quinta-feira, 24 de dezembro de 2009
A Migração de Deus
O “clima ameno” e os “brandos costumes” têm sido o álibi quase perfeito para todo o tipo de laxismo e corrupção no mais essencial da nossa sociedade.
Mas, como se tem vindo a verificar nos últimos tempos e, em abono da verdade, um pouco desde sempre, quer uma coisa quer outra “já deram o que tinham a dar” e quando o clima se torna menos “ameno” e os costumes mais “ásperos”, as coisas tomam, muitas vezes, proporções catastróficas e totalmente inusitadas que decorrem apenas da incúria e da displicência com que o essencial costuma ser tratado entre nós ao contrário do supérfluo, sempre muito acalentado.
Só assim se pode explicar que tenha bastado um temporal de média intensidade para deixar uma região inteira sem energia eléctrica durante o Natal e não consiga prever-se o seu restabelecimento, indiciando os danos deficits de manutenção e de efectiva prevenção que ultrapasse os níveis dos “Simulacros e Simulações” com que algumas entidades gostam de entreter o “pagode”. O pior mesmo é quando é a sério e nas, felizmente, raras vezes em que tem sido, as respostas têm deixado muito a desejar. Posso exemplificar com coisas pequenas – após um vendaval, um contentor de PET (Plásticos tipo garrafões de água) voou, porque como ninguém os espalma, abertos funcionam como "flutuadores". Pois alertadas as entidades supostamente competentes (Câmara, Bombeiros e Polícia) logo se assiste ao “jogo do empurra” e o contentor fica perto de uma semana no meio de um cruzamento. Mas nem só as “entidades competentes” dão provas de inércia e inépcia perante circunstâncias minimamente adversas. Neste último vendaval uma antena parabólica, daquelas que esquecidas pelo desuso e cuja função foi “liquidada” pela televisão por cabo, lá ficam a degradar-se sem qualquer atenção por parte dos condomínios, voou de trinta metros de altura e estatelou-se no chão, junto à Biblioteca Municipal do Barreiro pelas sete e meia da manhã da véspera de Natal, não tendo, milagrosamente, atingido nada nem ninguém.
Desta vez a PSP actuou prontamente na remoção do “mono”, tendo tomado conta da ocorrência para eventuais procedimentos.
Em princípios do Verão de 1979 no dia em que terminei a minha licenciatura (um dia de semana, pois nesse tempo a sociedade era um pouco mais “conservadora” e as Universidades não abriam aos domingos, nem se faziam cursos por fax, até porque ainda só havia o telex e apenas nas redacções dos órgãos de comunicação), lembro-me de vir contentíssimo no barco por ter concluído o curso, mas de estar, ao mesmo tempo, apreensivo por ser o dia em que o Skylab ia cair, sem que se soubesse onde, nem com que consequências.
Ora, como a irresponsabilidade humana permite que haja lixo espacial em órbita que se despenha descontroladamente, também permite que haja muitas “traquitanas” sobre as nossas cabeças prontas a ocasionar situações como as do Ben-Hur, mas ao vivo.
No mesmo local há um quintalão de uma antiga fábrica de cortiça cheio de sucata, com parabólicas velhas, carcaças de automóveis, patos, perus, galinhas e galos desorientados (pois cantam a toda a hora), carneiros, camiões que entram e saem, auto-caravanas, atrelados com barcos e todos os tipos de tralha e barulho dia e noite, onde se fazem “queimadas”, chegando a vedar-se com baias a via pública que é assim “privatizada”, reservando para fins particulares lugares de estacionamento mesmo em frente à Biblioteca Municipal, que devia ser um local de recolhimento, sem que ninguém pareça incomodar-se com isso.
Fala-se também muito em sinistralidade. O que me espanta perante a irresponsabilidade geral, é que não haja mais, basta vermos o modo como se conduz - altíssimas velocidades e manobras perigosas (já para não falar do “som”) em zonas urbanas transgredindo todos os limites legais que só casuisticamente são fiscalizados quando há ordem de “caça à multa”, sem qualquer efeito dissuasor e mesmo em estradas e auto-estradas onde a despeito das mais extremas condições atmosféricas (chuva intensa, nevoeiro, total falta de aderência e visibilidade) se continua a “pisar a tábua” até aos limites físicos das viaturas, que como se sabe são muito “generosos”.
Mesmo certo de que não há vida sem risco, a única explicação é a de que Deus é português, mas consta-me que perante os últimos acontecimentos em que interveio - um sismo do grau seis sem consequências - já começou a dar sinais de saturação e está a pensar em emigrar. Tem mesmo um pé dentro e um pé fora.
Deve ser por isso que o Benfica, em atitude prevenida, já contratou o Alan Kardec e, já agora, porque não também o Dr. Sousa Martins, para a equipa médica?!
Enfim, como se costuma dizer “entre mortos e feridos alguém há-de escapar”!
Feliz Natal!
sábado, 19 de dezembro de 2009
“ Avaliação” de Professores: o Epílogo de uma Farsa
Está agora a produzir efeitos, depois de um processo cheio de peripécias, a chamada “ Avaliação do Desempenho Docente” do primeiro módulo, que era para ter sido de 2007 a 2009 mas que, efectivamente, se resumiu ao ano lectivo de 2008-2009.
Depois de várias “simplificações” e aberrações sobre uma aberração, visto que o que “nasce torto, tarde ou nunca se endireita” e após terem sido estabelecidos vários “simplexes” que pretenderam avaliar o trabalho dos professores mesmo sem observar aulas, (imagine-se!), chegámos ao epílogo do processo com a “saída” das classificações.
Atente-se que estas são condicionadas por quotas nas menções mais elevadas de “Muito Bom” e “Excelente”e é neste exercício que se verifica um conhecido aforismo brasileiro acerca da pragmática da lei, que reza assim:
“A lei serve para beneficiar os amigos, prejudicar os inimigos e aplicar aos otários”- e nada mais acertado para caracterizar este processo.
Temos de tudo: Escolas onde a quota de Excelente não foi utilizada mesmo tendo profissionais sido notados a esse nível, reservando “naturalmente” os Directores para si, em exclusivo, essa menção; Escolas onde faltaram lugares disponíveis nas quotas e Escolas onde sobraram lugares nas quotas, por escassez de concorrentes e se atribuíram menções de "Muito Bom" a desempenhos próximos da indigência.
Em geral predominou a “martelagem” dos números para atingir os resultados convenientes para a tutela, numa escala que ultrapassou a da indecência face aos desempenhos reais, quer para cima, quer para baixo.
Isto, claro, dentro da maior das “autonomias”, pois à falta de um quadro nacional de referência o Ministério da Educação já nos habituou a mascarar de “autonomia” a maior das bandalheiras, que foi precisamente o que aconteceu.
Nestas coisas, quando “ não há rei, nem roque”, costumam beneficiar os apaniguados, os attachés e os protegés e prejudicar as personas non gratas, através do poder absoluto das Direcções das Escolas, mais concretamente dos/as Directores/as num país em que por norma toda a gente abusa do poder que tem, mesmo que mínimo e a este propósito posso contar a história da senhora do bengaleiro, que tem por incumbência dar as chaves, mas que para certas pessoas nunca lá está.
Escolas houve em que os/as directores/as promoveram infindáveis reuniões em que a "ordem de trabalhos" foi "martelar" meticulosamente as classificações, item por item, até produzir os resultados convenientes, beneficiando "cliques" e "claques" e inventando, para os outros, "critérios de desempate" que podiam ter sido a cor dos olhos. Porque não?! (Num país em que as leis não passam, no dizer do douto Jorge Sampaio, de "meras recomendações", tudo é possível).
Ora, as quotas foram aplicadas, não em função do mérito absoluto dos profissionais, mas em função de disponibilidades e conveniências e tudo “ foi como teria que ser”, em conformidade com os desígnios burocráticos dos poderes de turno que fazem por ignorar as pessoas e o seu mérito real, mas configuram uma farsa político-administrativa que tem por base apenas condicionalismos de natureza financeira, sem dúvida respeitáveis, mas que o seriam mais se não vivêssemos num país em que as “caixas de robalos” e os “equipamentos do Sporting Clube de Esmoriz” (e isto para não irmos mais longe, que "o comboio ainda não chegou ao Samouco") pesam demasiado no Orçamento.
Num sistema de quotas corrente, digamos assim, será “normal” que quem tendo sido notado de “Excelente”, por exemplo, ao não ter vaga nessa menção seja desclassificado para a menção imediatamente inferior; mas já não será tão “normal” que seja desclassificado para dois patamares abaixo.
Assim e por essa “lógica”, se a menção de “Bom” tivesse quotas, alguém classificado de “Excelente” poderia por falta de lugares disponíveis em função das quotas, ser classificado de “Não Satisfaz” e como a decisão administrativa é a que prevalece, poderemos ver alguém classificado com 20 valores, acabar por ser notado com 4 valores para efeitos de carreira. Absurdo? Não! “Socrático”!
Enfim, para que se perceba, suponhamos que alguém tem 20 valores num exame, mas por não haver vagas no patamar dos vintes, passa para catorze; ora, poderíamos dizer que esta situação configura um absurdo, mas com esta gente que nos desgoverna desde 2005, passou a não haver absurdos!
Esta denominada “Avaliação de Professores” daria vontade de rir se se resumisse a ter sido uma comédia, mas como de facto é uma farsa, acaba por ter resultados verdadeiramente trágicos na vida das pessoas que são mais do que números e que deveriam merecer respeito, para que não estivessem confinadas a processos kafkianos desta natureza em que o grau de arbitrariedade e o índice atrabiliário é de tal ordem, que os torna praticamente inomináveis – mas com esta gente no poder, tudo é de esperar, menos que façam alguma coisa com um mínimo de seriedade e de decência. Como poderia fazê-lo quem se “licenciou” a um domingo e fez cadeiras por fax? E não vale a pena “pôr mais na carta”, porque os actos ficarão com quem os praticou.
Enfim e como dizia o poeta: “ Sigamos o cherne” - porque se o comermos, ainda nos arriscamos a morrer de indigestão.
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
Presunção e Água Benta
Na rádio passa muito um spot a anunciar exposições de pintura na Cordeiros, uma Galeria do Porto.
A que lá está agora incluiu nomes como Antoni Tàpies, Juan Miró, Andy Warhol e Paulo Teixeira Pinto(!!!).
A "mistura" faz-me lembrar uma história que o velho Mestre Manuel Cabanas costumava contar acerca da sua demissão forçada de professor de Caligrafia do Ensino Técnico Comercial por motivos políticos que dizia ter sido "aquando da demissão dos lentes por Salazar" e "ter ido em boa companhia - Jaime Cortesão, Bento de Jesus Caraça...".
sábado, 28 de novembro de 2009
Um País "Socialista"
A URSS está aí ao virar da esquina. Portugal é, desde sempre e mesmo vinte anos após a queda do Muro de Berlim , um país "socialista".
Razão tem o Prof. Hermano Saraiva quando afirma que o único verdadeiro "socialista" que conheceu em Portugal foi o Doutor Salazar, também gosta muito do dr. Mário Soares mas é "por outras razões".
A prova está em que mesmo os que fazem profissão de fé no mais exarcebado dos (neo)liberalismos, costumam deixar para os outros a independência face aos favores do Estado.
É na Saúde, com filas, caos, condições de trabalho e de atendimento que deixariam a URSS a corar de vergonha, é na Justiça com o "regabofe" que se conhece, é na "burrocracia" que se diz chamar "Educação", no Fisco expoliador sempre dos mesmos, na desorganização geral, agora alimentada do mito das novas tecnologias que acabam por servir para mais do mesmo.
Um país que deixou de ter Indústria, Agricultura, Pescas, Minas e passou à fase da "bandeja", cara e de má qualidade que, no segmento, não chega aos calcanhares de "Beb y dorm".
Um país de baixos salários para nula produtividade, em que uns fingem que pagam e outros fingem que trabalham, em que nada se produz, mas há o triplo dos burocratas que seriam necessários, o que é um modo de obviar, muito relativamente, o desemprego.
Não deixando de existir também uma "nomenklatura" que vive principescamente à conta do Orçamento e mais uns "pós" e afirma ser preciso moderar os salários dos outros (caso paradigmático é o do governador do Banco de Portugal - que já nem emite moeda - e ganha mais que o presidente da Reserva Federal americana, enquanto afirma que não poderá haver aumentos salariais, para os outros, claro está).
Um país a braços com mais um caso de corrupção que envolve figurões do "Partido do Governo", uns que se licenciaram ao domingo,outros que, para além disso, passaram de "caixas" de banco a banqueiros em poucos anos, entraram em cambões de sucata e um deles até afirma, agora, que o único presente que recebeu do Godinho terá sido "uma caixa de robalos".
Ora, ainda teremos de considerar se são robalos do mar ou de "aviário"?
É que, no primeiro caso, é mesmo corrupção - o robalo do mar custa "os olhos da cara".
Parece que estou a ouvi-lo:
"Oh Godinho arranja aí um robalinho, rapaz"!!!!
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Olimpíadas
sábado, 21 de novembro de 2009
Saramago Démodé
Que Saramago "cheira mal da boca" será evidente se lermos o seu excelente livro "O Ano da Morte de Ricardo Reis".
Ele, "revolucionário", falhou a Revolução geracional dos anos 60.
Se não, saberia que os homens deixaram de "possuir" as mulheres.
A Pilar como nunca deve ter sido "possuída" por ele, não liga a "minudências"!
Afinal o "creme" compensa!
Ele, "revolucionário", falhou a Revolução geracional dos anos 60.
Se não, saberia que os homens deixaram de "possuir" as mulheres.
A Pilar como nunca deve ter sido "possuída" por ele, não liga a "minudências"!
Afinal o "creme" compensa!
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
Como acordou a Selecção Nacional
Por incrível que pareça, mas nestas coisas estou como o outro desde que viu "um porco a andar de bicicleta" - já nada me espanta, um dos temas radiofónicos matinais foi: "Como acordou, na Bósnia, a Selecção Nacional"?
Ora, para responder a esta magna questão podemos começar por Bruno Alves que se terá virado na cama,(como é muito grande sentiu os pés de fora), abriu os olhos, bocejou, soergeu-se, espreguiçou-se, levantou-se, enfiou os chinelos, deu dois traques e foi fazer uma mija. Em seguida lavou as mãos, a cara e os dentes, tomou um duche rápido, vestiu as cuecas e as peúgas, a camisola e por cima, o fato de treino, calçou os ténis, pôs os headphones e dirigiu-se à sala para tomar o pequeno-almoço.
Já o dirigente típico acordou com uma bruta dor de cabeça, uma azia desgraçada e a boca a saber a "papéis de música", levantou-se atordoado e hesitou entre dirigir-se à casa-de-banho para tomar um Guronsan e abrir o mini-bar para mamar uma garrafinha de scotch para repor os níveis, que a Bósnia sendo um país maioritariamente muçulmano não é fundamentalista como se viu pelos rios de cerveja consumidos em público pelos adeptos. Depois de resolvido esse dilema foi até ao WC dar vazão às cólicas, a seguir lavou as mãos, os dentes, bochechou com Listerine para tapar o bafo, fez a barba e aparou a pera, tomou um banho de imersão para recuperar, secou-se, vestiu-se ao espelho para compor o nó da gravata, penteou-se antes de sair, sacudiu os ombros do casaco, pôs os óculos escuros para para tapar as olheiras e foi à procura do pequeno-almoço, que se limitou a dois cafés fortes e muita água mineral.
Posto o que saiu para fumar um havano e declarar-se pronto para a entrevista do meio-dia.
terça-feira, 17 de novembro de 2009
"Olear a Máquina"
Quem tiver mais de 40 anos há-de lembrar-se de um pequeno poster artesanal do tempo do stencil e das fotocópias “a petróleo” que estava afixado, bem à vista, em todas as Repartições com um macaquinho agachado de mãos na cabeça e que rezava mais ou menos assim: “ Quando sinto uma enorme vontade de trabalhar, sento-me calmamente a um canto à espera que a crise passe”.
Essa figura, a de “macaco”, exprime claramente a atitude enraizada na sociedade portuguesa face ao trabalho e à vida em geral. Nada mais avisado do que ser “macaco" e melhor ainda “macacão”.
Em Portugal os horários de trabalho são dos mais alargados do mundo dito desenvolvido e uma prova do nosso, relativo, subdesenvolvimento é que a nossa produtividade é das mais baixas desse mesmo “campeonato”. Isso explica-se por um conjunto de factores: insuficiências de gestão, da qualificação da mão-de-obra e dos próprios dirigentes que, em regra, não chegaram lá pela competência; insuficiências tecnológicas várias, mas também da sua operacionalização, etc., etc.
Mas isso só não chega para justificar cabalmente tal fenómeno, as suas causas primeiras são muito mais profundas e radicam no nosso inconsciente (às vezes nem tanto) colectivo com um fundo pulsional sadomasoquista.
A palavra trabalho provém do latim “tripalium” que era um instrumento de tortura e de facto, para os portugueses o trabalho e tudo o que à sua volta gira, além de ser uma tortura, não tem por finalidade a produção de riqueza, mas a exibição de poder.
Mostrar quem manda é assim o objectivo essencial do mundo laboral português (público e privado é igual) e por isso, não importa que os trabalhadores passem "eternidades" no “emprego” (mal empregado, benza-o Deus) sem fazer a ponta de nada, o que é importante como se conclui da hermenêutica do tremendamente esclarecedor provérbio "quem está por baixo é que geme", é que lá estejam horas e horas aprisionados à mercê do “chefe” que por sua vez está sujeito aos caprichos do Director-Geral, que por seu turno finge ser um “capacho” para o Ministro, que ele próprio não passa de um "verbo de encher" partidário em relação ao Primeiro, que também não é mais do que um “peão” para a “Europa” e assim sucessivamente.
E como estas coisas, digam os “pós-modernos” o que disserem, são dialécticas, aqui funciona a metáfora do "senhor e do escravo" na sua dupla dependência ou na mais caseira imagem da “volta do correio”.
Somos então organizadíssimos na programada tarefa de desorganizar, muitíssimo metódicos na bandalheira, empenhadíssimos na balda e ao contrário do que as mentes mais naïves poderão julgar, não fazer nenhum dá muito trabalho - é obra esforçar-se ao máximo para fazer o mínimo.
Temos como recursos estratégicos para esta imensa tarefa de uma autêntica campanha nacional, tão permanente como a Revolução para Trostky, e melhor, constantemente realizada, pois dura há séculos e não tem fim à vista - a burocracia com o seu cortejo de inutilidades em que o segredo é o de, em vez de tomar decisões que produzam efeitos, fazer relatórios, quadros, gráficos, portefólios e outras formas de entretenimento que se destinam não a fundamentar actos, mas a serem actos em si. Por isso é que quase tudo não costuma passar da fase da rábula e da célebre "redundância" de procedimentos.
