou se viu, como é uma pessoa educada, não quis dizer.  
No fim de contas, que para nós, contribuintes portugueses, ainda está longe, o maior "ceguinho" foi o então Governador do Banco de Portugal, dr. Constâncio, que também nada viu e até foi recompensado com um "chuto para cima" - o cargo de Vice-presidente (justamente com o pelouro da supervisão bancária) do Banco Central Europeu, provando que a "miopia" (apesar de todos os alertas) não é apanágio da "direita dos interesses", mas tão só dos próprios interesses.
Ditosa Pátria que tais filhos tem...

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

"Por Qué No Te Callas ?!"


O dr. Fernando Ulrich voltou à carga como samurai das cavalidades e à semelhança de um ministro japonês, mostrou-se contumaz no desaforo. Depois do "Ai aguenta, aguenta" de há uns meses, a sua espartana sensibilidade social aliada a um profundo esprit de finesse, levou-o a reincidir no diagnóstico e a carregar na analogia. Desta vez "Se os sem-abrigo aguentam, por que é que nós não havemos de aguentar". Claro que este "nós" é mero recurso estilístico. Ele sabe perfeitamente que o desvelo que os actuais detentores do poder político  devotam aos banqueiros torna essa já longínqua possibilidade, apenas num tropo retórico. Afinal every goood boy deserves favour e até a boçalidade social mais cavilosa, típica da burguesia burgessa de que o dr. Ulrich é um espécimen perfeitoacaba por provar que, no presente contexto, nem toda a nudez, rude e afrontosa, deste tipo de linguagem será, como mereceria, castigada.
Repare-se que o"paradigma", neste caso o mote da ameaça implícita, já não são "os pobres que as medidas de austeridade têm deixado intocados" mas os "sem-abrigo", num estado de coisas em que, quase instantaneamente, qualquer um se pode tornar num qualquer. Conviria esclarecer, mesmo perante a infrene verborreia de solípedes deste jaez, que os sem-abrigo não nasceram enquanto tal. Tornaram-se nessa condição por este ou aquele conjunto de motivos, as mais das vezes por obra dessas beneméritas instituições (os Bancos) tituladas por personalidades da envergadura do dr. Ulrich  e sustentadas pelo dinheiro esbulhado não apenas a quem  a eles recorre, mas também a quem paga impostos, dando razão à velha consigna segundo a qual o capitalismo acaba sempre por ser "socialista" quando toca aos prejuízos.
Quo usque tandem abutere, patientia nostra?
Por qué no te callas ?

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

A (Adiada) Noite das Facas Longas (Seguida do Ultimato)




