quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

A (Adiada) Noite das Facas Longas (Seguida do Ultimato)




A anunciada "Noite das Facas Longas" para as bandas do Rato ficou, por ora, no tinteiro. A rapaziada que se recusa a cortar pontes com o passado e que visa exaltar a "obra" dos Governos Sócrates parece que, à última da hora, "embainhou" as catanas e decretou uma "trégua" unilateral. Uma inflexão táctica à espera de melhor oportunidade na estratégia conspirativa que, no PS, estes sectores costumam activar sempre que lhes cheira a Poder. Têm obviamente o problema de arranjar, e em regra costumam recorrer ao outsourcing, uma "personalidade" que, pelo menos formalmente,  encabece uma suposta "vaga de fundo". Em geral costumam contar com muitas "personulidades", cujos "curricula" serão para o efeito, pouco recomendáveis. Agora é lançar Costa contra Seguro, afinal este é um filme em
reprise, já o fizeram com sucesso (para eles, claro, mas com um terrível preço para o País) quando Guterres se declarou em "estado de choque" perante os "escassos"  cerca de 30 % de Sampaio face a Cavaco. Depois foi o que se viu, a vitória de 95 e o regabofe generalizado do tudo para todos, continuando a "política" de mãos largas  com dinheiro emprestado do cavaquismo até à fuga de Guterres (na perspicaz observação de um grande amigo meu, "o último jesuíta a governar Portugal"), aproveitando a derrota autárquica de 2001. Ferro Rodrigues perde por uma unha negra contra o PSD "sulista, elitista e liberal" (Luís Filipe Menezes dixit - as voltas que o mundo dá...) de Durão Barroso que viu a sua oportunidade de se pôr ao fresco depois de ter servido de mordomo à Cimeira da Guerra de Bush, Blair e Aznar e ter, por isso, sido bem recompensado com o cargo que ainda mantém.  Em consequência Jorge Sampaio empossa o patético governo de Santana Lopes, que acaba "naturalmente" por trazer Sócrates e o PS (em versão saloia da Terceira Via) de novo à governação.
E que governação, da maioria absoluta à bancarrota foi um ver se te avias, complementado com o desbaratar da base social de apoio do Partido (com que alguns "barões" parecem andar agora preocupados),  acabando por entregar de bandeja o Poder a uma direita oportunista e mentirosa (o estilo pegou de estaca, também Passos & Portas haviam jurado não subir impostos, nem cortar salários e pensões e muito menos subsídios) que entretanto teve tempo e condições de dar o seu "golpe de mão" no PSD, com o caminho aberto pelo estilo pouco sério, demagógico-populista, apostado na  clivagem social e semeador da cizânia e ressentimento, tentando atirar todos contra todos, inaugurado à "esquerda" pelo  "engenheiro". Com o caldo engrossado pelo último acto desta tragicomédia, a cereja no topo do bolo que Passos precisava como desculpa universal, o de ter tomado a iniciativa desesperada de recorrer à Troika, amarrando o Partido a esse acto, cuja invocação terá doravante as costas largas, a propósito e a despropósito
Se é desse "legado" do  "passado recente"  que certos camaradas se orgulham e com o qual não querem "rupturas", bem podem limpar as mãos à parede. Se é o regresso a esses "tempos áureos"  dos  "cento e cinquenta mil empregos", dos TGVs, dos Aeroroportos "Jamé" e das Pontes virtuais,  das PPPs , dos Parques Escolares e das SCUTs. Enfim, como dizia a outra, da "Festa". Bem podem tirar o cavalinho da chuva pois os portugueses não terão a memória assim tão curta que não se lembrem dos rostos e nomes  dos responsáveis por uma política no mínimo imprudente (mesmo tendo em conta a crise mais profunda dos últimos "oitentaeanos" como o "engenheiro" gostava de justificar) cujos funestos resultados estamos agora a sofrer na pele.
Animados pelo cheiro a poder prepararam uma  defenestração, ao perceberem melhor o impacto do logro do "regresso aos mercados" como balão de oxigénio do Governo, acharam melhor passar aos "ultimatos" e dar prazos ao Secretário-geral para "unir o Partido"  (olha quem...).
Este pessoal tem que meter na cabeça que voz grossa e arrogância não são sinónimo de perfil.  Fazer política não é farronca. A fanfarronice, na hora da verdade, costuma ser má pagadora.
Se eu fosse a Seguro (apesar da velha questão "pode alguém ser quem não é ?"), até por uma questão de sanidade, ia  a jogo!!!