Assim, desde as bombas de água do meu prédio que são “intervencionadas” todos os santos dias, sem que nunca fiquem reparadas, tendo os “técnicos” o especial cuidado de as deixar na mesma ou pior; até ao Terreiro do Paço que é esventrado todos os anos, ora para o Metro, ora para o Saneamento; ao Aeroporto da Portela que sofre obras constantes de melhoramento, quando se perspectiva que venha a ser encerrado e substituído pelo de Alcochete. Tal como a própria Selecção Nacional de futebol que chuta, dribla, passa, mas evita a todo o custo marcar golos.
Todos essas actos fazem parte de uma estratégia que, agora que até o terceiro segredo de Fátima foi, finalmente, revelado, se pode tornar pública e é como o “segredo de Justiça” e o “espeto” do Ribeiro do poema de Bocage ( “sem querer nos calções estar oculto”) apta para desmentir claramente o rótulo injusto de preguiçosos que aos portugueses costuma ser, muitas vezes, aposto.
Trata-se e digam os “crentes" da revolução tecnológica o que disserem, da prosaica e muito sensata necessidade de “olear a máquina”, de criar dificuldades para vender facilidades e dar que "fazer" a esta malta toda.
Se não como é que era pá?!
Tás a brincar ou quê?!
sábado, 14 de novembro de 2009
As Invasões Bárbaras
A Lusitânia está de novo a ser assolada por invasores bárbaros de várias tribos como os Váricos (cujo território originário era um obscuro balcão da CGD em Trás-os-Montes, no interior sempre "desquecido" e "ostracizado"), os Chúlicos (que vivem em permanente diáspora, chulando um pouco por toda a parte) e os Áscolos (uns gajos que metem nojo).
Essas tribos fundiram-se por conveniência táctica e formaram uma horda fedorenta que já conseguiu tomar o Poder em Olissipo, elegendo um chefe fantoche conhecido por Pinóquio, cuja proveniência foi duramente testada na luta pelos Free Ports , em projectos de vacarias na Cova da Beira e weekend degrees em Universidades dadas a aventuras ultramarinas no papel de "Omo Super" que sempre lavou mais branco (mesmo quando a coloração dominante era outra).
A conquista foi relativamente rápida e contou, como de costume, com a colaboração activa de dignitários traidores que costumam alimentar o "Mistério Público" da multiplicação dos off shores e que nomeados para defender as Muralhas da Cidade, a entregaram por "dez réis de mel coado" perante a passividade total e até o aplauso bovino das outras tribos, entre as quais se destacam os Palonços, os Otários e sobretudo os Néscios.
Essas tribos fundiram-se por conveniência táctica e formaram uma horda fedorenta que já conseguiu tomar o Poder em Olissipo, elegendo um chefe fantoche conhecido por Pinóquio, cuja proveniência foi duramente testada na luta pelos Free Ports , em projectos de vacarias na Cova da Beira e weekend degrees em Universidades dadas a aventuras ultramarinas no papel de "Omo Super" que sempre lavou mais branco (mesmo quando a coloração dominante era outra).
A conquista foi relativamente rápida e contou, como de costume, com a colaboração activa de dignitários traidores que costumam alimentar o "Mistério Público" da multiplicação dos off shores e que nomeados para defender as Muralhas da Cidade, a entregaram por "dez réis de mel coado" perante a passividade total e até o aplauso bovino das outras tribos, entre as quais se destacam os Palonços, os Otários e sobretudo os Néscios.
Coerência
Sócrates, cujo diploma de licenciatura foi passado a um domingo, visita hoje, sábado, acompanhado da nova Ministra da Educação, várias escolas de Lisboa.
Isso é coerência meus senhores; o homem poderá ter muitos defeitos - percursos irregulares, amigos pouco recomendáveis, "esqueletos no armário" e "rabos de palha" por todo o lado, mas que é coerente - lá isso é!
E até pode ser que hoje, nas escolas que vai visitar, encontre os tais miúdos que o Governo contratou a uma agência de castings como figurantes aquando do lançamento do, agora esquecido, "Magalhães".
Isso é coerência meus senhores; o homem poderá ter muitos defeitos - percursos irregulares, amigos pouco recomendáveis, "esqueletos no armário" e "rabos de palha" por todo o lado, mas que é coerente - lá isso é!
E até pode ser que hoje, nas escolas que vai visitar, encontre os tais miúdos que o Governo contratou a uma agência de castings como figurantes aquando do lançamento do, agora esquecido, "Magalhães".
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
Deixa-me rir!
A TSF acaba de perguntar a Vital Moreira a sua opinião, enquanto "jurista", acerca da publicação de notícias sobre a existência de "escutas" por parte da PJ de conversas entre Sócrates e Vara.
É assim como perguntar ao Arcebispo de Braga se acha que o Papa poderá ser pedófilo?!
LOL!!!
É assim como perguntar ao Arcebispo de Braga se acha que o Papa poderá ser pedófilo?!
LOL!!!
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
A Queda do Muro
A efeméride do dia são os vinte passados desde a "Queda" do Muro de Berlim que simboliza, mais ou menos consensualmente, o fechar de pano da século XX. Havendo até quem tenha, com pretensões "hegelianas" e de forma rídicula, diga-se de passagem, querido ir mais longe e testemunhado o momento do "Fim da História".
Já ao tempo, eu que sou pouco dado a "crendices", tive a então estranha sensação de que estavam a ser deitados "foguetes antes da festa". É claro que entendi perfeitamente a euforia dos alemães, sobretudo dos de Leste, ao verem a sua pátria reunificada e a ditadura "comunista" perto do fim tornando possível o acto, para nós banal, de comprar bananas que me lembro de terem sido os primeiroa bens de consumo a serem "devorados" pelos Ossies em justificado delírio.
Mas parece que a euforia não durou muito e percebe-se porquê: se a teleologia "comunista" faliu e os "amanhãs que cantavam" foram de facto "ontens" muitíssimo duros, não é menos verdade que a "religião" do mercado erigida em pensamento único pelos que se apressaram a decretar a "morte das ideologias" (todas menos a sua é claro) não revelou, antes pelo contrário, uma "terra de leite e mel" e o mundo pós "Guerra Fria" evoluiu para um sem número de guerras quentes.
É que a História costuma ser teimosa e recusa-se a acatar "decretos" imbecis.
Duas décadas depois, o Mundo está pior - é uma evidência - menos próspero, menos seguro, menos habitável.
O capitalismo liberto do "socialismo real" (que, apesar de tudo, o continha "em respeito") tomou o "freio nos dentes" e (re)começou um galope à desfilada; muitas conquistas que custaram imenso sangue, suor e lágrimas (horários de trabalho, Estado social) estão a regredir a olhos vistos para práticas próximas das do século XIX no "mundo desenvolvido", pois no "Terceiro Mundo" é a total e absoluta escravatura (sobreexploração e trabalho infantil, sem direitos, nem quaisquer condições, por uma "malga de arroz") em nome de uma sacrossanta "globalização" que parece só se aplicar à ganância e à infame rapacidade da exploração desenfreada e do lucro a qualquer custo, desde que não custe a quem o "empocha", como é óbvio.
Surgiu em cena toda uma "retórica" politicamente correcta dos "direitos humanos" que, em muitos casos, serve para aquilo que Marx, que ao contrário dos apressados epitáfios está mais vivo do que nunca, disse que servia a "ideologia" - para representar a realidade de "pernas para o ar".
É nisso que converge todo o poder da "Matrix" - criar a ilusão do "melhor dos mundos" na "aldeia global", imbecilizar e empaturrar de veneno, desde a alimentação à economia, passando pelos media, a vida da "mundo industrializado" e prosseguir o saque do restante (que até já vai dando algum "troco" através do terrorismo, agora também global, que apenas vitima inocentes); "socializar" as agruras, privatizar as "delícias".
Vender fancaria em low cost enquanto valer a pena, ir de "Protocolo" em "Protocolo" até ao colapso ambiental cuja presença é indisfarçável através das alterações climáticas, tão súbitas e drásticas que uma curta vida humana é suficiente para as verificar.
Havia nos idos de 70 do "século passado" uma expressão curiosa acerca do mundo, então bipolar, que denunciava a falsa alternativa entre "a miséria do quotidiano" e o "quotidiano da miséria".
Ora, nunca como hoje estivemos tão totalmente imersos na primeira e ameaçados pela segunda!
Face Oculta
Neste processo designado "Face Oculta" têm surgido nomes de envolvidos que, só por si, justificam a designação.
Ele é um "Namércio" (e porque não "Mamúrcio"?), ainda por cima, "Cunha". Ele é um "Chocolate Contradanças"!
De facto, com nomes destes é natural preferir ter a face oculta.
Ele é um "Namércio" (e porque não "Mamúrcio"?), ainda por cima, "Cunha". Ele é um "Chocolate Contradanças"!
De facto, com nomes destes é natural preferir ter a face oculta.
sábado, 7 de novembro de 2009
E porque não?
A propósito da "guerra dos crucifixos" que passou a ser um dos temas mais "fracturantes" do Portugal educativo, atrevo-me a propor uma solução radical.
Porque não tornar a pôr os retratos do Salazar?
Porque não tornar a pôr os retratos do Salazar?
Vida Fácil
A quantidade de gadgets que apareceram ultimamente para nos "facilitar a vida" é deveras impressionante e tem, muitas vezes, o efeito paradoxal de a complicar ainda mais ou de ser bastante difícil que através deles a vida seja, de facto, mais fácil.
Faz-me lembrar aquela anedota "clássica" da mulher que vai a julgamento por prática da prostituição (então um ilícito) e perante a pergunta do juiz:
- A senhora sabe do que vem acusada? (não, não é a que estão a pensar que é muito "grossa" e eu não sou assim tão ordinário).
- Não senhor doutor juiz, não sei!
- É acusada de ser uma mulher da vida fácil!
-Fácil senhor doutor juiz!? Pois experimente Vossa Excelência fazer ... ... a um bêbado!
É exactamente o que se passa com a mitologia da "inovação" e mesmo sem querer ser muito luddite é óbvio que estes conceitos "balão" não resistem a evidências como a dos nazis terem sido "inovadores" com a utilização da câmara de gás; com efeito matar tanta gente em tão pouco tempo foi recorde só batido pelos americanos em Hiroshima e Nagasaki.
Até há uma velha "maldição" das mentes geniais da tecnociência serem, em geral, mais profícuas na destruição do que na construção. Foi assim em Los Alamos e se o Bill Gates (para quem a vida ficou, sem dúvida, muito mais fácil) não é, como alguns dizem, o "Anticristo" (se bem que o Maligno use de muitas manhas, com uma fronha daquelas ninguém ia acreditar) o que é verdade é que os seus artefactos tornaram possível, a meias com o telemóvel, a "escravatura" total e a total devassa da vida privada, que entretanto deixou, pura e simplesmente, de existir.
Hoje ninguém escapa ao braço longo do "patrão" a impingir tarefas fora de horas, (fora das horas que ele paga, entenda-se) e ao fim-de-semana e, muitas vezes, em momentos que queremos de lazer ou privados, lá toca o telefone e ou é serviço ou publicidade agressiva e parece não haver volta a dar-lhe.
Sendo justo, também é verdade que estou a publicar este texto num blog.
O mais engraçado de tudo isto é a crescente retórica acerca dos direitos, que é tanto maior quanto menos efectivos eles são, o que a torna autêntica "música para camaleões".
domingo, 1 de novembro de 2009
O "Escritório"
Defronte da minha casa está, há uma boa meia dúzia de anos, um (que já foi) automóvel, abandonado.
Já teve, há cerca de um ano, uma notificação da Câmara colada no pára brisas, mas já não tem; passaram todos os prazos dados a toda a gente e é claro que a burocracia é quase sempre estúpida: se o proprietário o quisesse não o teria deixado ali, a menos que seja roubado, mas se o foi, alguém deve ter participado às autoridades “competentes” e só se estas fossem muitíssimo incompetentes é que o teriam deixado lá permanecer todos estes anos.
O que é certo é que o carro, agora “mono”, lá está a ocupar um precioso lugar de estacionamento e a poluir visual e socialmente a zona. Mas como a inventividade humana não tem limites, acaba por não estar ao “deus dará” e cumpre até uma importante função socioeconómica na cadeia de serviços, tratando-se de uma das raríssimas bolsas de estacionamento oficialmente livre do cento do Barreiro (o olival semi-baldio junto à Biblioteca Municipal), a viatura serve de “escritório” a uma espécie de “empresa” de estacionamento que me parece, por observação empírica directa, funcionar num regime de carácter “cooperativo” dado que várias equipas de TPAs (Técnicos de Parqueamento Automóvel – vulgo “arrumadores”) se revezam com funções distribuídas, numa organização racional de serviço à população, que pelo preço de uma singela “moedinha”, vê satisfeita e em geral bem, a sua necessidade de estacionamento com tarifa única e independente do tempo de permanência.
Ora, iniciativas destas são de acarinhar, trata-se de uma autêntica “start up” e num país e região tão carecidos de apoios à iniciativa privada como via de salvação da nossa depauperada economia e recuperação do emprego, não serão de enjeitar.
Rogo pois, a quem de direito que tire de lá o “chaço” e arranje aos rapazes um escritório em condições.
Já teve, há cerca de um ano, uma notificação da Câmara colada no pára brisas, mas já não tem; passaram todos os prazos dados a toda a gente e é claro que a burocracia é quase sempre estúpida: se o proprietário o quisesse não o teria deixado ali, a menos que seja roubado, mas se o foi, alguém deve ter participado às autoridades “competentes” e só se estas fossem muitíssimo incompetentes é que o teriam deixado lá permanecer todos estes anos.
O que é certo é que o carro, agora “mono”, lá está a ocupar um precioso lugar de estacionamento e a poluir visual e socialmente a zona. Mas como a inventividade humana não tem limites, acaba por não estar ao “deus dará” e cumpre até uma importante função socioeconómica na cadeia de serviços, tratando-se de uma das raríssimas bolsas de estacionamento oficialmente livre do cento do Barreiro (o olival semi-baldio junto à Biblioteca Municipal), a viatura serve de “escritório” a uma espécie de “empresa” de estacionamento que me parece, por observação empírica directa, funcionar num regime de carácter “cooperativo” dado que várias equipas de TPAs (Técnicos de Parqueamento Automóvel – vulgo “arrumadores”) se revezam com funções distribuídas, numa organização racional de serviço à população, que pelo preço de uma singela “moedinha”, vê satisfeita e em geral bem, a sua necessidade de estacionamento com tarifa única e independente do tempo de permanência.
Ora, iniciativas destas são de acarinhar, trata-se de uma autêntica “start up” e num país e região tão carecidos de apoios à iniciativa privada como via de salvação da nossa depauperada economia e recuperação do emprego, não serão de enjeitar.
Rogo pois, a quem de direito que tire de lá o “chaço” e arranje aos rapazes um escritório em condições.
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
Enfim, só chatices...
Para as eleições presidenciais em Moçambique, entre o "oficioso" Guebuza e o "eterno" Dlakhama (uma espécie de "Savimbi" conformado), foram destacados pela "Comunidade Internacional" numerosos observadores, entre os quais alguns deputados e eurodeputados portugueses.
Já para as concomitantes eleições no Afeganistão não consta que esteja lá algum e entende-se bem porquê?
Para além das afinidades da língua e da cultura, ditadas por razões históricas, o clima em Maputo é muito melhor do que em Cabul que fica imensamente longe do mar, sendo por isso, difícil ir à praia; como se tal não bastasse os afegãos são muçulmanos o que torna quase impossível o consumo de cerveja e demais "néctares" fermentados e/ou destilados e pelas razões já apontadas de índole geográfica e cultural, também não costuma haver marisco.
Já do ponto de vista social as mulheres afegãs são muitíssimo recatadas e nada dadas a convívios com homens, demais a mais, estrangeiros, e os homens afegãos muito ciosos no seu resguardo pondo, por isso, imenso empenho na preservação dessa virtude, também não sendo muito dados ao "diálogo" que não seja à "mão armada".
Afinal, o que se poderia esperar de um país em que o desporto nacional é uma espécie de râguebi equestre em que a "bola" é um cabrito decapitado?!
Enfim só chatices...
Já para as concomitantes eleições no Afeganistão não consta que esteja lá algum e entende-se bem porquê?
Para além das afinidades da língua e da cultura, ditadas por razões históricas, o clima em Maputo é muito melhor do que em Cabul que fica imensamente longe do mar, sendo por isso, difícil ir à praia; como se tal não bastasse os afegãos são muçulmanos o que torna quase impossível o consumo de cerveja e demais "néctares" fermentados e/ou destilados e pelas razões já apontadas de índole geográfica e cultural, também não costuma haver marisco.
Já do ponto de vista social as mulheres afegãs são muitíssimo recatadas e nada dadas a convívios com homens, demais a mais, estrangeiros, e os homens afegãos muito ciosos no seu resguardo pondo, por isso, imenso empenho na preservação dessa virtude, também não sendo muito dados ao "diálogo" que não seja à "mão armada".
Afinal, o que se poderia esperar de um país em que o desporto nacional é uma espécie de râguebi equestre em que a "bola" é um cabrito decapitado?!
Enfim só chatices...
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
O Erro de Rangel
Ficou célebre o clamoroso erro de avaliação social de Emídio Rangel enquanto director da SIC ao, após uma época dourada de sucesso de audiências, ter recusado exibir a versão nacional do "Big Brother"; erro que lhe foi "fatal", pois acabou por lhe custar o lugar e permitiu que a TVI que "pegou" no programa que SIC "largara", a ultrapassasse até hoje.
Rangel subestimou a permeabildade do português comum à "modernidade" mediática, julgou que o pudor "católico" que constituira o estereótipo do "português suave" ainda vigorava. Enganou-se e para seu próprio prejuízo os portugueses mostraram-se tanto ou mais "desavergonhados" do que os outros povos "modernos".
Essa falta de pudor, esse abandono do cuidar, nem que seja das aparências de "moralidade", hipócrita ou não, deu lugar a um "desaforado" descaramento social que até se engalana de proselitismo.
Digo isto a propósito da data que hoje ocorre e assinala o "Dia Mundial do Idoso" que traz à colação o deplorável estado da assistência pública e mesmo privada que dedicamos às chamadas terceira e ,agora, quarta idades, a falta de respeito, dignidade e simples decência com que são tratados os cidadãos que cada vez vivem mais tempo, mas em piores condições.