A anunciada "Noite das Facas Longas" para as bandas do Rato ficou, por ora, no tinteiro. A rapaziada que se recusa a cortar pontes com o passado e que visa exaltar a "obra" dos Governos Sócrates parece que, à última da hora, "embainhou" as catanas e decretou uma "trégua" unilateral. Uma inflexão táctica à espera de melhor oportunidade na estratégia conspirativa que, no PS, estes sectores costumam activar sempre que lhes cheira a Poder. Têm obviamente o problema de arranjar, e em regra costumam recorrer ao outsourcing, uma "personalidade" que, pelo menos formalmente,  encabece uma suposta "vaga de fundo". Em geral costumam contar com muitas "personulidades", cujos "curricula" serão para o efeito, pouco recomendáveis. Agora é lançar Costa contra Seguro, afinal este é um filme em
reprise, já o fizeram com sucesso (para eles, claro, mas com um terrível preço para o País) quando Guterres se declarou em "estado de choque" perante os "escassos"  cerca de 30 % de Sampaio face a Cavaco. Depois foi o que se viu, a vitória de 95 e o regabofe generalizado do tudo para todos, continuando a "política" de mãos largas  com dinheiro emprestado do cavaquismo até à fuga de Guterres (na perspicaz observação de um grande amigo meu, "o último jesuíta a governar Portugal"), aproveitando a derrota autárquica de 2001. Ferro Rodrigues perde por uma unha negra contra o PSD "sulista, elitista e liberal" (Luís Filipe Menezes dixit - as voltas que o mundo dá...) de Durão Barroso que viu a sua oportunidade de se pôr ao fresco depois de ter servido de mordomo à Cimeira da Guerra de Bush, Blair e Aznar e ter, por isso, sido bem recompensado com o cargo que ainda mantém.  Em consequência Jorge Sampaio empossa o patético governo de Santana Lopes, que acaba "naturalmente" por trazer Sócrates e o PS (em versão saloia da Terceira Via) de novo à governação.
E que governação, da maioria absoluta à bancarrota foi um ver se te avias, complementado com o desbaratar da base social de apoio do Partido (com que alguns "barões" parecem andar agora preocupados),  acabando por entregar de bandeja o Poder a uma direita oportunista e mentirosa (o estilo pegou de estaca, também Passos & Portas haviam jurado não subir impostos, nem cortar salários e pensões e muito menos subsídios) que entretanto teve tempo e condições de dar o seu "golpe de mão" no PSD, com o caminho aberto pelo estilo pouco sério, demagógico-populista, apostado na  clivagem social e semeador da cizânia e ressentimento, tentando atirar todos contra todos, inaugurado à "esquerda" pelo  "engenheiro". Com o caldo engrossado pelo último acto desta tragicomédia, a cereja no topo do bolo que Passos precisava como desculpa universal, o de ter tomado a iniciativa desesperada de recorrer à Troika, amarrando o Partido a esse acto, cuja invocação terá doravante as costas largas, a propósito e a despropósito
Se é desse "legado" do  "passado recente"  que certos camaradas se orgulham e com o qual não querem "rupturas", bem podem limpar as mãos à parede. Se é o regresso a esses "tempos áureos"  dos  "cento e cinquenta mil empregos", dos TGVs, dos Aeroroportos "Jamé" e das Pontes virtuais,  das PPPs , dos Parques Escolares e das SCUTs. Enfim, como dizia a outra, da "Festa". Bem podem tirar o cavalinho da chuva pois os portugueses não terão a memória assim tão curta que não se lembrem dos rostos e nomes  dos responsáveis por uma política no mínimo imprudente (mesmo tendo em conta a crise mais profunda dos últimos "oitentaeanos" como o "engenheiro" gostava de justificar) cujos funestos resultados estamos agora a sofrer na pele.
Animados pelo cheiro a poder prepararam uma  defenestração, ao perceberem melhor o impacto do logro do "regresso aos mercados" como balão de oxigénio do Governo, acharam melhor passar aos "ultimatos" e dar prazos ao Secretário-geral para "unir o Partido"  (olha quem...).
Este pessoal tem que meter na cabeça que voz grossa e arrogância não são sinónimo de perfil.  Fazer política não é farronca. A fanfarronice, na hora da verdade, costuma ser má pagadora.
Se eu fosse a Seguro (apesar da velha questão "pode alguém ser quem não é ?"), até por uma questão de sanidade, ia  a jogo!!!

