"Ask not what your country can do for you, ask what you can do for your country."
John F. Kennedy
Esta célebre frase, tornada cliché por uso impróprio, tem vindo a servir de mote ao assalto do século, ainda por cima à mão armada (a "mão" do poder do Estado) que está a ser perpetrado sobre a vítima do costume, a classe média assalariada, sob o pretexto: "os ricos que paguem a crise". Ser "rico" em Portugal não é exibir fortuna por meios nunca justificados, basta auferir um vencimento (não propriamente um rendimento) bruto igual ou superior a 1500 Euros.
Ora, esta frase dita, ou simplesmente insinuada, por membros deste Governo, a começar pelo "chefe" (suspeito que apenas putativo) e a acabar no Secretário de Estado do Orçamento, Emanuel dos Santos, (nome adequadíssimo para quem nos anda a "bandarilhar"), certamente que já não engana ninguém e é prova eloquente de como em Portugal a mentira e a má fé permitem ganhar eleições, prometendo exactamente o contrário daquilo que se acaba por fazer (aumentar impostos, reduzir salários, cortar nas prestações sociais).
Eloquentemente o dito Emanuel dos Santos utilizou uma espécie de falácia "aritmética" quando confirmou aos jornalistas que lhe perguntaram "se estas medidas seriam, ou não, transitórias", os piores receios dos, ainda atónitos, funcionários públicos ao dizer que as "alterações salariais" como cinicamente lhes chamou, "podem ter dois sentidos, positivo ou negativo, pois quando há aumentos ninguém pergunta por quanto tempo vão durar"!
Perante o inédito histórico, nem o Professor Pangloss se lembraria de aduzir um argumento de tão "santa candura".
Para tais "émulos" de Kennedy só a resposta do velho Lloyd Bentsen, candidato a vice-presidente dos Estados Unidos no ticket de Michael Dukakis, quando o peralta Dan Quayle, que veio a ser vice-presidente de Bush pai, insinuou que a sua semelhança com JFK era mais do que vagamente física:
- "Senator you`re no Kennedy!"
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