As duas qualidades essenciais da governação contemporânea não são da esfera da acção, são antes a (má)retórica e a (boa)estatística e mesmo apesar de toda a demagogia, as carências são espantosas.
Temos um parque assistencial claramente deficitário, de baixíssima qualidade material e humana, permeável a ser explorado como um "negócio" escabroso e rapace, em que se empregam pessoas por exclusão de partes (e que portanto fazem aquilo - supostamente cuidar de idosos - por que não arranjaram mais nada e mesmo assim, nos intervalos dos subsídios), logo sem qualquer vocação e/ou preparação para o efeito que também está longe de lhes ser ministrada. Sendo um daqueles inúmeros sectores da sociedade portuguesa em que são necessários empenhos e "cunhas" para enfiar alguém num "Lar" muito minimamente decente e em que até a Santa Casa da Misericórdia (não esta ou aquela em especial, mas todas no seu conjunto), se é que alguma vez o foi, há muito o deixou de ser.
E não se trata de esmolas mas de direitos; quando vêm uns "engraçadinhos" neoliberais de trazer por casa, opinar que: " O Estado não pode fazer tudo".
Pergunta-se-lhes: Afinal para que deve servir o Estado? Apenas para tapar os buracos financeiros que os vigaristas provocam?!
As pessoas pagaram, fizeram descontos durante décadas, pagaram impostos, não estão a pedir que lhes seja dado nada, mas apenas que os seus legítimos direitos sejam respeitados.
À falta de tempo e de disponibilidade soma-se a falta de vontade e gratidão das famílias agora "libertas" por essa "nova" e liberal "moralidade" que permite que se "descartem" sem problemas de consciência dos "fardos" a que nesta sociedade da não-inscrição (cf José Gil) os que são chamados como costumavam ser os "trapos", constituem. Assim à descarada, sem remorsos, nem culpabilidades, nem pesos na consciência, que são tudo conceitos "passadistas" e que impedem que os que ainda podem vão, garganeiramente, "gozando a vida".
Este país não é mesmo para velhos!!!
Rangel subestimou a permeabildade do português comum à "modernidade" mediática, julgou que o pudor "católico" que constituira o estereótipo do "português suave" ainda vigorava. Enganou-se e para seu próprio prejuízo os portugueses mostraram-se tanto ou mais "desavergonhados" do que os outros povos "modernos".
Essa falta de pudor, esse abandono do cuidar, nem que seja das aparências de "moralidade", hipócrita ou não, deu lugar a um "desaforado" descaramento social que até se engalana de proselitismo.
Digo isto a propósito da data que hoje ocorre e assinala o "Dia Mundial do Idoso" que traz à colação o deplorável estado da assistência pública e mesmo privada que dedicamos às chamadas terceira e ,agora, quarta idades, a falta de respeito, dignidade e simples decência com que são tratados os cidadãos que cada vez vivem mais tempo, mas em piores condições.
As duas qualidades essenciais da governação contemporânea não são da esfera da acção, são antes a (má)retórica e a (boa)estatística e mesmo apesar de toda a demagogia, as carências são espantosas.
Temos um parque assistencial claramente deficitário, de baixíssima qualidade material e humana, permeável a ser explorado como um "negócio" escabroso e rapace, em que se empregam pessoas por exclusão de partes (e que portanto fazem aquilo - supostamente cuidar de idosos - por que não arranjaram mais nada e mesmo assim, nos intervalos dos subsídios), logo sem qualquer vocação e/ou preparação para o efeito que também está longe de lhes ser ministrada. Sendo um daqueles inúmeros sectores da sociedade portuguesa em que são necessários empenhos e "cunhas" para enfiar alguém num "Lar" muito minimamente decente e em que até a Santa Casa da Misericórdia (não esta ou aquela em especial, mas todas no seu conjunto), se é que alguma vez o foi, há muito o deixou de ser.
E não se trata de esmolas mas de direitos; quando vêm uns "engraçadinhos" neoliberais de trazer por casa, opinar que: " O Estado não pode fazer tudo".
Pergunta-se-lhes: Afinal para que deve servir o Estado? Apenas para tapar os buracos financeiros que os vigaristas provocam?!
As pessoas pagaram, fizeram descontos durante décadas, pagaram impostos, não estão a pedir que lhes seja dado nada, mas apenas que os seus legítimos direitos sejam respeitados.
À falta de tempo e de disponibilidade soma-se a falta de vontade e gratidão das famílias agora "libertas" por essa "nova" e liberal "moralidade" que permite que se "descartem" sem problemas de consciência dos "fardos" a que nesta sociedade da não-inscrição (cf José Gil) os que são chamados como costumavam ser os "trapos", constituem. Assim à descarada, sem remorsos, nem culpabilidades, nem pesos na consciência, que são tudo conceitos "passadistas" e que impedem que os que ainda podem vão, garganeiramente, "gozando a vida".
Este país não é mesmo para velhos!!!
terça-feira, 27 de outubro de 2009
Um Pai Tirano ou a Teoria dos Quatro Salazares
Logo a seguir ao 25 de Abril e na sequência de ter fundado, com um amigo, a Secção do Barreiro do Partido Socialista fui um dia, ainda em 74, à Sede Nacional do PS então em S. Pedro de Alcântara onde é hoje a FAUL e saí de lá carregado com propaganda para trazer para o Barreiro. Apanhei então um táxi para a estação do Terreiro do Paço.
O taxista, na melhor tradição da "classe", começou logo a "desbobinar" dizendo cobras e lagartos da "selva" a que "isto" tinha chegado e a "culpa" que o 25 de Abril tivera nisso tudo. Culpa, aliás, que estendeu a Marcello Caetano que classificou de "banana" e por isso a "coisa" terá dado no que deu. E acrescentou:
- "Sabe amigo (é claro que não reparou que a propaganda que vinha embrulhada e atada era do PS), sabe como é que isto se resolvia? Não era preciso só um "Salazar", mas quatro, um para cada canto do país e o "pior", quer dizer, o "melhor", ia para o Alentejo"!
É muito antiga esta pulsão nacional por um "pai tirano" (ou até por "quatro") que seja capaz de "cortar a direito" e que "ponha isto nos eixos" e foi neste "caldo de cultura" que emergiram figuras da democracia com um perfil entre o "severo" e o, pelo menos, "austero" - Eanes, Cavaco, Ferreira Leite e até Sócrates (de uma forma um pouco mais à Frei Tomás) são frutos políticos desses anseios de pôr fim a um certo "regabofe", nem que seja com outro de sinal contrário.
Este pano de fundo é, a espaços, temperado por "raposas" bonacheironas (pelo menos na aparência) como Soares ou pelo insular histrionismo de Jardim (conquanto não saia da Ilha).
Mas entre os "Salazares" que fazem (ou prometem fazer) e os que só "desfazem" (ou prometem desfazer), o "povão" prefere os primeiros.
Afinal, independentemente de quem "sonha" ou de quem "quer", é preciso mesmo é que a obra nasça!
O taxista, na melhor tradição da "classe", começou logo a "desbobinar" dizendo cobras e lagartos da "selva" a que "isto" tinha chegado e a "culpa" que o 25 de Abril tivera nisso tudo. Culpa, aliás, que estendeu a Marcello Caetano que classificou de "banana" e por isso a "coisa" terá dado no que deu. E acrescentou:
- "Sabe amigo (é claro que não reparou que a propaganda que vinha embrulhada e atada era do PS), sabe como é que isto se resolvia? Não era preciso só um "Salazar", mas quatro, um para cada canto do país e o "pior", quer dizer, o "melhor", ia para o Alentejo"!
É muito antiga esta pulsão nacional por um "pai tirano" (ou até por "quatro") que seja capaz de "cortar a direito" e que "ponha isto nos eixos" e foi neste "caldo de cultura" que emergiram figuras da democracia com um perfil entre o "severo" e o, pelo menos, "austero" - Eanes, Cavaco, Ferreira Leite e até Sócrates (de uma forma um pouco mais à Frei Tomás) são frutos políticos desses anseios de pôr fim a um certo "regabofe", nem que seja com outro de sinal contrário.
Este pano de fundo é, a espaços, temperado por "raposas" bonacheironas (pelo menos na aparência) como Soares ou pelo insular histrionismo de Jardim (conquanto não saia da Ilha).
Mas entre os "Salazares" que fazem (ou prometem fazer) e os que só "desfazem" (ou prometem desfazer), o "povão" prefere os primeiros.
Afinal, independentemente de quem "sonha" ou de quem "quer", é preciso mesmo é que a obra nasça!
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
Saramago que se cuide...
Um padre, de setenta e quatro anos, em Covas do Barroso, concelho de Boticas, foi detido na posse de um autêntico arsenal de armas, munições e explosivos que escondera na própria sacristia.
O Saramago que se cuide...
O Saramago que se cuide...
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
O Malho
Augusto "The Hammer" Santos Silva terá agora como Ministro da Defesa uma oportunidade soberana para exercer os seus dotes de "Malhador" e vamos lá ver se terá "hortaliça" suficiente para falar grosso com a tropa. Aposto que não, que se tentar, muito rapidamente, meterá a "viola no saco".
É que ele, aliás como o "chefe", é dos tais "valentões" que só calcam enquanto sentem o piso mole.
Não se dará muito bem com "passeios fardados" de sujeitos armados.
É que ele, aliás como o "chefe", é dos tais "valentões" que só calcam enquanto sentem o piso mole.
Não se dará muito bem com "passeios fardados" de sujeitos armados.
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
"IF"
O que a notícia de maus tratos aos alunos no Colégio Militar tem de incrível é que pareça constituir um espanto público. É mais um daqueles "segredos de Polichinello" que abundam na sociedade portuguesa, pois toda a gente já, pelo menos, ouviu falar das violentas "praxes" a que os "veteranos" submetem os "ratas", penso que é assim que no calão interno e não deixa de ser esclarecedor, que são designados os alunos mais pequenos.
Sugiro um filme já com "barbas", mas sempre actual: "IF" de Lindsay Anderson (1968) onde poderão ver (ou rever) um magnífico desempenho do então jovem Malcom McDowell e ter uma visão, infelizmente ainda demasiado presente, desse tipo de "universos".
terça-feira, 20 de outubro de 2009
Suma Teológica
Saramago provou que pode estar velho, mas não está parvo. Ele mais a Pilar ainda sabem como é que se vende um livro.
Nada como uma boa "polémica" para lançar o produto e, num tempo em que reina a imbecilidade, quanto mais imbecil melhor.
Pior do que ver um Prémio Nobel da Literatura esgrimir argumentos de um anticlericalismo "tabernícola", pois até o meu avô, que era analfabeto, dizia coisas da "profundidade" de "Caim nunca existiu!", é reparar que a esse propósito temos um povo de "teólogos instantâneos". Segundo um inquérito divulgado pela SIC-Notícias , um em cada dez portugueses afirma ter lido a Bíblia na íntegra.
Aposto que um em cada vinte leu a "Crítica da Razão Pura".
E pelo menos Passos Coelho afirmou que o seu livro preferido é "O Ser e o Nada".
Isto assim não é um País, é um Seminário de Doutoramento em Aldrabologia Aplicada.
Nada como uma boa "polémica" para lançar o produto e, num tempo em que reina a imbecilidade, quanto mais imbecil melhor.
Pior do que ver um Prémio Nobel da Literatura esgrimir argumentos de um anticlericalismo "tabernícola", pois até o meu avô, que era analfabeto, dizia coisas da "profundidade" de "Caim nunca existiu!", é reparar que a esse propósito temos um povo de "teólogos instantâneos". Segundo um inquérito divulgado pela SIC-Notícias , um em cada dez portugueses afirma ter lido a Bíblia na íntegra.
Aposto que um em cada vinte leu a "Crítica da Razão Pura".
E pelo menos Passos Coelho afirmou que o seu livro preferido é "O Ser e o Nada".
Isto assim não é um País, é um Seminário de Doutoramento em Aldrabologia Aplicada.
domingo, 18 de outubro de 2009
Novas Oportunidades
Para quando um regime de "Novas Oportunidades" para atribuição da carta de condução?!
É que em cada operação Stop são apanhadas cada vez, para além dos bêbados, mais condutores "sem habilitação legal o efeito", isto é, sem carta.
Eles (e elas) demonstram "competências" - a prova é que já conduzem, havendo até uma senhora que já foi apanhada trinta e sete vezes (!!!). A maior das dificuldades parece ser de ordem teórica, é que costumam chumbar no Exame de Código. Mas não ficámos nós fartos de "teorias" típicas do ensino salazarista?!
Como costuma dizer um sábio "anónimo" português de todos os séculos: "Deixemo-nos de filosofias (ou teorias), vamos mas é ao que interessa"!
Assim como assim, também entre os que têm carta e fizeram o Exame, praticamente ninguém liga ao Código - que, aliás, só existe para "chatear" e para que o Estado obtenha receitas com a "caça à multa".
Vamos lá a ser pragmáticos!
É que isto assim nunca mais anda "p`rá a frente"!
É que em cada operação Stop são apanhadas cada vez, para além dos bêbados, mais condutores "sem habilitação legal o efeito", isto é, sem carta.
Eles (e elas) demonstram "competências" - a prova é que já conduzem, havendo até uma senhora que já foi apanhada trinta e sete vezes (!!!). A maior das dificuldades parece ser de ordem teórica, é que costumam chumbar no Exame de Código. Mas não ficámos nós fartos de "teorias" típicas do ensino salazarista?!
Como costuma dizer um sábio "anónimo" português de todos os séculos: "Deixemo-nos de filosofias (ou teorias), vamos mas é ao que interessa"!
Assim como assim, também entre os que têm carta e fizeram o Exame, praticamente ninguém liga ao Código - que, aliás, só existe para "chatear" e para que o Estado obtenha receitas com a "caça à multa".
Vamos lá a ser pragmáticos!
É que isto assim nunca mais anda "p`rá a frente"!
sábado, 17 de outubro de 2009
Uma Política Educativa a Sério
O Governo que agora cessa funções caracterizou-se por ter na pasta da Educação uma equipa claramente inadequada às funções e que, em termos políticos, contribuiu fortemente para que o Partido Socialista perdesse as Eleições Europeias e a maioria absoluta nas Legislativas - um quinto dos eleitores e dos deputados (mais de meio milhão de votos e mais de vinte deputados), ao alienar uma parte importante da sua base social de apoio.
Não o afirmo na convicção de que uma força política séria e com responsabilidades governativas deva pautar a sua acção pelo agradável para os seus eleitores tradicionais, nada disso. Mas o que não deve fazer é desbaratar capital político por equívoco e erro estratégico, preferindo uma putativa e, ainda por cima, frustre “alavancagem” táctica a um enunciado transparente de medidas que, por dolorosas que pudessem ser, fossem percebidas pelos seus intervenientes directos como benéficas do ponto de vista sistémico.
Ora nada disso aconteceu – a equipa do Ministério da Educação portou-se como um grupo de aventureiros em constante fuga para a frente, tentando atropelar tudo e todos, revelando uma enorme falta de bom senso, promovendo com a cobertura evidente do Primeiro-ministro e dos seus Ministros “políticos” com especial destaque para Augusto Santos Silva, bem como um conjunto vasto de opinion makers que fazem obviamente parte do set propagandístico do Governo e organizações dele subsidiárias, mesmo na mais literal das acepções, como a Confap do Sr. Albino, uma política cega de ”passa culpas” e perseguição socioprofissional.
A equipa ministerial dando cumprimento a uma tarefa política que lhe foi encomendada pela task force que dirige de facto a política governamental, (cito a propósito, Marcos Perestrello quando em tom crítico e, de algum modo, auto-justificativo na sequência do resultado das “Europeias”, auto-denunciou o “esquema” dizendo que “era preciso criar pressão sobre certos grupos sociais para que a população aceitasse as reformas”), alegando “boas intenções“ iniciais, fazendo-as acompanhar de diagnósticos tremendistas como o alegado “caos organizacional” das Escolas visto por Lurdes Rodrigues assim que tomou posse, o que, a ser verdade, se pode dizer de certeza vivida, que piorou bastante com o seu consulado.
Claro que os objectivos reais desta política foram diminuir os custos do Ministério da Educação reduzindo a sua massa salarial, mas logo e para o justificar, descambou numa autêntica e inaudita campanha negra de apoucamento e vexame a uma única classe profissional como em toda a história moderna de Portugal, e presumo de qualquer país civilizado, nunca terá sido desencadeada, refiro-me à autêntica guerra social contra os professores, em que estes foram o “bode expiatório” e que serviu de cortina de fumo para o fracasso das políticas sociais prometidas (Onde estão, ou mesmo antes da crise das “costas largas”, alguma vez estiveram os 150000 empregos? Porque, ao contrário do prometido subiram os todos impostos, só para quem os já pagava claro, e Campos e Cunha foi “despedido” das Finanças? Tal como Sócrates que fez um “brilharete” no debate com Louçã acusando-o de pretender pôr em prática medidas de ataque à classe média assalariada que o próprio governo se está a preparar para tomar - Teixeira dos Santos e o Grupo de Estudos para a Reforma Fiscal - já assumiram o fim ou forte redução das deduções à colecta em sede de IRS das despesas com Saúde e Educação).
Esta situação e para lá de qualquer questão meramente salarial foi sentida como uma série de enxovalhos públicos pelo sector, que reagindo aos sucessivos desaforos viu o seu espírito de corpo potenciado, o que fez com que uma “corporação” realmente mais fraca do que todas as outras se unisse como nunca fizera, por obra e graça de um governo que pôs no “ataque às corporações e aos lobbies” toda a sanha persecutória e que muito à PS (no poder, pois na oposição costuma ser “revolucionário” e esquerdista) gera sempre e precisamente os efeitos contrários aos que era suposto.
Até as medidas positivas e que correspondem sem dúvida a necessidades sociais indiscutíveis – escola a tempo inteiro, aulas de substituição, reparação e conservação física do parque escolar, inglês, informática e educação física generalizados – foram tão mal aplicadas e tão embrulhadas em propaganda e acções de mero “faz de conta” e o seu potencial foi de tal modo desbaratado que corremos o risco de grave retrocesso por alteração da conjuntura política.
O mesmo se diz do nefando modelo de “Avaliação de Professores” que de monstro burocrático incapaz de avaliar fosse o que fosse, passou a mera paródia administrativa destinada a fazer de conta e cumprir cotas para poupar uns trocos. Repare-se que do tão “rigoroso” processo de Avaliação de Desempenho foi dispensada a pedido a observação de aulas, centrando-se a dita “avaliação” no inverificável cotejo entre o que se terá feito e produção em série de mera “papelada” ou seja, lixo a curto prazo.