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

O (Neo)Liberalismo em Part Time








António Costa (não esse...), director do "Diário Económico", declarou ao "Fórum" da TSF que a intenção do governo de privatizar a RTP esbarrou no apego sentimental que os portugueses nutrem por três empresas até agora públicas, a própria RTP, a TAP e a Caixa Geral de Depósitos.
Ora o interlúdio na sanha de entregar as "jóias da coroa" ao cleptotropicalismo (como aconteceu com o BPN) não se deveu apenas a questões de natureza sentimental, mas mais em concreto e no caso da RTP, à oposição interna dos barões da comunicação social, que soem defender o "liberalismo" só e quando não toca aos seus interesses. São assim "liberais" ou "neoliberais" às segundas, quartas e sextas e "proteccionistas" (sobretudo para si próprios) às terças, quintas e sábados (aos domingos almoçam todos à custa da gente). Na verdade o "mercado", ou seja, o "bolo" publicitário, não dá para todos (nunca deu, mesmo antes da presente "crise") o que permite decretar a suspensão das suas tão decantadas "leis" (as da tal "mão invisível"), que só são "científicas" quando acontece darem jeito.
Estas convergência táctica entre o interesse geral (como não se cansava de repetir um, agora  profilacticamente auto-exilado, estudante de Ciência Política) e determinados interesses particulares (Lenine diria que há circunstâncias em que até o "diabo" serve) não permite iludir que a RTP tem muitos cancros, de que a obscenidade dos salários de umas quantas "vedetas" (verdadeiramente "pornográficos"), um certo "residualismo" e a obsessão "concorrencial" de querer competir em telelixo com as estações privadas (que nesse campeonato são imbatíveis) são exemplos crassos.
Tirando, se não me engano, o Luxemburgo (por exiguidade) e a Bulgária (talvez por imprestabilidade ou pior), todos os países da UE têm, pelo menos, uma estação pública de televisão. No Mundo desde a mítica BBC (em Portugal é melhor esquecer o "paradigma" que, por cá, não passa de conversa fiada) até à televisão pública dos próprios States, esta é praticamente um "must" civilizacional. Só nesta república a "galfarragem" instalada na desgovernação (os tais "liberais" encostados) delira com "privatizações".
Desta vez e tal como no caso da TAP (dois tiros no porta-aviões), enganaram-se. Afinal o Poder ainda não caiu nas "relvas" (pelo menos na totalidade) e o lobby Balsemão mostrou-lhes quem manda.
A velha "ordem social estabelecida", quando lhe pisam os calos ou se esquecem de quem é o patrão, é ainda capaz de fazer valer as suas prerrogativas.
O respeitinho continua a ser muito bonito!!!

domingo, 20 de janeiro de 2013

Bem Seguro


O meu homónimo e camarada, António José Seguro, deu uma entrevista à TSF/Diário de Notícias que marca uma viragem na maneira de fazer política em Portugal. Demarcando-se do estilo "aldrabão" de Sócrates e Passos (fundei o PS/Barreiro em 29 de Abril de 1974, mas nunca vivi da "pulhítica", por isso tomo a liberdade de chamar os bois pelos nomes) assumindo uma postura séria, insistindo na credibilidade, recuperando um pouco, até na questão da putativa maioria absoluta, a temática do efeito Guterres, seu mentor, agora que, por redobradas razões, é de novo preciso pôr "as pessoas primeiro"; insistindo na credibilidade do discurso dos políticos,  dizer a verdade sem prometer tudo a todos. É certo que podia ter ido um pouco mais longe na  análise do assalto global, em que o "neo-capitalismo" ataca primeiro o elo mais fraco da periferia para cercar o centro (Passos e Gaspar não são estúpidos, nem lorpas, sabem muito bem a "encomenda " que têm, não sabem é muito bem como a hão-de "entregar"), mas quem se prepara para assumir o Poder, ainda que muito mitigado pelas circunstâncias, não pode ignorar que é parte do compromisso. Recusou, ainda assim, a estratégia do "salame," inaugurada por Sócrates ("cortar" a sociedade às fatias para as pôr umas contra as outras) e a táctica da "gangrena" que o desgoverno Passos/Gaspar utiliza abundantemente (ameaçar cortar a perna supostamente gangrenada para se ficar pelo pé e ainda receber os agradecimentos do "doente").
O desejo tem asas, a vontade apenas pernas, e muita necessidade de ter os pés bem assentes na terra...

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Demografia Leonina



Declaração prévia de (parcos) interesses: sou sportinguista.

O senador e polímata Prof. Daniel Sampaio, cujos campos de especialidade vão desde a  medicina psiquiátrica ao futebol, passando pela educação e pelo aconselhamento parental e conjugal, acaba de soltar uma curiosa e, visto vir de quem vem, certamente avalizada, informação demográfica:
O Sporting, de que é vice-presidente da Assembleia Geral, representa três milhões de portugueses. 
Ora bem, a juntar aos famosos seis milhões que o Benfica representará já são, assim numa aritmética muitíssimo elementar, nove milhões de tugas representados apenas pelos clubes da Segunda Circular.
Então e os "tripeiros", os "arcebispos", os "estudantes", os "fundadores", os "carrapaus", etc., etc., (mais os "anabólicos", claro) terão se contentar com o milhão que resta ?!
 Ou será que o homem está a contar com a diáspora?...