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

O (Neo)Liberalismo em Part Time








António Costa (não esse...), director do "Diário Económico", declarou ao "Fórum" da TSF que a intenção do governo de privatizar a RTP esbarrou no apego sentimental que os portugueses nutrem por três empresas até agora públicas, a própria RTP, a TAP e a Caixa Geral de Depósitos.
Ora o interlúdio na sanha de entregar as "jóias da coroa" ao cleptotropicalismo (como aconteceu com o BPN) não se deveu apenas a questões de natureza sentimental, mas mais em concreto e no caso da RTP, à oposição interna dos barões da comunicação social, que soem defender o "liberalismo" só e quando não toca aos seus interesses. São assim "liberais" ou "neoliberais" às segundas, quartas e sextas e "proteccionistas" (sobretudo para si próprios) às terças, quintas e sábados (aos domingos almoçam todos à custa da gente). Na verdade o "mercado", ou seja, o "bolo" publicitário, não dá para todos (nunca deu, mesmo antes da presente "crise") o que permite decretar a suspensão das suas tão decantadas "leis" (as da tal "mão invisível"), que só são "científicas" quando acontece darem jeito.
Estas convergência táctica entre o interesse geral (como não se cansava de repetir um, agora  profilacticamente auto-exilado, estudante de Ciência Política) e determinados interesses particulares (Lenine diria que há circunstâncias em que até o "diabo" serve) não permite iludir que a RTP tem muitos cancros, de que a obscenidade dos salários de umas quantas "vedetas" (verdadeiramente "pornográficos"), um certo "residualismo" e a obsessão "concorrencial" de querer competir em telelixo com as estações privadas (que nesse campeonato são imbatíveis) são exemplos crassos.
Tirando, se não me engano, o Luxemburgo (por exiguidade) e a Bulgária (talvez por imprestabilidade ou pior), todos os países da UE têm, pelo menos, uma estação pública de televisão. No Mundo desde a mítica BBC (em Portugal é melhor esquecer o "paradigma" que, por cá, não passa de conversa fiada) até à televisão pública dos próprios States, esta é praticamente um "must" civilizacional. Só nesta república a "galfarragem" instalada na desgovernação (os tais "liberais" encostados) delira com "privatizações".
Desta vez e tal como no caso da TAP (dois tiros no porta-aviões), enganaram-se. Afinal o Poder ainda não caiu nas "relvas" (pelo menos na totalidade) e o lobby Balsemão mostrou-lhes quem manda.
A velha "ordem social estabelecida", quando lhe pisam os calos ou se esquecem de quem é o patrão, é ainda capaz de fazer valer as suas prerrogativas.
O respeitinho continua a ser muito bonito!!!

domingo, 20 de janeiro de 2013

Bem Seguro


O meu homónimo e camarada, António José Seguro, deu uma entrevista à TSF/Diário de Notícias que marca uma viragem na maneira de fazer política em Portugal. Demarcando-se do estilo "aldrabão" de Sócrates e Passos (fundei o PS/Barreiro em 29 de Abril de 1974, mas nunca vivi da "pulhítica", por isso tomo a liberdade de chamar os bois pelos nomes) assumindo uma postura séria, insistindo na credibilidade, recuperando um pouco, até na questão da putativa maioria absoluta, a temática do efeito Guterres, seu mentor, agora que, por redobradas razões, é de novo preciso pôr "as pessoas primeiro"; insistindo na credibilidade do discurso dos políticos,  dizer a verdade sem prometer tudo a todos. É certo que podia ter ido um pouco mais longe na  análise do assalto global, em que o "neo-capitalismo" ataca primeiro o elo mais fraco da periferia para cercar o centro (Passos e Gaspar não são estúpidos, nem lorpas, sabem muito bem a "encomenda " que têm, não sabem é muito bem como a hão-de "entregar"), mas quem se prepara para assumir o Poder, ainda que muito mitigado pelas circunstâncias, não pode ignorar que é parte do compromisso. Recusou, ainda assim, a estratégia do "salame," inaugurada por Sócrates ("cortar" a sociedade às fatias para as pôr umas contra as outras) e a táctica da "gangrena" que o desgoverno Passos/Gaspar utiliza abundantemente (ameaçar cortar a perna supostamente gangrenada para se ficar pelo pé e ainda receber os agradecimentos do "doente").
O desejo tem asas, a vontade apenas pernas, e muita necessidade de ter os pés bem assentes na terra...

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Demografia Leonina



Declaração prévia de (parcos) interesses: sou sportinguista.

O senador e polímata Prof. Daniel Sampaio, cujos campos de especialidade vão desde a  medicina psiquiátrica ao futebol, passando pela educação e pelo aconselhamento parental e conjugal, acaba de soltar uma curiosa e, visto vir de quem vem, certamente avalizada, informação demográfica:
O Sporting, de que é vice-presidente da Assembleia Geral, representa três milhões de portugueses. 
Ora bem, a juntar aos famosos seis milhões que o Benfica representará já são, assim numa aritmética muitíssimo elementar, nove milhões de tugas representados apenas pelos clubes da Segunda Circular.
Então e os "tripeiros", os "arcebispos", os "estudantes", os "fundadores", os "carrapaus", etc., etc., (mais os "anabólicos", claro) terão se contentar com o milhão que resta ?!
 Ou será que o homem está a contar com a diáspora?...

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Salazarizar (mas em pior:..)





Vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar. É óbvio que está em curso uma tentativa de "salazarização" do país, traduzida por uma cascata de medidas, ou anunciadas medidas. Muitas vezes, de acordo com a linguagem do Primeiro-ministro,  para testar a sua possível "aderência à realidade" (quer dizer: atirar barro à parede, para ver se pega). Desta vez é o novo "conceito estratégico de segurança e defesa nacional" que, invocando uma pretensa "racionalização de meios", mais não visa do que operar uma regressão histórica de, pelo menos, quarenta anos e esvaziar a PSP de competências de segurança interna para as entregar à GNR. Assim, a PSP ficaria reduzida a pouco mais que uma "polícia de giro", enquanto a GNR teria o monopólio do Corpo de Intervenção, da luta antiterrorista e do controlo de manifestações, por exemplo. Ora, esta pretensão, no actual contexto, nada terá de "inocente", a juntar ao empobrecimento galopante, ao regresso da "caridadezinha", com o coro afinado de "ulrichs" e "jonets", entre os "ai aguenta, aguenta" e os "bifes", já só faltava o retorno, rapidamente e em força, do esplendor da GNR aos seus "tempos de glória".
Estão a juntar-se os ingredientes para a neo-salarização, por minagem e desmantelamento progressivo dos mecanismos da democracia que julgávamos consolidada. Agora sem o "cimento ideológico" que caracterizou o "original" dos anos 30. O "mestre" afirmava saber bem o queria e para onde ia. Estes fracos discípulos, sabem o que querem, mas não sabem para onde, nem como, hão-de ir. Arriscamo-nos a, no fim desta louca aventura, não restar pedra sobre pedra. Afinal estamos na era do "pensamento débil"... É o Passos sem metafísica.
A "Europa" não é estranha a este propósito. À boleia das assimetrias económico-financeiras entre o "Norte" e o "Sul" regressam as velhas assimetrias políticas que durante décadas "justificaram" que Portugal, Espanha e Grécia estivessem, ao contrário dos países desenvolvidos do continente, sujeitos a férreas ditaduras para as quais a "Europa" de então se esteve a "borrifar" (para não dizer algo mais vernáculo"), pois no ver "iluminado" dessas mesmas potências, não estávamos "preparados" para a democracia. Agora, por obra da "crise", parece que voltamos a não estar.
Mas, para voltar à GNR, mesmo  querendo ser optimista (nem "piegas", nem "velho do restelo", longe vá o agoiro) e concordando com a vetusta sageza de Heráclito de Éfeso quando afirma que "tudo muda", talvez influenciado pela memória de ter vivido numa terra (o Barreiro) ocupada e mantida manu militari pela GNR até ao 25 de Abril de 74, temo que a tradição pretoriana possa voltar a ser o que era e acorde velhos demónios.
Afinal basta recordarmos onde se refugiou Marcelo Caetano e alguns dos seus mais próximos nesse preciso dia...

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Polícias e Ladrões (Parabéns Manoel de Oliveira)



"Aniki-bébé / Aniki-bóbó / Passarinho Tótó / Berimbau, Cavaquinho / Salomão, Sacristão / Tu és Polícia, Tu és Ladrão". 

Manoel de Oliveira,  que completa hoje 104 anos (Parabéns Mestre !!!), rodou Aniki-Bobó em 1942. Nessa altura os putos usavam o anexim que serve de título à fita para determinar quem, na brincadeira, fazia de "polícia" (os "bons") e quem faria de "ladrão" (os "maus"). É claro que a lenga-lenga era em geral "mafiada" para atribuir os  melhores papéis (que lhes permitiam "caçar" os outros) a quem estava na "liderança" do grupo e aos seus comparsas.  Já e de forma mui contrária à  teoria da "inocência", a razão da força se costumava sobrepor à força da razão. Os putos ficavam "chateados" quando lhes cabia o papel de ladrão (também ninguém queria ser "índio", toda a gente preferia ser "cowboy).
Hoje e dado o contexto, ladrões é o que por aí há mais,  parece  até que já ninguém se "chateia", antes pelo contrário.

sábado, 8 de dezembro de 2012

Pr'ós Cus de Judas



Nunca como agora esteve tão adequado à realidade o título de uma das primeiras e melhores obras de António Lobo Antunes - "Os Cus de Judas". É para lá que estão a mandar os Serviços Públicos (Saúde, Justiça, etc.), isto quando os mandam para alguma parte sem ser "aquela".
Vão encerrar a Maternidade Alfredo da Costa sem estar construído o Hospital de Todos-os-Santos que a deveria substituir. A opção clara pelas periferias, para além de ser uma operação de estímulo à especulação imobiliária, quer no espaço que fica disponível, quer no local para onde os serviços são transferidos, representa mais um passo para a desertificação funcional das cidades e uma penalização para os utentes mais desprotegidos (pobres, idosos) por serem de mais difícil acessibilidade e de mais caros e raros transportes.
Enfim, mais um passo para o "Conhecimento do Inferno" cuja chave só poderá ser desvendada na "Explicação dos Pássaros".