Do mesmo “lunatismo” procedeu a divisão da Carreira Docente em Titulares e não-Titulares com base no mais atrabiliário dos processos de selecção alguma vez registados e que produziu resultados do género “Jogos Santa Casa”, mas sem qualquer prémio pecuniário fosse para quem fosse. Assinale-se que os professores mais graduados foram compelidos a concorrer sob ameaça, nem sequer muito velada, da Ministra Lurdes Rodrigues que quando inquirida numa estação de TV acerca do que aconteceria aos docentes dos três escalões de topo que não concorressem a titulares, foi peremptória na resposta: “Por enquanto nada!”
Aliás, foi a mesma ministra que chamou “loura” a uma professora profissionalmente prestigiada durante um programa na RTP 1 e foram os Secretários de Estado Lemos e Pedreira que, referindo-se aos professores em público, os designaram por “professorecos”, o primeiro, tendo-os o segundo comparado a “ratos e bolachas”. Foi também durante este consulado que foram castigados professores em funções em Direcções Regionais por “delito de opinião” – o caso Charrua e forças policiais “visitaram” sedes de Sindicatos em vésperas de manifestações que apesar de tudo isso e se calhar, também por isso, foram gigantescas, a maior das quais no dia 8 de Março de 2008 contou com 120000 manifestantes (num total de 150000) e a adesão da totalidade dos sindicatos e organizações representativas existentes.
A alteração por sobrecarga dos horários dos professores também é de “cabo de esquadra” uma vez que as pessoas são concentradas durante horas a fio em espaços exíguos e não equipados, a fazer rigorosamente nada só para efeitos de demagogia barata, tendo depois que sacrificar o seu tempo privado em casa, à noite e durante os fins-de-semana para fazer aquilo que nas escolas não é possível que seja feito. Para além do óbvio e inusitado subsídio ao Sistema pois não conheço e duvido que exista, grupo profissional que mais desembolse para custear as insuficiências funcionais do Sistema Educativo desde a simples esferográfica, até aos computadores, à ligação à Internet, às folhas, aos tinteiros do líquido mais caro do mundo (a tinta de impressão) e a todos os periféricos - tudo é suportado pelo próprio docente.
Sejamos claros e honestos – as Escolas em Portugal não têm espaço, nem equipamento para albergar toda a sua população docente em simultâneo, não foram sequer concebidas para isso. Numa Repartição ou em qualquer empresa há instalações, secretárias, computadores para todos os funcionários, nas escolas, pura e simplesmente não há, e fazer de conta que o que é, não é, é pura ficção.
Também é pura ficção o mito do sucesso nos resultados desta “política educativa” - as pressões sobre os professores são tão grandes e as “vias de certificação “ são tantas e tão variadas que o enfoque mera e pesadamente estatístico se afasta imenso de toda e qualquer qualificação real das populações e aproxima-se perigosamente de uma mega-fraude.
As escolas públicas transformaram-se numa espécie de gigantescos ATLs para “taludos” e os professores em animadores sociais a quem se exige depois, cinicamente, que apresentem resultados nos rankings em que pontificam inevitavelmente as escolas privadas não sujeitas a todo este processo de condicionamento.
Por tudo isto e por muito mais que fica por dizer se exige uma Política Educativa a Sério em que a demagogia e a propaganda não sobrelevem do real interesse público e que devolva ao sistema educativo a paz dinâmica necessária ao seu próprio aperfeiçoamento e à melhoria real e objectiva das reais qualificações e necessidades funcionais do país e da sua população.
(Professor Titular – "mortinho" por devolver o “Título”)
Não o afirmo na convicção de que uma força política séria e com responsabilidades governativas deva pautar a sua acção pelo agradável para os seus eleitores tradicionais, nada disso. Mas o que não deve fazer é desbaratar capital político por equívoco e erro estratégico, preferindo uma putativa e, ainda por cima, frustre “alavancagem” táctica a um enunciado transparente de medidas que, por dolorosas que pudessem ser, fossem percebidas pelos seus intervenientes directos como benéficas do ponto de vista sistémico.
Ora nada disso aconteceu – a equipa do Ministério da Educação portou-se como um grupo de aventureiros em constante fuga para a frente, tentando atropelar tudo e todos, revelando uma enorme falta de bom senso, promovendo com a cobertura evidente do Primeiro-ministro e dos seus Ministros “políticos” com especial destaque para Augusto Santos Silva, bem como um conjunto vasto de opinion makers que fazem obviamente parte do set propagandístico do Governo e organizações dele subsidiárias, mesmo na mais literal das acepções, como a Confap do Sr. Albino, uma política cega de ”passa culpas” e perseguição socioprofissional.
A equipa ministerial dando cumprimento a uma tarefa política que lhe foi encomendada pela task force que dirige de facto a política governamental, (cito a propósito, Marcos Perestrello quando em tom crítico e, de algum modo, auto-justificativo na sequência do resultado das “Europeias”, auto-denunciou o “esquema” dizendo que “era preciso criar pressão sobre certos grupos sociais para que a população aceitasse as reformas”), alegando “boas intenções“ iniciais, fazendo-as acompanhar de diagnósticos tremendistas como o alegado “caos organizacional” das Escolas visto por Lurdes Rodrigues assim que tomou posse, o que, a ser verdade, se pode dizer de certeza vivida, que piorou bastante com o seu consulado.
Claro que os objectivos reais desta política foram diminuir os custos do Ministério da Educação reduzindo a sua massa salarial, mas logo e para o justificar, descambou numa autêntica e inaudita campanha negra de apoucamento e vexame a uma única classe profissional como em toda a história moderna de Portugal, e presumo de qualquer país civilizado, nunca terá sido desencadeada, refiro-me à autêntica guerra social contra os professores, em que estes foram o “bode expiatório” e que serviu de cortina de fumo para o fracasso das políticas sociais prometidas (Onde estão, ou mesmo antes da crise das “costas largas”, alguma vez estiveram os 150000 empregos? Porque, ao contrário do prometido subiram os todos impostos, só para quem os já pagava claro, e Campos e Cunha foi “despedido” das Finanças? Tal como Sócrates que fez um “brilharete” no debate com Louçã acusando-o de pretender pôr em prática medidas de ataque à classe média assalariada que o próprio governo se está a preparar para tomar - Teixeira dos Santos e o Grupo de Estudos para a Reforma Fiscal - já assumiram o fim ou forte redução das deduções à colecta em sede de IRS das despesas com Saúde e Educação).
Esta situação e para lá de qualquer questão meramente salarial foi sentida como uma série de enxovalhos públicos pelo sector, que reagindo aos sucessivos desaforos viu o seu espírito de corpo potenciado, o que fez com que uma “corporação” realmente mais fraca do que todas as outras se unisse como nunca fizera, por obra e graça de um governo que pôs no “ataque às corporações e aos lobbies” toda a sanha persecutória e que muito à PS (no poder, pois na oposição costuma ser “revolucionário” e esquerdista) gera sempre e precisamente os efeitos contrários aos que era suposto.
Até as medidas positivas e que correspondem sem dúvida a necessidades sociais indiscutíveis – escola a tempo inteiro, aulas de substituição, reparação e conservação física do parque escolar, inglês, informática e educação física generalizados – foram tão mal aplicadas e tão embrulhadas em propaganda e acções de mero “faz de conta” e o seu potencial foi de tal modo desbaratado que corremos o risco de grave retrocesso por alteração da conjuntura política.
O mesmo se diz do nefando modelo de “Avaliação de Professores” que de monstro burocrático incapaz de avaliar fosse o que fosse, passou a mera paródia administrativa destinada a fazer de conta e cumprir cotas para poupar uns trocos. Repare-se que do tão “rigoroso” processo de Avaliação de Desempenho foi dispensada a pedido a observação de aulas, centrando-se a dita “avaliação” no inverificável cotejo entre o que se terá feito e produção em série de mera “papelada” ou seja, lixo a curto prazo.
Do mesmo “lunatismo” procedeu a divisão da Carreira Docente em Titulares e não-Titulares com base no mais atrabiliário dos processos de selecção alguma vez registados e que produziu resultados do género “Jogos Santa Casa”, mas sem qualquer prémio pecuniário fosse para quem fosse. Assinale-se que os professores mais graduados foram compelidos a concorrer sob ameaça, nem sequer muito velada, da Ministra Lurdes Rodrigues que quando inquirida numa estação de TV acerca do que aconteceria aos docentes dos três escalões de topo que não concorressem a titulares, foi peremptória na resposta: “Por enquanto nada!”
Aliás, foi a mesma ministra que chamou “loura” a uma professora profissionalmente prestigiada durante um programa na RTP 1 e foram os Secretários de Estado Lemos e Pedreira que, referindo-se aos professores em público, os designaram por “professorecos”, o primeiro, tendo-os o segundo comparado a “ratos e bolachas”. Foi também durante este consulado que foram castigados professores em funções em Direcções Regionais por “delito de opinião” – o caso Charrua e forças policiais “visitaram” sedes de Sindicatos em vésperas de manifestações que apesar de tudo isso e se calhar, também por isso, foram gigantescas, a maior das quais no dia 8 de Março de 2008 contou com 120000 manifestantes (num total de 150000) e a adesão da totalidade dos sindicatos e organizações representativas existentes.
A alteração por sobrecarga dos horários dos professores também é de “cabo de esquadra” uma vez que as pessoas são concentradas durante horas a fio em espaços exíguos e não equipados, a fazer rigorosamente nada só para efeitos de demagogia barata, tendo depois que sacrificar o seu tempo privado em casa, à noite e durante os fins-de-semana para fazer aquilo que nas escolas não é possível que seja feito. Para além do óbvio e inusitado subsídio ao Sistema pois não conheço e duvido que exista, grupo profissional que mais desembolse para custear as insuficiências funcionais do Sistema Educativo desde a simples esferográfica, até aos computadores, à ligação à Internet, às folhas, aos tinteiros do líquido mais caro do mundo (a tinta de impressão) e a todos os periféricos - tudo é suportado pelo próprio docente.
Sejamos claros e honestos – as Escolas em Portugal não têm espaço, nem equipamento para albergar toda a sua população docente em simultâneo, não foram sequer concebidas para isso. Numa Repartição ou em qualquer empresa há instalações, secretárias, computadores para todos os funcionários, nas escolas, pura e simplesmente não há, e fazer de conta que o que é, não é, é pura ficção.
Também é pura ficção o mito do sucesso nos resultados desta “política educativa” - as pressões sobre os professores são tão grandes e as “vias de certificação “ são tantas e tão variadas que o enfoque mera e pesadamente estatístico se afasta imenso de toda e qualquer qualificação real das populações e aproxima-se perigosamente de uma mega-fraude.
As escolas públicas transformaram-se numa espécie de gigantescos ATLs para “taludos” e os professores em animadores sociais a quem se exige depois, cinicamente, que apresentem resultados nos rankings em que pontificam inevitavelmente as escolas privadas não sujeitas a todo este processo de condicionamento.
Por tudo isto e por muito mais que fica por dizer se exige uma Política Educativa a Sério em que a demagogia e a propaganda não sobrelevem do real interesse público e que devolva ao sistema educativo a paz dinâmica necessária ao seu próprio aperfeiçoamento e à melhoria real e objectiva das reais qualificações e necessidades funcionais do país e da sua população.
(Professor Titular – "mortinho" por devolver o “Título”)
Sopas Depois de Almoço
A recente condenação por parte da ERC da suspensão do "Jornal de Sexta" da TVI é aquilo a que, no Algarve, se costuma chamar "sopas depois de almoço"!
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
Felizmente Há Luar
Com o título que dei a este post não me estou a referir à Liga de Unidade e Acção Revolucionária, mas tenho pena, pois começo a achar que (re)começa a fazer falta.
A legislação de suposta protecção ao consumidor de iniciativa PS ou dos governos PS costuma ter, em regra, o efeito exactamente contrário ao que seria a intenção do legislador.
Agora é a "transparência" e o "combate" à especulação e à arbitrariedade nos créditos bancários de iniciativa do Secretário de Estado Serrasqueiro, em que se promete obrigar os Bancos a não alterar os spreads a seu bel-prazer e a moderar as condições leoninas que costumam impor aos clientes que não são nem muito ricos, nem muito vigaristas. Demais a mais o presidente (ena tantos!) da Associação Portuguesa de Bancos já ameaçou que quem acabará por pagar o custo destas iniciativas serão, como de costume, os clientes.
Dado o histórico é caso para desconfiar; aliás, não é só neste sector - a nova Lei do Arrendamento do Secretário de Estado Eduardo Cabrita também ia "desbloquear" o "mercado" e foi o que se viu, rien de rien.
Estas situações mais do que recorrentes fazem-me lembrar uma passagem da peça "Felizmente há Luar" de Luís de Sttau Monteiro em que dois dos membros da Junta Governativa que regia Portugal após derrotadas as Invasões Francesas e antes do regresso do rei D. João VI do Brasil, se travam de razões. Um deles era o Marechal inglês William Beresford, comandante-em-chefe das forças "libertadoras" e o outro era o Principal Sousa, prelado católico português, que não "morria de amores" pelo "herege" britânico, dizendo Beresford:
- Só cá estou para amealhar um pecúlio que me permita regressar aos bosques da velha Inglaterra e lá viver como um gentleman.
- Ora, diz o Principal Sousa, por cá também há bosques!
- Pois há, retorque o inglês, mas as árvores são tão raquíticas que parecem ter sido todas plantadas por si!
Um pouco como nas leis "à PS" - não se consegue destrinçar se é só inépcia (o que não seria de espantar dada a abundância de "assessores" e "adjuntos" jurídicos muito "verdes" made in "J"), se é má-fé, ou, o mais provável, é que seja uma mistura de, como se diz em "neo-português", "ambas as duas" !!!
A legislação de suposta protecção ao consumidor de iniciativa PS ou dos governos PS costuma ter, em regra, o efeito exactamente contrário ao que seria a intenção do legislador.
Agora é a "transparência" e o "combate" à especulação e à arbitrariedade nos créditos bancários de iniciativa do Secretário de Estado Serrasqueiro, em que se promete obrigar os Bancos a não alterar os spreads a seu bel-prazer e a moderar as condições leoninas que costumam impor aos clientes que não são nem muito ricos, nem muito vigaristas. Demais a mais o presidente (ena tantos!) da Associação Portuguesa de Bancos já ameaçou que quem acabará por pagar o custo destas iniciativas serão, como de costume, os clientes.
Dado o histórico é caso para desconfiar; aliás, não é só neste sector - a nova Lei do Arrendamento do Secretário de Estado Eduardo Cabrita também ia "desbloquear" o "mercado" e foi o que se viu, rien de rien.
Estas situações mais do que recorrentes fazem-me lembrar uma passagem da peça "Felizmente há Luar" de Luís de Sttau Monteiro em que dois dos membros da Junta Governativa que regia Portugal após derrotadas as Invasões Francesas e antes do regresso do rei D. João VI do Brasil, se travam de razões. Um deles era o Marechal inglês William Beresford, comandante-em-chefe das forças "libertadoras" e o outro era o Principal Sousa, prelado católico português, que não "morria de amores" pelo "herege" britânico, dizendo Beresford:
- Só cá estou para amealhar um pecúlio que me permita regressar aos bosques da velha Inglaterra e lá viver como um gentleman.
- Ora, diz o Principal Sousa, por cá também há bosques!
- Pois há, retorque o inglês, mas as árvores são tão raquíticas que parecem ter sido todas plantadas por si!
Um pouco como nas leis "à PS" - não se consegue destrinçar se é só inépcia (o que não seria de espantar dada a abundância de "assessores" e "adjuntos" jurídicos muito "verdes" made in "J"), se é má-fé, ou, o mais provável, é que seja uma mistura de, como se diz em "neo-português", "ambas as duas" !!!
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
Obrigado Senhor Doutor!
Ele há coincidências - então não é que o "ciclo" eleitoral terminou no domingo à noite e na segunda-feira de manhã já estavam a ser anunciados um ror de despedimentos colectivos.
O mais curioso é o da Qimonda em que, numa espécie de "bilhar às três tabelas", a Administração começa por anunciar que serão seiscentos os trabalhadores atingidos, a Comissão de Trabalhadores reage alegando que esse número é superior ao inicialmente previsto e Basílio Horta, presidente (mais um) da Agência Nacional para o Investimento, confirma o número indicado pela Administração apesar de o considerar "uma notícia infeliz".
Posto isto e já ao cair da noite, a Administração vem dizer que, afinal, não são seiscentos os trabalhadores a despedir, mas "apenas" quinhentos, numa aplicação literal da "táctica da gangrena" que passo a ilustrar:
Um sujeito vai ao médico com um braço em muito mau estado e este diz-lhe que está gangrenado e que a única coisa a fazer é amputá-lo rente.
O homem aterrorizado clama:
" Oh senhor doutor e não se pode fazer mais nada?!".
O médico, após um breve período de reflexão, mantendo um ar grave, responde:
"Bom, vamos tentar amputar só a mão!"
O pobre homem, reconhecido e emocionado, balbucia em lágrimas:
"Muito obrigado Senhor Doutor, Vossa Excelência é um santo!!!"
O mais curioso é o da Qimonda em que, numa espécie de "bilhar às três tabelas", a Administração começa por anunciar que serão seiscentos os trabalhadores atingidos, a Comissão de Trabalhadores reage alegando que esse número é superior ao inicialmente previsto e Basílio Horta, presidente (mais um) da Agência Nacional para o Investimento, confirma o número indicado pela Administração apesar de o considerar "uma notícia infeliz".
Posto isto e já ao cair da noite, a Administração vem dizer que, afinal, não são seiscentos os trabalhadores a despedir, mas "apenas" quinhentos, numa aplicação literal da "táctica da gangrena" que passo a ilustrar:
Um sujeito vai ao médico com um braço em muito mau estado e este diz-lhe que está gangrenado e que a única coisa a fazer é amputá-lo rente.
O homem aterrorizado clama:
" Oh senhor doutor e não se pode fazer mais nada?!".
O médico, após um breve período de reflexão, mantendo um ar grave, responde:
"Bom, vamos tentar amputar só a mão!"
O pobre homem, reconhecido e emocionado, balbucia em lágrimas:
"Muito obrigado Senhor Doutor, Vossa Excelência é um santo!!!"
terça-feira, 13 de outubro de 2009
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
O "Regresso" - Viagens na Minha Terra Autárquica
Os resultados das Autárquicas de 11 de Outubro foram sensivelmente os esperados com algumas, poucas, surpresas, mantiveram o PSD como força com maior número de presidências quer de municípios, quer de freguesias, o PS teve alguns ganhos, sobrelevando os de Lisboa, Leiria e Beja e algumas perdas de vulto, Faro e Espinho; mas pontuou em termos globais ainda que não concretizando algumas expectativas como Setúbal e “fogachos” como a expectativa de última hora criada em torno de uma hipotética “transposição” de resultados das recentes Legislativas, que saíram totalmente goradas.
