Num sistema que claramente atingiu, (e esta paga "direitos de autor"), a "asfixia democrática", sempre mais evidente quando o PS está no Governo e absolutamente como tem provado o exercício desta maioria absoluta. Isto explica-se porque o PS é o mais estatista dos partidos portugueses, a sua clientela move-se inteiramente por dentro do Estado, (em que até se constitui numa espécie de "PIDE" sempre pronta para a "caça ás bruxas") e quando faz discursos "liberais" e de "emagrecimento" a receita é sempre para aplicar aos "outros" e só aos "outros"; se não é fácil verificar como o "caudal" continua a engrossar não apenas na Função Pública, mas principalmente no chamado sector empresarial (deixem-me rir!) público e entidades "adjacentes".
Como praticamente por cá não há, nem nunca houve, nada que não dependa do Estado e dos seus segmentos (Autarquias, "Empresas" Públicas, etc.), o PS é o partido mais "conservador" da sociedade portuguesa, ainda quando proclama o contrário e se aventura na "terra de ninguém" de uma versão caseira da "Terceira Via", entre o neoliberalismo e as causas "fracturantes". Afinal é preciso que algo mude ou pareça mudar, para que tudo fique na mesma, pelo menos, para os "mesmos".
O Governo Sócrates tendo feito uma gestão da economia tudo menos à esquerda, vira-se para a "esquerda dos costumes" e acusa o PSD de "nunca ter estado tão à direita" quando é, de facto, o PS que nem nos tempos de "Só ares" (de socialismo, claro! E de o ter metido na "gaveta"), governou tão efectivamente à direita.
É que nestas coisas as dores ao fundo das costas podem aliviar-se com bálsamo analgésico, mas as dores na carteira e nos compromissos certos (alimentação, casa, educação dos filhos, etc.) não são assim tão fáceis de aliviar.
Neste ambiente de "salve-se (ou safe-se) quem puder" dá-se o desfecho, aliás esperado, do folhetim TVI, ou melhor, da telenovela Sócrates versus casal Moniz/Moura Guedes com o cancelamento do "Jornal de Sexta" por ordem da administração da Prisa, passando por cima da Direcção de Informação, sem que tenha ficado claro se foi da administração de topo (Cebrián) ou do ramo local.
Claro que perante o facto consumado as opiniões dividiram-se sobre a "cabala" e os seus efeitos: os mais socrático-manteigueiros como o elogiado Marcelino (em contraponto ao execrado casal Moniz) e até os PS "independentes" (neutros/nossos/nítidos/nulos) como Vítor Ramalho e António Vitorino afirmaram que nunca o PS/Sócrates poderia estar "metido nisto" pois, uma vez que estamos a três curtas semanas do acto eleitoral de 27 de Setembro e ninguém poderá sair mais prejudicado que o Governo e o PS, seria uma "estupidez" fazê-lo. Apenas Marcelo Rebelo de Sousa com o grano salis que se lhe conhece, perante o "não poderia ter sido pior" do coro situacionista, alvitrou que poderia, sim senhor, se ocorresse a uma semana e não a três.
E parece-me que não é preciso ser "politólogo" para descortinar essa última "janela de oportunidade", esse kairos final - o "estado-maior" pesando os prós e os contras de um acto cujo impacto profundo se esbaterá em qualquer coisa como uma semana, pois a "política" está reduzida à mera "espuma os dias" e só até à próxima "bronca" e o peso de sucessivos Telejornais da TVI editados e apresentados por Manuela Moura Guedes que culminariam no dia 25, último dia de Campanha Eleitoral, optou pelo "vai ou racha" de pressionar a suspensão e passar a ter na TVI, estação de maior audiência e Portugal e de maior penetração entre as classes populares, telejornais onde se aflora o magno problema da roupa estendida nas varandas de Lisboa e se omitem menções ao Freeport, ao outro primo (o de Benguela), ao primo da China, à casa da mãe e ao tio taralhouco.
