"Em Portugal não há drama, tudo é intriga e trama"!
José Gil, "Portugal Hoje - O Medo de Existir"
A presente campanha eleitoral e mesmo a chamada pré-campanha têm sido marcadas por um clima nevoento e pegajoso de suspeição da parte de muitos, como se diz agora, "actores políticos" e até de vários "figurantes".
Desde inanidades como os votos alegadamente, como também agora se diz, "comprados" em eleições internas do PSD, como se essa prática, que devia merecer escândalo, mas sempre, não apenas agora, não fosse corrente no PS e noutros partidos, passando pelo "saneamento" de Manuela Moura Guedes e a "domesticação" da TVI, agora com a Informação entregue, ao mais cordato e conveniente, "Juca" Magalhães, e descambando no "caso das escutas" e já agora, dos mails, "todos" (os protagonistas), claro, se estão a deixar envolver em "estórias" no mínimo muito mal contadas.
Com especial destaque para o Director do "Público" que não teve o cuidado suficiente para não envolver os Serviços de Informações na "coisa", acusação que ou é fundamentada e provada, e a sê-lo configuraria um autêntico Watergate, ou não está em condições de o fazer e passará por "cavaleiro da triste figura".
(Bem sei que é por estas e por outras que a fama de "País de Opereta" nos persegue, como aquela, ainda recente, da publicação da lista de "espiões").
E por aqui se vê o estranho apego da nossa "classe política" aos caminhos ínvios, à falta de transparência e à "litigância de má-fé". afinal um modus operandi que traduz bem um modus vivendi - nada é claro, nada é leal, quase nada se tenta ganhar "em campo", mas tudo "na secretaria" ou pior, na "estrebaria".
Julgo, muito comummente, que não costuma haver "fumo sem fogo", mas se alguma coisa de rocambolesco, assim tipo "Maxwell Smart" (que o Le Carré é muita areia para esta camioneta) houve, devia ter sido tudo "posto em pratos limpos" para não estarmos agora, em plena campanha eleitoral, confrontados com estas traquibérnias que enxovalham e asfixiam de facto a ideia que nós (e os outros) possamos ter de "democracia".
O Senhor Presidente da República se teve conhecimento de algum acto menos próprio, primeiro pedia satisfações a quem de direito, obviamente que ao Primeiro-Ministro, discretamente como se impunha, usando a sua "magistratura de influência", se as não obtivesse a contento, denunciava publicamente a situação assumindo essa responsabilidade em tempo próprio e não ano e meio depois, demais a mais, recorrendo a "terceiros".
Se após as Eleições não esclarecer cabalmente os factos em qualquer país decente só lhe restaria demitir-se, e se os esclarecer com culpas para o actual chefe de Governo, deveria recusar-se a empossá-lo por indignidade mesmo que este ganhe as Eleições e obrigar o seu Partido a indicar outro nome.
Assim, com este ódio generalizado à verdade e à transparência não iremos "lá".
Pois não - andaremos "eternamente" por "cá", pelas águas chilras do "pântano" de que o "outro" fugiu.
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