O “povo é sereno” como disse o almirante “sem medo” e tem a maturidade suficiente para não misturar “alhos com bugalhos” e distribui bem os “ovos” pelos “cestos”.
A nível nacional e nas mais mediatizadas autarquias prevaleceu um certo bom senso. Em Lisboa ganhou António Costa, político muitíssimo bem preparado, com grande capacidade de trabalho e diálogo efectivo, com a preciosa ajuda de Helena Roseta e do “Zé” Sá Fernandes, que mobilizou a esquerda do Partido Socialista, com Manuel Alegre em campanha e com transferência de votos da CDU e do Bloco, pois a parada era demasiado alta e era preciso impedir a “recaída” Santana Lopes, o que se conseguiu por uma “unha negra” (afinal e o que interessa é o resultado: “A vitória foi difícil, mas foi nossa” e, “virtudes” do Método de Hondt, com maioria absoluta)).
No Porto a vitória foi, como era de esperar, de Rui Rio demonstrando que, como aliás aconteceu em Sintra, o povo não gosta de ser “gozado” ao ter como candidatas alternativas por parte do PS duas senhoras de inegável valor, mas previamente bem sentadas no Parlamento Europeu, o que obviamente, e em política o que parece é, lhes diminuiu muito a apetência real pelas respectivas edilidades; os resultados e a campanha do Porto provam a “migração“ do PS de partido dos pobres para partido dos “pobrezinhos” e da manutenção de um certo status quo assistencialista estribado no “politicamente correcto” mas socialmente injusto (sabiamente capitalizado por demagogos como Paulo Portas).
Já em Faro o resultado pode ter sido objectivamente injusto, Apolinário foi um bom presidente de câmara, mas a “promessa” Macário, com obra feita ali mesmo ao lado, foi mais sedutora e ainda que por pouco, vitoriosa.
O populismo “forte” foi recompensado, Isaltino e o major Valentim lá vão continuar a sua “obra” com evidente reconhecimento eleitoral; já o populismo “fraco” foi punido, Fátima Felgueiras e o “errante” Ferreira Torres viram-se preteridos e castigados por “maus passos” anteriores demonstrando a sagacidade do provérbio que afirma que é impossível enganar todos para sempre.
Ocorreram ainda resultados que configuram “surras” monumentais e que decorreram do “carisma” dos candidatos – os de Moita Flores em Santarém e Luís Filipe Menezes em Gaia, ambos na casa dos 60% (só superados por uns “arrasadores “ 76% em Boticas, concelho com, evidentemente, muito menos exposição e “massa crítica”).
Ocorreu ainda na Freguesia de Ermelo, concelho de Mondim de Basto, um homicídio com raízes na disputa política local e que se constituí com um funesto sinal de até onde é que pode chegar a exacerbação das rivalidades, demais a mais em meios pequenos onde os “ódios” pessoais tentem a travestir-se em posicionamentos político-partidários.
A CDU perdeu sete câmaras entre as quais a de Beja, mas não faz mal porque ganha sempre!
O Bloco "prá frentex" que é contra as touradas e os rodeos exibe uma situação digamos que paradoxal - o único município que governa é o de Salvaterra, assim para o "marialva" e onde a aficion é regra.
Já o CDS/PP manteve o munícipio liminiano e está à espera do desfecho de Mondim de Basto devido à tragédia por lá ocorrida.
Cá pelo burgo a situação ao nível da correlação de forças retornou, mais coisa menos coisa, à que existia há vinte anos, maioria absoluta da CDU, muito por mérito desta força em especial do seu candidato à presidência da Câmara, Carlos Humberto e dos candidatos às presidências das Juntas, (o mesmo se passando em Coina mas ao contrário, com merecida e singular vantagem do candidato do PS), e por um enorme demérito da assumida alternativa - o Partido Socialista do Barreiro que protagonizou um recuo histórico assinalável, (lembremo-nos que a última maioria absoluta da CDU remonta a 89, quebrada pelo PS em 93 (com Emídio Xavier).
O PS local não só não recuperou a câmara que perdera em 2005 como retrocedeu em número de votos e mandatos deixando ao PCP/CDU o controle quase total dos destinos das autarquias do concelho.
Estes resultados explicam-se por várias razões:
- A “balcanização” interna do Partido a nível local com lutas de facções e de protagonismos e interesses que dão, justa ou injustamente, uma imagem de conjunto muito desfavorável de força em que o deficit de projecto político autónomo é aparentemente superado pela profusão de “projectos” pessoais e de grupos.
- A colagem a iniciativas governamentais, ainda que meritórias e mesmo essenciais para o desenvolvimento do concelho, da região e até do país, caso da Ponte, mas que transcendem largamente a esfera de decisão de uma Autarquia (o mesmo terá feito, mas mais moderadamente e com um timing mais acertado, a CDU). Neste particular o PS/Barreiro até revelou ao nível da propaganda falhas graves no domínio da tão decantada “ética republicana “ ao sugerir em outdoors de grande e média dimensão um “tratamento preferencial” por efeito de “simpatia” da parte do Governo Central à autarquia do Barreiro no caso de vitória local do PS (ou seja, insinuando o que toda a gente sabe, mas ninguém assume, de que vale mais ser “filho” do que “enteado”).
- A não demarcação e mesmo o seguidismo patente em todo o mandato anterior face a praticamente todas as posições do governo central, mesmo as mais polémicas (caso, só para exemplo, da não nomeação do representante designado pela autarquia para o Conselho de Administração do Hospital e da “empáfia” pública de dirigentes locais em relação a vários conflitos sócio-laborais ocorridos neste interim)) em que se deu uma imagem pública de maior preocupação em agradar ao Poder Central, vá-se lá a saber porquê, mas não será difícil suspeitar, do que atender aos legítimos interesses do Concelho contrariando até a longa tradição de autonomia do PS/Barreiro vastamente demonstrada aquando da firme oposição à instalação da ETRI em 97/98, também só para dar um exemplo.
- A falta de reconhecimento público de muitos dos protagonistas, com especial destaque para o candidato à presidência da Câmara Municipal que, independentemente dos seus eventuais méritos pessoais, não foi reconhecido pelo eleitorado a começar pelos próprios simpatizantes do PS e terá sido entendido com uma “aquisição de última hora” o que, embora em menor grau, aconteceu com muitos outros intervenientes e, nestes casos, as vantagens e as desvantagens ocorrem ou por que se é conhecido de menos ou por que se é conhecido de mais (curiosa e avisadamente a CDU teve mais e eficaz cuidado com este último aspecto).
- O PSD apesar da quebra, lá conseguiu eleger o seu vereador e ainda bem diga-se de passagem, pois o Nuno Banza é alguém de méritos reconhecidos e um interventor público valoroso e lá conseguiu manter os três deputados municipais do “costume” e algum pessoal nas Juntas. Acabou por perder o lugar de “charneira”, vejamos até que ponto haverá o que se costuma dizer que não há em política – gratidão.
O Bloco também e um pouco inesperadamente, perdeu votos e não conseguiu o seu objectivo principal – eleger Mário Durval como vereador (e como ele o merecia), mas a parada foi muito alta e a bipolarização por cá foi entre o PS (que acabou por não estar à altura) e a CDU o que levou a “esquerda” cá da terra e por via das dúvidas, a votar Carlos Humberto.
O BE manteve também os seus dois deputados municipais, desta vez e sem menosprezo por ninguém, com um upgrade qualitativo (Rosário Vaz). No entanto, a posição da direcção nacional do Bloco face à valência rodoviária da Terceira Travessia e a falta de tacto revelada nesta matéria pelo seu cabeça de lista às Legislativas, Fernando Rosas, podem cair muito bem no mercado eleitoral alfacinha, mas caíram pessimamente nos “índios “ desta “Outra Banda” que estamos fartos de ser e prejudicaram o Bloco nas duas eleições seguidas.
Refira-se que as listas do Bloco me parecem algo “inconsistentes “ (revelam alguma falta de equilíbrio e “solidez” no seu conjunto) e que este, por falta de experiência, de estrutura ou de ambas, não conseguiu capitalizar alguns apoios públicos de peso na sociedade barreirense. É pena, pois a estreia do Bloco nas lides autárquicas foi do melhor que aconteceu no Barreiro em 2005.
Quanto às outras forças assinale-se a acentuada subida do CDS/PP, consequência do "efeito Portas" que assume no discurso o que todos os outros “escondem”- a questão da efectiva e muito mais que “psicológica”, insegurança pública e as várias “tropelias” e distorções, mais que reais, na atribuição de subsídios de protecção social pública (vulgo “Rendimento Mínimo”); resta também sempre a “eterna” dúvida se a votação do PCTP/MRPP se deverá ao seu relativo enraizamento histórico se, apenas, à confusão da foice e do martelo?!
Do resto “não reza a história”- pelo menos para já.
Só me resta desejar a todos bom trabalho e que o Barreiro e todos os que cá vivem, trabalham ou, simplesmente, nos visitam, o sintam e apreciem!
Rodasnepervil - anagrama de “livre pensador” que chegou a ser nome próprio de conterrâneos nossos.
O “povo é sereno” como disse o almirante “sem medo” e tem a maturidade suficiente para não misturar “alhos com bugalhos” e distribui bem os “ovos” pelos “cestos”.
A nível nacional e nas mais mediatizadas autarquias prevaleceu um certo bom senso. Em Lisboa ganhou António Costa, político muitíssimo bem preparado, com grande capacidade de trabalho e diálogo efectivo, com a preciosa ajuda de Helena Roseta e do “Zé” Sá Fernandes, que mobilizou a esquerda do Partido Socialista, com Manuel Alegre em campanha e com transferência de votos da CDU e do Bloco, pois a parada era demasiado alta e era preciso impedir a “recaída” Santana Lopes, o que se conseguiu por uma “unha negra” (afinal e o que interessa é o resultado: “A vitória foi difícil, mas foi nossa” e, “virtudes” do Método de Hondt, com maioria absoluta)).
No Porto a vitória foi, como era de esperar, de Rui Rio demonstrando que, como aliás aconteceu em Sintra, o povo não gosta de ser “gozado” ao ter como candidatas alternativas por parte do PS duas senhoras de inegável valor, mas previamente bem sentadas no Parlamento Europeu, o que obviamente, e em política o que parece é, lhes diminuiu muito a apetência real pelas respectivas edilidades; os resultados e a campanha do Porto provam a “migração“ do PS de partido dos pobres para partido dos “pobrezinhos” e da manutenção de um certo status quo assistencialista estribado no “politicamente correcto” mas socialmente injusto (sabiamente capitalizado por demagogos como Paulo Portas).
Já em Faro o resultado pode ter sido objectivamente injusto, Apolinário foi um bom presidente de câmara, mas a “promessa” Macário, com obra feita ali mesmo ao lado, foi mais sedutora e ainda que por pouco, vitoriosa.
O populismo “forte” foi recompensado, Isaltino e o major Valentim lá vão continuar a sua “obra” com evidente reconhecimento eleitoral; já o populismo “fraco” foi punido, Fátima Felgueiras e o “errante” Ferreira Torres viram-se preteridos e castigados por “maus passos” anteriores demonstrando a sagacidade do provérbio que afirma que é impossível enganar todos para sempre.
Ocorreram ainda resultados que configuram “surras” monumentais e que decorreram do “carisma” dos candidatos – os de Moita Flores em Santarém e Luís Filipe Menezes em Gaia, ambos na casa dos 60% (só superados por uns “arrasadores “ 76% em Boticas, concelho com, evidentemente, muito menos exposição e “massa crítica”).
Ocorreu ainda na Freguesia de Ermelo, concelho de Mondim de Basto, um homicídio com raízes na disputa política local e que se constituí com um funesto sinal de até onde é que pode chegar a exacerbação das rivalidades, demais a mais em meios pequenos onde os “ódios” pessoais tentem a travestir-se em posicionamentos político-partidários.
A CDU perdeu sete câmaras entre as quais a de Beja, mas não faz mal porque ganha sempre!
O Bloco "prá frentex" que é contra as touradas e os rodeos exibe uma situação digamos que paradoxal - o único município que governa é o de Salvaterra, assim para o "marialva" e onde a aficion é regra.
Já o CDS/PP manteve o munícipio liminiano e está à espera do desfecho de Mondim de Basto devido à tragédia por lá ocorrida.
Cá pelo burgo a situação ao nível da correlação de forças retornou, mais coisa menos coisa, à que existia há vinte anos, maioria absoluta da CDU, muito por mérito desta força em especial do seu candidato à presidência da Câmara, Carlos Humberto e dos candidatos às presidências das Juntas, (o mesmo se passando em Coina mas ao contrário, com merecida e singular vantagem do candidato do PS), e por um enorme demérito da assumida alternativa - o Partido Socialista do Barreiro que protagonizou um recuo histórico assinalável, (lembremo-nos que a última maioria absoluta da CDU remonta a 89, quebrada pelo PS em 93 (com Emídio Xavier).
O PS local não só não recuperou a câmara que perdera em 2005 como retrocedeu em número de votos e mandatos deixando ao PCP/CDU o controle quase total dos destinos das autarquias do concelho.
Estes resultados explicam-se por várias razões:
- A “balcanização” interna do Partido a nível local com lutas de facções e de protagonismos e interesses que dão, justa ou injustamente, uma imagem de conjunto muito desfavorável de força em que o deficit de projecto político autónomo é aparentemente superado pela profusão de “projectos” pessoais e de grupos.
- A colagem a iniciativas governamentais, ainda que meritórias e mesmo essenciais para o desenvolvimento do concelho, da região e até do país, caso da Ponte, mas que transcendem largamente a esfera de decisão de uma Autarquia (o mesmo terá feito, mas mais moderadamente e com um timing mais acertado, a CDU). Neste particular o PS/Barreiro até revelou ao nível da propaganda falhas graves no domínio da tão decantada “ética republicana “ ao sugerir em outdoors de grande e média dimensão um “tratamento preferencial” por efeito de “simpatia” da parte do Governo Central à autarquia do Barreiro no caso de vitória local do PS (ou seja, insinuando o que toda a gente sabe, mas ninguém assume, de que vale mais ser “filho” do que “enteado”).
- A não demarcação e mesmo o seguidismo patente em todo o mandato anterior face a praticamente todas as posições do governo central, mesmo as mais polémicas (caso, só para exemplo, da não nomeação do representante designado pela autarquia para o Conselho de Administração do Hospital e da “empáfia” pública de dirigentes locais em relação a vários conflitos sócio-laborais ocorridos neste interim)) em que se deu uma imagem pública de maior preocupação em agradar ao Poder Central, vá-se lá a saber porquê, mas não será difícil suspeitar, do que atender aos legítimos interesses do Concelho contrariando até a longa tradição de autonomia do PS/Barreiro vastamente demonstrada aquando da firme oposição à instalação da ETRI em 97/98, também só para dar um exemplo.
- A falta de reconhecimento público de muitos dos protagonistas, com especial destaque para o candidato à presidência da Câmara Municipal que, independentemente dos seus eventuais méritos pessoais, não foi reconhecido pelo eleitorado a começar pelos próprios simpatizantes do PS e terá sido entendido com uma “aquisição de última hora” o que, embora em menor grau, aconteceu com muitos outros intervenientes e, nestes casos, as vantagens e as desvantagens ocorrem ou por que se é conhecido de menos ou por que se é conhecido de mais (curiosa e avisadamente a CDU teve mais e eficaz cuidado com este último aspecto).
- O PSD apesar da quebra, lá conseguiu eleger o seu vereador e ainda bem diga-se de passagem, pois o Nuno Banza é alguém de méritos reconhecidos e um interventor público valoroso e lá conseguiu manter os três deputados municipais do “costume” e algum pessoal nas Juntas. Acabou por perder o lugar de “charneira”, vejamos até que ponto haverá o que se costuma dizer que não há em política – gratidão.
O Bloco também e um pouco inesperadamente, perdeu votos e não conseguiu o seu objectivo principal – eleger Mário Durval como vereador (e como ele o merecia), mas a parada foi muito alta e a bipolarização por cá foi entre o PS (que acabou por não estar à altura) e a CDU o que levou a “esquerda” cá da terra e por via das dúvidas, a votar Carlos Humberto.
O BE manteve também os seus dois deputados municipais, desta vez e sem menosprezo por ninguém, com um upgrade qualitativo (Rosário Vaz). No entanto, a posição da direcção nacional do Bloco face à valência rodoviária da Terceira Travessia e a falta de tacto revelada nesta matéria pelo seu cabeça de lista às Legislativas, Fernando Rosas, podem cair muito bem no mercado eleitoral alfacinha, mas caíram pessimamente nos “índios “ desta “Outra Banda” que estamos fartos de ser e prejudicaram o Bloco nas duas eleições seguidas.
Refira-se que as listas do Bloco me parecem algo “inconsistentes “ (revelam alguma falta de equilíbrio e “solidez” no seu conjunto) e que este, por falta de experiência, de estrutura ou de ambas, não conseguiu capitalizar alguns apoios públicos de peso na sociedade barreirense. É pena, pois a estreia do Bloco nas lides autárquicas foi do melhor que aconteceu no Barreiro em 2005.
Quanto às outras forças assinale-se a acentuada subida do CDS/PP, consequência do "efeito Portas" que assume no discurso o que todos os outros “escondem”- a questão da efectiva e muito mais que “psicológica”, insegurança pública e as várias “tropelias” e distorções, mais que reais, na atribuição de subsídios de protecção social pública (vulgo “Rendimento Mínimo”); resta também sempre a “eterna” dúvida se a votação do PCTP/MRPP se deverá ao seu relativo enraizamento histórico se, apenas, à confusão da foice e do martelo?!
Do resto “não reza a história”- pelo menos para já.
Só me resta desejar a todos bom trabalho e que o Barreiro e todos os que cá vivem, trabalham ou, simplesmente, nos visitam, o sintam e apreciem!
Rodasnepervil - anagrama de “livre pensador” que chegou a ser nome próprio de conterrâneos nossos.