Isto num País em que até a conceptologia passou a ser diferenciada e enquanto o Primeiro-Ministro invoca, até para se "redimir" de algumas putativas "faltas de delicadeza", o "Interesse Geral", o Presidente da Républica, menos geralmente interesseiro, aliás como lhe compete, inclina-se mais para o "Bem Comum".
Porém, uma coisa é certa, que o telejornal de Moura Guedes saíu do ar, lá isso saíu e que a "jura" estava feita desde, pelo menos, o Congresso de Espinho, lá isso estava; e que houve um "ensaio geral" com a tentativa de compra da MediaCapital pela governamentalizada PT, lá isso houve, e que Sócrates , qual virgem púdica, veio clamar batendo no peito e arrancando as vestes, que se "opunha ao negócio", lá isso veio.
Mas que o "carteiro toca sempre duas vezes", lá isso é verdade!
" - Olha lá pá:
Tu és macaco!!!"
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3 comentários:
A quase unanimidade de à uns tempos que considerava Manuela Moura Guedes uma nulidade como jornalista, que considerava o jornal de 6ª um bom exemplo do que é mau jornalismo, para não falar nos conflitos em que MMG era eximia em arranjar, caso de Miguel Sousa Tavares, passou a ser querida de todos os detractores do Senhor Engº José Sócrates, uns recentemente porque este governo, e muito bem, mexeu nos seus interesses, outros porque estão nos antípodas, quer à direita quer à esquerda do PS, a minha preocupação vai para os primeiros, porquê? porque quando Soares meteu o Socialismo na gaveta ou mais recentemente no penúltimo congresso a lista de Manuel Alegre alertou para os malefícios de Sócrates/SG ou ainda quando daquela trapalhada das presidenciais onde Soares foi usado para atingir Manuel Alegre e acabar com uma amizade que durava à mais de 25 anos, nunca se ouviu esta gente, e já na altura Sócrates era perigoso, agora após Sócrates mexer nos interesses de alguns esses mesmo levantam-se e berram, agora já é tarde.
Caro "Anti":
Para mim a questão deste incidente não se Manuela Moura Guedes é ou não boa jornalista e/ou se o "Jornal de Sexta" da TVI era ou não mau, e posso mesmo adiantar que não aprecio particularmente o estilo. A questão é outra substancialmente diferente e muito mais perigosa, a questão é verificar como numa auto-proclamada "sociedade concorrencial" um produto que vende muito bem é retirado do mercado não por "flop" económico, não por falta de procura, mas por óbvia pressão política. Se isto é democracia, vou ali e já venho!!!
Quanto ao governo ter mexido, e muito bem, nos "seus" interesses não me diga que foi nos dos professores?! Diga-me antes o que é que o "interesse geral" (conceito que Sócrates debita agora a torto e a direito) ganhou com isso.
Só é concebível mexer nos "privilégios" de alguém (grupo ou classe ) - 1º- se forem efectivamente privilégios; 2º - se o todo societário (o tal interesse geral) ganhar efectivamente alguma coisa com isso. Se isso não acontecer, o que é substancialmente o caso, é pura demagogia e "sacanice" da mais rasca.
Veja lá se ele se meteu com a "Irmandade do Cifrão"- é o metes, vai lá vai!!!
Quanto à antecipação do "perigo" Sócrates, eu pela minha parte já o intuía há muito e até fiz a campanha de João Soares para Secretário-Geral.
Mas os "donos da bola" é que o "inventaram" e lá o puseram e até o velho leão, Mário Soares, se prestou a esta triste jogada ao fazer de "joker" a Sócrates e a Cavaco, ou melhor aos interesses que eles representam (essas sim, as verdadeiras corporações)!
António José Ferreira
Adenda/Errata
No meu comentário anteriormente publicado há um pequeno lapso que pode dificultar a sua leitura.
Aqui vai o texto correcto:
"Para mim, a questão relevante deste incidente não é saber se Manuela Moura Guedes é ou não boa jornalista, ou se o "Jornal de Sexta" é ou não um bom produto jornalístico..."
Assim já fará mais sentido.
Obrigado!
António José
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