domingo, 29 de junho de 2008

O Robespierre da Ronha

A diferença entre o PS eo PSD "oficiais" neste momento não está nas ideias políticas (que não existem em ambos), nem nas politicas, que tendem a ser mais do mesmo; a diferença está principalmente no "pessoal" político e nas clientelas.
O PSD é um partido cujos clientelas tendem a "pendurar-se" no Estado indirectamente, tentando manipular o Estado e as Autarquias em benefício próprio nos negócios e benesses (adjudicações, subsídios e outros "apoios"). O "companheiro" típico do PPD/PSD é um pequeno ou médio"empresário"( do tipo dos"camionistas" que paralizaram o país há cerca de duas semanas), que precisa e, sobretudo, deseja os favores do Estado, pois sabe que sem eles terá poucas ou nenhumas possibilidades de sobrevivência e só através de um conúbio quase sempre nebuloso entre os fundos e as decisões públicas e os seus interesses privados, consegue o tão almejado "lugar ao sol".
Já o PS vive directamente do Estado, o seu "pessoal" tende a "pendurar-se" no aparelho de Estado sem intermediações, numa relação de "enterismo"; o PS é, basicamente, um partido de funcionários públicos, efectivos ou putativos,( os que ainda o não são, suspiram por vir a sê-lo) e para o conseguir, o "camarada" típico gosta de mostrar "bons serviços" que espera ver retribuídos com um empregozito, para si, para a mulher ou para algum filho, ou uma promoçãozinha, ou mais um "tacho" ou prebenda, tudo dependendo do lugar do "artista" na pecking order.
O desempregado que se torna motorista ou contínuo num organismo público, a jovem licenciada que em vez de ir para a caixa de hipermercado vai para adjunta de um Secretário de Estado, por exemplo, o professor ou o médico que deixam a chatice e a trabalheira da Escola ou do Hospital e passam para as Direcções Regionais; o advogado ou o arquitecto meio falhados que aspiram a "encabeçar" a lista para a Câmara, o quadro técnico anónimo e cinzentão que passa a integrar o Conselho de Administração de uma "empresa" pública, etc.,etc.,etc..
Por isso há no PS um lado mais "duro" e mais autocrático da parte da sua nomnenklatura e dos inúmeros candidatos a fazer parte dela, em relação à Função Pública, por exemplo, onde demonstra uma forma particularmente sádica de exercício do poder, porque está, ou pensa estar por "dentro" do assunto, porque sabe ou julga saber da "poda" e é óbvio que em tempo de escassez e de "emagrecimento" do Estado, a chave para a sobrevivência própria está em mostrar dedicação à "causa"( desde que "eu fique de fora", claro!), dedicação e "fidelidade" caninas até ao vómito, com o que de um modo contra natura o mais estatista dos partidos portugueses pretende fazer no Estado, como na questão dos disponíveis, que é um modo eufemístico de dizer dos que vão para o "olho da rua".
Por isso, sempre que o PS está no poder institui-se quase espontaneamente um espécie de "Pide" na Função Pública , cujos métodos oscilam entre o soft dos good old days de Guterres, que terá dito :"no jobs for the boys " e foi o regabofe que se viu e agora a versão hardcore do socratismo em tempo de vacas magras ou esbeltas como dizia um ex-ministro do PSD, agora que o quotidiano da miséria se plasma a passos largos na miséria do quotidiano
( casos não faltam desde o do professor Charrua ao do aviso aos correctores de provas sobre o direito dos alunos ao sucesso, curiosamente protagonizados pela mesma sinistra personagem, até às visitas policiais a sindicatos, por exemplo! ).
Outra das diferenças fundamentais está no chamado "pessoal político", que no PSD, salvo as excepções da ala santanista e pouco mais, tende para o "amadorismo", ao contrário, no PS em que há na actual conjuntura, muita rapaziada e raparigada, claro, noblesse oblige, proveniente da velha esquerda radical ou do PCP, de que foram outrora, (quando estava a dar!) abnegados militantes e onde, em anos e anos de comissariado político, aprenderam a desenvolver o espírito de missão cuja exibição pública tanto ar de credibilidade empresta à pretextada causa, quase fazendo de Sócrates uma espécie de Robespierre da ronha ( como atestam o diploma passado a um domingo e os cigarritos fumados às escondidas).
Enfim, autênticos domini canes, mas como diz a sabedoria proverbial portuguesa :
-"Queres conhecer o vilão" ... ?

3 comentários:

Ana Camarra disse...

Livra!
Não sou eu comuna que escreveu, foi você militante do Ps com o Marx ainda activo.
A realidade ultrapassa sempre a ficção!

imank disse...

Caríssima Ana :
Não é preciso ser "comuna" para topar que um canalha é um canalha e é sempre "situacionista" qualquer que seja a situação!
Gosto em a ler.
Mande sempre !

imank disse...

Caríssima Ana :
Não é preciso ser "comuna" para topar que um canalha é um canalha e é sempre "situacionista" qualquer que seja a situação!
Gosto em a ler.
Mande sempre !