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
Regressão Social
São inegáveis as "conquistas de Abril" e uma das mais preciosas é, sem margem para dúvidas, o Serviço Nacional de Saúde. Apesar das suas imensas distorções e insuficiências - da falta de cuidados primários (carência gritante de "médicos de família"), da insuficiência de presteza e qualidade de muitos dos Serviços de Urgência (a "eternidade" das esperas e a rudeza do atendimento), das enormes listas de espera para cirurgias (em que muitos dos intervencionados nunca sequer figuraram), dos grandes desperdícios e
sub-aproveitamentos ditados pela promiscuidade real entre o sector público e os interesses privados e corporativos (não apenas de um, mas de vários e enredados "grupos de pressão") que provocam uma objectiva "captura" do Sistema em proveito de tudo, menos do "Interesse Geral".
Apesar de tudo isto, o que é certo é que há nichos de excelência e passámos rapidamente (trinta anos na História são um ápice) de indicadores terceiro-mundistas para cifras de vanguarda (mesmo sabendo nós o que são as estatísticas) na redução drástica da mortalidade infantil por exemplo (em que estamos muito à frente dos Estados Unidos - o que, pensando bem, acaba por não ser espantoso).
Mas há um sector fundamental em que acabámos por regredir - o da Saúde e Higiene Oral.
Se bem me lembro, parafraseando o saudoso Professor Vitorino Nemésio, os Postos da "Caixa de Previdência" (os Serviços Médicos Sociais) da minha meninice (anos 60 do "século passado") dispunham de consultas de Estomatologia, para onde os miúdos costumavam ir arrastados pelos pais, já que as mães e as avós não tinham força para tal e da qualidade do desempenho dos dentistas, médicos estomatologistas na sua generalidade (está bem que depois apareceram os "sargentos da Marinha" e outros que tais) e mesmo considerando a "bruteza" do trato clínico da época, pouca gente se poderá queixar.
(A propósito, não posso deixar de lembrar o "velho" Heraclito quando afirma: "Gente estranha são os médicos - sangram, cortam, amputam, torturam e, ainda por cima, exigem honorários").
O que se terá passado para os dentistas terem, pura e simplesmente, desaparecido da Saúde Pública entre nós, não sei, mas todos sabemos que desapareceram e que o Serviço Nacional de Saúde se "esqueceu" desse "ligeiro pormenor" e, assim, deu-se uma autêntica regressão social, tendo nós hoje, um dos indíces mais baixos de saúde oral da Europa.
Sendo certo que temos uma população dada a futilidades e a uma "cultura" da aparência que despreza o essencial em favor do "luxo" e do acessório, por isso muito do dinheiro gasto por particulares em dentistas deve-se a "modas" como o "branqueamento" dentário (chamam-lhe questões de "estética" quando é puro kitsch) e aparelhos de ortodôncia usados, quase como insígnias, a "torto e a direito" (como diz Salazar em "Como Se Levanta Um Estado" - "se quereis conhecer verdadeiramente uma casa portuguesa, não fiqueis pela sala de visitas, ide aos quartos").
Não é menos verdade que o total desinvestimento do Estado nesta área crucial da Saúde provocou a negligência generalizada nos comportamentos e vem "engordando" os "gulosos" do costume e não apenas aqueles que por excesso de açucar dão cabo dos dentes.
sub-aproveitamentos ditados pela promiscuidade real entre o sector público e os interesses privados e corporativos (não apenas de um, mas de vários e enredados "grupos de pressão") que provocam uma objectiva "captura" do Sistema em proveito de tudo, menos do "Interesse Geral".
Apesar de tudo isto, o que é certo é que há nichos de excelência e passámos rapidamente (trinta anos na História são um ápice) de indicadores terceiro-mundistas para cifras de vanguarda (mesmo sabendo nós o que são as estatísticas) na redução drástica da mortalidade infantil por exemplo (em que estamos muito à frente dos Estados Unidos - o que, pensando bem, acaba por não ser espantoso).
Mas há um sector fundamental em que acabámos por regredir - o da Saúde e Higiene Oral.
Se bem me lembro, parafraseando o saudoso Professor Vitorino Nemésio, os Postos da "Caixa de Previdência" (os Serviços Médicos Sociais) da minha meninice (anos 60 do "século passado") dispunham de consultas de Estomatologia, para onde os miúdos costumavam ir arrastados pelos pais, já que as mães e as avós não tinham força para tal e da qualidade do desempenho dos dentistas, médicos estomatologistas na sua generalidade (está bem que depois apareceram os "sargentos da Marinha" e outros que tais) e mesmo considerando a "bruteza" do trato clínico da época, pouca gente se poderá queixar.
(A propósito, não posso deixar de lembrar o "velho" Heraclito quando afirma: "Gente estranha são os médicos - sangram, cortam, amputam, torturam e, ainda por cima, exigem honorários").
O que se terá passado para os dentistas terem, pura e simplesmente, desaparecido da Saúde Pública entre nós, não sei, mas todos sabemos que desapareceram e que o Serviço Nacional de Saúde se "esqueceu" desse "ligeiro pormenor" e, assim, deu-se uma autêntica regressão social, tendo nós hoje, um dos indíces mais baixos de saúde oral da Europa.
Sendo certo que temos uma população dada a futilidades e a uma "cultura" da aparência que despreza o essencial em favor do "luxo" e do acessório, por isso muito do dinheiro gasto por particulares em dentistas deve-se a "modas" como o "branqueamento" dentário (chamam-lhe questões de "estética" quando é puro kitsch) e aparelhos de ortodôncia usados, quase como insígnias, a "torto e a direito" (como diz Salazar em "Como Se Levanta Um Estado" - "se quereis conhecer verdadeiramente uma casa portuguesa, não fiqueis pela sala de visitas, ide aos quartos").
Não é menos verdade que o total desinvestimento do Estado nesta área crucial da Saúde provocou a negligência generalizada nos comportamentos e vem "engordando" os "gulosos" do costume e não apenas aqueles que por excesso de açucar dão cabo dos dentes.
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
VIVA A REPÚBLICA!
Todas as rupturas históricas acabam por encobrir ou "disfarçar" continuidades que a breve trecho vêm ao de cima como o azeite na água.
Portugal é uma República que nunca o foi em pleno, tal como as revoluções russa e chinesa não produziram bem o socialismo, (que não tinha sido "pensado" para esse tipo de sociedades), também em Portugal a Iª República herdou muitos dos vícios caciqueiros da Monarquia Liberal a que se juntou a instabilidade permanente.
Afinal "casa em que não há pão, todos ralham e ninguém tem razão".
Mas foi inegavelmente um sinal de vontade de progresso social e político num país que se arrastava há muito na "choldra" e que de "choldra" em "choldra" lá tem feito o seu caminho atribulado mas, ainda assim, com muitas mais-valias colectivas.
Bem sei que muitos dos países em que no mundo se vive melhor são monarquias, na verdade são "Repúblicas" com uma cabeça coroada, mas, infelizmente, não creio que tal tivesse sido possível em Portugal. A nossa "bipolaridade" estrutural e a "inércia" devorista da nossa classe dominante precisam de rotatividade nos "bodes expiatórios"; assim o jogo do "passa culpas" funciona melhor e mesmo considerando o longo interregno salazarista, (que afinal era um "santo" e foi "traído" por Marcello Caetano), estamos fadados a ser uma República que, como a Pátria para os "sebastianistas", tarda em cumprir-se!
Mesmo assim e que me desculpem os meus caros amigos monárquicos:
TRÊS VIVAS À REPÚBLICA!!!
domingo, 4 de outubro de 2009
"Variadores"
Não serei certamente o único a reparar nas novas "variantes" da língua portuguesa que agora abundam nos "mídia". Como estamos em contexto de "Autárquicas" alguns pivots (galicismo "modernaço" que designa os locutores) ao prescrutarem os objectivos das forças concorrentes dizem, tentando falar com um tom "fino", como ouvi ainda há pouco: "o Partido X quer eleger N "variadores" para a Câmara Y".
"Variadores"?! - o que serão "variadores"?
Serão tipos que "vareiam" ou que, simplesmente, variam?!!!
"Variadores"?! - o que serão "variadores"?
Serão tipos que "vareiam" ou que, simplesmente, variam?!!!
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
O Apego ao Estado
Por cá o apego ao Estado, aos seus "tiques", modelo burocrático e linguagem pesa tanto que até as empresas privadas, desde produtoras de vinho a estações de televisão e SADs da "bola", costumam incluir nos seus organogramas cargos como o de "Director-Geral".
Apre!!!
Apre!!!
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
Política e Autarquias
Ainda que provocatoriamente, pois é inegável o progresso devido ao Poder Local, custa-me a entender as mais valias estritamente políticas, isto é, no campo das "marcas próprias", das opções diferenciadas que decorrem de haver eleições autárquicas em que intervêm, até há bem pouco tempo em exclusivo, forças partidárias.
As autarquias locais são mais efectivas no cumprimento do seu papel de entidades administrativas do que de entidades propriamente políticas e passo a esclarecer:
No concurso para o governo do Estado Central as forças políticas apresentam, pelo menos em teoria, soluções diferentes para os mesmos problemas e essas soluções têm um cunho ideológico - algo separa as propostas sobre Segurança Social do PSD e do PS por exemplo e para ficarmos só no "centrão", o mesmo se passa em relação ao Serviço Nacional de Saúde, à legislação laboral e por aí fora.
Ora, para as autarquias nada disto se passa, nada de "concreto" e objectivo permite distinguir uma Câmara do CDS de uma da CDU - a prática é sempre a mesma, até pelos condicionalismos orçamentais que as envolvem e que as fazem depender, em esmagadora parte, das taxas e licenças de construção, isto é, do "betão".
É mais fácil encontrar-se no trabalho realizado o cunho pessoal de certos autarcas independentemente da sua "cor" partidária e de serem de "esquerda" ou de "direita".
Por isso e pela irresponsabilidade na prestação de contas de certos executivos (cuja responsabilidade se extingue, na prática, com o mandato), que à pala da "legitimidade conferida pelas urnas", praticam todo o tipo de desmandos financeiros, arranjando sempre maneira de contornar a, já de si, pouco apertada legislação que existe e deixando "heranças" envenenadas que vão manietar seriamente a acção dos sucessores, que, ainda por cima, recebem muitas vezes o ónus político dessa situação, pois terão que passar grande parte dos seus mandatos nas "encolhas" e consequentemente, sem poder mostrar "obra" por estarem totalmente absorvidos no trabalho menos "vísivel", mas não menos importante, de "tapar" esses "buracos" (pagar dívidas, etc.).
É por estas e por outras como a redundância de órgãos colegiais - executivos camarários e Assembleias Municipais com pouco poder efectivo e onde acontece uma inédita mistura de democracia participativa "directa" - a intervenção do público, que ocorre também nas reuniões públicas de Câmara; democracia representativa - os eleitos e democracia "orgânica" - os Presidentes de Junta de Freguesia que participando no órgão por inerência, mas dispondo direito de voto indiscriminado (o que não acontece nas eleições para as, aliás ineficazes, Áreas Metropolitanas) acabam por distorcer a sua representatividade.
Mas quando chega a hora de tentar mudar o "estado das coisas" e como é necessária uma lei com efeitos constitucionais o que implica que terá que ser aprovada por dois terços do Parlamento, há sempre alguém que se nega e "fica tudo na mesma como a lesma".
É por estas e por outras, como ia dizendo, que chez nous as autarquias continuam na sua "nobre" função de "albergue espanhol" e depois a "rapaziada" admira-se de Salazar ganhar concursos de popularidade!
As autarquias locais são mais efectivas no cumprimento do seu papel de entidades administrativas do que de entidades propriamente políticas e passo a esclarecer:
No concurso para o governo do Estado Central as forças políticas apresentam, pelo menos em teoria, soluções diferentes para os mesmos problemas e essas soluções têm um cunho ideológico - algo separa as propostas sobre Segurança Social do PSD e do PS por exemplo e para ficarmos só no "centrão", o mesmo se passa em relação ao Serviço Nacional de Saúde, à legislação laboral e por aí fora.
Ora, para as autarquias nada disto se passa, nada de "concreto" e objectivo permite distinguir uma Câmara do CDS de uma da CDU - a prática é sempre a mesma, até pelos condicionalismos orçamentais que as envolvem e que as fazem depender, em esmagadora parte, das taxas e licenças de construção, isto é, do "betão".
É mais fácil encontrar-se no trabalho realizado o cunho pessoal de certos autarcas independentemente da sua "cor" partidária e de serem de "esquerda" ou de "direita".
Por isso e pela irresponsabilidade na prestação de contas de certos executivos (cuja responsabilidade se extingue, na prática, com o mandato), que à pala da "legitimidade conferida pelas urnas", praticam todo o tipo de desmandos financeiros, arranjando sempre maneira de contornar a, já de si, pouco apertada legislação que existe e deixando "heranças" envenenadas que vão manietar seriamente a acção dos sucessores, que, ainda por cima, recebem muitas vezes o ónus político dessa situação, pois terão que passar grande parte dos seus mandatos nas "encolhas" e consequentemente, sem poder mostrar "obra" por estarem totalmente absorvidos no trabalho menos "vísivel", mas não menos importante, de "tapar" esses "buracos" (pagar dívidas, etc.).
É por estas e por outras como a redundância de órgãos colegiais - executivos camarários e Assembleias Municipais com pouco poder efectivo e onde acontece uma inédita mistura de democracia participativa "directa" - a intervenção do público, que ocorre também nas reuniões públicas de Câmara; democracia representativa - os eleitos e democracia "orgânica" - os Presidentes de Junta de Freguesia que participando no órgão por inerência, mas dispondo direito de voto indiscriminado (o que não acontece nas eleições para as, aliás ineficazes, Áreas Metropolitanas) acabam por distorcer a sua representatividade.
Mas quando chega a hora de tentar mudar o "estado das coisas" e como é necessária uma lei com efeitos constitucionais o que implica que terá que ser aprovada por dois terços do Parlamento, há sempre alguém que se nega e "fica tudo na mesma como a lesma".
É por estas e por outras, como ia dizendo, que chez nous as autarquias continuam na sua "nobre" função de "albergue espanhol" e depois a "rapaziada" admira-se de Salazar ganhar concursos de popularidade!
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
A "Bernarda"
"Está o baile armado"! É o que perspectiva a declaração de ontem, 29 de Setembro, do Senhor Presidente da República que vem exprimir o seu muito justo "direito à indignação" (expressão que o então PR Mário Soares utilizou, em tempos, contra o então PM Cavaco Silva, enquanto as respectivas "equipas" se referiam a um como "o gajo" e ao outro como "o tipo") .
As coisas raramente são apenas o que parecem, mesmo tendo em conta o ângulo em que são observadas e a perspectiva do observador. Neste caso concreto, afigura-se-me estar montada uma "bernarda" daquelas "à antiga portuguesa", uma autêntica moscambilha em que a separação não será propriamente entre os "Cavaleiros Jedi" e o Dark Side of the Force, nem um puro produto alucinatório de algumas suspicious minds em delírio paranóide.
Já disse, em post anterior, que não costuma haver "fumo sem fogo" e que este caso me parece uma hipérbole de "cenas" corriqueiras mais ao estilo Maxwell Smart do que Le Carré, com "paus-de-cabeleira" de um lado "espantalhados" na comitiva do lado "oposto" suscitando contra-ataques de ópera-bufa por parte daqueles que, se calhar, ainda acreditam (segundo uma velha lenda "anti-fascista") que é possível "conspirar" em cafés que são locais públicos num país de "primos" cuscos em que toda a "famelga" topa toda a "famelga" (fazendo-me lembrar aqueles cavalheiros que vão "secretamente" com as amantes ao cinema onde está a passar o filme do momento, ou passar um fim-de-semana de "escapadela" precisamente ao hotel onde há um Congresso).
É basicamente uma história muito mal contada de parte a parte em que toda a gente terá "esqueletos no armário" e em que os mais "espertalhões" e que cometeram menos erros tácticos, tiveram a vantagem da aparente reviravolta na hora H.
Aliás, nisso o PSD e a Presidência da Répública terão ainda que "comer muita maizena" para estarem ao nível do desempenho do dedicado staff do lobby do "Partido do Governo" que tem "especialistas" a tempo inteiro, pois nunca fizeram mais nada senão enxamear por dentro do aparelho de Estado("Adjuntos", "Assessores" e "penduras" em geral, em regra made in "J") e outros mais profissionais que até já incendiaram a sério noutras latitudes, todos do tipo de gente que se presta a tudo.
Menosprezar o "poder de fogo" desta "Pide" e desta nova "União Nacional" é ser "Totó" e, como de costume, as "ingenuidades" pagam-se caras.
Mais ou menos como aqueles árbitros que por serem simpatizantes publicamente conhecidos de um dos clubes em jogo o prejudicam, para não serem acusados de o beneficiar.
Que é tudo muito terceiro-mundista é verdade, que dá mau aspecto também, só não nos deslustra muito por comparação - afinal em França o Presidente da República (Sarkozy) anda em tribunal com um ex-Primeiro Ministro (de Villepin) e na Itália pontifica Berlusconi.
É mesmo caso para concluir que, afinal, já chegámos mesmo à Madeira!
As coisas raramente são apenas o que parecem, mesmo tendo em conta o ângulo em que são observadas e a perspectiva do observador. Neste caso concreto, afigura-se-me estar montada uma "bernarda" daquelas "à antiga portuguesa", uma autêntica moscambilha em que a separação não será propriamente entre os "Cavaleiros Jedi" e o Dark Side of the Force, nem um puro produto alucinatório de algumas suspicious minds em delírio paranóide.
Já disse, em post anterior, que não costuma haver "fumo sem fogo" e que este caso me parece uma hipérbole de "cenas" corriqueiras mais ao estilo Maxwell Smart do que Le Carré, com "paus-de-cabeleira" de um lado "espantalhados" na comitiva do lado "oposto" suscitando contra-ataques de ópera-bufa por parte daqueles que, se calhar, ainda acreditam (segundo uma velha lenda "anti-fascista") que é possível "conspirar" em cafés que são locais públicos num país de "primos" cuscos em que toda a "famelga" topa toda a "famelga" (fazendo-me lembrar aqueles cavalheiros que vão "secretamente" com as amantes ao cinema onde está a passar o filme do momento, ou passar um fim-de-semana de "escapadela" precisamente ao hotel onde há um Congresso).
É basicamente uma história muito mal contada de parte a parte em que toda a gente terá "esqueletos no armário" e em que os mais "espertalhões" e que cometeram menos erros tácticos, tiveram a vantagem da aparente reviravolta na hora H.
Aliás, nisso o PSD e a Presidência da Répública terão ainda que "comer muita maizena" para estarem ao nível do desempenho do dedicado staff do lobby do "Partido do Governo" que tem "especialistas" a tempo inteiro, pois nunca fizeram mais nada senão enxamear por dentro do aparelho de Estado("Adjuntos", "Assessores" e "penduras" em geral, em regra made in "J") e outros mais profissionais que até já incendiaram a sério noutras latitudes, todos do tipo de gente que se presta a tudo.
Menosprezar o "poder de fogo" desta "Pide" e desta nova "União Nacional" é ser "Totó" e, como de costume, as "ingenuidades" pagam-se caras.
Mais ou menos como aqueles árbitros que por serem simpatizantes publicamente conhecidos de um dos clubes em jogo o prejudicam, para não serem acusados de o beneficiar.
Que é tudo muito terceiro-mundista é verdade, que dá mau aspecto também, só não nos deslustra muito por comparação - afinal em França o Presidente da República (Sarkozy) anda em tribunal com um ex-Primeiro Ministro (de Villepin) e na Itália pontifica Berlusconi.
É mesmo caso para concluir que, afinal, já chegámos mesmo à Madeira!
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
O Forte Contributo
É evidente que os professores e os funcionários públicos em geral (pelo menos os que não são da "cor") deram um forte contributo para a queda da maioria absoluta do PS/Sócrates. Ao alienar a sua tradicional base social de apoio, Sócrates cometeu um crasso erro estratégico e revelou irracionalidade táctica absoluta. Para o comprovar é só fazer as contas aos ganhos (poucos) e perdas (muitas) - pois "à primeira qualquer cai, mas à segunda só cai quem quer".
Afinal esta "grande vitória" - tão grande que o "Querido Líder" nem foi ao Rato e esteve-se "borrifando" (para não usar um vernáculo mais "carregado") para os poucos militantes e simpatizantes, verdadeiramente populares, que lá estiveram (afinal não é apenas o Louçã que tem relutância em apertar a mão às peixeiras).
Assim se confirma mais uma das infinitas vezes o aforismo de Kierkegaard acerca dos políticos - "nunca falam para indivíduos, mas apenas para multidões".
Bem pode o PS cantar vitória que o que o certo é que perdeu mais de meio milhão de votos, cerca de 9% dos eleitores e mais de vinte lugares no Parlamento que agora voltará a sê-lo em pleno e não apenas a câmara de eco do Feiticeiro de Oz.
Para o PS/Sócrates esta queda do pedestal da maioria absoluta bem pode ser o princípio do fim. Ficou, como se diz na gíria futebolística, a não depender apenas de si próprio e terá de fazer uma coisa a que não está habituado - negociar. Vamos ver como se sairá, sabendo nós que o panorama é sombrio e que, em função disso, as lutas sociais se irão agudizar.
É minha convicção que o Directório (mais do que "trilateral") que toma as decisões políticas cujo testa-de-ferro é Sócrates, irá optar inicialmente por um Governo Minoritário (tipo Guterres no formato, que não no estilo) e tentará negociar apoios parlamentares a la carte; esse modelo irá ser marcado pela intransigência negocial, sem qualquer vontade séria de diálogo com o objectivo implícito de inviabilizar acordos. Então e alegada a "ingovernabilidade" (sobretudo à esquerda), poderá evoluir para uma Coligação ou de Bloco Central ou, mais provável, com o CDS. Portas está "mortinho" por se sentar de novo à mesa do Conselho de Ministros e dará por isso muito mais do que os "oito tostões" que lhe sobram.
Portas é o grande real vencedor destas Eleições, conseguiu com o seu enérgico one man show criar uma dinâmica populista que contrastou com a "falta de jeito" do PSD, cuja líder se revelou de uma rigidez que roçou o rigor mortis que hoje não "cola" (Sócrates por exemplo sendo essencialmente rígido é melhor "actor de telenovela baratucha"); apresentando-se de forma reactiva (pronta a "rasgar", a "não fazer") perante um País que elege a fuga para a frente como forma rotineira de vida (senão vejamos a quantidade de automóveis e fogos que são adquiridos sem meios e depois devolvidos a fortiori) e sem "promessas", quando o eleitorado adora "promessas", mesmo que, como Sócrates fez, depois não sejam para cumprir, antes pelo contrário. Ficou ainda marcada pelas incoerências no domínio da "Ética" com os "casos" Preto e Lopes da Costa e, pior dos piores, deixou-se escorregar numa "casca de banana" e envolver na teia nebulosa do chamado "caso
das escutas" em que fez figura (não sei se merecida) de arroseur arrosé.
Todos esperamos ansiosamente que Sua Excelência o Senhor Presidente da República se decida a dizer o que prometeu acerca de tão aparatoso incidente.
Pior só mesmo Santana Lopes (que a propósito e contra a "teoria dos ovos e dos cestos") deverá perder a "corrida" para a Câmara de Lisboa.
Portas foi o único a aguentar com sucesso o embate com Sócrates no mano-a-mano televisivo e explorou os nichos eleitorais da insegurança e da arbitrariedade dos apoios sociais assumindo o "politicamente incorrecto" com proveitos a que todos os outros (PSD incluído), por medo da rotulagem ou por falta de soluções, renunciaram. Num País em que o salário mínimo é de 450 Euros e há quem receba de Rendimento Social de Inserção (vulgo "Rendimento Mínimo" que nada e ninguém insere) vários múltiplos disso sem nunca ter descontado, nem pago impostos e, em certos e não poucos casos comprovados a olho nu, exibindo sinais exteriores de riqueza (automóveis e consumos supérfluos) que, muito justamente, indignam quem trabalha no duro, ganha pouco, tem despesas essenciais que ninguém subsidia e ainda por cima, paga impostos; tal campanha teve necessariamente eco.
Captou assim os sufrágios da fragilidade - dos idosos, das mulheres e dos jovens obrigados a viver na "selva" urbana e suburbana expostos a todo o tipo de agressões numa clima social de insegurança que é muito mais do que "psicológica" como os "encobridores" a costumam classificar.
Portas jogou de mestre, ainda que ao apanhar-se no Poder pouco vá ligar as esses compromissos e vá estar mais virado para submarinos, sobreiros, Women on Waves e coisas desse jaez.
O Bloco foi uma semi-desilusão, sendo certo que capitalizou o descontentamento do eleitorado tradicional do PS que este estupidamente alienou (com a ilusão da descartabilidade da direita perante as medidas efectivamente neoliberais que tomou ainda que a coberto da retórica do "Estado Social") não conseguindo, e isto é capaz de ser positivo por constituir uma "bolsa" de reserva de crescimento, transferir para si o máximo possível de eleitorado.
Isso ficou a dever-se à súbita incapacidade que Louçã teve de enfrentar a "cassete" de Sócrates no debate entre ambos em que não conseguiu por falta de ímpeto, de "reflexos" e de "agilidade", denunciar a má-fé dos argumentos contrários, descontextualizados e matraqueados até à exaustão o que não teria sido díficil.
Quanto ao "ataque fiscal à classe média" bastaria "curar a dentada do cão com o pêlo do mesmo" e relembrar a subida generalizada de impostos promovida pelo Governo e as declarações recentes de Teixeira dos Santos, Ministro das Finanças, em relação ao provável destino das deduções fiscais de Saúde e Educação e ficaríamos esclarecidos; quanto ao Programa do Bloco ser "secreto" como afirmou Sócrates, bastaria perguntar-lhe como o tinha na mão? (se calhar soube-o através de alguma "escuta").
Outra inabilidade foi, sendo doutourado e Professor Catedrático, deixar-se tratar pelo nome próprio sem títulos, perante uma audiência que os endeusa, por um bacharel com uma "licenciatura" feita por fax a quem tratou por "engenheiro". Ainda por cima entrando em perdas de tempo autojustificativas quando era a ele que lhe competia atacar; outro "erro fatal" foi não ter pegado em "directo e ao vivo" no tema "Educação" um autêntico manancial, com todo o potencial cinético, explorando as grossíssimas asneiras do Governo/Sócrates neste sector.
Depois a Campanha entrou em "banho-maria" e tudo girou em torno de fait-divers com os PPRs e as Acções de Empresas Públicas etc.. Note-se que aqui os mídia controlados pelo Poder ou tendo que ser "simpáticos" para ele já não dispensaram ao Bloco a "meiguice" do costume (agora era a "doer", o que estava em causa era demasiado importante e o PCP depois das "europeias" por já estar "de rastos", não requeria mais "pancadaria", de tal modo, que o próprio Sócrates se excedeu em elogios a Jerónimo de Sousa). O Bloco também errou, ainda que lateralmente, ao abandonar totalmente o discurso das causas "fracturantes" uma vez que o deixou inteirinho para o PS, quem tiver dúvidas repare nas bandeiras "arco-íris" ao lado das da "mãozinha" e da "rosa" no Altis.
É certo que the first things first e os portugueses terão mais em que pensar na actual conjuntura, mas é um erro abandonar completamente o "campo", sendo certo e sabido que alguém o ocupará.
Importante também a quebra do potencial de negociação e na "moral" das "hostes" do Bloco por ter sido, mais uma vez contra as projecções (ena tanta mentira junta) e contra a "fanfarronada" de Louçã no Comício de Encerramento, ultrapassado em votos e principalmente em número de mandatos (mais quatro) pelo CDS/PP.
A CDU, quer dizer o PCP e os seus "satélites" ficcionais - "Os Verdes" e outras eventuais não-existências, vão alegremente de "vitória" em "vitória" até à derrota final e se é certo que até elegeram mais um deputado (ficando com quinze), não é menos certo que se deixaram ultrapassar pelo Bloco pela segunda vez consecutiva passando a quinta e última força parlamentar e perdendo o lugar na Mesa da AR.
Não será, certamente, só com "manifs" sindicais, greves, Festas do Avante, t-shirts do Che, entreameadas, "caipiroskas" e "mentiritas" que ça ira.
Se bem que nas Autárquicas outro galo venha a cantar e isto também se aplica ao PSD, também é certo que esse é outro campeonato.
Afinal esta "grande vitória" - tão grande que o "Querido Líder" nem foi ao Rato e esteve-se "borrifando" (para não usar um vernáculo mais "carregado") para os poucos militantes e simpatizantes, verdadeiramente populares, que lá estiveram (afinal não é apenas o Louçã que tem relutância em apertar a mão às peixeiras).
Assim se confirma mais uma das infinitas vezes o aforismo de Kierkegaard acerca dos políticos - "nunca falam para indivíduos, mas apenas para multidões".
Bem pode o PS cantar vitória que o que o certo é que perdeu mais de meio milhão de votos, cerca de 9% dos eleitores e mais de vinte lugares no Parlamento que agora voltará a sê-lo em pleno e não apenas a câmara de eco do Feiticeiro de Oz.
Para o PS/Sócrates esta queda do pedestal da maioria absoluta bem pode ser o princípio do fim. Ficou, como se diz na gíria futebolística, a não depender apenas de si próprio e terá de fazer uma coisa a que não está habituado - negociar. Vamos ver como se sairá, sabendo nós que o panorama é sombrio e que, em função disso, as lutas sociais se irão agudizar.
É minha convicção que o Directório (mais do que "trilateral") que toma as decisões políticas cujo testa-de-ferro é Sócrates, irá optar inicialmente por um Governo Minoritário (tipo Guterres no formato, que não no estilo) e tentará negociar apoios parlamentares a la carte; esse modelo irá ser marcado pela intransigência negocial, sem qualquer vontade séria de diálogo com o objectivo implícito de inviabilizar acordos. Então e alegada a "ingovernabilidade" (sobretudo à esquerda), poderá evoluir para uma Coligação ou de Bloco Central ou, mais provável, com o CDS. Portas está "mortinho" por se sentar de novo à mesa do Conselho de Ministros e dará por isso muito mais do que os "oito tostões" que lhe sobram.
Portas é o grande real vencedor destas Eleições, conseguiu com o seu enérgico one man show criar uma dinâmica populista que contrastou com a "falta de jeito" do PSD, cuja líder se revelou de uma rigidez que roçou o rigor mortis que hoje não "cola" (Sócrates por exemplo sendo essencialmente rígido é melhor "actor de telenovela baratucha"); apresentando-se de forma reactiva (pronta a "rasgar", a "não fazer") perante um País que elege a fuga para a frente como forma rotineira de vida (senão vejamos a quantidade de automóveis e fogos que são adquiridos sem meios e depois devolvidos a fortiori) e sem "promessas", quando o eleitorado adora "promessas", mesmo que, como Sócrates fez, depois não sejam para cumprir, antes pelo contrário. Ficou ainda marcada pelas incoerências no domínio da "Ética" com os "casos" Preto e Lopes da Costa e, pior dos piores, deixou-se escorregar numa "casca de banana" e envolver na teia nebulosa do chamado "caso
das escutas" em que fez figura (não sei se merecida) de arroseur arrosé.
Todos esperamos ansiosamente que Sua Excelência o Senhor Presidente da República se decida a dizer o que prometeu acerca de tão aparatoso incidente.
Pior só mesmo Santana Lopes (que a propósito e contra a "teoria dos ovos e dos cestos") deverá perder a "corrida" para a Câmara de Lisboa.
Portas foi o único a aguentar com sucesso o embate com Sócrates no mano-a-mano televisivo e explorou os nichos eleitorais da insegurança e da arbitrariedade dos apoios sociais assumindo o "politicamente incorrecto" com proveitos a que todos os outros (PSD incluído), por medo da rotulagem ou por falta de soluções, renunciaram. Num País em que o salário mínimo é de 450 Euros e há quem receba de Rendimento Social de Inserção (vulgo "Rendimento Mínimo" que nada e ninguém insere) vários múltiplos disso sem nunca ter descontado, nem pago impostos e, em certos e não poucos casos comprovados a olho nu, exibindo sinais exteriores de riqueza (automóveis e consumos supérfluos) que, muito justamente, indignam quem trabalha no duro, ganha pouco, tem despesas essenciais que ninguém subsidia e ainda por cima, paga impostos; tal campanha teve necessariamente eco.
Captou assim os sufrágios da fragilidade - dos idosos, das mulheres e dos jovens obrigados a viver na "selva" urbana e suburbana expostos a todo o tipo de agressões numa clima social de insegurança que é muito mais do que "psicológica" como os "encobridores" a costumam classificar.
Portas jogou de mestre, ainda que ao apanhar-se no Poder pouco vá ligar as esses compromissos e vá estar mais virado para submarinos, sobreiros, Women on Waves e coisas desse jaez.
O Bloco foi uma semi-desilusão, sendo certo que capitalizou o descontentamento do eleitorado tradicional do PS que este estupidamente alienou (com a ilusão da descartabilidade da direita perante as medidas efectivamente neoliberais que tomou ainda que a coberto da retórica do "Estado Social") não conseguindo, e isto é capaz de ser positivo por constituir uma "bolsa" de reserva de crescimento, transferir para si o máximo possível de eleitorado.
Isso ficou a dever-se à súbita incapacidade que Louçã teve de enfrentar a "cassete" de Sócrates no debate entre ambos em que não conseguiu por falta de ímpeto, de "reflexos" e de "agilidade", denunciar a má-fé dos argumentos contrários, descontextualizados e matraqueados até à exaustão o que não teria sido díficil.
Quanto ao "ataque fiscal à classe média" bastaria "curar a dentada do cão com o pêlo do mesmo" e relembrar a subida generalizada de impostos promovida pelo Governo e as declarações recentes de Teixeira dos Santos, Ministro das Finanças, em relação ao provável destino das deduções fiscais de Saúde e Educação e ficaríamos esclarecidos; quanto ao Programa do Bloco ser "secreto" como afirmou Sócrates, bastaria perguntar-lhe como o tinha na mão? (se calhar soube-o através de alguma "escuta").
Outra inabilidade foi, sendo doutourado e Professor Catedrático, deixar-se tratar pelo nome próprio sem títulos, perante uma audiência que os endeusa, por um bacharel com uma "licenciatura" feita por fax a quem tratou por "engenheiro". Ainda por cima entrando em perdas de tempo autojustificativas quando era a ele que lhe competia atacar; outro "erro fatal" foi não ter pegado em "directo e ao vivo" no tema "Educação" um autêntico manancial, com todo o potencial cinético, explorando as grossíssimas asneiras do Governo/Sócrates neste sector.
Depois a Campanha entrou em "banho-maria" e tudo girou em torno de fait-divers com os PPRs e as Acções de Empresas Públicas etc.. Note-se que aqui os mídia controlados pelo Poder ou tendo que ser "simpáticos" para ele já não dispensaram ao Bloco a "meiguice" do costume (agora era a "doer", o que estava em causa era demasiado importante e o PCP depois das "europeias" por já estar "de rastos", não requeria mais "pancadaria", de tal modo, que o próprio Sócrates se excedeu em elogios a Jerónimo de Sousa). O Bloco também errou, ainda que lateralmente, ao abandonar totalmente o discurso das causas "fracturantes" uma vez que o deixou inteirinho para o PS, quem tiver dúvidas repare nas bandeiras "arco-íris" ao lado das da "mãozinha" e da "rosa" no Altis.
É certo que the first things first e os portugueses terão mais em que pensar na actual conjuntura, mas é um erro abandonar completamente o "campo", sendo certo e sabido que alguém o ocupará.
Importante também a quebra do potencial de negociação e na "moral" das "hostes" do Bloco por ter sido, mais uma vez contra as projecções (ena tanta mentira junta) e contra a "fanfarronada" de Louçã no Comício de Encerramento, ultrapassado em votos e principalmente em número de mandatos (mais quatro) pelo CDS/PP.
A CDU, quer dizer o PCP e os seus "satélites" ficcionais - "Os Verdes" e outras eventuais não-existências, vão alegremente de "vitória" em "vitória" até à derrota final e se é certo que até elegeram mais um deputado (ficando com quinze), não é menos certo que se deixaram ultrapassar pelo Bloco pela segunda vez consecutiva passando a quinta e última força parlamentar e perdendo o lugar na Mesa da AR.
Não será, certamente, só com "manifs" sindicais, greves, Festas do Avante, t-shirts do Che, entreameadas, "caipiroskas" e "mentiritas" que ça ira.
Se bem que nas Autárquicas outro galo venha a cantar e isto também se aplica ao PSD, também é certo que esse é outro campeonato.
domingo, 27 de setembro de 2009
Palhaçadas
"As Luzes consistem em fazer sair o Homem da menoridade em que voluntariamente se encontra".
Immanuel Kant (1724-1804)
Agora que, infelizmente, faleceu a primeira vítima efectiva da Gripe A em Portugal não consigo deixar de assinalar a autêntica palhaçada erigida em torno da putativa pandemia cujo perigo de modo algum quero negar.
A questão é a da eficácia das medidas "implementadas" que me parecem ser de "muita parra e pouca uva".
A moda das "garrafinhas" de álcool (dispensadores de gel alcoólico na linguagem oficial) "pegou de estaca"; afinal o povo é sereno e vai atrás de modas.
Vai daí é um "ver se te avias" de esfrega para ficar com as mãozinhas "desinfectadas".
Pena é que em muitos locais públicos e de acesso público - Escolas, Repartições, Centros Comerciais, Cinemas, Hipermercados, Cafés e Restaurantes (mesmo os mais afamados e melhor situados e todos podemos citar casos concretos) se mantenham as instalações sanitárias, quando existem de facto, na pior das ímundices sem que nenhuma ASAE (tão lesta a atacar o "terrível flagelo" das bolas-de-berlim) intervenha e sem que ninguém pareça preocupar-se; parece que todo o "perigo" estará esconjurado se não nos esquecermos de "esfregar as mãozinhas".
Quem estará, com certeza, a esfregá-las de contentamento são as empresas que vendem os tais produtos "milagrosos" e os decisores políticos que orquestram estas campanhas e nos "comem" por tansos.
Immanuel Kant (1724-1804)
Agora que, infelizmente, faleceu a primeira vítima efectiva da Gripe A em Portugal não consigo deixar de assinalar a autêntica palhaçada erigida em torno da putativa pandemia cujo perigo de modo algum quero negar.
A questão é a da eficácia das medidas "implementadas" que me parecem ser de "muita parra e pouca uva".
A moda das "garrafinhas" de álcool (dispensadores de gel alcoólico na linguagem oficial) "pegou de estaca"; afinal o povo é sereno e vai atrás de modas.
Vai daí é um "ver se te avias" de esfrega para ficar com as mãozinhas "desinfectadas".
Pena é que em muitos locais públicos e de acesso público - Escolas, Repartições, Centros Comerciais, Cinemas, Hipermercados, Cafés e Restaurantes (mesmo os mais afamados e melhor situados e todos podemos citar casos concretos) se mantenham as instalações sanitárias, quando existem de facto, na pior das ímundices sem que nenhuma ASAE (tão lesta a atacar o "terrível flagelo" das bolas-de-berlim) intervenha e sem que ninguém pareça preocupar-se; parece que todo o "perigo" estará esconjurado se não nos esquecermos de "esfregar as mãozinhas".
Quem estará, com certeza, a esfregá-las de contentamento são as empresas que vendem os tais produtos "milagrosos" e os decisores políticos que orquestram estas campanhas e nos "comem" por tansos.
sábado, 26 de setembro de 2009
"Com a mania das Igualdades..."
Entre este "nosso" Sócrates e o da Grécia Antiga há uma coisa em comum (há quem diga que até haverá mais), mas esta é observável - de ambos nada de escrito se conhece.
A partir daí são só diferenças - quanto ao que foi dito pelo ateniense está magnificamente narrado por ilustres contemporâneos (Platão, Xenofonte), quanto ao "modernaço" de Vilar de Maçada está tudo nos seus discursos.
Ainda ontem, por exemplo, Sócrates (o Pinto de Sousa), afirmou no encerramento da campanha eleitoral ser "pela igualdade de oportunidades para todos".
Ora, eu que pensava que ser apenas "pela igualdade de oportunidades" bastava para "transmitir a ideia".
A não ser que não seja só analfabetismo funcional, mas "intencionalidade" no conceito - é que ele está habituado a dividir tudo em "ametades", mas como é o "irmão mais velho" fica sempre com a "ametade" maior.
A partir daí são só diferenças - quanto ao que foi dito pelo ateniense está magnificamente narrado por ilustres contemporâneos (Platão, Xenofonte), quanto ao "modernaço" de Vilar de Maçada está tudo nos seus discursos.
Ainda ontem, por exemplo, Sócrates (o Pinto de Sousa), afirmou no encerramento da campanha eleitoral ser "pela igualdade de oportunidades para todos".
Ora, eu que pensava que ser apenas "pela igualdade de oportunidades" bastava para "transmitir a ideia".
A não ser que não seja só analfabetismo funcional, mas "intencionalidade" no conceito - é que ele está habituado a dividir tudo em "ametades", mas como é o "irmão mais velho" fica sempre com a "ametade" maior.
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
"Quem não se sente..."
Hoje e dado o contexto, vou "postar" "corporativamente" para fazer jus ao epíteto com que fui "brindado" pelo Primeiro-Ministro em exercício e seus apaniguados.
Como digo neste blog sou professor desde 76/77, mas também sou co-fundador da Secção do Barreiro do Partido Socialista ainda em Abril de 74 (mais precisamente no dia 29 de Abril, uma segunda-feira) e, escusado será dizer que arrostei com o risco, elevado na altura, de ser militante e ainda por cima "pioneiro", do PS em terra "vermelha" - o Barreiro, a "Moscovo Ocidental" como era, até internacionalmente, conhecida desde os anos 40.
O mesmo se passou na Universidade de Lisboa quase totalmente dominada pela UEC, a organização estudantil do PCP, sectária e caceteira. Em ambas as situações tive muitas vezes que enfrentar a violência, muito mais do que verbal, das "Brigadas Brezhnev". Enquanto isso, o actual Primeiro-Ministro era militante da JSD, a actual Ministra da Educação era "anarquista" e os Secretários de Estado da mesma pasta, um, ao que sei, sindicalista esquerdista e o outro iniciava a sua "carreira política" pelas bandas do CDS.
Hoje estão todos no PS ou nas suas (in)dependências e são responsáveis por uma das maiores guerras sociais de que há memória em Portugal - a autêntica guerra que moveram aos professores. E qual foi o casus belli?
O facto de, contrariamente ao proclamado quer durante a Campanha Eleitoral de 2005, quer no Programa Eleitoral do Partido Socialista desse mesmo ano, o Governo Sócrates ter encetado um programa oculto, um programa encapotadamente neoliberal, de alegado "combate aos lobbies" e aos "interesses e privilégios corporativos" - aos juízes e magistrados em geral, aos farmacêuticos, aos médicos e enfermeiros, aos militares e também aos polícias, de resto, a toda a Função Pública, afinal a que "trabalha menos horas, têm mais dias de férias e é a mais bem paga da Europa". Mas que serviu como "cortina de fumo" para deixar de fora e incólumes os verdadeiros interesses e privilégios, dos verdadeiros lobbies e das verdadeiras corporações - os Bancos e Seguradoras, os grandes monopólios de facto das Comunicações e Energia (GALP, EDP, PT) e as grandes superfícies comerciais. Enfim, a "Irmandade do Cifrão" e os vigaristas de médio e alto coturno cujos lucros são privados, mas cujos prejuízos são pagos por todos os que pagam impostos.
Ao fim e ao cabo, depois de, alegadamente para combater o défice orçamental, terem congelado as carreiras e as progressões, aumentado a idade da reforma e a carreira contributiva, mudando as regras a "meio do jogo", detiveram-se com afinco e particulares "requintes de malvadez" num único grupo profissional: os professores - a quem saiu a "fava" e quiseram fazer de "bode expiatório" de todos os males da Educação resultantes de políticas asnáticas e de chagas sociais causadas pelos "desgovernos" que temos tido.
É que, segundo o que acabou por confessar o "insigne" Marcos Perestrello, certamente um expert em estratégia política, usando as velhas tácticas da "argamassa" e do "salame", ou seja, pôr todos "à molhada" para depois cortar às fatias: "era preciso criar alguma tensão sobre determinados sectores para que a população aceitasse as medidas".
Ora, teriam feito bem melhor se tivessem ido "criar tensão" com as respectivas mãezinhas!
Estou a declarar neste post que, sendo filiado no PS e tendo contribuído activamente para a maioria absoluta ainda em exercício, não votarei desta vez neste PS, assim como não votarei PS em circunstância alguma enquanto se mantiver a Direcção/Sócrates que usou todo o aparato do Governo e o aparelho do Partido que eu ajudei a implantar em território díficil, para mover uma autêntica, e esta verdadeira, campanha negra de mentiras, calúnias, injúrias, humilhações e aviltamento do estatuto profissional e social dos professores, minando a dignidade e consequentemente a legítima autoridade, ainda que pretextando hipocritamente o contrário, visando instabilizar, desmotivar e conduzir ao abandono precoce da profissão de todos os que depois de darem tudo, o acabaram por fazer.
De darem tudo mesmo: de terem andado durante anos e anos literalmente com a "casa às costas" a dormir em quartos alugados e a comer "meias doses" com salários miseráveis. Mas disso já se esqueceram!!!
Uma guerra social sem precedentes com graves consequências actuais e futuras, desrespeitando e incitando ao desrespeito sobre aqueles que deveria respeitar e fazer respeitar. Apoucando e aviltando quem lhe era mester enobrecer.
Foi uma verdadeira campanha de ódio, excitando o que de mais baixo há na condição humana - a inveja sem motivo objectivo e o ressentimento social tipicos de um país velho e pobre onde se consegue com a propaganda adequada que toda a gente passe a odiar toda a gente, porque toda a gente acha que por mais magra e enfezada que seja "a galinha da vizinha é sempre mais gorda do que a minha".
Através do recurso infrene e despudorado a apelos "justicialistas" ao "nivelamento por baixo", a comparações descontextualizadas (em que, aliás, Sócrates e os seus advisors são especialistas), à mais completa má-fé, à burocratização absurda da profissão docente e à sua funcionarização como estratégia punitiva sem qualquer proveito sistémico, ao alongamento dos horários com inanidades e inutilidades cuja finalidade única é o vexame público, a uma pseudo-"avaliação" em que afinal as aulas acabam por não contar, mas em que conta apenas a "sacrossanta" papelada, à intimidação constante nos locais de trabalho pelos "bufos", "capatazes" e tachistas de serviço, que os há sempre. Promovendo uma fractura da carreira completamente despropositada com a única finalidade de fazer de uns "polícias" dos outros, ao clima de mentira e perseguição constante que fez com que iniciemos os anos lectivos longe do entusiasmo de outrora e já completamente extenuados, as fraudes do facilistismo e do pseudo-"sucesso", a arrogância e a mesquinhez desta "tropa fandanga" a começar pela tríade ministerial e acabar no "chefe", merece, que desta vez, como já nas Europeias, se temos brio e "vergonha na cara", não votemos no PS.
Colega: "Quem não se sente não é filho de boa gente!!!"
Se não queres mais quatro anos, pelo menos, de ditadura das bestas arvoradas e de escravatura burocrática.
Desta vez - faz como eu, passa a palavra e - Não votes PS!!!
Como digo neste blog sou professor desde 76/77, mas também sou co-fundador da Secção do Barreiro do Partido Socialista ainda em Abril de 74 (mais precisamente no dia 29 de Abril, uma segunda-feira) e, escusado será dizer que arrostei com o risco, elevado na altura, de ser militante e ainda por cima "pioneiro", do PS em terra "vermelha" - o Barreiro, a "Moscovo Ocidental" como era, até internacionalmente, conhecida desde os anos 40.
O mesmo se passou na Universidade de Lisboa quase totalmente dominada pela UEC, a organização estudantil do PCP, sectária e caceteira. Em ambas as situações tive muitas vezes que enfrentar a violência, muito mais do que verbal, das "Brigadas Brezhnev". Enquanto isso, o actual Primeiro-Ministro era militante da JSD, a actual Ministra da Educação era "anarquista" e os Secretários de Estado da mesma pasta, um, ao que sei, sindicalista esquerdista e o outro iniciava a sua "carreira política" pelas bandas do CDS.
Hoje estão todos no PS ou nas suas (in)dependências e são responsáveis por uma das maiores guerras sociais de que há memória em Portugal - a autêntica guerra que moveram aos professores. E qual foi o casus belli?
O facto de, contrariamente ao proclamado quer durante a Campanha Eleitoral de 2005, quer no Programa Eleitoral do Partido Socialista desse mesmo ano, o Governo Sócrates ter encetado um programa oculto, um programa encapotadamente neoliberal, de alegado "combate aos lobbies" e aos "interesses e privilégios corporativos" - aos juízes e magistrados em geral, aos farmacêuticos, aos médicos e enfermeiros, aos militares e também aos polícias, de resto, a toda a Função Pública, afinal a que "trabalha menos horas, têm mais dias de férias e é a mais bem paga da Europa". Mas que serviu como "cortina de fumo" para deixar de fora e incólumes os verdadeiros interesses e privilégios, dos verdadeiros lobbies e das verdadeiras corporações - os Bancos e Seguradoras, os grandes monopólios de facto das Comunicações e Energia (GALP, EDP, PT) e as grandes superfícies comerciais. Enfim, a "Irmandade do Cifrão" e os vigaristas de médio e alto coturno cujos lucros são privados, mas cujos prejuízos são pagos por todos os que pagam impostos.
Ao fim e ao cabo, depois de, alegadamente para combater o défice orçamental, terem congelado as carreiras e as progressões, aumentado a idade da reforma e a carreira contributiva, mudando as regras a "meio do jogo", detiveram-se com afinco e particulares "requintes de malvadez" num único grupo profissional: os professores - a quem saiu a "fava" e quiseram fazer de "bode expiatório" de todos os males da Educação resultantes de políticas asnáticas e de chagas sociais causadas pelos "desgovernos" que temos tido.
É que, segundo o que acabou por confessar o "insigne" Marcos Perestrello, certamente um expert em estratégia política, usando as velhas tácticas da "argamassa" e do "salame", ou seja, pôr todos "à molhada" para depois cortar às fatias: "era preciso criar alguma tensão sobre determinados sectores para que a população aceitasse as medidas".
Ora, teriam feito bem melhor se tivessem ido "criar tensão" com as respectivas mãezinhas!
Estou a declarar neste post que, sendo filiado no PS e tendo contribuído activamente para a maioria absoluta ainda em exercício, não votarei desta vez neste PS, assim como não votarei PS em circunstância alguma enquanto se mantiver a Direcção/Sócrates que usou todo o aparato do Governo e o aparelho do Partido que eu ajudei a implantar em território díficil, para mover uma autêntica, e esta verdadeira, campanha negra de mentiras, calúnias, injúrias, humilhações e aviltamento do estatuto profissional e social dos professores, minando a dignidade e consequentemente a legítima autoridade, ainda que pretextando hipocritamente o contrário, visando instabilizar, desmotivar e conduzir ao abandono precoce da profissão de todos os que depois de darem tudo, o acabaram por fazer.
De darem tudo mesmo: de terem andado durante anos e anos literalmente com a "casa às costas" a dormir em quartos alugados e a comer "meias doses" com salários miseráveis. Mas disso já se esqueceram!!!
Uma guerra social sem precedentes com graves consequências actuais e futuras, desrespeitando e incitando ao desrespeito sobre aqueles que deveria respeitar e fazer respeitar. Apoucando e aviltando quem lhe era mester enobrecer.
Foi uma verdadeira campanha de ódio, excitando o que de mais baixo há na condição humana - a inveja sem motivo objectivo e o ressentimento social tipicos de um país velho e pobre onde se consegue com a propaganda adequada que toda a gente passe a odiar toda a gente, porque toda a gente acha que por mais magra e enfezada que seja "a galinha da vizinha é sempre mais gorda do que a minha".
Através do recurso infrene e despudorado a apelos "justicialistas" ao "nivelamento por baixo", a comparações descontextualizadas (em que, aliás, Sócrates e os seus advisors são especialistas), à mais completa má-fé, à burocratização absurda da profissão docente e à sua funcionarização como estratégia punitiva sem qualquer proveito sistémico, ao alongamento dos horários com inanidades e inutilidades cuja finalidade única é o vexame público, a uma pseudo-"avaliação" em que afinal as aulas acabam por não contar, mas em que conta apenas a "sacrossanta" papelada, à intimidação constante nos locais de trabalho pelos "bufos", "capatazes" e tachistas de serviço, que os há sempre. Promovendo uma fractura da carreira completamente despropositada com a única finalidade de fazer de uns "polícias" dos outros, ao clima de mentira e perseguição constante que fez com que iniciemos os anos lectivos longe do entusiasmo de outrora e já completamente extenuados, as fraudes do facilistismo e do pseudo-"sucesso", a arrogância e a mesquinhez desta "tropa fandanga" a começar pela tríade ministerial e acabar no "chefe", merece, que desta vez, como já nas Europeias, se temos brio e "vergonha na cara", não votemos no PS.
Colega: "Quem não se sente não é filho de boa gente!!!"
Se não queres mais quatro anos, pelo menos, de ditadura das bestas arvoradas e de escravatura burocrática.
Desta vez - faz como eu, passa a palavra e - Não votes PS!!!
Até que enfim!
Finalmente aconteceu o que "todos", pelo menos a avaliar pelos "mídia", esperavam: a Srª. Ministra da Saúde veio anunciar a primeira morte causada pela Gripe A em território nacional (no Hospital de S. João no Porto).
Dando de barato que é comum e normal (e até de "bom tom") que, em países "civilizados", os Ministros promovam conferências de imprensa para noticiar uma morte num hospital, podemos suspirar de alívio - já não era sem tempo!
Também nisto somos um "país europeu", se bem que em pequena escala, temos, pelo menos, uma vítima mortal da epidemia o que nos tira de cima o peso de podermos vir a ser considerados qualquer aberração terceiro-mundista a exemplo daquela telenovela brasileira em que o Prefeito Odorico Paraguaçu inaugurou um cemitério e depois, para estragar a festa, ninguém morria.
Desta vez o que parece estar a "estragar a festa" é a conferência de imprensa dada logo a seguir à da Ministra pela direcção clínica do S. João afirmando que o homem, afinal, não morreu da tão decantada Gripe A, mas de uma infecção bacteriológica daquelas que, por falta de condições de higiene, se costumam apanhar nos hospitais portugueses.
Ingratos é o que eles são!
Dando de barato que é comum e normal (e até de "bom tom") que, em países "civilizados", os Ministros promovam conferências de imprensa para noticiar uma morte num hospital, podemos suspirar de alívio - já não era sem tempo!
Também nisto somos um "país europeu", se bem que em pequena escala, temos, pelo menos, uma vítima mortal da epidemia o que nos tira de cima o peso de podermos vir a ser considerados qualquer aberração terceiro-mundista a exemplo daquela telenovela brasileira em que o Prefeito Odorico Paraguaçu inaugurou um cemitério e depois, para estragar a festa, ninguém morria.
Desta vez o que parece estar a "estragar a festa" é a conferência de imprensa dada logo a seguir à da Ministra pela direcção clínica do S. João afirmando que o homem, afinal, não morreu da tão decantada Gripe A, mas de uma infecção bacteriológica daquelas que, por falta de condições de higiene, se costumam apanhar nos hospitais portugueses.
Ingratos é o que eles são!
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